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A HUMIL­HAÇÃO POR RECOMPENSA.

Escrito por Abdon Mar­inho

A HUMIL­HAÇÃO POR RECOMPENSA.

NOS ANOS em que acom­panho a política maran­hense – e já se vão mais de trinta, segu­ra­mente –, não me recordo de ter visto uma lid­er­ança política ser tão “mal­tratada” (o termo cor­reto seria humil­hada) por seus “ali­a­dos” quanto vem sendo o ex-​governador José Reinaldo Tavares pelos atu­ais inquili­nos do poder no Maran­hão. Logo ele, a quem devem tanto.
E não é de hoje. Desde o iní­cio da gestão comu­nista, em 2015, que é assim.
Lem­bro que diante de implacáveis e injus­tos ataques que vinha sofrendo escrevi um texto em tom de apelo: “Respeitem o Zé!”. Ao que parece de pouco, ou nada, valeram os ape­los, e os ataques, inclu­sive, com agressões ver­bais, con­tin­uaram.
Alguém tem dúvi­das de onde saíram os apu­pos con­tra o ex-​governador, recen­te­mente, no aero­porto de São Luís? Não, meus sen­hores, não foram espon­tâ­neos, não foi man­i­fes­tação social. Aquilo foi coisa de “ali­ado”, o famoso “fogo amigo”. Decorre da ideia de enfraque­cer a can­di­datura dele ao Senado da República.
O mais chocante de tudo é ver o próprio gov­er­nador fazendo coro à estraté­gia de “descon­struir” aquele que o “con­struiu” politi­ca­mente, dando muito mais força ao achin­calhe e humil­hações a qual não dev­e­ria ser sub­metido ninguém, muito menos a um ali­ado de primeira hora.
No caso dele, aliás, de bem antes da primeira hora, pois sem a inter­venção de José Reinaldo, então gov­er­nador, forte junto à classe política, nen­hum dos que hoje o mal­trata estariam onde estão.
Pois é, mas o gov­er­nador se presta ao papel de “ingrato”. Primeiro, lançando, quase um ano antes do pleito, o seu “favorito”, o número um, no caso, o dep­utado fed­eral Wev­er­ton Rocha.
Só isso, a ati­tude de erguer o braço do preferido na con­venção no começo do mês de fes­tas, já era uma amostra da “humil­hação” ao ex-​governador. O sinal à mil­itân­cia, aos ali­a­dos, aos cor­re­li­gionários, um só: minha primeira opção é essa aqui. O que foi dito tex­tual­mente, com pompa e cir­cun­stân­cia.
Havia alguma neces­si­dade de fazer isso? Acaso o “preferido” fez por ele ao menos perto do que lhe fez o ex-​governador?
O engraçado (ou des­graçado) é que muitos veícu­los de comu­ni­cação – mesmo os lig­a­dos ao comu­nista –, “cobraram” a ausên­cia de Zé Reinaldo na con­venção do par­tido onde o gov­er­nador “ungiu” seu preferido.
Ora, vejam, o cidadão está, desde sem­pre, insinuando-​se como can­didato do grupo gov­ernista, e que­riam que fosse à con­venção para “homolo­gação” do “outro”. Vamos com­bi­nar que isso não faz qual­quer sen­tido, não é mesmo?
O segundo “desapreço” do gov­er­nador pelo “ali­ado” José Reinaldo, foi agora, numa entre­vista cole­tiva con­ce­dida aos jor­nal­is­tas no salão de atos do Palá­cio dos Leões.
Colho na mídia o que teria declar­ado o gov­er­nador: “— Nós temos uma pré-​candidatura ao Senado com amplo apoio do nosso campo político que é do dep­utado fed­eral Wev­er­ton Rocha […] no caso da outra can­di­datura ao Senado, isso não está tão nítido assim, porque nesse momento não há nitidez para definir quem é o favorito. Eu estou na ver­dade fazendo con­sul­tas, como fiz em 2014”.
