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Um pres­i­dente inimputável.

Escrito por Abdon Mar­inho

UM PRES­I­DENTE INIM­PUTÁVEL.

Por Abdon Mar­inho.

ESTE texto foi pen­sado nas primeiras horas do dia 10/​11, logo após saber de uma troca de uma postagem do pres­i­dente da República em resposta a um dos seus mil­hares de seguidores, na qual “comem­o­rava” – a palavra cor­reta é essa –, a deter­mi­nação de sus­pen­são, pela Anvisa, dos testes/​estudos da vacina Coro­n­avac, que é uma pare­ce­ria entre uma far­ma­cêu­tica chi­nesa Sino­vac e o Insti­tuto Butantã.

Ainda não sabia maiores detal­hes do ocor­rido, mas pen­sei, que tipo de pes­soa é capaz de vibrar com a sus­pen­são, inter­rupção de estu­dos de uma vacina que tornou-​se hoje a maior meta da humanidade diante de uma pan­demia que já ceifou mais de 1,300 mil vidas em todo mundo e, só no Brasil, mais de 160 mil vidas?

Aí veio-​me a ideia do texto e do primeiro título: “Um pres­i­dente na con­tramão da decên­cia”. Me pare­ceu ade­quado, pois quem é capaz de colo­car um inter­esse pes­soal – no caso a quizila con­tra o gov­er­nador de São Paulo –, à frente dos inter­esse da humanidade só pode “se lixar” para a decên­cia.

Ainda naquele dia, em ato solene em pleno Palá­cio do Planalto voltou à carga para dizer que o “Brasil não seria um país de ‘mar­i­cas’”, numa alusão às medi­das de dis­tan­ci­a­mento social e iso­la­mento para pre­venir a dis­sem­i­nação do novo coro­n­avírus.

Seriam “mar­i­cas” as mil­hares de víti­mas que sucumbi­ram à doença?

Foi nesta mesma fala que o pres­i­dente do Brasil, referindo-​se ao pres­i­dente eleito dos EUA, Joe Biden – a quem chamou de can­didato por não recon­hecer o resul­tado das eleições amer­i­canas, pois é fã de Don­ald Trump e sua fidel­i­dade a ele é supe­rior aos inter­esses do país –, “declarou guerra aos Esta­dos Unidos”, na céle­bre frase do cuspe e da pólvora: “se a diplo­ma­cia não resolver tem que ir para pólvora”, algo do tipo.

O palavrório desconec­tado da real­i­dade, além de não ser lev­ado a sério por ninguém – exceto por uma legião de bol­so­min­ios, tão alu­a­dos quanto o líder –, desmor­al­iza a posição do Brasil no cenário político inter­na­cional, o Brasil virou uma piada plan­etária.

Veja que no mesmo dia, o pres­i­dente da República enquanto vai ao ban­heiro e fica tro­cando impressões com seus teóri­cos da con­spir­ação, que o seguem nas redes soci­ais, ofende a China que é o maior par­ceiro com­er­cial do Brasil e encerra o dia sendo escárnio global ao “declarar guerra” aos Esta­dos Unidos, jus­ta­mente o nosso segundo par­ceiro com­er­cial.

Enquanto isso escarneceu e vibrou com o “fake” insucesso da vacina, indifer­ente à morte de um cidadão – que mor­reu pelo come­ti­mento do ato extremo, sem qual­quer relação com o imu­nizante –, para, no mesmo dia chamar de “mar­i­cas” as mais de 160 mil víti­mas da COVID-​19, no nosso país, tam­bém, indifer­ente a dor das mil­hares de famílias e ami­gos das víti­mas.

Diante disso, pas­sei a achar que o pres­i­dente da República, não ape­nas é indifer­ente aos con­ceitos bási­cos de decên­cia, na ver­dade, como uma cri­ança de 5 anos que faz de tudo para chamar a atenção dos adul­tos de uma sala para si, o pres­i­dente faz o mesmo, pois enquanto isso se dis­trai do que de fato interessa.

Noutra palavras o pres­i­dente age, ante a semi falên­cia insti­tu­cional, como um ser inim­putável.

