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Sucessão Estad­ual: Dino recusa prato feito e manda Rocha catar coquinho.

Escrito por Abdon Mar­inho


Sucessão Estad­ual:

DINO RECUSA PRATO FEITO E MANDA ROCHA CATAR COQUINHO.

Por Abdon Mar­inho.

AMI­GOS e uns poucos leitores vin­ham me cobrando que opinasse sobre a sucessão estad­ual.

A recusa, até então, prendia-​se ao fato de achar pre­cip­i­tado tratar do assunto fal­tando tempo para a eleição, estar­mos no curso de uma pan­demia e ainda sem saber como ficará o cenário nacional para o ano que vem.

Outra situ­ação a impedir a análise política do cenário político é a ausên­cia de infor­mações con­fiáveis sobre os basti­dores da política.

Em que pese por aqui só se falar de política “de manhã, de tarde e de noite”, com uma eleição emen­dando na outra, quase sem­pre, ouso dizer com rarís­si­mas exceções, a divul­gação da notí­cia nunca é feita por jor­nal­is­tas, mas, sim, por asses­sores de imprensa.

Quase tudo que lemos passa longe da isenção.

As notí­cias são dadas por profis­sion­ais vin­cu­la­dos a este ou aquele pro­jeto político, local ou nacional.

Com todas essas ressal­vas, tentarei opinar, começando por hoje, sobre a sucessão estad­ual.

Nos diver­sos tex­tos virão tratarei sobre o cenário político a par­tir da minha visão, que, repito, poderá ser com­ple­ta­mente equiv­o­cada, ou atrasada, ou que poderá ser mod­i­fi­cada con­forme sur­jam novos fatos ou per­son­agens ou situ­ações.

Sobre a volatil­i­dade da política o pai de um amigo meu cos­tu­mava dizer: “em política basta um único acon­tec­i­mento para mudar toda uma história”.

E a história está repleta de exem­p­los a jus­ti­ficar tal assertiva.

Neste primeiro texto tratarei da cisão ocor­rida na base gov­ernista.

Con­forme temos acom­pan­hado nos vários meios de comu­ni­cação, o gov­er­nador do estado, sen­hor Flávio Dino, já teria optado por escol­her o vice-​governador, Car­los Brandão, como o “seu” can­didato para a “sua” sucessão.

Emb­ora se trate de uma escolha nat­ural, sabe­mos que o senador Wev­er­ton Rocha, desde que pôs os pés nos salões azuis do Senador da República, que sonha e tra­balha incansavel­mente com o propósito de suceder o o gov­er­nador Flávio Dino.

Na opinião de qual­quer um – com um mín­imo de isenção –, reconhece-​se que o senador se artic­u­lou bem: trouxe para perto de si um grupo de dep­uta­dos fed­erais e estad­u­ais, con­quis­tou a fed­er­ação dos municí­pios há qua­tro anos e ren­ovou o comando na última eleição e, ainda, con­seguiu a eleição de diver­sos ali­a­dos nos municí­pios.

De tão bem na “fita” tra­bal­hava com a pos­si­bil­i­dade de ser o can­didato incon­tornável pelos gov­ernistas. Ou seja, sou o mel­hor can­didato, o mais artic­u­lado, estou com bala na agulha, ven­ham comigo pois não têm para onde ir.

Segundo li – não sei se como ver­dade ou recado plan­tado –, teria dito que pode­ria com­por a chapa com a ex-​governadora Roseana Sar­ney, como can­di­data ao senado.

Ver­dadeira, como notí­cia ou como recado, o fato é que, para o senador e os seus “chega­dos”, o gov­er­nador teria que aceitar o “prato feito” e dar-​se por sat­is­feito.

O gov­er­nador não é bobo – muito emb­ora tenha chegado onde chegou e no tempo em que chegou por cir­cun­stân­cias que já trata­mos diver­sas vezes –, tornar-​se refém do pro­jeto político do senador pede­tista, ainda que no Senado da República e por oito anos, não era (ou é) sua mel­hor opção, nem agora, em 2022 ou em 2026.

