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Maran­hão 2022: Dino se movi­menta e inco­moda muita gente.

Escrito por Abdon Mar­inho

MARAN­HÃO 2022:

DINO SE MOVI­MENTA E INCO­MODA MUITA GENTE.

Por Abdon Mar­inho.

QUASE tão pre­visíveis e esper­adas quanto a subida e a descida das marés na baía de São Mar­cos, o gov­er­nador Flávio Dino anun­ciou sua saída do Par­tido Comu­nista do Brasil — PCdoB e, em seguida, anun­ciou que requer­era fil­i­ação ao Par­tido Social­ista Brasileiro — PSB.

Tais acon­tec­i­men­tos, pre­vis­tos para acon­te­cer há muito tempo – eu mesmo, já em 2013, dizia tratar-​se de um equívoco a can­di­datura majoritária pelo par­tido comu­nista –, não mere­ce­ria um texto se não fosse o “estran­hamento” que essa “mex­ida” parece ter cau­sado nos adver­sários e, tam­bém, nos ali­a­dos do agora ex-​comunista.

Sobre as reações, ressal­vadas as raras opiniões isen­tas, o que vimos foi cada um anal­isando o fato a par­tir de sua con­veniên­cia e inter­esse próprio e/​ou da facção política que está pagando.

Nas próx­i­mas lin­has tentare­mos descorti­nar o que se encon­tra por trás desta “mex­ida” política do governador.

Ini­cial­mente cumpre esclare­cer que o sen­hor Dino não teria nen­huma neces­si­dade de sair do PCdoB se o seu inter­esse fosse ape­nas um mandato de senador da República.

Os maran­henses votaram nele inúmeras vezes sem ligar para esse falso viés ide­ológico, o que sig­nifica dizer que o seu pro­jeto não cor­ria risco.

Aliás, arrisco dizer que no Maran­hão tem mais comu­nista rico do que em Pequim, China.

A mudança para o PSB ocorre porque sua excelên­cia ainda aca­lenta o sonho de ser o can­didato a vice-​presidente na chapa do ex-​presidente Lula, o que seria inviável caso per­manecesse no PCdoB.

Muito emb­ora o ex-​presidente busque, na ver­dade, alguém “de dire­ita” para com­por a chapa, ter como com­pan­heiro de chapa alguém do PSB – que é um par­tido de centro-​esquerda, e do nordeste, bom de mídia e que se vende a um preço bem supe­rior ao que efe­ti­va­mente vale –, não é descar­tado.

Essa, ao nosso sen­tir, a primeira moti­vação para a mudança par­tidária do gov­er­nador.

Aqui abro um parên­tese para dizer que o PCdoB – se é que não foi tudo com­bi­nado –, não tem motivos para se sen­tir “enganado” ou traído pelo ex-​filiado.

Caso se tire a “prova dos noves”, é muito provável que a “relação” Dino/​PCdoB tenha sido bem mais “lucra­tiva” ao segundo, que, exceto aos par­tidos que deram sus­ten­tação ao sarneísmo, é o par­tido com mais tempo de poder no Maran­hão, se con­tar­mos os anos que inte­grou o gov­erno Roseana Sarney/​José Reinaldo, Jack­son Lago e, com Dino – chega ser quase uma oligarquia.

A segunda moti­vação do sen­hor Dino ao pedir guar­ida aos social­is­tas é empurrar a can­di­datura do senador Wev­er­ton Rocha (PDT) para a dire­ita bolsonarista.

Não sei se por erro de estraté­gia ou mesmo incom­petên­cia política, os par­tidos do cen­trão que se lam­buzam com polpu­das ver­bas públi­cas para apoiar o gov­erno do sen­hor Bol­sonaro já declararam que estão “fecha­dos” com o senador pede­tista para o gov­erno.

Logo, não é sem razão, até pelos out­ros motivos que já trata­mos no texto sobre a República de Planaltina, que o can­didato público ou oculto do sen­hor Bol­sonaro no Maran­hão será o senador do PDT.