Depois de todas essas enormi­dades em ape­nas um dia, o pres­i­dente pas­sou a se ocu­par de ques­tionar o sis­tema eleitoral brasileiro, tal qual o seu ídolo do norte-​americano.

Já no dia da eleição tanto o pres­i­dente da República, a quem com­pete o zelo pela ordem insti­tu­cional, jun­ta­mente com legião de seguidores que vivem do ócio, pas­saram a sus­ci­tar dúvi­das sobre a segu­rança do voto eletrônico brasileiro.

A urna eletrônica, que existe no Brasil desde 1996, sem qual­quer ques­tion­a­mento, que vá além da a incon­for­mação pela falta de votos, é o novo “cav­alo de batalha” do pres­i­dente e sua troupe.

Esque­cem que todo o processo de votação do Brasil pode ser audi­tado.

No iní­cio da votação se emite um relatório ate­s­tando o que tem na urna eletrônica e ao final um bole­tim de urna com o resul­tado: o número de votantes, número de votos em branco ou nulos e os votos nom­i­nais ou em leg­en­das; urnas aleatórias são sorteadas para audi­to­rias.

Em 24 anos, repito, exceto pelo incon­formismo de alguns der­ro­ta­dos, nunca tive­mos notí­cias de fraudes nas urnas eletrôni­cas.

Agora, por obra e graça do pres­i­dente da República, repito, a quem caberia o zelo pela reg­u­lar­i­dade insti­tu­cional, passou-​se a ques­tionar o resul­tado do pleito e a se pre­gar o retorno do voto impresso.

O pres­i­dente e seus seguidores dizem que fazem esses ques­tion­a­men­tos para tornar o sis­tema de votação “mais seguro”. Seria muito bom se fosse essa a intenção – ainda que neste quarto de século, com a urna eletrônica sendo sub­metida a todo tipo de teste de segu­rança, nada tenha colo­cado em dúvida a lisura dos pleitos –, mas sabe­mos que não é essa a razão.

O que move o pres­i­dente – e os seus alu­a­dos seguidores, teóri­cos da con­spir­ação –, é desle­git­i­mar a democ­ra­cia brasileira e as suas insti­tu­ições.

Não me sur­preen­de­ria se ao cabo das inves­ti­gações se desco­bris­sem envolvi­mento de inter­esses políti­cos no ataque de hack­ers ao Tri­bunal Supe­rior Eleitoral – TSE, ocor­rido no dia das eleições.

Caso não seja aten­dido na sua von­tade, quer chegar em 2022 e dizer que não sai do poder, caso perca a eleição, como agora tenta fazer o seu ídolo dos Esta­dos Unidos.

O pres­i­dente revela-​se sem freio e sem qual­quer apreço ou respeito pelo que seja democ­ra­cia, sep­a­ração de poderes con­sti­tuí­dos.

Agora mesmo, con­vi­dou para uma audiên­cia, em palá­cio, o cor­rege­dor do Tri­bunal de Justiça do Rio de Janeiro, por coin­cidên­cia – e nada além disso –, um dos encar­rega­dos de jul­gar o rece­bi­mento ou não da denún­cia ofer­tada pelo Min­istério Público Estad­ual con­tra seu filho e out­ros por envolvi­mento no escân­dalo das “rachad­in­has” na Assem­bleia Leg­isla­tiva daquele estado, quando o dito cujo, hoje senador da República, era dep­utado estadual.

A audiên­cia, a pedido da Presidên­cia, durou duas horas.

Imag­ino que o pres­i­dente, tão cioso da lisura e pal­adino da hon­esti­dade, solic­i­tou tal audiên­cia para tratar de assun­tos que pas­sam ao largo dos inter­esses proces­suais do filho, muito emb­ora, seja difí­cil divisar que assunto teria o pres­i­dente para tratar com o corregedor.

Será que alguém acha “nor­mal” esse tipo de audiên­cia? Cer­ta­mente que não.

Logo saber­e­mos o obje­tivo da audiên­cia. É só acom­pan­har o jul­ga­mento do rece­bi­mento da denún­cia con­tra o senador/​filho do pres­i­dente e ver­i­ficar depois quem mudará de tri­bunal.

Não me recordo de fato tão grave assim em tem­pos recentes.

