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A RESPON­S­ABIL­I­DADE DOS PAR­TIDOS NA SOLUÇÃO DA CRISE.

Escrito por Abdon Mar­inho

A RESPON­S­ABIL­I­DADE DOS PAR­TIDOS NA SOLUÇÃO DA CRISE.
Por Abdon Mar­inho.
UMA notí­cia que li outro dia chamou-​me a atenção para o tema que trago à dis­cussão no texto hoje.
Pois bem, desde que a atual crise econômica, política, social e judi­ciária eclodiu, um debate tem se tor­nado recor­rente, sobre­tudo pelas pes­soas mais ilustradas: a crise pre­cisa ser resolvida pela política. Isso quer dizer, sem golpes de Estado, sem inter­venção mil­i­tar, sem qual­quer outra inter­venção, que não a livre man­i­fes­tação dos cidadãos, através do voto, na solução dos con­fli­tos.
Cor­rob­o­rando com a ideia de que a crise pre­cisa ser solu­cionada pela “Política”, esta com “P” maiús­culo, surge uma recla­mação, em tons desafi­adores: a neces­si­dade de se colo­car fim ao que ficou con­hecido como a “crim­i­nal­iza­ção da política”.
Diante disso temos um ques­tion­a­mento: existe a tal da “crim­i­nal­iza­ção da política” ou exis­tem políti­cos crim­i­nosos usando do poder político, por infind­áveis anos, para escaparem impune­mente?
Não tenho dúvi­das que esta­mos diante de uma questão de larga com­plex­i­dade, uma vez que incidên­cia de crim­i­nosos den­tro da ativi­dade política é tamanha – acredita-​se ser pos­sível con­tar nos dedos das mãos o número de políti­cos hon­estos –, que fica-​se com a impressão de que a ativi­dade política, em si, é crim­i­nosa.
Dito de outra forma: são tan­tos crim­i­nosos na política que a pop­u­lação, os eleitores, chegam a con­fundir a Política, como espaço de solução para os prob­le­mas da nação, esta­dos e municí­pios, com a pes­soa do político, este cada vez mais pre­ocu­pado – e se ocu­pando –, na solução dos seus prob­le­mas, seja levar van­ta­gens nos negó­cios públi­cos ou pri­va­dos, seja bus­cando a pro­teção do poder por conta dos crimes já cometi­dos ou a come­ter.
Um amigo, político, confidenciou-​me: muitas vezes ouvira do pai – e tam­bém da mãe –, que em pou­cas décadas não se encon­traria pes­soas “de bem” dis­postas a se can­di­datarem a car­gos públi­cos ele­tivos.
Como pro­fe­cia ruim do Brasil tem quase data certa para ocor­rer, cheg­amos a este quadro lamen­tável: as pes­soas boas e com­pe­tentes não querem saber de candidatar-​se a qual­quer cargo, de vereador a senador.
Tal ojer­iza abre espaço para toda sorte de arriv­is­tas, crim­i­nosos e essa chusma que, não servindo para outra coisa, nada que valha, resolveram con­duzir os des­ti­nos da nação.
Este ano de 2018, ano de eleições gerais, ter­e­mos a chance de com­pro­var o quanto a ativi­dade política tornou-​se um antro de crim­i­nosos.
O pior é que a infil­tração de crim­i­nosos na política já não ocorre mais como uma ativi­dade solitária, hoje temos gru­pos crim­i­nosos orga­ni­za­dos se preparando para tomar o poder, fazendo isso através de inter­postas pes­soas, finan­ciando suas cam­pan­has ou colo­cando seus próprios inte­grantes na dis­puta.
Neste cenário des­o­lador é que se faz necessário o chama­mento dos par­tidos políti­cos à razão na solução da crise em que esta­mos envolvi­dos, partindo do pres­su­posto de que acred­i­ta­mos – e até preg­amos –, que crise deva ser resolvida pela Política.
Resta claro que para “descrim­i­nalizar a política” o primeiro passo é fomen­tar a par­tic­i­pação de pes­soas “de bem” nos pleitos e, con­comi­tante a isso, afas­tar os crim­i­nosos da dis­puta.