Favorece ainda mais tal per­cepção o fato do PDT comungar com uma das pau­tas mais caras ao bol­sonar­ismo no momento: a questão do voto impresso.

O sen­hor Dino sabe que o seu adver­sário na política local é o senador pede­tista, ao fazer essas “mex­i­das” ele quer delim­i­tar o seu campo de atu­ação. Ou seja, o terá como adver­sário, mas vinculando-​o ao pro­jeto político do atual pres­i­dente da República.

Não sem razão lá atrás já havia recomen­dado aos ali­a­dos mais próx­i­mos que deix­as­sem os par­tidos vin­cu­la­dos ao pres­i­dente da República no estado.

Ao sen­tar praça no PSB o sen­hor Dino – que não foi para o par­tido sem garan­tias –, retirou do palanque pede­tista um par­tido que já estava na conta dos “garan­ti­dos”.

Como disse em outro texto, o sen­hor Dino fugiu do “prato-​feito” do senador pede­tista, que que­ria ser “ungido” como uma espé­cie de can­didato único em um leque de alianças englobando do PCdoB ao DEM.

Dino refu­gou, des­mar­cou diver­sas reuniões com os chama­dos par­tidos da chamada base e fez o seu próprio jogo.

Primeiro artic­u­lou junto com o vice-​governador, Car­los Brandão, a retomada do PSDB.

Jogou muito bem, nova­mente, quando colo­cou um dos prin­ci­pais “golden boys” no Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, no caso, o Camarão.

Difer­ente do que um ou outro petista pen­sou (ou pensa) o crustáceo, não rep­re­senta qual­quer ameaça a eleição de algum petista à Câmara dos Dep­uta­dos, pelo con­trário, ele pode aju­dar a eleger mais de um dep­utado fed­eral pela legenda.

Essa é uma das hipóte­ses, a outra é que o crustáceo tenha sido colo­cado no PT com o propósito de vir a com­por com o PSDB para o gov­erno estad­ual.

Noutras palavras, menos um par­tido no palanque pede­tista.

No jogo político gestos con­tam mais do que muitas ações.

Se Dino artic­ula uma aliança PSDB/​PT, até pela sim­bolo­gia que isso sig­nifica no cenário nacional, se cre­den­cia como “grande” artic­u­lador político a ponto de pleit­ear o Jaburu.

Até para diminuir a rejeição que tem, o PT vai querer essa fotografia.

Um pal­pite – repito, ape­nas um pal­pite –, é que o sen­hor Dino sonha com a seguinte chapa: Lula, do PT (pres­i­dente), ele, Dino do PSB (vice-​presidente), Brandão, do PSDB (gov­er­nador), Camarão, do PT (vice-​governador) e para provar que é mesmo um artic­u­lador “por­reta” chama Roseana, do MDB para ser a can­di­data ao Senado Fed­eral, claro se con­tar com a sim­pa­tia e apoio do ex-​presidente Sar­ney advo­gando seu pleito no MDB e junto ao ex-​presidente Lula.

Não dando certo a artic­u­lação para o Jaburu, será can­didato a senador, como já programado.

Claro que posso está com­ple­ta­mente errado, mas é assim que, no momento, estou vendo o cenário estad­ual.

Dando certo o plano de Dino, ao senador Wev­er­ton restará articular-​se, caso queira pleit­ear o gov­erno estad­ual – e já ouvi de quase uma dúzia de pes­soas que não será, muito emb­ora ninguém decline os motivos –, com os par­tidos e os políti­cos vin­cu­la­dos ao pres­i­dente da República, se com­pondo, além dos par­tidos que já lhe declararam apoio, com políti­cos como o senador Roberto Rocha, que pre­cisa de um palanque forte para dis­putar a reeleição para o Senado Fed­eral con­tra Dino ou Roseana (no caso das artic­u­lações do ex-​comunista darem certo).