Cer­ta­mente, para o pres­i­dente e seus ali­a­dos, isso nada tem demais, berrarão: “e cor­rupção do PT”?

Como se os peca­dos dos que os ante­ced­eram no poder expi­assem os seus próprios peca­dos.

Ora, por tudo que diz e faz, tem-​se que pres­i­dente é inim­putável, sem noção do alcance de suas palavras ou atos. Ou alguém acha nor­mal esse tipo de coisa?

A falta de con­hec­i­mento e aptidão faz com que busquem pau­tas para­le­las para desviar a atenção para prob­le­mas reais, como a destru­ição do meio ambi­ente, o aque­c­i­mento global, o desem­prego cres­cente, a estag­nação econômica, pan­demia, os prob­le­mas estru­tu­rais do país e tan­tos out­ros.

Essas pau­tas não impor­tam. Para o pres­i­dente o impor­tante é gerar polêmica. Agora mesmo, por conta de um assas­si­nato bru­tal den­tro de um super­me­r­cado, na pan­cada, como se fosse a coisa mais nor­mal do mundo, o pres­i­dente, além de não se sol­i­darizar com os famil­iares da vítima (e por exten­são a todos os negros víti­mas diárias de pre­con­ceitos) – o que não é novi­dade, já que nunca se sol­i­dari­zou com as 170 mil famílias que perderam seus entes para a COVID, nas suas palavras, coisa de “mar­i­cas” –, abriu nova polêmica ao dizer que no Brasil não existe racismo.

Como este é um assunto a exi­gir um texto especí­fico, basta dizer que o cidadão assas­si­nado na “por­rada” não o teria sido se fosse um cidadão branco, bem vestido, etc., ainda que tivesse cau­sado con­fusão no empreendi­mento.

São coisas ditas, acred­ito, por ignorân­cia, pois basta um raciocínio lógico para desmisti­ficar a falá­cia.

E aí, para jus­ti­ficar a tolice, ficam as falanges bol­sonar­is­tas ten­tando desqual­i­ficar a vítima, como se qual­quer delito que, por­ven­tura, tenha cometido no pas­sado ou mesmo no pre­sente, jus­ti­fi­casse o fato de tê-​lo o assas­si­nato a pan­cadas den­tro de um super­me­r­cado.

A estes, dev­eríamos lem­brar que o dire­ito brasileiro não com­ina pena de morte nem para os piores crim­i­nosos, nem mesmo para os mata­dores em série.

O pres­i­dente, infe­liz­mente, não con­segue fazer as dis­tinções necessárias e acaba por embar­car nestes argu­men­tos tacan­hos, além dele próprio, ser a fonte primária de inúmeras out­ras ignomínias.

A expli­cação para isso, não existe, é ape­nas a inim­putabil­i­dade.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

A arrogân­cia derrotada.

Escrito por Abdon Mar­inho

A ARROGÂN­CIA DER­RO­TADA.

Por Abdon Marinho.

APE­NAS na noite de domingo, 29/​11, tomare­mos con­hec­i­mento de quem será o novo prefeito da cap­i­tal, respon­sável por con­duzir os des­tino da cidade pelos próx­i­mos qua­tro anos.

Será bem antes, acred­ito, dos amer­i­canos saberem quem será o pres­i­dente que assumirá o comando dos EUA, a par­tir de 20 de janeiro de 2021, eleito no pleito ter­mi­nado em 3 de novem­bro último – essa infor­mação é ape­nas para “tirar sarro” da cara dos grin­gos. Rsrsrs.

Emb­ora não saibamos que será o vence­dor, em que pese haver uma tendên­cia em favor do can­didato Braide, cer­ta­mente, já sabe­mos que o grande der­ro­tado é o gov­er­nador do estado, sen­hor Flávio Dino, pois ainda que con­siga reverter o quadro e eleger o seu can­didato Duarte, rev­e­lando a sutileza de um rinoceronte numa loja de cristais, estraçal­hou a sua base “ali­ada” e mostrou que não é o líder que se ven­dia.