A colo­cação do gov­er­nador deixa claro que a notí­cia divul­gada dias atrás de que teria acer­tado de lançar José Reinaldo nos próx­i­mos dias não pas­sara de uma deslavada men­tira. Se é que chegou a cog­i­tar isso na reunião com o pres­i­dente da Câmara dos Dep­uta­dos, Rodrigo Maia. Nunca pre­tendeu isso. Na ver­dade, pelo con­trário, tem ape­nas uma pré-​candidatura definida com “amplo apoio do nosso campo”. Já, a segunda, depen­de­ria de con­sul­tas.
Have­ria neces­si­dade do gov­er­nador sub­me­ter um “ali­ado” de “primeira hora” (amigo é um termo que já não cabe) como José Reinaldo, a este tipo de fala? Causar-​lhe este con­strang­i­mento? Por que não o chamou, lá atrás, e o despa­chou, deixando claro que ele jamais seria can­didato ao Senado com seu apoio? Será que pre­tende ficar “embalando-​o (assim como os out­ros) até não mais poder, enquanto seu “favorito” se for­t­alece?
Ao meu sen­tir – mas sei muito pouco de política –, o gov­er­nador e seus estrate­gis­tas agem sem submeter-​se às caute­las dos que lidam com seres humanos, com sen­ti­men­tos humanos. Não ligar para o que as pes­soas sen­tem em relação a deter­mi­nadas coisas podem trazer os maiores diss­a­bores. Falta-​lhes o “tato” político para com­preen­der. Ou, no poder, pouco ligam para isso.
Uma con­versa franca, fra­ter­nal, ainda que não acal­masse os âni­mos, cer­ta­mente traria menos insat­is­fação que esta humil­hação pública, esta vex­ação na praça.
Ao des­den­harem tanto, criam uma situ­ação que o próprio “humil­hado” teria difi­cul­dades de aceitar e ultra­pas­sar.
A mágoa sem­pre fica.
Quer dizer que vai con­sul­tar as bases? Que não há nitidez sobre um favorito para a segunda vaga? Só colo­car a expressão “segunda vaga” já é um desapreço.
O ex-​governador pode­ria lem­brar que não fez “con­sul­tas as bases” quando o tirou do “bolso do colete” para fazê-​lo dep­utado em 2006. Pelo con­trário, reuniu uma dúzia de ali­a­dos e não mediu dis­tân­cia para elegê-​lo.
Naquela época, ainda, pode­ria lem­brar, o atual gov­er­nador não se pre­ocupou com a col­oração ide­ológ­ica de José Reinaldo ou com quem esteve sua vida política inteira, as ideias que defendeu ou os votos que deu.
Assim como não se pre­ocupou nas demais vezes que este o apoiou para prefeito e nas duas vezes para o gov­erno.
Quer dizer agora que pre­cis­aria con­sol­i­dar o “apoio no nosso campo”? Afi­nal, que campo é este? Ao que se sabe, apoiando e sendo apoiado pelo atual gov­erno tem gente com todo tipo de col­oração, aliás, alguns, nem cabem na escala de cores pois são “furta-​cores”.
Con­fesso que não con­sigo enx­er­gar sen­tido no que estão fazendo com o ex-​governador, é muita humil­hação gra­tuita.
Como são “sabidos”, talvez se trate de alguma estraté­gia política.
Mas sou ser­tanejo. E no sertão temos uma crença de que o cachorro que teve o focinho “mijado” por gambá não serve para mais para caçar.
Acred­ito que os estrate­gis­tas que plane­jaram essa humil­hação ao ex-​governador estão com o faro político semel­hante ao cachorro que teve o focinho mijado por gambá.
Abdon Mar­inho é advogado.

SEGUNDA CARTA AO GOV­ER­NADOR FLÁVIO DINO.

Escrito por Abdon Mar­inho

SEGUNDA CARTA AO GOV­ER­NADOR FLÁVIO DINO
NUNCA É TARDE DEMAIS PARA FAZER A COISA CERTA. (Nicholas Sparks)
São José de Riba­mar, 08 de dezem­bro de 2017.

Meu caro Flávio,

Aproveito a piedade deste dia ded­i­cado a Imac­u­lada Con­ceição – a Virgem Maria, que viveu livre dos peca­dos –, para escrever-​te e faço, tam­bém, por que revendo alguns escritos, encon­trei a carta que escrevi – e publiquei –, por ocasião da tua eleição em out­ubro de 2014.