A leitura que faço é que a eleição do senador pede­tista jamais inter­es­saria ao gov­er­nador comu­nista porque acabaria com suas futuras pre­ten­sões políti­cas no estado e com o seu “legado”, que, vamos com­bi­nar, não é lá essas coisas, basta dizer que não existe uma obra de “vulto” – a única que pode ser con­sid­er­ada assim, com muito boa von­tade, é a ponte sobre o Rio Per­icumã, entre Bequimão e Cen­tral do Maran­hão, que se arrasta desde o iní­cio do gov­erno e que tem muitas histórias a con­tar –, a mis­éria “her­dada” do sarneísmo aumen­tou e, até mesmo, a ideia de ser um “anti­s­sar­ney”, há muito tempo deixou de exi­s­tir.

Ape­nas para reg­istro, assis­ti­mos a chamada “tele­visão do Sar­ney” coal­hada de com­er­ci­ais do gov­erno estad­ual, em qual­quer horário que se ligue a tele­visão, sem con­tar que os secretários estad­u­ais batem cotove­los e já parece, pos­suir “quadro fixo” nos tele­jor­nais da emis­sora da Avenida Ana Jansen.

Se aceitasse o “prato feito” ofer­tado pelo pos­tu­lante do PDT, o atual gov­er­nador estaria pro­movendo a mudança gera­cional no comando do estado, sepul­taria a pos­si­bil­i­dade de voltar ao gov­erno, de eleger em 2026, “alguém seu”, por exem­plo, um dos seus “golden boys”, ou mesmo ser uma espé­cie de “Vitorino Freire” do século XXI.

Mas, pode­ria ter aceitado, se um fato externo não tivesse se imposto no cenário político brasileiro: a “descon­de­nação” do ex-​presidente Luís Iná­cio Lula da Silva – gostaram do termo? Como prometi lá atrás, não tardo a escr­ever sobre isso.

Pois bem, a “descon­de­nação” do ex-​presidente enfraque­ceu a posição política do senador pede­tista e for­t­ale­ceu dois out­ros agentes políti­cos no Maran­hão e que dev­erão estar jun­tos para alquimia fun­cionar: Dino e Sarney.

Lem­bram que lá atrás – muito atrás –, escrevi um texto sobre a visita de Dino a Sar­ney, ocor­rido em Brasília, inti­t­u­lado “O acordo que não ousa dizer o nome”?

Pois bem, como disse ante­ri­or­mente, esta­mos vendo o sis­tema Mirante se tornar uma exten­são do gov­erno estad­ual – acred­ito que seja parte do acordo.

Com o Lula, livre, leve e solto, podendo ser can­didato a pres­i­dente, o que era um “acordo que não ousava dizer o nome” virará um casa­mento às claras, sem medo de ser feliz.

A difi­cul­dade será ape­nas com­bi­nar os inter­esses de cada um, na política, nos negó­cios e no futuro.

Para isso exis­tem os leões e não há nada que a máquina pública estad­ual não esteja acos­tu­mada a “resolver”.

O gov­er­nador sonha em ser o can­didato a vice-​presidente de Lula, por quem tem uma devoção desde a infân­cia.

Quem teria condições de pedir isso a Lula enfrentando os inter­esses mais poderosos da República, inclu­sive do próprio par­tido, MDB, ele mesmo, José Riba­mar Fer­reira de Araújo Costa, ou como ficou mais con­hecido, José Sar­ney.

Não vejo no cenário político brasileiro ninguém com maior influên­cia junto ao ex-​presidente Lula que Sar­ney.

E, em nome da paci­fi­cação política no estado e visando a der­rota do atual inquilino do Planalto poderá ser o fiador do sonho de Dino.

Sabe­mos, entre­tanto, que em política tudo tem um preço.

O que o grupo Sar­ney vai pleit­ear em troca? Pode­ria pleit­ear o gov­erno do estado para Roseana Sar­ney, que já foi gov­er­nadora por diver­sas vezes e que é a mel­hor colo­cada, segundo vi dizer, nas pesquisas de opinião.