O TSE ainda não encer­rara a total­iza­ção da cap­i­tal e sua excelên­cia, sem con­sul­tar ninguém, sem falar com um pres­i­dente de par­tido, já anun­ci­ava o nome do seu ungido. Mel­hor dizendo, o ungido do gov­erno.

No dia seguinte, segundo dizem, fez espal­har que a par­tir daquele momento aquele que não seguisse com o seu can­didato seria con­sid­er­ado “inimigo do gov­erno”. Não sei se é ver­dade. Parece-​me uma dema­sia mesmo para os padrões autoritários dos regimes total­itários ocul­tos além da Cortina de Ferro, de triste memória.

O certo é que vi diver­sos inte­grantes do gov­erno – os fãs do gov­er­nador –, externando-​se fiéis ao sen­hor Dino e fazendo juras de “amor eterno” ao novo candidato.

Todos pas­sando “por cima” de cer­tos princí­pios, inclu­sive, do fato de que o can­didato fez cam­panha enquanto con­t­a­m­i­nado pelo vírus da covid-​19, colo­cando em risco a vida de dezenas de pes­soas.

Isso parece não ter qual­quer relevân­cia para o gov­er­nador e mesmo para as suas autori­dades de saúde.

Alguns, mais real­is­tas que o rei, até já ini­cia­ram uma espé­cie de “caça aos infiéis”, como se fazia antiga­mente com as bruxas. Tendo, até mesmo, secretário que “ameaçou” os que não mar­chas­sem unidos, com o fogo do inferno de Dante. Mas, acred­ito que tenha sido ape­nas por “força de expressão”.

Ocorre que fora estes fãs, a quem, se o gov­er­nador pedisse para deixar de res­pi­rar por meia hora, mor­re­riam, mas cumpririam a deter­mi­nação, o que se viu foi que ninguém mais – falo dos políti­cos com expressão –, deu “bola”, para a escolha do gov­er­nador e/​ou para as ameaças veladas ou explíc­i­tas de um ou outro xerim­babo.

Tanto assim que durante a sem­ana foram se declarando neu­tros ou que emprestariam apoio ao can­didato “inimigo”.

No Maran­hão evoluí­mos tanto que os adver­sários políti­cos voltaram ao sta­tus de inimi­gos.

Fal­tando pouco mais de dois anos para o tér­mino do man­dado, o gov­er­nador do estado, como se diz nos Esta­dos Unidos dos pres­i­dentes em fim de mandato, vira uma espé­cie de “pato manco” pre­coce.

Se brin­car vão começar a servir o cafez­inho dele frio.

Se o gov­er­nador do estado imag­i­nava que bas­tava ele declarar o seu apoio e todas as demais forças políti­cas que “gravi­tam” em torno dos Leões iriam aceitar sem qual­quer “senão”, curte um certo diss­a­bor.

Basta dizer que a escolha do gov­er­nador não encon­trou aceitação nem mesmo entre as lid­er­anças do seu próprio par­tido.

Aliás, boa parte da sem­ana – após a declar­ação de apoio do gov­er­nador ao seu can­didato –, a sociedade ludovi­cense “gas­tou” comen­tando a “humil­hação” a que fora sub­metido o can­didato do par­tido gov­er­nador, dep­utado Rubens Júnior, que tendo sido ofen­dido na sua honra e da sua família, quedou-​se e engoliu o “amor próprio” para apoiar o ofen­sor.

O mais que ouvi foram comen­tários sobre a humil­hação do ex-​candidato, mais, até, que o fato do can­didato ter ido para segundo turno.

Ao levar a dis­puta da eleição da cap­i­tal para den­tro do palá­cio – segundo denún­cias, lit­eral­mente –, o gov­er­nador se diminui politi­ca­mente, pois não con­segue sus­ten­tação entre seus prin­ci­pais ali­a­dos e faz a eleição, que pode­ria ser tran­quila, virar um “vale-​tudo” para qual só a vitória inter­essa.

Se a der­rota vier, ela não será mais do can­didato, será a der­rota do gov­er­nador. Já a vitória será do can­didato, do vice-​governador, do dep­utado fed­eral Maran­hãoz­inho, sim, dele também.