No sis­tema brasileiro temos a van­tagem (?) de não serem per­mi­ti­das can­di­dat­uras avul­sas, logo, caberá aos par­tidos políti­cos a respon­s­abil­i­dade de “fil­trar”, ini­cial­mente, os nomes que colo­cará para dis­puta, difi­cul­tando o ingresso de pes­soas, que se sabe, não terão com­pro­mis­sos com a sociedade ou mesmo com o ideário que o par­tido defende.
Os par­tidos políti­cos pre­cisam de rigor na escol­has de seus inte­grantes de sorte a impedir que pes­soas sem afinidade com suas posições na solução dos con­fli­tos soci­ais e políti­cos, elejam-​se sob suas leg­en­das.
Se quer­e­mos que as crises sejam resolvi­das den­tro da “Política”, qual seja, através de rep­re­sen­tantes eleitos dire­ta­mente pela pop­u­lação pre­cisamos que os par­tidos ten­ham respon­s­abil­i­dade na escolha de seus inte­grantes e, ainda, que deixem claro para a pop­u­lação as pro­postas que defend­erão na even­tu­al­i­dade de eleição de seus rep­re­sen­tantes para as casas leg­isla­ti­vas e para os car­gos exec­u­tivos.
Pois bem, feitas estas con­sid­er­ações, retorno à notí­cia que motivou o pre­sente texto e que vem na mais abso­luta con­tramão do que foi exposto acima: a ideia de se resolver a crise nacional através da “Política” com “P” maiús­culo.
Dizia a referida notí­cia que impor­tante secretário estad­ual, uma espé­cie de coringa da atual gestão, estaria na iminên­cia de filiar-​se ao Par­tido Democ­ratas — DEM, com o propósito de trazê-​lo para o arco de alianças do Par­tido Comu­nista do Brasil — PCdoB, que prepara-​se para dis­putar a reeleição no estado. De que­bra ainda se livrariam da incô­moda pre­ten­são de certo ex-​governador, pré-​candidato ao Senado da República que corteja e é corte­jado pelo Democ­ratas há bas­tante tempo.
Nesta ilação, o secretário, fil­i­ado ao DEM seria can­didato a vice-​governador ou mesmo senador.
Tratar-​se, por óbvio de ape­nas uma mal­dosa ilação – por isso mesmo até evito colo­car o nome do secretário para não expô-​lo –, não faz qual­quer sen­tido – a menos que se negue, total­mente, o que seja Política como solução dos con­fli­tos soci­ais –, uma col­i­gação entre Democ­ratas e Comu­nistas.
Vou além, não faz sen­tido, sequer que um apoie o outro, menos ainda que divi­dam uma chapa majoritária seja na chefia do Gov­erno, seja na chapa do Senado.
Caso tal absurdo tivesse fundo de ver­dade, estaríamos diante de um este­lion­ato eleitoral histórico.
Um ou outro par­tido ou ambos, estariam enganando seus adep­tos e eleitores.
Seria a negação, para os dois par­tidos, da ideia de que pos­suem alguma con­sistên­cia ide­ológ­ica.
Por isso mesmo custo acred­i­tar que ten­ham cog­i­tado tal ideia. Daí, minha incredul­i­dade.
Os dois par­tidos são, em tudo, opos­tos com visões de mundo, econo­mia, sociedade, de gov­erno inc­on­cil­iáveis.
Numa análise histórica da política nacional sem­pre estiveram em cam­pos dis­tin­tos. Mesmo na história recente, a par­tir de 1964, do século pas­sado, enquanto um tem origem na agremi­ação que sus­ten­tou o régime, a ARENA ou outro, na clan­des­tinidade, se abri­gava no par­tido opos­i­tor, o velho MDB.
Estão, matem­ati­ca­mente falando, a cento e oitenta graus de dis­tân­cia um do outro. Usando uma ale­go­ria da infân­cia seria como se acred­i­tar no casa­mento do Sol com a Lua.