Essa seria aposta mais alta, entre­tanto arriscariam “que­brar a banca” e colo­car tudo a perder – sem con­tar que na política local não estão tão bem.

Assim, acred­ito, aceitariam de bom grado, para a mesma ex-​governadora, a posição de can­di­data à senadora, cargo que, tam­bém, já exerceu.

Ficariam assim: Dino vai para vice-​presidente, Roseana Sar­ney para o Senado.

Mas quem pode­ria cos­tu­rar tudo isso, incluindo os acor­dos futuros, na even­tu­al­i­dade de algo não ocor­rer con­forme o plane­jado? O vice-​governador Car­los Brandão.

O gov­er­nador sabe que a eleição de Car­los Brandão, um vice-​governador, que até aqui, se mostrou exces­si­va­mente fiel, é a garan­tia que, se eleito, hon­rará os com­pro­mis­sos que estão “cos­tu­rando” no momento, de que a mudança de ger­ação no comando do estado não ocor­rerá já em 2022 ou em 2026, caso deseje voltar ao gov­erno ou indicar um dos seus “golden boys”.

Nesta obra toda de engen­haria política e tam­bém para servir de fiador e artic­u­lador político, o gov­er­nador foi atrás do ex-​governador José Reinaldo, que nunca deu recibo as agressões sofridas tanto do lado dos comunistas/​dinistas quando do lado dos sar­ne­y­sis­tas.

As peças movi­das no tab­uleiro da política pelo gov­er­nador não foram movi­das sem razão.

A opção de “mover céus e ter­ras” para a eleição de Brandão não ocorre por fidel­i­dade ao vice-​governador que lhe foi fiel.

Assim como não man­dou o senador “catar coquinho” noutra fregue­sia por “desamor” a este, que, até, segundo dizem teria “topado” abrir mão da can­di­datura pelo com­pro­misso para 2026.

O que não foi aceito por Dino.

O jogo da política tem suas próprias regras e cir­cun­stân­cias. Mudam se cir­cun­stân­cias, mudam os inter­esses.

O que resta saber é a força que cada um terá para mover suas peças.

Estas, ami­gos, minha opinião sobre a prin­ci­pal artic­u­lação política visando as eleições estad­u­ais do ano que vem no momento.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

Sen­hor pres­i­dente, brin­cadeira tem hora.

Escrito por Abdon Mar­inho


SENHOR PRES­I­DENTE, BRIN­CADEIRA TEM HORA.

Por Abdon Marinho.

O CAPITÃO Bol­sonaro ainda enver­gonhava o Exército Brasileiro quando, em 1986, o can­tor Zeca Pagod­inho lançou o samba “Brin­cadeira tem hora”.

O samba, depois de tan­tos anos ainda é dos mais pedi­dos e anima as rodas nas noites do Rio de Janeiro e, tam­bém, Brasil a fora.

A despeito de ter feito “car­reira” naquele estado e já pas­sa­dos trinta e cinco anos deste então, quer nos pare­cer que o sen­hor Bol­sonaro nunca apren­deu a letra do samba ou, se lhe rep­re­senta um grande esforço men­tal, pode­ria ter dec­o­rado ao menos o refrão, que diz: “Brin­cadeira tem hora/​Brincadeira tem hora/​Brincadeira tem hora/​Brincadeira tem hora”.

Vamos com­bi­nar que não é algo tão difí­cil de se apren­der ou mesmo de dec­o­rar.

Mas, vamos lá, caso não tenha “apren­dido” o refrão do samba car­i­oca pode­ria se inspi­rar no que ensina o Ecle­si­astes: “Tudo tem o seu tempo deter­mi­nado e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de mor­rer; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de abraçar e tempo de afastar-​se; tempo de amar e tempo de abor­recer; tempo de guerra e tempo de paz”.