Sem con­tar que, com a vitória ou com der­rota, a ante­ci­pação do pleito de 2022, já está feita e ele, o gov­er­nador, sem qual­quer pos­si­bil­i­dade de influir no des­tino da sucessão e depen­dendo dos out­ros para uma even­tual dis­puta para o Senado ou aven­turas mais perigosas, frag­iliza este arco de apoios.

Ao decidir entrar “de cabeça” na eleição do seu ex-​aluno e ex-​auxiliar, sem con­ver­sar, pre­vi­a­mente, com ninguém, deixou de con­sid­erar algu­mas variáveis.

A primeira, que o can­didato que pas­sou para o segundo turno – e deve se elo­giar a tenaci­dade por haver con­seguido tal feito –, dig­amos, que não é a pes­soa mais querida entre seus pares. Desde que entrou na Assem­bleia Leg­isla­tiva, logo no primeiro dia, disse que lá era ele é mais 41 dep­uta­dos. A frase, se não me falha a memória foi: “eu cheguei”. Depois foram as reit­er­adas notí­cias de plá­gios e apro­pri­ação de pro­je­tos de leis alheios, e tan­tas out­ras polêmi­cas desnecessárias, fru­tos da ima­turi­dade.

A segunda, que can­didato durante o pleito, indifer­ente ao fato de que pode­ria ir para o segundo turno e que pre­cis­aria de ali­a­dos, foi para cima de “todo mundo” com “a faca nos dentes”, como se não pre­cisasse de ninguém ou con­fiando que depois todos viriam pelo “beiço”, em obe­diên­cia ao gov­er­nador.

A ter­ceira, que emb­ora poder e espaço político “quanto mais mel­hor”, hoje os dep­uta­dos, prin­ci­pal­mente, os fed­erais, com o vol­ume de ver­bas ori­undo de emen­das par­la­mentares, pre­cisam muito pouco do gov­erno estad­ual, que, aliás, con­soli­dou a fama de ser como “terra de cemitério”.

A quarta, é o inter­esse, políti­cos como Wev­er­ton Rocha e Oth­e­lino Neto, além de diver­sos dep­uta­dos fed­erais, sabem que na prefeitura gov­er­nada por Duarte Júnior, quem “darão as car­tas” serão o dep­utado Maran­hãoz­inho e o vice-​governador Car­los Brandão, dois que querem jus­ta­mente o que os dois primeiros alme­jam.

Para este políti­cos, ainda que não con­tem com a prefeitura a “seu favor”, bem mel­hor que ela não esteja, lit­eral­mente, con­tra.

Daí saberem não ser do inter­esse de ambos a eleição do pro­te­gido do gov­er­nador. Trata-​se de cál­culo político.

A quinta e última var­iável – ao menos que estou lem­brando –, é que a lid­er­ança do gov­er­nador é “emprestada”, vale dizer, depende de out­ros líderes.

Não con­heço ninguém, prefeitos, dep­uta­dos, vereadores, lid­er­anças, que ten­ham apreço por sua excelên­cia, a imagem que têm dele é a pior pos­sível, o estilo pro­fes­so­ral e arro­gante deses­tim­ula qual­quer aprox­i­mação.

Longe das câmeras e dos ouvi­dos indis­cre­tos, dizem hor­rores. Se o tol­eram é pela força dos Leões.

Lá na frente, já sem essa força, o atual gov­er­nador é que vai pre­cisar deles.

Quem parece ter uma leitura mel­hor do quadro político é o atual prefeito, Edi­valdo Holanda Júnior.

Muito emb­ora tenha feito quase que dois mandatos “pífios”, agora, na reta final, parece ter “acor­dado para Jesus”, para encer­rar o man­dado com diver­sas obras feitas ou anda­mento, deu a sorte de con­seguir que as obras de revi­tal­iza­ção ocor­resse no seu mandato, o que por si é algo extra­ordinário, bem avali­ado pelos eleitores e “na boa” com a classe política, por não ter se envolvido na dis­puta pela sucessão.

Achou que ninguém sabe nem em quem votou.

É ver­dade que ele sem­pre teve uma avali­ação mel­hor que da sua gestão, com as pes­soas ainda que críti­cas do seu gov­erno, preser­vando sua imagem pes­soal, tanto assim, que nem mesmo os escân­da­los ou notí­cias de cor­rupção, chegaram perto de arran­har sua imagem.