Caso seja mais que um boato a não can­di­datura do senador pede­tista, não o vejo se recom­pondo com o gov­er­nador Flávio Dino, sendo mais provável que apoie outra força política, sendo pre­maturo espec­u­lar sobre quem seria.

Como disse em tex­tos ante­ri­ores, o quadro político no Maran­hão ainda se encon­tra bas­tante embar­al­hado e só agora começa a desanu­viar com essas movi­men­tações do gov­er­nador Dino, que até então jogava parado.

Com as últi­mas artic­u­lações do gov­er­nador, nem mesmo o fato de, suposta­mente, o PDT haver colo­cado a can­di­datura de Ciro Gomes na mesa de nego­ci­ações com o PT, o fará retro­ceder no pro­jeto de con­duzir a sua sucessão.

Foi esse, dig­amos, “ativismo” que inco­modou bas­tante a classe política local.

Uns dire­ta­mente, out­ros através de asses­sores de imprensa, vesti­dos de jor­nal­is­tas, já não pedem licença para enx­er­gar os defeitos do gov­er­nador que antes fin­giam não exi­s­tir.

Sobre as out­ras can­di­dat­uras que se dizem postas ainda é pre­cip­i­tado falar,

Esta sem­ana, tomei con­hec­i­mento que o secretário de Indús­tria e Comér­cio, Sim­p­li­cio Araújo, do Sol­i­dariedade, se coloca como can­didato ao gov­erno – mas fechado com Dino para o Senado.

Mas vai se com­por e artic­u­lar com quem?

Ainda para um par­tido estru­tu­rado em todo o estado é com­pli­cado sair sozinho.

Pior é a situ­ação de out­ros pos­síveis pos­tu­lantes.

O senador Roberto Rocha, por exem­plo, é um exímio artic­u­lador político, entre­tanto, fal­tando pouco mais de um ano para as eleições, não sabe­mos, sequer, se tem partido.

O prefeito de São Pedro dos Crentes, Lah­e­sio Bon­fim, que se apre­senta como bol­sonar­ista raiz e per­corre o estado, será que ao menos terá leg­enda para disputar?

O dep­utado fed­eral Josi­mar de Maran­hãoz­inho, do PL, tem leg­enda e até sus­ten­tação política – conta com o apoio de um grande grupo de prefeitos –, pos­suirá condições obje­ti­vas para enfrentar uma eleição majoritária de governador?

Todas essas situ­ações nos impe­dem de anal­isar com mais pro­fun­di­dade a sucessão do ano que vem.

Ape­sar disso, con­tin­uare­mos no nosso obser­vatório político, de olho nos lances e capí­tu­los dessa nov­ela.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

Pede pra sair, Queiroga!

Escrito por Abdon Mar­inho

PEDE PRA SAIR, QUEIROGA!

Por Abdon Marinho.

PARECE que estou ficando velho. Sou de um tempo em que as pes­soas cul­ti­vavam o amor próprio, o autor­re­speito, zelo pelo bom nome.

Ainda lem­bro do meu saudoso pai dizendo que o maior patrimônio de um homem era o seu nome. Dizia tam­bém que “quem muito se abaixa o fundo aparece”.

Ape­sar de ouvir tais coisas há, no máx­imo, trinta ou quarenta anos, pare­cem saí­das de filmes ou séries de época, tal a dis­tân­cia em relação aos dias atu­ais.

Vejo cidadãos para quem tais coisas mas pare­cer refle­tir um com­por­ta­mento de abobados.

Vejo pes­soas, que todos sabem ladrões portarem-​se como se fos­sem os pal­adi­nos da moral­i­dade. Querem enga­nar a quem? Será que não sabe­mos que fiz­eram for­tuna des­viando os recur­sos públi­cos, matando pes­soas nas filas dos hos­pi­tais, negando o con­hec­i­mento e o futuro de cri­anças, negando ali­men­tos a uma mul­ti­dão de famintos?