O primeiro item do ideário do DEM é o com­pro­misso com a liber­dade sob todas as for­mas. Ainda ontem, mais pre­cisa­mente em novem­bro, o PCdoB, reafir­mou seu “apoio e sol­i­dariedade” as ditaduras comu­nistas da China, Cor­eia do Norte, Cuba, Laos e Vietnã; e, ainda, ao régime de Nicolás Maduro que oprime e destrói a Venezuela e sua pop­u­lação, a qual mata de fome na promessa de libertá-​la.
Um é con­tra a exces­siva ativi­dade estatal na econo­mia, já o outro, não é só esta­tista, é a favor do fim da ini­cia­tiva pri­vada e advoga pela cole­tiviza­ção das riquezas e dos meios de pro­dução.
Enquanto um defende a ativi­dade plan­i­fi­cada, esta­tista e cole­tivista o outro já defende a liber­dade cri­adora indi­vid­ual.
E por aí vai, são dois par­tidos cuja os ideários são diame­tral­mente opos­tos, repito.
Não existindo, por­tanto, qual­quer ponto em comum capaz de jus­ti­ficar uma união entre ambos. Basta pegar os pro­gra­mas, ideários e man­i­festos das agremi­ações para ver­i­ficar que o sim­ples fato de um par­tido apoiar o outro já sig­nifica uma “traição” aos seus fil­i­a­dos e sim­pa­ti­zantes a recla­mar, inclu­sive, inter­venção judi­cial.
Aliás, esta é uma ideia que ofer­eço ao Min­istério Público Eleitoral e à Justiça Eleitoral: que inter­ven­ham no sen­tido de impedir as alianças pro­gra­mati­ca­mente incom­patíveis. Será uma forma de com­bater o fisi­ol­o­gismo político tão danoso à rep­re­sen­tação política.
Claro, não podemos deixar de con­sid­erar que a Con­sti­tu­ição Fed­eral asse­gura ampla liber­dade de orga­ni­za­ção par­tidária, inclu­sive a rel­a­tiva à política de alianças, entre­tanto, não é aceitável que par­tidos defen­sores de ideias opostas se col­iguem para vencerem eleições enganando o povo – que é o deten­tor do poder orig­inário –, pois isso rep­re­sen­taria uma fraude ao dire­ito dos cidadãos escol­herem um con­junto de ideias para verem imple­men­tadas no país, Esta­dos ou municí­pios.
Vejam o absurdo: o cidadão se elege por um par­tido que defende deter­mi­nadas ideias tendo por vice alguém cujo o par­tido defende o oposto daque­las ideias. O que servirá de norte para escolha do eleitor?
Vamos além: e se o tit­u­lar mor­rer (toc, toc, toc, na madeira três vezes), será implan­tada o ideário do par­tido do tit­u­lar ou do vice que her­dou mandato?
Se as pes­soas real­mente sábias que eu acred­i­tam ser pos­sível resolver as crises que o país vem viven­ciando ao longo dos sécu­los, através da política, faz-​se necessário que esta ativi­dade seja lev­ada a sério, com com­pro­mis­sos claros, por parte dos rep­re­sen­tantes legit­i­ma­mente eleitos.
Se pacto social será através da política é necessário que se evite a infil­tração dos mar­gin­ais e que ten­hamos regras claras.
O eleitor pre­cisa ter a garan­tia que estará escol­hendo pes­soas sérias, fil­tradas pelos par­tidos, para defend­erem um con­junto de ideias pre­vi­a­mente esta­b­ele­ci­das.
Sem isso con­tin­uare­mos emen­dando uma crise na outra e com políti­cos com a con­sistên­cia ide­ológ­ica de uma ameba, sem querer desre­speitar as ame­bas, claro.
Encerro con­tando um dos cau­sos que vivi e que está rela­cionado ao tema.
Após as eleições, ao chegar em deter­mi­nado municí­pio, per­gun­tei o que acon­te­cera com deter­mi­nada pes­soa que pen­sei estar apoiando o grupo.
— Ah, doutor, o sen­hor não vai acred­i­tar. Desco­b­ri­mos que fulano era melan­cia?
— Melan­cia!?? Como assim? Indaguei sem enten­der.
— Sim, doutor, melan­cia. Desco­b­ri­mos que ele só era verde (a cor da cam­panha) por fora, por den­tro era ver­mel­hinho (a cor da outra cam­panha).