Já o gov­er­nador do estado, ao trazer a dis­puta para o campo pes­soal, tra­bal­hando, inclu­sive para torná-​la nacional, ten­tando dizer que a dis­puta é entre o can­didato dele e o can­didato de Bol­sonaro – muito emb­ora seja o seu can­didato o fil­i­ado ao par­tido do fil­hos de pres­i­dente e que o pres­i­dente apoiou foram os can­didatos deste par­tido em vários esta­dos –, pode até gan­har, é bem pos­sível que ganhe, pois como dizia meu pai “gov­erno é gov­erno”, mas, mesmo vitória, não o fará vito­rioso.

Se vier a vitória, será uma vitória de Pirro, sem qual­quer mérito, com o abu­sos diver­sos, que já estão sendo denun­ci­a­dos diari­a­mente, um retorno à velha política dos tem­pos dos coro­néis – e para os fins que já trata­mos acima.

Não existe mérito no que vem acon­te­cendo na atual quadra política, muito pelo con­trário.

Abdon Mar­inho é advogado.

Um pouco de coerên­cia e decoro, por favor.

Escrito por Abdon Mar­inho

UM POUCO DE COERÊN­CIA E DECORO, POR FAVOR.

por Abdon Marinho.

DISSE AQUI mesmo – e por mais de uma vez –, que no dia que ouvir dizer que um.boi se encon­tra sobrevoando o Largo do Carmo ou a Praça D. Pedro II, não irei lá con­ferir. É bem provável que seja verdade.

Dando razão a um antigo ditado pop­u­lar, o gov­er­nador do estado despiu-​se de toda a litur­gia que o cargo requer e declarou apoio incondi­cional e irrestrito a um dos seus ex-​auxiliares que dis­putou a eleição na cap­i­tal e que, segundo a oposição, inte­graria uma espé­cie de con­sór­cio de can­didatos com o fito de dividir os votos no primeiro turno para juntá-​los no segundo e der­ro­tar o adver­sário real, que, por sinal, chegou em primeiro lugar.

Não sat­is­feito em declarar-​se o primeiro “cabo eleitoral” do estado, segundo as mais diver­sas fontes de infor­mações, teria, sua excelên­cia, deter­mi­nado que todos secretários, dire­tores, ocu­pantes de car­gos em comis­são e, até mesmo, os xerim­ba­bos menos qual­i­fi­ca­dos, de uma forma geral, tam­bém, o fizesse.

Em out­ras palavras, o gov­erno estad­ual, a máquina pública, custeada, com o seu, o meu, o nosso din­heiro, entrou em “cam­panha” a favor do can­didato favorito do gov­er­nador. É o que dizem, e, tam­bém, o que pas­samos a obser­var.

Emb­ora não se saiba o alcance do uso da “máquina” o sim­ples apoio osten­sivo do gov­erno já tem o condão de dese­qui­li­brar o pleito.

Remem­o­rando as lem­branças que tenho da história do Maran­hão, acred­ito que nem o velho Vitorino Freire, de quem, inclu­sive, falei em texto recente, ousou tanto.

Não tenho dúvida que se trata do maior aten­tado con­tra a democ­ra­cia neste século e tam­bém dos pas­sa­dos.

Nada tenho con­tra este ou aquele can­didato, favorito ou preferido de quem quer que seja, mas vis­lum­bro que esta­mos diante de um abuso, uma clara inter­venção, no que dev­e­ria ser um “duelo” justo e com pari­dade de armas.

Como, aliás, requer toda e qual­quer democ­ra­cia.

Desde a declar­ação do gov­er­nador, ainda no domingo, que fervil­ham nos meios de comu­ni­cação, blogues, redes soci­ais e etcetera, declar­ações de apoio ao can­didato “do gov­er­nador”, da parte dos seus aux­il­iares – não sei se feitas, inclu­sive, em horário de expe­di­ente e com uso dos meios e instru­men­tos públi­cos – o que não faz difer­ença. Estes servi­dores ocu­pam car­gos em tempo inte­gral e ded­i­cação exclu­siva.