Como se fôsse­mos tan­sos, exibem-​nos suas for­tu­nas con­quis­tadas às cus­tas do suor e das lágri­mas de mil­hões de brasileiros.

Out­ros, escrav­iza­dos pelo chamado sta­tus ou pela fama dos car­gos, pouco ligam para o amor próprio, pelo zelo do nome e acabam por perder o respeito dos demais e o próprio autor­re­speito.

Vejam o caso do “ainda” min­istro da saúde, Marcelo Queiroga.

Na sua página na inter­net, o Min­istério da Saúde, apre­senta o tit­u­lar da pasta, no que inter­essa, da seguinte forma:

Médico car­di­ol­o­gista, Marcelo Queiroga foi pres­i­dente da Sociedade Brasileira de Hemod­inâmica e Car­di­olo­gia Inter­ven­cionista (SBHCI), sendo mem­bro per­ma­nente do seu Con­selho Con­sul­tivo. Inte­gra, desde os anos 90, o Con­selho Regional de Med­i­c­ina do Estado da Paraíba na qual­i­dade de Con­sel­heiro Tit­u­lar, tendo ocu­pado a dire­to­ria por duas ocasiões. No Con­selho Fed­eral de Med­i­c­ina, foi mem­bro da Comis­são de Avali­ação de Novos Pro­ced­i­men­tos em Med­i­c­ina, por 4 anos. Atual­mente, pre­side a Sociedade Brasileira de Car­di­olo­gia (SBC).Natural de João Pes­soa (PB), Queiroga é for­mado em Med­i­c­ina pela Uni­ver­si­dade Fed­eral da Paraíba (1988)”.

Muito emb­ora não seja um cur­rículo de grande vulto, dele sequer pre­cis­aria se lhe sobrasse zelo pelo bom nome, o amor próprio e o autor­re­speito.

Imag­ine que você – seja que profis­são tenha –, seja con­tratado para fazer um tra­balho e o seu con­tratante não se ocu­passe de outra coisa que não fosse sab­o­tar a sua mis­são, fazer jus­ta­mente o oposto do que você, o profis­sional con­tratado, recomenda.

O que você faria?

Imag­ine que você, empre­stando seu nome a uma mis­são fosse tratado com desre­speito ou menosprezo.

O que você faria?

Para as duas per­gun­tas, se você tem um pouco de pudor – a velha e desu­sada ver­gonha na cara –, o que lhe resta é agrade­cer e pedir para sair. Pode fazer usando qual­quer des­culpa, inclu­sive, igno­rando os reais motivos.

Pois bem, após a desastrada gestão do gen­eral Pazuello frente ao Min­istério da Saúde, o sen­hor Queiroga assumiu a pasta com a mis­são de emprestar seu nome, sua téc­nica e conduzir-​nos nesta que é a maior crise san­itária de todos os tem­pos.

Disse que iria se guiar pela ciên­cia respei­tando os pro­to­co­los já usa­dos e que ren­deram resul­ta­dos nos out­ros países.

Talvez envaide­cido pelo prestí­gio do cargo de min­istro de estado, o sen­hor Queiroga tenha esque­cido de com­bi­nar com o chefe, o sen­hor Bol­sonaro e, por isso, se tiver ver­gonha, deve pas­sar sofri­dos constragimentos.

Desde que assumiu o “chefe” não passa um dia sem desafiar as regras pre­conizadas pelo Min­istério da Saúde como essen­ci­ais para o com­bate à pan­demia. Dia sim e no outro tam­bém pro­move desnecessários even­tos com aglom­er­ações; tem ojer­iza ao uso de más­caras e, nem a título de exem­plo e para inspi­rar os seguidores, con­segue usá-​las – no Brasil pois no estrangeiro usa –, sem con­tar que não cessa de pre­scr­ever medica­men­tos para a COVID já descar­ta­dos pela ciên­cia e pelo resto do mundo há mais de ano.