Ri da história e fiquei matu­tando sobre ela. No quanto ainda esta­mos dis­tantes de uma ver­dadeira democ­ra­cia.
Um con­selho que me per­mito aos leitores eleitores é que fiquem aten­tos a flora e fauna política: os can­didatos melan­cia, os jabu­ti­cabas aos jabutis trepa­dos em árvores.
Abdon Mar­inho é advogado.

UM VEX­AME DUPLI­CADO NA BR 135.

Escrito por Abdon Mar­inho

UM VEX­AME DUPLI­CADO NA BR 135.
Por Abdon Mar­inho.
ALGUÉM que, desav­isado, pas­sasse pela dita inau­gu­ração da dupli­cação da BR 135 – obra inacabada, mal feita, com diver­sos pon­tos já pre­cisando de reparos, que con­sumiu uma fábula de recur­sos e que se arras­tou por quase dez (frise-​se: dez anos para con­cluírem pouco mais de vinte quilômet­ros) –, pen­saria ter saltado para um mundo do absurdo, uma mis­tura de comé­dia pastelão com desenho ani­mado e tan­tas out­ras coisas mais do nosso imag­inário infan­til.
Acred­ito que para o espetáculo ficar mais “ani­mado” só fal­tou os con­tendores se ati­rarem, mutu­a­mente, tor­tas, copos d’água, suco de groselha, etc.
Outra impressão que tive foi que “turma da zona norte”, coman­dada por Gordão, enfren­tou a turma do Bolinha, com todos saindo esco­ri­a­dos.
Falando sério. Que papelão, este, das nos­sas autori­dades, hein? Será que inau­gu­ração de obra pública com­por­taria aquele tipo de com­por­ta­mento?
Estava em viagem ao norte do estado, por isso, só pude acom­pan­har a refrega dan­tesca pelas men­sagens dos diver­sos gru­pos de What­sApp, assim mesmo, nos lugares onde a inter­net chegava.
E, emb­ora, cada qual dos meios de comu­ni­cação (com hon­radas exceções), ele­gendo seus anjos e seus demônios no episó­dio, pareceu-​me que todos se enquadram naquela máx­ima: “em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão”, mere­cendo o destaque da falta de razoa­bil­i­dade o gov­er­nador Flávio Dino.
A forma como se deu vex­ame pareceu-​me haver uma descabida orques­tração para tirar proveito de uma obra que, todos sabe­mos, foi mal “tocada” inteira­mente pelo gov­erno fed­eral, com pouca ou nen­huma par­tic­i­pação do gov­erno estad­ual, menos ainda da atual gestão, que, segundo dizem, fez foi ten­tar retirar-​lhe recur­sos das emen­das dos dep­uta­dos fed­erais para out­ras neces­si­dades do estado, que, reconheça-​se, são muitas.
Ape­sar disso, o gov­er­nador achou ade­quado tirar uma “casquinha” e ten­tar se “apos­sar” do evento, que, pelo menos no plano teórico, nada tinha com ele.
Era um evento pro­movido pelo gov­erno “golpista”, com uma agenda “maldita” e con­taria com a par­tic­i­pação de inúmeras autori­dades “golpis­tas”, tanto de fora quanto de den­tro do estado.
O gov­er­nador não ape­nas achou opor­tuno como fez pior, levou uma claque for­mada pelos mais ele­va­dos servi­dores da admin­is­tração pública – acred­ito que muitos deles dev­e­riam estar em seus pos­tos de tra­balho dando expe­di­ente –, que de forma vol­un­tária (ou pro­gra­mada), achou-​se no “dire­ito” de vaiar out­ras autori­dades pre­sentes no evento e, pas­mem, xingá-​las.
Vejam, ainda que o gov­er­nador – ou qual­quer outro –, tenha se sen­tido agravado por alguma crítica mais ácida pre­sente em algum dis­curso, o mais cor­reto ou “edu­cado” seria deixar pas­sar ou rebater com urban­idade e edu­cação, mostrando que a crítica fora infun­dada ou injusta.
Acho que nem mais em assem­bleias estu­dan­tis se rebate críti­cas com vaias e/​ou xinga­men­tos.