Naquela opor­tu­nidade lançava ideias sobre como pode­rias enfrentar os desafios de diri­gir um estado com prob­le­mas con­sol­i­da­dos em anos de domínio, quase inin­ter­rupto, de um único grupo político.
Infe­liz­mente, pouco ou nada foi con­sid­er­ado.
Um amigo, con­hecido pelo aguçado senso de humor, disse ao reler aquela carta – a republiquei outro dia nas min­has redes soci­ais –, que, se não lestes, cer­ta­mente seus asses­sores leram, pois trataram de fazer jus­ta­mente o con­trário do que lá fora recomen­dado, com exagero, pon­tuou: as lágri­mas de esper­anças referi­das naquela carta tornaram-​se lágri­mas de aflição.
Entendo, con­forme disse Augusto Cury: “uma pes­soa inteligente aprende com os seus erros, uma pes­soa sábia aprende com os erros dos out­ros”.
Acred­ito que a larga maio­ria dos prob­le­mas atu­ais sejam fru­tos da impre­v­idên­cia, do senso de autossu­fi­ciên­cia ou porque apren­destes pouco com os erros dos gov­er­nos ante­ri­ores e nunca teve a cor­agem de recon­hecer, no curso da cam­in­hada, os teus próprios.
Isso era pre­visível – o poder tem a capaci­dade de cegar-​nos –, por tal razão escrevi aquela carta, com o propósito de dar uma mod­esta con­tribuição ao gov­erno que iria ini­ciar. Como fiz, tam­bém, ao escr­ever diver­sos out­ros tex­tos com sug­estões e/​ou críti­cas, quase sem­pre enten­di­das pelos xerim­ba­bos de plan­tão como gestos hostis. Nunca foram. Sem­pre foram na intenção de con­tribuir.
Na ver­dade, como nunca ambi­cionei o poder, sem­pre dese­jei que os gov­er­nos “dessem certo”. O nosso povo pre­cisa. Esta a razão das críti­cas e sug­estões.
Fui além, quan­tas vezes não recomendei que fos­sem feitas audi­to­rias exter­nas para lib­erar os audi­tores do estado para o acom­pan­hamento da tua gestão? Diver­sas. Terias, de cara, sido poupado de dois prob­le­mas: as insin­u­ações de usares o aparato estatal na perseguição de adver­sários e os audi­tores do estado teriam te poupado de dares expli­cações embaraçosas sobre os desac­er­tos de tua gestão. A menos que estes sejam encar­a­dos como “questão de gov­erno”.
Aprendi ao longo dos anos que os ali­a­dos, quase sem­pre, causam mais prob­le­mas aos gov­er­nos que os adver­sários. Numa leitura livre de Vieira, no Ser­mão do Bom Ladrão, escrito em 1655, a certeza de que nem os reis alcançarão os céus sem levar con­sigo os seus ladrões, nem estes descerão aos infer­nos sem levar con­sigo os seus reis.
O teu gov­erno é um retrato deste ensi­na­mento. Ainda que digas estarem jus­ti­fi­ca­dos e sejam legais aquilo que ficou con­hecido como “aluguéis cama­radas”, sabe­mos que os mes­mos mais exis­tem para aten­derem este ou aquele ali­ado.
O mesmo se diga em relação ao nepo­tismo – prática nefasta das admin­is­trações públi­cas Brasil a fora –, tão pre­sente no atual gov­erno que os adver­sários fazem piadas ao diz­erem que ao invés de um gov­erno trans­par­ente fizestes, na ver­dade, um gov­erno de “traz par­entes”.
São cha­gas que podias pas­sar sem, como homem de for­mação jurídica sól­ida pelos anos que atu­astes como pro­fes­sor e/​ou como juiz fed­eral.
A inca­paci­dade de ouvir bons con­sel­hos gera estes diss­a­bores.