Como se todo o con­hec­i­mento cien­tí­fico do mundo estivesse errado e só ele certo, não cessa no absurdo.

E o que faz o min­istro da saúde que prom­e­teu se guiar pela ciên­cia? Nada.

Como des­culpa diz não ser cen­sor do presidente.

Que o trata­mento à base de medica­men­tos recu­sa­dos pelo mundo cien­tí­fico per­manece no site do Min­istério da Saúde, por seu con­teúdo “histórico”.

Ora, se nem o empre­gador está dis­posto a seguir a recomen­dação do seu min­istro, o que faz ele no cargo?

Não fica con­strangido ao pedir para a pat­uleia ado­tar um com­por­ta­mento que nem o seu empre­gador e, em tese, prin­ci­pal inter­es­sado no êxito do serviço, adota?

Não sente con­strang­i­mento por con­vi­dar alguém para um cargo do Min­istério e a pes­soa não ser nomeada por falar a lín­gua da ciên­cia que jurou seguir?

Pior, ter que man­ter uma equipe que passa longe dos pos­tu­la­dos cien­tí­fi­cos.

A falta de enver­gadura moral – pois se tivesse, já teria entregue o cargo há muito tempo –, faz com que o seu chefe aumente o nível de humil­hação pública.

A última – mas não a der­radeira –, foi referir-​se ao min­istro de estado do seu gov­erno como “um tal de Queiroga”.

Neste caso, a humil­hação sig­nifica a desmor­al­iza­ção do próprio gov­erno e do seu pres­i­dente. Eu, pres­i­dente, não nomearia um “tal de coisa alguma” para o meu governo.

Um médico, pres­i­dente disso ou daquilo, ex-​dirigente de enti­dade assim ou assada, aceitar o trata­mento de “um tal de Queiroga”!?

O min­istro, fazendo jus ao que disse meu pai, já tendo se abaix­ado tanto, talvez não tenha achado nada demais na forma desre­speitosa como foi tratado pelo presidente/​chefe. Tivesse ver­gonha na cara teria cobrado respeito.

Mas o desre­speito – que a muitos soaria como insulto –, veio acom­pan­hada de uma “ordem” das mais exdrúx­u­las – para o momento.

O pres­i­dente da República do país em que estão mor­rendo quase duas mil pes­soas por dia pela pan­demia, com a soma total se aprox­i­mando de meio mil­hão de vidas per­di­das e onde a vaci­nação agora que alcançou 11% (onze por cento) com duas doses, disse que recomen­dara ao “tal Queiroga” que ulti­masse um pare­cer visando a dis­pensa do uso de más­caras pelas pes­soas já infec­tadas e/​ou que já ten­ham sido imu­nizadas.

Desnecessário dizer que não existe qual­quer amparo cien­tí­fico ou lógico para a “ordem” trans­mi­tida para o “tal Queiroga”. Tanto assim que a comu­nidade cien­tí­fica, não ape­nas do Brasil, mas do mundo, reagiu com estu­pe­fação à ideia de sua excelência.

O “tal Queiroga”, entre­tanto, além de não fin­gir indig­nação, con­fir­mou o pare­cer, ape­nas ressal­vando que seria um estudo para o “futuro”.

Diante da reação de autori­dades e cien­tis­tas, o próprio pres­i­dente ensaiou uma meia-​volta, no dia seguinte disse que essa “recomen­dação” depen­de­ria de aceite de gov­er­nadores e prefeitos já que ele, pres­i­dente, “não api­taria nada nessa questão”.

Ape­sar de todas essas humil­hações públi­cas e até desre­speito, o tal Queiroga – agora sem aspas –, parece que ainda não se deu por achado ou que a sua col­una pode vergar-​se ainda mais.

Con­hecesse o sen­tido da palavra brio já teria pedido o “boné”.

Pede para sair, Queiroga!

Abdon Mar­inho é advogado.

Eleições 2022: Uma ter­ceira via é viável no Brasil?