Ver autori­dades públi­cas tomarem este tipo de ati­tude pareceu-​me um tanto quanto fora de con­texto.
Se as autori­dades que se com­por­taram de forma tão inapro­pri­ada tin­ham autor­iza­ção do gov­er­nador para aquele tipo de com­por­ta­mento sig­nifica que o gov­erno foi tomado pelo clima de “tudo posso”, incom­patível, por­tanto, com os ideais democráti­cos; se não tin­ham, sig­nifica que desre­speitaram a autori­dade do próprio gov­er­nador. Este, então, na sua fala, dev­e­ria pedir des­cul­pas e admoestá-​las.
Será que alguém acha nor­mal autori­dades públi­cas, pagas com o din­heiro do con­tribuinte, se com­portarem como mal-​educados baderneiros? Será que o gov­er­nador não se con­strangeu com o com­por­ta­mento dos sub­or­di­na­dos?
Per­gunto isso, porque, lá em casa, nos meus tem­pos de menino, quando tinha visita em casa não podíamos nem falar alto ou pas­sar na sala.
Mas Abdon, o entrevero começou com a críti­cas do dep­utado Hildo Rocha às estradas estad­u­ais. Bem, talvez a crítica do dep­utado, no momento da solenidade, tenha sido ino­por­tuna, ape­sar de ver­dadeira. Isso jus­ti­fi­caria o com­por­ta­mento “infan­til” das autori­dades públi­cas?
As estradas “no” Maran­hão são muito ruins, tanto as estad­u­ais quanto as fed­erais. Este é um fato. Eu, que há vinte anos as per­corro e o ceguinho que faz linha For­t­aleza — Belém, sabe­mos disso. Toda vez que o ceguinho cruza a fron­teira do estado ele indaga afir­mando: entramos no Maran­hão?! Saí­mos do Maran­hão?!
São estradas mal cuidadas, com sinal­iza­ção defi­ciente, com ondu­lações, com bura­cos, com acosta­mento ruim ou sem nen­hum acosta­mento e tan­tas out­ros male­fí­cios que colo­cam em risco as vidas de quem pre­cisa, por elas, trafe­gar.
Ora, isso vem sendo assim desde sem­pre. Por não ser culpa, exclu­siva, do atual gov­erno, este com maior razão, ao ten­tar ocul­tar tal ver­dade e atrair a cólera do senador João Alberto que o chamou de men­tiroso e out­ros adje­tivos, teria se saído mel­hor se na sua fala tivesse recon­hecido o quanto nos­sas estradas deixam a dese­jar e con­cla­mado a união de todos para mel­ho­rar a situ­ação, não só das estradas fed­erais e estad­u­ais, como, tam­bém, a mel­ho­rar os nos­sos indi­cadores.
Há anos falo que a razão para um estado tão rico em ter­ras férteis, água, min­erais diver­sos, gás nat­ural e mesmo petróleo, ocu­par as piores posições em todos indi­cadores soci­ais e econômi­cos, é ape­nas uma – ou esta a prin­ci­pal delas –, uma classe política que não pensa além dos seus inter­esses e de sua sede de per­pet­u­ação no poder. Não vão além disso. O que inter­essa mesmo é se elegerem. O Estado? O Estado que se exploda.
O adver­sário pode ter a ideia mais inter­es­sante, a mel­hor das causas para o Estado, porém, nunca terá a chance de vê-​la implan­tada, pois a ideia, por mais bril­hante, não foi do “dono”, momen­tâ­neo, do poder. Essa é a a nossa des­graça maior.
Como vamos romper o ciclo de atraso e mis­éria que mal­trata tanto os menos favore­ci­dos? A resposta é uma só: não vamos romper.
Aprendi que de tudo é pos­sível tirar lições. A lição que tiramos do espetáculo depri­mente da inau­gu­ração da dupli­cação da BR 135, é que o Maran­hão pre­cisa, antes de mais nada, de choque civ­i­liza­tório, onde as autori­dades enten­dam o valor da boa edu­cação e ten­ham ver­gonha de causarem ou teste­munharem cenas tão deploráveis.