Veja o caso da saúde. Em três anos de gestão a Polí­cia Fed­eral já aman­heceu pela ter­ceira vez às por­tas do teu gov­erno. Ainda que argu­mentem, nas duas primeiras vezes, que se tratavam de “malfeitos” da gestão ante­rior, nesta última a inves­ti­gação está cen­trada na atual. E, emb­ora a PF pareça não saber a nar­ra­tiva com­pleta, exis­tem situ­ações com­pli­cadas para o con­venci­mento da sociedade, como é o caso dos paga­men­tos efe­t­u­a­dos a empre­sas cri­adas ou refor­mu­ladas com propósito de fazer gestão de pes­soal na rede hos­pi­ta­lar.
Pelas fotografias da fachada e depoi­men­tos de viz­in­hos, tem-​se a certeza do engodo.
A Isso se some o fato de que os profis­sion­ais não sabem, for­mal­mente, de quem recebe, e se as ver­bas estão sendo pagas como dev­i­das, o que ense­jará um pas­sivo tra­bal­hista inimag­inável para o Estado nos anos que virão.
Ainda nesta seara, em que pese as inau­gu­rações de novas unidades hos­pi­ta­lares, no imag­inário pop­u­lar – e já ouvi­mos isso de diver­sas pes­soas –, per­siste a ideia de que na gestão ante­rior o atendi­mento era mel­hor.
Outro ponto nevrál­gico da admin­is­tração é a segu­rança pública.
Os avanços propal­a­dos pelas diver­sas mídias não são sen­ti­dos no dia a dia dos cidadãos que sofrem com a inse­gu­rança.
Veja este exem­plo: um amigo, após muito esforço e tra­balho, con­struiu uma casa. Por ser engen­heiro, fê-​la no capri­cho, a casa dos son­hos. Não faz muitos dias teve a casa inva­dida por meliantes e, humil­hado, aban­do­nou a própria casa para viver de aluguel.
Neste bairro são comuns estas coisas, tanto que chamado de Araçagy está sendo apel­i­dado de Araçagyquistão. E como ele, temos ainda, Iraque, Faixa de Gaza…
Em diver­sos bair­ros as facções crim­i­nosas estão ditando a lei, proibindo assaltos, dizendo como os moradores devem se com­por­tar e como os veícu­los devem aden­trar nos mes­mos.
Não é só, a Polí­cia Civil, pre­cisa ser mel­hor equipada e treinada.
O que temos visto é que nem mesmo as estru­turas físi­cas estão ade­quadas ao fun­ciona­mento de suas ativi­dades, não sendo raras as inter­dições por via judi­cial de del­e­ga­cias em todo estado. Quando não são despe­jadas por falta de paga­mento dos aluguéis.
Se não pos­suem condições físi­cas para o fun­ciona­mento, não deve­mos falar em equipa­men­tos de ponta para as inves­ti­gações. Entre­tanto, diver­sas obras de con­strução de del­e­ga­cias – ini­ci­adas ainda no gov­erno ante­rior – estão par­al­isadas ou andam a pas­sos lentos, fazendo com que os poli­ci­ais fiquem impe­di­dos de prestar um bom serviço.
Esse aban­dono faz-​nos chorar de ver­gonha quando nos deparamos com gaiolões medievais como aquele que ceifou a vida de um empresário em Barra do Corda.
Noutra quadra, enquanto a pop­u­lação se ressente da ausên­cia de segu­rança, são cor­riqueiras as denún­cias de que o apar­elho estatal vem sendo usado con­tra adver­sários, inclu­sive, a polí­cia. Não foram pou­cas as denún­cias que recebe­mos sobre estes fatos durante as eleições munic­i­pais do ano pas­sado. Se ver­dadeiras, trata-​se de algo pavoroso.
Um ponto pos­i­tivo do teu gov­erno é o pro­grama “Escola Digna”, acho formidável a ini­cia­tiva de sub­sti­tu­ição das taperas ver­gonhosas por algo pare­cido com esco­las, mas, mesmo este pro­grama vem sendo mal exe­cu­tado e não tem como aten­der aos fins a que se des­tina, con­forme demon­strei a seguir.
O pro­jeto anun­cia a sub­sti­tu­ição de cerca de 300 taperas por esco­las.