Escrito por Abdon Mar­inho


Eleições 2022:

UMA TER­CEIRA VIA É VIÁVEL NO BRASIL?

Por Abdon Mar­inho.

qua­tro anos e sem estar respon­dendo a tal inda­gação, disse sim. Sus­ten­tei não ser da natureza do povo brasileiro ado­tar o extrem­is­mos político e que acabaria por eleger alguma pes­soa mais ao cen­tro no espec­tro político.

Como sabe­mos, errei feio. A sociedade cam­in­hou para os extremos, com muitos, no segundo turno, tendo que escol­her entre os dois can­didatos ou deixando de votar – como foi o meu caso.

Para 2022 o cenário que se descortina, ao meu sen­tir, é prati­ca­mente o mesmo: em que pese os dois can­didatos gal­va­nizarem sólido apoio em torno de si, são rejeita­dos pela maio­ria do povo brasileiro.

A despeito de tudo que faz (ou deixa de fazer) o atual pres­i­dente tem apoio de quase trinta por cento do eleitorado. Destes, algo em torno de vinte por cento, mesmo que o veja “chutando vel­hin­has” nas praças do país votarão nele sem qual­quer som­bra de dúvida.

Acham que o pres­i­dente não tem nada a ver com o meio mil­hão de vidas per­di­das numa pan­demia em em que ele fez tudo ao con­trário do que fiz­erem os out­ros países que tiveram algum êxito; que não tem nada a ver com der­re­ti­mento das insti­tu­ições; que não tem nada a ver com a ameaça de golpes que volta e meia ameaça o país, etcetera, etcetera.

Con­tra o atual pres­i­dente, entre­tanto, con­forme apon­tam diver­sas pesquisas, pesa uma rejeição que já se aprox­ima dos sessenta por cento, com mais de cinquenta, até aqui con­sol­i­da­dos.

A situ­ação do ex-​presidente Luís Iná­cio Lula da Silva não é muito dis­tante da situ­ação do atual pres­i­dente: pos­sui apoio “fechado” tam­bém girando na casa dos trinta por cento e, até aqui, gan­hando “fol­gado” no con­fronto entre eles.

Con­tra o ex-​presidente, entre­tanto, pesa o histórico de cor­rupção dos seus gov­er­nos e da sua suces­sora, o descon­forto de uma parcela sig­ni­fica­tiva da pop­u­lação brasileira em devolver ao comando do país o “estilo” petista de governar.

Ambos, Bol­sonaro e Lula ou Lula e Bol­sonaro – de tão pare­ci­dos não sei quem vem primeiro –, sabem, grosso modo, que são rejeita­dos pela grande maio­ria do povo brasileiro, por algo em torno de setenta por cento.

Ape­sar disso tanto um quanto o outro, indifer­entes à repulsa da maio­ria do povo, tra­bal­ham para se enfrentarem nas urnas. Outro dia, inclu­sive, o sen­hor Bol­sonaro chegou a dizer: – não estão sat­is­feitos, votem no Lula.

A can­tilena de ambos os lados é mesma: con­sol­i­dar a ideia de que só exis­tem eles dois no Brasil. Como se estivésse­mos entre o céu e o inferno, sendo que cada um se acha dono das chaves de São Pedro.

É como se o nosso país estivesse con­de­nado a esse tipo de escolha: entre a des­graça e a danação eterna.

Con­forme é per­cep­tível, a con­sol­i­dação “extrem­ista”, em ambos os lados, pode alcançar trinta por cento do eleitorado o que daria uma “avenida” de quarenta por cento do eleitorado “livre” para seguir por uma ter­ceira via.

O prob­lema é que, a exem­plo do que ocor­reu nas eleições de 2018, esses “por baixo”, quarenta por cento do eleitorado, estão divi­di­dos em diver­sos segui­men­tos, o que invi­a­bi­liza o sucesso da empre­itada.