Pelo que vejo, parece que ainda estão longe disso.
Abdon Mar­inho é advogado.

OREL­HAS E CONTRADIÇÕES

Escrito por Abdon Mar­inho

OREL­HAS E CON­TRADIÇÕES.
Por Abdon Mar­inho.
ABDON, tenha cuidado com as orel­has.
Quando ouvi tal recomen­dação pen­sei tratar-​se de uma refer­ên­cia as min­has próprias orel­has, que a natureza fê-​las tão gen­erosas ou as da pes­soa que recomen­dava, igual­mente bem servido das con­chas pro­te­toras do apar­elho audi­tivo.
Tomar cuidado com as orel­has foi um dos con­sel­hos que me deu o ex-​deputado Juarez Medeiros quando pas­sei a pub­licar min­has ideias.
Cuidar das orel­has é não deixar margem para con­testarem o que escreve­mos.
Um amigo, espe­cial­ista em segu­rança pública, disse que fui gen­eroso ao me referir à vio­lên­cia urbana no Maran­hão, pois, segundo seus estu­dos, seria bem maior. Disse-​lhe que como não podia provar, prefe­ria colo­car os números ofi­ci­ais.
Acred­ito que falta aos atu­ais inquili­nos dos Leões cuidado com as “orel­has”. Quase tudo que dizem ou dizem deles pode ser ques­tion­ado.
Vejam o caso do rank­ing do G1. A crítica que fiz foi, pri­or­i­tari­a­mente, à metodolo­gia empre­gada. Que critérios uti­lizaram para escol­herem 37 pro­postas de um e sessenta de outro; vinte e cinco ou trinta de um outro? E por que escol­her aque­las pro­posta em detri­mento de out­ras? Como con­sid­erar que alguém que real­i­zou dois por cento de deter­mi­nada promessa a cumpriu par­cial­mente? Mesmo que seja dez ou vinte por cento, a parte não cumprida é bem supe­rior ao cumprido, logo, não faz sen­tido se dizer que a promessa “foi par­cial­mente cumprida”. Isso não é implicân­cia, é lóg­ica.
Vou além, o referido rank­ing fez pare­cer com­pe­tentes aque­les que fiz­eram promes­sas de baixa expec­ta­tiva com efeitos nefas­tos para os próx­i­mos pleitos. Os can­didatos, para pare­cerem bem fita, vão prom­e­ter coisas sim­plórias, afi­nal o que importa é o cumpri­mento da promessa e não o nível das mes­mas.
Ao faz­erem tanto alarde diante de um rank­ing tão incon­sis­tente, deram margem a diver­sos ques­tion­a­men­tos, como, por exem­plo, a ver­i­fi­cação se aquilo apon­tado como cumprido o foi, efe­ti­va­mente e, até mesmo, se fez ou se ape­nas inau­gurou o que foi feito pelo gov­erno ante­rior.
A questão da segu­rança pública, para citar outro exem­plo, o gov­er­nador prom­e­teu dobrar o efe­tivo da poli­cia, até agora, não chegou nem a um terço do prometido e, assim mesmo, chamando os aprova­dos no con­curso real­izado pela gestão ante­rior.
Estes detal­hes são orel­has que os adver­sários podem “puxar” pois estão à vista de todos.
Agora mesmo, o próprio gov­er­nador, deixa uma “orelha” à descoberto ao acusar o ex-​presidente Sar­ney de man­dar no Maran­hão há 62 anos e sê-​lo, por­tanto, respon­sável pela mis­éria do povo.
No mesmo dia que fez a afir­mação, foi admoes­tado por um jor­nal­ista, que, noutras palavras, disse que o gov­er­nador não con­hecia a história política do Maran­hão e que, pelo seu raciocínio, ele, o gov­er­nador, já estaria a man­dar no estado desde que assumiu o mandato de dep­utado fed­eral em 2007.
Podia pas­sar sem essa, até porque, durante a cam­panha de 2014 dizia que os Sar­ney não fariam jubileu de ouro no poder. Três anos depois, 49 viram 62 anos? Não enx­ergam a tolice?