Algo, que pelo exagero, parece-​me tão acin­toso que dev­e­ria chamar a atenção dos órgãos de con­t­role, sobre­tudo, do Min­istério Público Estad­ual e do Min­istério Público Eleitoral e, prin­ci­pal­mente, do Poder Judi­ciário.

Durante os dois últi­mos anos acom­panho, dia sim e no outro tam­bém, o gov­er­nador do estado recla­mar de autori­tarismo e de abu­sos que estariam sendo cometi­dos pelo pres­i­dente da República.

Como podemos clas­si­ficar o ato de um gov­erno que atenta, como esta­mos assistindo, con­tra a liber­dade de escolha dos cidadãos, usando dos meios que vem utilizando?

Neste último ano, desde que ini­ciou a pan­demia no país, tenho assis­tido, o gov­er­nador do estado recla­mar dos maus modos do pres­i­dente da República na con­dução da crise san­itária. O que faz com razão, tendo em vista que o chefe da nação opta de forma irre­spon­sável e crim­i­nosa por uma ati­tude nega­cionista, por não respeitar regras de dis­tan­ci­a­mento, recusar-​se, por diver­sas vezes a usar más­cara, e por último, até ontem, dizer que o país não pode ser um país de “mar­i­cas”, numa alusão às pes­soas que temem a doença.

Esse “destram­belho” do pres­i­dente, assim como a “tor­cida” para que a vacina feita em parce­ria entre o Insti­tuto Butantã e uma empresa chi­nesa, é assunto para um texto especí­fico, que, inclu­sive, seria pub­li­cado antes deste.

Por conta dos errô­neos ou crim­i­nosos atos do pres­i­dente, o gov­er­nador, valendo-​se de sua “amizade” com a “grande” imprensa, é o que mais se man­i­festa, denun­cia e cobra compostura.

Pois bem, esse mesmo gov­er­nador que cobrou – e tanto cobra –, pos­tura do pres­i­dente da República no trato da pan­demia é o mesmo que, sem tirar a camisa ou a más­cara, declarou pos­suir um can­didato “favorito” para o segundo turno das eleições munic­i­pais na cap­i­tal do estado, sendo que este mesmo can­didato foi acu­sado de, entre os dias 5 e 11 de novem­bro, ter feito cam­panha eleitoral, abraçado vel­hin­has e enfer­mos e a out­ros inte­grantes dos gru­pos de risco para a COVID-​19, sabendo-​se infec­tado.

Quer dizer que o pres­i­dente República, estando saudável, pelo sim­ples fato de sair sem más­cara, aten­tava con­tra a saúde pública da nação, mas o repub­li­cano can­didato favorito do gov­er­nador, sabendo-​se infec­tado pode­ria fazer o que fez e ainda rece­ber o prêmio de alcaide da cap­i­tal?

É isso mesmo pro­dução?

Em um texto ante­rior, onde tratei deste assunto, por con­sid­erar tão abjeto o com­por­ta­mento do can­didato, dei-​lhe o bene­fí­cio da dúvida. Não se pode acusar alguém de um crime tão grave sem que exis­tam provas con­tun­dentes do fato.

Mas, se o can­didato não come­teu o crime, que providên­cias foram ado­tadas con­tra aque­las pes­soas que teriam “armado” con­tra ele e for­jado exame médico datado do dia 5/​11, ate­s­tando a contaminação?

A polí­cia abriu inquérito para apu­rar crime tão grave con­tra a saúde pública ou con­tra o can­didato?

A declar­ação fornecida pelo Lab­o­ratório Cen­tral do Estado — LACEN MA é falsa?

Se é falsa por que até agora as autori­dades não vieram a público dizer isso?

Se é ver­dadeira porque não tomaram providên­cias para impedir a ati­tude crim­i­nosa do candidato?

Se falsa, quais providên­cias ado­taram con­tra os falsificadores?

Vejam, sem querer ser “palmatória do mundo”, por um mín­imo de coerên­cia em relação a can­tilena do gov­er­nador no plano nacional, antes de declarar a apoio a um can­didato acu­sado de con­du­tas tão graves e abje­tas, sua excelên­cia, por respeito a pop­u­lação que gov­erna e prin­ci­pal­mente da cap­i­tal, dev­e­ria ter chamado uma cole­tiva e respon­dido para pat­uleia os ques­tion­a­men­tos acima.