Faço essas con­sid­er­ações ini­ci­ais para assen­tar que o pres­i­dente da República parece-​nos não pos­suir a menor dimen­são ou respon­s­abil­i­dade com o cargo que ocupa e age, na ver­dade, como se tudo fosse uma imensa brin­cadeira ou com a maturi­dade de uma cri­ança de cinco anos ou como por­ta­dor de retardo men­tal.

Nestes dois anos em que está pres­i­dente já pro­feriu os maiores absur­dos, tanto para o grupinho de ali­a­dos dis­pos­tos a bater pal­mas para qual­quer sandice, seja pelas redes soci­ais ou mesmo nos fóruns inter­na­cionais, desmere­cendo o bom nome do Brasil per­ante o mundo.

Vejamos o caso da pan­demia.

Quan­tas lou­curas não já foram pro­feri­das pelo pres­i­dente, seja pela falta de empa­tia pelas víti­mas ou seus famil­iares, seja pelas diver­sas “cam­pan­has” con­tra as recomen­dações de dis­tan­ci­a­mento social, uso de más­caras, etc., ou pela recomen­dação de trata­men­tos refu­ta­dos por cien­tis­tas do mundo inteiro?

Sua excelên­cia parece não se dar conta que é o pres­i­dente da República e que as suas palavras ou ati­tudes têm um peso difer­en­ci­ado para mil­hões de brasileiros. E muitos desses brasileiros por seguirem suas ori­en­tações têm sofrido, inclu­sive com pre­juízo da própria vida ou da sua saúde.

O pres­i­dente não pode dizer alguma coisa, sobre­tudo, para out­ros chefes de Estado e ser des­men­tido por suas ati­tudes logo em seguida.

Tive­mos uma prova disso na última sem­ana.

O pres­i­dente fez um dis­curso per­ante a cúpula global de meio ambi­ente con­vo­cada pelo pres­i­dente dos Esta­dos Unidos, Joe Biden.

Segundo anal­is­tas até que o dis­curso foi razoável e mesmo equi­li­brado. Comprometeu-​se com a causa, etcetera e tal.

O único senão foi ter aproveitado o dis­curso para “pas­sar a sacol­inha”.

Muito emb­ora esteja implíc­ito que todos devem con­tribuir com o meio ambi­ente, não “fica bonito” um pres­i­dente da República pedir din­heiro a out­ros países, empre­sas ou mes­mos pes­soas para cuidar de seus assun­tos inter­nos.

Mas o prob­lema maior da “falação” de sua excelên­cia foi o que veio depois.

No mesmo dia em que se com­pro­m­e­teu com a causa do meio ambi­ente, o pres­i­dente cor­tou no orça­mento a verba des­ti­nada a fis­cal­iza­ção.

Sem con­tar que dias antes o seu min­istro “anti-​meio-​ambiente” foi rep­re­sen­tado por um del­e­gado da Polí­cia Fed­eral por, suposta­mente, está sab­otando inves­ti­gações con­tra os des­mata­dores, bem como, fazendo “advo­ca­cia admin­is­tra­tiva” a favor daquela turma.

Para “coroar” a per­for­mance per­ante o mundo o gov­erno ao invés de dar uma resposta cabal à grave acusação do del­e­gado con­tra um min­istro do gov­erno, demi­tiu o del­e­gado do cargo de super­in­ten­dente.

E, agora mesmo, o del­e­gado denun­ciou, no Con­gresso Nacional, a situ­ação envol­vendo o min­istro anti-​ambiental e na imprensa, uma suposta “oper­ação” para demiti-​lo do cargo efe­tivo.

O pres­i­dente da República, o gov­erno que se com­pro­m­e­tera per­ante o mundo com metas ambi­en­tais, não diz nada sobre fatos de tamanha gravi­dade.

Será que descon­hecem que o mundo está de olho para tudo que acon­tece no Brasil? Será que pen­sam que o mundo não está vendo, nas palavras do min­istro, “pas­sar a boiada”?

A situ­ação toda parece uma brin­cadeira de mau gosto.

O pior – por enquanto, pois todo dia temos uma sur­presa –, estava por vir.