Além do mais, não fica bem o gov­er­nador, ou qual­quer outro mem­bro do seu par­tido, recla­marem da longev­i­dade de poder do ex-​presidente Sar­ney e sua respon­s­abil­i­dade pela mis­éria.
Qual­quer outro pode, eles não. E é fácil explicar.
Como podem recla­mar de longev­i­dade no poder ou da mis­éria do nosso povo se, em 19 de novem­bro de 2017, aprovaram, no 14º Con­gresso do Par­tido Comu­nista do Brasil, uma Res­olução com moção de apoio e sol­i­dariedade aos regimes comu­nistas da China, Cuba, Cor­eia do Norte, Laos e Vietnã?
Isso, sem con­tar toda lou­vação ao régime dita­to­r­ial que mas­sacra o povo venezue­lano, lhes negando, até mesmo, comida e medica­men­tos bási­cos ou ao régime dos aia­tolás ira­ni­anos, que levou a nação persa a regredir no tempo e nos cos­tumes.
O sen­hor Dino não pode igno­rar isso pois fazia parte da mesa de honra do Con­gresso par­tidário, foi, inclu­sive, citado no doc­u­mento onde con­sta, den­tre out­ras coisas, que:
“Em cinco países, onde vivem mais de 20% da pop­u­lação do plan­eta, par­tidos comu­nistas dirigem exper­iên­cias de con­strução e de tran­sição ao social­ismo. China, Vietnã, Cuba, República Pop­u­lar Democrática da Cor­eia e Laos, cada um com suas pecu­liari­dades e com difer­entes níveis de resul­ta­dos, empenham-​se na luta por uma nova sociedade, em meio a situ­ações nacionais com­plexas e a um quadro mundial hos­til. O seu for­t­alec­i­mento como nações sober­anas, os esforços que fazem os seus povos, sob a direção dos par­tidos comu­nistas diri­gentes do Estado, para via­bi­lizar as estraté­gias de desen­volvi­mento e a tran­sição ao social­ismo, as ações de coop­er­ação inter­na­cional e em prol da paz, têm o apoio e a sol­i­dariedade do PCdoB”.
Falar dos males que o sar­ne­y­sismo cau­sou ao Maran­hão – que já tratei por diver­sas vezes –, e ao mesmo tempo hipote­car “apoio e sol­i­dariedade” a regimes dita­to­ri­ais que oprimem e matam seus cidadãos é uma con­tradição em si. É algo abso­lu­ta­mente sem sen­tido e muito próx­imo da patolo­gia.
Na Cor­eia do Norte, desde o final da Segunda Guerra Mundial, o poder tem pas­sado de pai para filho, uma espé­cie de dinas­tia famil­iar comu­nista.
A mis­éria humana defen­dida pelo régime – e cau­sada pela fome –, reduziu a estatura daquele povo; lá, as penas pas­sam da pes­soa do suposto “crim­i­noso” – pois, crim­i­noso é qual­quer um que ousa diver­gir –, para seus famil­iares.
São famílias inteiras postas em Cam­pos de Con­cen­tração com tra­bal­hos força­dos para serem “reed­u­cadas”, ger­ações nascem, vivem e mor­rem em tais cam­pos.
O restante da pop­u­lação não tem, sequer, o dire­ito de pen­sar livre­mente, quando mais se man­i­fes­tar. Aliás, se tivessem esse dire­ito, talvez, não tivessem o que pen­sar ou o que man­i­fes­tar, tal o nível de “domes­ti­cação” a que foram sub­meti­dos durante estas décadas todas.
Por fim, e graças ao apoio do régime autoritário chinês e ao rig­oroso con­t­role de fron­teiras no sul, man­tém a pop­u­lação apri­sion­ada. Menos de duas mil pes­soas con­seguiram fugir ano pas­sado, isso não se deu por uma mel­ho­ria nas condições de vida ou por não dese­jarem, mas em vir­tude do aumento da vig­ilân­cia sobre os cidadãos.
A tática de con­fi­nar pop­u­lações deve fazer parte do mod­elo “lumi­noso” que querem para humanidade, como é em Cuba, talvez o único lugar no mundo, onde pescadores não têm o dire­ito de pos­suírem bar­cos de pesca, e onde a mesma família con­trola o poder com mão de ferro desde 1959.