Essa é a aposta de lulis­tas e bolsonaristas.

Quer dizer, sem um can­didato capaz de superar o atual pres­i­dente ou o ex-​presidente para uma vaga para o segundo turno, con­tin­uare­mos a ter que optar entre um dos dois pro­je­tos pos­tos que a maio­ria dos cidadãos de bem já perce­beram não servem para o Brasil.

Tanto isso é ver­dade que os puxa-​sacos de um ou outro lado não falam nos méri­tos dos seus can­didatos ou dos seus gov­er­nos, mas sim, na com­para­ção entre ambos.

Noutras palavras, temos dois pro­je­tos políti­cos des­gas­ta­dos, dois can­didatos hor­ro­rosos que, entre­tanto, as out­ras forças políti­cas são inca­pazes de superar.

Aí surge a per­gunta: uma ter­ceira via é viável?

A minha opinião é que eleitoral­mente ela é viável, exis­tem eleitores, muitos eleitores que repu­diam o que vem ocor­rendo no Brasil.

Entre­tanto, para que ter­ceira via se torne viável é necessário que os políti­cos, seus rep­re­sen­tantes que dizem rep­re­sen­tar tal segui­mento, cheguem a um con­senso e escol­ham uma can­di­datura única do “grupo”.

Alguém com rep­re­sen­ta­tivi­dade e respeitabil­i­dade sufi­cientes para der­ro­tar no primeiro turno um dos dois prin­ci­pais can­didatos: o atual e o ex-​presidente.

O desafio eleitoral da ter­ceira via não é gan­har as eleições. Isso é fácil. A vitória, mesmo, será ir para o segundo turno.

Vi com otimismo a reti­rada da can­di­datura do sen­hor Amoêdo, do Par­tido Novo, acho que foi o primeiro a com­preen­der que um cen­tro fra­cionado só inter­essa aos dois pro­je­tos políti­cos extremos que pre­cisam ser der­ro­ta­dos – para o bem país.

Acred­ito que se os demais pos­tu­lantes enten­derem com clareza o que enten­deu o pré-​candidato do Par­tido Novo, a ter­ceira via terá êxito.

Outra coisa que pre­cisa ser com­preen­dida é que os pro­je­tos políti­cos indi­vid­u­ais – que acho legí­ti­mos –, de chegarem à presidên­cia da República, não avançarão um milímetro se não forem capazes de, nes­tas eleições, abrirem mãos dos mes­mos em torno de uma única can­di­datura capaz de der­ro­tar o bol­sonar­ismo ou o lulismo no primeiro turno e o que sobrar no segundo turno.

Acho que a sociedade brasileira – a maio­ria que já perce­beu não haver futuro nesta dico­to­mia obscu­ran­tista –, pre­cisa cobrar dos políti­cos de cen­tro que se unam em torno de uma can­di­datura com­pet­i­tiva para essa ter­ceira via, para, com a vitória no pleito de 2022, pos­sam ter uma chance de se apre­sentarem para a sociedade a par­tir de 2026.

A der­rota da democ­ra­cia brasileira tem sido cau­sada por essa pro­fusão de can­didatos ditos de “centro”.

Como não con­seguem der­ro­tar os extremos acabam levando o país ao que assis­ti­mos na era petis­tas e ao que assis­ti­mos hoje.

Como dizia um antigo pro­fes­sor de matemática: os números não mentem. Se temos trinta de um lado, trinta de outro, os quarentas só terão sucesso em derrotá-​los não se fra­cio­nando.

Muito emb­ora a margem “de manobra”, seja estre­ita, é pos­sível e é viável uma ter­ceira via gan­har as eleições do ano que vem, bas­tando para isso que as pes­soas e os políti­cos com­pro­meti­dos com isso deixem de olhar para o próprio umbigo e para os próprios inter­esses e enten­dam que é a hora de adi­arem os son­hos e pen­sarem no Brasil.

Abdon Mar­inho é advo­gado.