Sim­ples­mente isso. Êpa, doutor, volte a fita. Esclareça isso antes.

Não é coer­ente que o gov­er­nador do estado que mais cobra o respeito das autori­dades fed­erais à crise san­itária oca­sion­ada pelo novo coro­n­avírus, se vista de “cabo eleitoral” de um can­didato acu­sado do hor­rendo crime de espal­har uma doença sabendo-​se infec­tado, e, ainda, que isso ocorra pela ganân­cia desme­dida pelo poder.

Isso se ele for cul­pado, repito.

Mas se não é, o gov­er­nador do estado não dev­e­ria declarar pub­li­ca­mente que ele, o can­didato, foi vítima de uma acusação sór­dida?

Não dev­e­ria colo­car a polí­cia na “cola” dos fal­si­fi­cadores do exame do can­didato e da declar­ação do Lab­o­ratório Cen­tral do Estado — LACEN MA?

Na minha ótica tais omis­sões soam como inco­erên­cias.

Êpa, doutor, volte a fita. Esclareça isso antes, repito.

Assim como é inco­er­ente o gov­er­nador do estado e demais autori­dades investi­das de “cabos eleitorais” apontarem que o con­fronto que ocor­rerá na cap­i­tal é con­tra o can­didato do sen­hor Bol­sonaro quando é jus­ta­mente o can­didato que apoiam o “com­pan­heiro” de par­tido dos fil­hos do pres­i­dente.

Não se pode enga­nar ou humil­har o povo com esse tipo de nar­ra­tiva. É infamante. É um insulto à nossa inteligên­cia.

Querem nos insul­tar? Insul­tem. Mas, pelo menos isso, não nos tratem como estúpi­dos.

Como disse no iní­cio deste texto, no Maran­hão, não duvido nem se me dis­serem que boi “avoa”. Quem diria, por exem­plo, que um can­didato depois de ser chamado de “ban­dido”, de ter ofen­di­dos o pai, inter­nado em estado grave, o par­tido e família e de ter clas­si­fi­cado tal ato como covarde, iria, sim­ples­mente, fin­gir que nada foi dito, que ofen­sas não foram lançadas, se con­tentaria com um «cho­cho» e irônico pedido des­cul­pas, para apoiar o “can­didato do governador”?

Êpa, xin­garam meu pai, cus­pi­ram na minha mãe e o que digo é: “bola pra frente”?

Ora, me com­pre um bode.

O can­didato que disse a plenos pul­mões que não deixaria “o ban­dido” chegar a prefeitura, aceita “na boa” o apoio do “ban­dido” e dos “fichas sujas”?

Os fatos nar­ra­dos – e out­ros mais graves que todos assis­ti­mos nesta cam­panha – , não acon­te­ce­ram no século pas­sado, não, foi na “sem­ana pas­sada”, todos os cidadãos ainda têm grava­dos na memória os insul­tos. Se bem que depois do que estou vendo, nem sei se podemos con­sid­erar como insul­tos. Se ficou bem para todos, então eram “elo­gios”.

Será que igno­ram o que seja decoro? O que seja decên­cia? O que seja dig­nidade?

De repente, depois das ofen­sas mútuas, de ofend­erem até a família em situ­ação difí­cil, se abraçam e dizem que está “tudo bem”?

É assim mesmo? É essa a lição para atual e futuras ger­ações: que vale tudo pelo poder?

Será que isso é nor­mal e eu que estou com­ple­ta­mente “fora de tempo”?

Essa é a nova política?

O novo tempo para o Maranhão?

Não, meus sen­hores, mil vezes, não. Isso não pode e não está certo. Não foi isso que aprendi com meu pai, que era anal­fa­beto por parte de pai, mãe e parteira.

Esse tipo de política é degradante. Está errada e é da conta de todos. Até dos covardes, que silen­ciam e acham nor­mal.

Um pouco de coerên­cia, um pouco de decên­cia, um pouco de decoro, por favor.

É o que fica.

Abdon Mar­inho é advo­gado.