Pelo que vi cada uma destas esco­las (uma pela outra) sairá por quase R$ 600 mil reais, o que rep­re­sen­tará, nos fins das con­tas, um inves­ti­mento de quase R$ 200 mil­hões de reais. Isso para elim­i­nar as cerca de 300 escol­in­has alo­jadas em taperas, latadas ou out­ras sem qual­quer estru­tura.
Uma exper­iên­cia, neste sen­tido, gas­tando infini­ta­mente menos, foi empreen­dida em Mor­ros entre os anos 2009 e 2016, pela prefeita Sil­vana Mal­heiros. Lá, a gestão elim­i­nou cerca de cem escol­in­has que fun­cionavam em taperas, casas de far­inha, casas de família e latadas, con­stru­indo 6 polos edu­ca­cionais. Cada um destes polos pos­suíam (não sei se a atual gestão está man­tendo), seis salas de aulas, refeitório, coz­inha, bib­lioteca, ban­heiros amp­los e out­ros instru­men­tos e, ainda, inter­net banda larga, para aten­der estu­dantes e a comu­nidade. Isso tudo na zona rural.
Cada um destes polos cus­tou bem menos de um mil­hão de reais (na faixa de R$ 600 mil), e foram con­struí­dos – a exceção de um –, com recur­sos próprios.
Noutras palavras, com menos de R$ 20 mil­hões, com um plane­ja­mento efe­tivo, elim­i­nar­ias a mesma quan­ti­dade de esco­las indig­nas que vens elim­i­nando, e com mais qual­i­dade de ensino.
Outra exper­iên­cia (ape­nas para citar as que con­heço) foi empreen­dida pelo Municí­pio de Timon, onde o prefeito Luciano Leitoa já ade­quou quase toda rede de ensino e creches, inclu­sive climatizando-​as.
Eu me per­gunto se não teria sido mais proveitoso se tivesses chamado espe­cial­is­tas e, junto com os gestores munic­i­pais, fizessem um pacto pela edu­cação a par­tir de exper­iên­cia exi­tosas, como as citadas.
Ainda que se investisse R$ 5 mil­hões por municí­pio – depen­de­ria da neces­si­dade de cada um –, seria mais van­ta­joso para a edu­cação a con­cen­tração em polos, teríamos um pro­jeto de ensino, de fato, e não meras sub­sti­tu­ições de escol­in­has.
Veja, emb­ora as “Esco­las Dig­nas” que estão sendo inau­gu­radas ten­ham um exce­lente impacto visual, sobre­tudo, com a com­para­ção feita com as taperas sub­sti­tuí­das e os depoi­men­tos de alunos e pro­fes­sores, elas estão longe de rep­re­sen­tar um avanço sig­ni­fica­tivo na qual­i­dade de ensino.
Infe­liz­mente, o teu gov­erno recusa-​se a qual­quer diál­ogo e com isso insiste nos erros que jurastes com­bater. Sem con­tar a já famosa intol­erân­cia à divergên­cia e perseguição aos que pen­sam de modo difer­ente, como denun­ciam, diari­a­mente, jor­nal­is­tas e blogueiros.
Outra coisa que vejo como per­tur­badora, é a leniên­cia no trato das invasões de pro­priedades pri­vadas – e mesmo para o cumpri­mento das decisões judi­ci­ais –, rela­cionadas à matéria. Trata-​se de um desserviço à orga­ni­za­ção urbana de médios e grandes cen­tros, influ­en­ciando no aumento da vio­lên­cia urbana e a demanda por serviços públi­cos nos municí­pios já tão sac­ri­fi­ca­dos finan­ceira­mente.
Será tão difí­cil assim fazer e man­ter um cadas­tro com o nome das pes­soas que pre­cisam de mora­dia? Por que não criar um cadas­tro único em parce­ria com os municí­pios? Tenho por certo que muitas pes­soas, efe­ti­va­mente, pre­cisam de mora­dia, mas muitos estão sendo usa­dos para enrique­cer os barões da indús­tria da invasão. Basta ver os que sem­pre ficam com mel­hores e mais val­oriza­dos ter­renos.
Outra coisa a mere­cer muita atenção do gov­erno é a qual­i­dade das obras públi­cas, prin­ci­pal­mente as rodovias estad­u­ais.