Mesmo a China, com seu cap­i­tal­ismo dis­farçado, man­tém sua pop­u­lação pri­vada de liber­dades bási­cas, sem poder par­tic­i­par, livre­mente, da vida política da nação. Lib­er­al­ismo econômico e opressão política. Este é o mote.
E os out­ros dois, com menor ou maior grau, as pop­u­lações enfrentam idên­ti­cos níveis de restrições às suas liber­dades bási­cas.
Pois é, estes mod­e­los de sociedade estão exal­ta­dos no doc­u­mento pro­duzido pelo 14º Con­gresso do PCdoB.
Querem ver outra con­tradição dos comu­nistas maran­henses?
Fiz­eram um escar­céu com o suposto veto ao dep­utado Pedro Fer­nan­des para o Min­istério do Tra­balho, onde, tenho certeza, faria um exce­lente tra­balho e seria uma espé­cie de pre­mi­ação a sua car­reira política – já que man­i­festa inter­esse em aposentar-​se.
Não entrando no mérito se foi ou não Sar­ney que vetou, qual­quer um maran­hense pode­ria recla­mar da não nomeação de Pedro Fer­nan­des para o min­istério, menos os inte­grantes do PCdoB e de out­ros par­tidos que comungam seus ideais.
No caso do par­tido do gov­er­nador, menos razão ainda para recla­mar, uma vez que a mesma res­olução, já referida, trata o gov­erno Temer como golpista, ilegí­timo e deten­tor de uma “agenda maldita” para o país, pro­pondo revo­gação de tudo que foi aprovado no atual gov­erno, inclu­sive a reforma tra­bal­hista.
Fiquei sem enten­der os protestos. Será que não gostam do Pedro Fer­nan­des? Será que não acham mais gov­erno golpista, ilegí­timo e com agenda maldita? Será que não sabem o que dizem? Será que não percebem a incon­gruên­cia de suas posições, com o que escrevem, com o que defen­dem, etc.?
Já sei, que­riam o Pedro Fer­nan­des para que tra­bal­hasse para der­rubar a reforma que ele aju­dou a aprovar. Era isso?
Sem querer colo­car guizo em ninguém, entendo que as pes­soas, sobre­tudo, as autori­dades, pre­cisam de um mín­imo de coerên­cia na exposição de suas ideias. Escrevem e difun­dem uma infinidade de tolices, que os mil­i­tantes e adu­ladores repro­duzem, curtem e com­par­til­ham sem, sequer, aten­tar para incon­gruên­cia histórica ou real das mes­mas.
Querem ver outra? Uma grande parte dos gov­er­nos “sar­ne­y­sis­tas” con­tou, ofi­cial­mente, com a par­tic­i­pação e colab­o­ração tanto do PCdoB quanto do PT. Isso, sem con­tar que desde 2003 então no con­sór­cio gov­ernista que dirigiu o Brasil e que levou o país à ban­car­rota, refletindo no aumento da mis­éria no Maran­hão a par­tir de 2015.
Em sua entre­vista no Jor­nal Pequeno, no iní­cio do ano, o gov­er­nador disse que o Maran­hão não era uma ilha, que sofria com situ­ação econômica do país. Pois é, esque­ceu de nom­i­nar os respon­sáveis pela des­graça. Aliás, con­tra­di­to­ri­a­mente, os defende com unhas e dentes.
Essa turma, tam­bém, pre­cisa ser chamada para dividir conta da mis­éria, seja por estarem nos gov­er­nos do “Sar­ney”, seja porque estiveram nos gov­er­nos lulopetis­tas, a par­tir de 2003, seja porque sem­pre foram sar­ne­y­sis­tas e agora con­ver­tidos ao comu­nismo de resul­ta­dos.
Como dizia meu pai: “se com por­cos estavam, com os por­cos fare­los com­eram”.
As autori­dades dev­e­riam seguir o sábio con­selho do ex-​deputado Juarez Medeiros e cuidarem de suas “orel­has” e suas con­tradições, estas, a cada dia, maiores.
Abdon Mar­inho é advogado.