Não estão sendo bem feitas, sus­peito que muitas não aguentem um inverno rig­oroso. Vejo o din­heiro público, como acon­te­cia no pas­sado, se esvaindo.
E, ainda no assunto, recebo como estar­rece­dora a notí­cia de que parte destas obras de infraestru­tura estão sendo “tocadas” por con­heci­dos agio­tas do estado, ainda que por inter­postas pes­soas.
Vi a notí­cia e não acred­itei. Como é pos­sível que aque­las pes­soas – respon­sáveis por grande parte do infortúnio do estado –, este­jam coman­dando obras públi­cas? Enlouque­ce­ram?
Na ver­dade, é como se o aparato estatal estivesse dando uma “forcinha” para que “lavem” os recur­sos obti­dos com a prática de crimes, inclu­sive de homicí­dios.
A inteligên­cia não avi­sou as autori­dades que esta ou aquela empresa “per­tence” a este ou aquele agiota? Será que acham nor­mal este tipo de coisa? Será, tam­bém, “questão de gov­erno?”.
Ape­sar de nen­huma autori­dade ter apare­cido para des­men­tir este tipo de notí­cia, espero, sin­ce­ra­mente, que elas não sejam ver­dadeiras, pois, neste caso, teria de recon­hecer que este gov­erno não tem mais jeito e, que, ainda con­qui­s­tando o dire­ito de con­tin­uares à frente dos des­ti­nos Maran­hão, a degradação só ten­derá a aumen­tar.
Pode­ria descorti­nar out­ros aspec­tos da gestão, como agri­cul­tura, meio ambi­ente, etc., mas ficarei por aqui.
Acred­ito que, por tudo isso, outro dia, um jor­nal­ista escreveu que o teu gov­erno havia ter­mi­nado. O tér­mino, não no plano mate­r­ial, posto que con­tin­uas firme e forte – com chances, até, de te reelegeres –, mas como uma ideia de mudança que foi ven­dida aos maran­henses de bem.
Não temos como descon­sid­erar assertiva tão forte.
Encerro com um ensi­na­mento de Salomão: “o tolo pensa que sem­pre está certo, mas os sábios aceitam con­sel­hos”.
Se pud­eres, pensa nisso.
Um fraterno abraço,
Abdon Mar­inho.

A OFENSA GAY: UMA BREVE REFLEXÃO.

Escrito por Abdon Mar­inho

A OFENSA GAY: UMA BREVE REFLEXÃO.
UMA impor­tante figura da sociedade referiu-​se a duas out­ras fig­uras, ambas casadas, não entre si, mas com respec­tivos côn­juges, como um casal.
Foi o que bas­tou para sua colo­cação gan­hasse ares de escân­dalo e fosse com­par­til­hada exaus­ti­va­mente como se fora uma agressão àque­les que suposta­mente com­po­riam o casal.
Um dos referi­dos teria fal­ado em processo. O movi­mento de diver­si­dade lig­ado aos supos­tos ofen­di­dos saiu-​se em suas defe­sas (?) e ata­cando (?) o autor do chiste.
E, por fim, o próprio autor da assertiva veio a público pedir des­culpa pela suposta ofensa.
A reflexão que trago é: referir-​se a pes­soas do mesmo sexo como um casal é uma ofensa? A homos­sex­u­al­i­dade implícita na assertiva é um xinga­mento? Dizer que alguém é gay, lés­bica, chega a ser uma agressão?
A dis­cussão é inter­es­sante porque sus­ci­tada por um cidadão que rep­re­senta um estado da fed­er­ação e, pelo menos suposta­mente, como uma ofensa, tanto que quedou-​se a fazer um pedido de des­cul­pas.
Por sua vez, pelo menos um dos supos­tos ofen­di­dos, tam­bém encarou o chiste como uma agressão, tanto que ameaçou o primeiro com um processo crim­i­nal na mais alta corte do país.
Vejam, temos duas pes­soas impor­tantes, can­di­datas a car­gos mais impor­tantes ainda, que con­sid­eram uma parcela sig­ni­fica­tiva da sociedade, como ofen­siva, e por isso mesmo não quer ser com­parada a ela. Foi isso mesmo?
Con­seguem perce­ber o pre­con­ceito explíc­ito?
O mais curioso de todo o episó­dio é que o próprio movi­mento rep­re­sen­tante da diver­si­dade encarou a colo­cação como uma ofensa, não as pes­soas a que rep­re­senta, mas sim, as suas impor­tantes lid­er­anças políti­cas referi­das na graça. A situ­ação torna-​se ainda mais del­i­cada para o movi­mento diante da ameaça de processo feita pelo(s) suposto(s) ofendido(s).
Ora, se eu me con­sidero ofen­dido por alguém “insin­uar” que sou gay, estou, então me achando mel­hor que os gays? Se rep­re­sento um grupo que se diz defen­sor dos dire­itos das mino­rias, por que razão, ainda que por um momento, não posso ser con­sid­er­ado ou sen­tir todo o pre­con­ceito que sofrem no seu dia a dia? Ah, já sei gay é bom, mas na casa do viz­inho. É isso?
Quer me pare­cer que o gracejo sus­ci­tado, pelas reper­cussões que alcançou, rev­ela muito da per­son­al­i­dade dos seus pro­tag­o­nistas. Quem lançou, por tê-​lo feito como ofensa; quem rece­beu por se achar mel­hor que o suposto “objeto” da ofensa; quem escan­dal­i­zou o assunto, políti­cos, rep­re­sen­tantes da mídia, etc, que tra­tou como uma ofensa o fato de um cidadão ter se referido a dois out­ros como um casal.
A prova maior da absurda situ­ação é o inde­v­ido pedido de des­cul­pas for­mu­lado. A pil­héria em si, ao meu sen­tir, pelo menos, não foi ofen­siva. Ofen­sivo, sim, o pedido de des­cul­pas, pois deu a enten­der que a pil­héria fora feita na intenção de ofender.
Se alguém é mere­ce­dor de des­cul­pas, é a comu­nidade gay, que entrou na briga das “comadres” ape­nas para ser ofen­dida por todos, inclu­sive pelo movi­mento que se diz defen­sor da diver­si­dade.
Vejam o absurdo da situ­ação: um cidadão vai a tele­visão dizer que ele (ou a mul­her) vai se diri­gir a mais alta Corte do país para proces­sar um outro por ter “sofrido” a insin­u­ação que com­po­ria um casal gay. E, acaso, ele e o suposto côn­juge acham-​se mel­hores que os casais gays? Ou mesmo suas côn­juges o são? O fato de alguém ser gay é crime?
Aí, vem o outro com um pedido de des­cul­pas “recon­hecendo” que os ofend­era, como se o fato de alguém com­por um casal gay fosse uma ofensa.
Está ficando inter­es­sante a reflexão: se não con­sid­erasse o que disse uma ofensa não teria porque pedir des­cul­pas. Certo?
Na outra ponta, se os des­ti­natários não tivessem con­sid­er­ado como uma ofensa não teriam porque falar em processo, fazer cara de ofen­di­dos, etc. Cor­reto?
O mais ver­gonhoso da situ­ação toda é que “ofen­sores” e “ofen­di­dos” se dizem defen­sores do povo, legí­ti­mos rep­re­sen­tantes da sociedade que entre os seus mem­bros pos­suem mil­hões de gays, lés­bi­cas, bis­sex­u­ais e tran­sex­u­ais e sim­pa­ti­zantes. Todos eleitores. Infe­liz­mente, nem todos aten­tos para agressão, gra­tuita, que sofr­eram.
No fundo, ofen­sores e ofen­di­dos, estão no mesmo barco: no que con­sid­era as mino­rias que com­põem a sociedade brasileira motivos de piadas e mere­ce­dora de ofen­sas.
Mesmo a sociedade – que parece deleitar-​se com o espetáculo – parece não perce­ber o alto grau de pre­con­ceito que uma de suas parce­las sofreu no episó­dio.
Acha “fofo” e diver­tido que apareçam nas nov­e­las das sete – até como casais –, mas não ver nada demais no fato de alguém ser chamado de gay, lés­bica como forma de xinga­mento.
Uma lás­tima.
Abdon Mar­inho.