Ape­sar de todas maluquices já pro­feri­das pelo pres­i­dente ao longo do último ano por conta da pan­demia – e tem frase para todos os maus gos­tos: o (vírus) superdi­men­sion­ado; “gripez­inha”; “Brasileiro pula em esgoto e não acon­tece nada”; “não sou cov­eiro”; “E daí, quer que eu faça o que?; “A gente lamenta todos os mor­tos, mas é o des­tino de todo mundo”; “É como uma chuva, vai atin­gir você”; “País de mar­i­cas”; “Se tomar vacina e virar jacaré não tenho nada a ver com isso” –, o chefe da nação não cansa de “brin­car” com a paciên­cia dos brasileiros.

No último fim de sem­ana recebi a fotografia que ilus­tra este texto mostrando o pres­i­dente da República e alguns dos seus min­istros – mere­cendo destaque o da saúde e o da edu­cação (este sem más­cara –, rindo enquanto segura uma fotografia ampli­ada de um CPF grafado com CAN­CE­LADO.

A primeira coisa que me veio à cabeça, vendo rap­i­da­mente a imagem, foi que se tratava de uma mon­tagem; ou que era algo antigo.

Olhando mais deti­da­mente e me infor­mando sobre o assunto, fiquei sabendo que a foto era “do dia”, não se tratava de uma mon­tagem, ou qual­quer outra coisa.

O pres­i­dente estava mesmo lá com aquela chusma de puxa-​sacos que acha cheirosa a flat­ulên­cia de autori­dades posando com o CPF CAN­CE­LADO.

Fico chocado a ausên­cia de alguma pes­soa com um mín­imo de lucidez para impedir ou pelo menos para dizer: “— Pres­i­dente, respeite o cargo que ocupa. Esse tipo de coisa não lhe com­porta fazer”.

Não aparece ninguém.

Na mel­hor das hipóte­ses, ao apare­cer e “posar” com o CPF CAN­CE­LADO do pro­grama poli­ciale­sco que vis­i­tou, é como se o pres­i­dente da República estivesse, implici­ta­mente, con­cor­dando com a elim­i­nação de ban­di­dos por jus­ti­ceiros, mili­cianos ou mesmo por poli­ci­ais em situ­ação de con­fronto ou nos casos de “atire antes, per­gunte depois”.

Um cidadão comum pode até fazer “graça” com isso; externar pub­li­ca­mente que ban­dido bom é ban­dido morto, e todas essas coisas.

O pres­i­dente da República não pode!

Ele é o chefe da nação, tem que acred­i­tar nas leis, nas insti­tu­ições repub­li­canas, das quais ele é o primeiro servi­dor.

Pois é, na mel­hor das hipóte­ses o pres­i­dente da República estaria ape­nas “estim­u­lando” con­trari­a­mente às suas funções que CPF’s sejam can­ce­la­dos.

Noutra hipótese, essa bem mais grave, o fato do pres­i­dente apare­cer posando com o CPF CAN­CE­LADO é como se estivesse escarnecendo dos quase qua­tro­cen­tos mil brasileiros mor­tos pela pan­demia, muitos destes mor­tos, destes quase 400 mil CPF’s can­ce­la­dos, por obra e graça do seu gov­erno, muitos por sua culpa direta.

Sen­hor pres­i­dente, o momento não com­porta esse tipo de coisa, esse tipo de brin­cadeira.

O momento exige respeito aos mil­hares de brasileiros que perderam a vida, aos seus famil­iares e amigos.

Existe tempo para tudo, con­forme ensina o Eclesiastes.

Sen­hor pres­i­dente, brin­cadeira tem hora.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

Falta censo e bom senso a nação.

Escrito por Abdon Mar­inho


FALTA CENSO E BOM SENSO A NAÇÃO.

Por Abdon Marinho.

INSTI­TUÍDO ofi­cial­mente em 1870, ainda no tempo do Império do Brasil – o primeiro ocor­reu em 1872 –, o censo dece­nal é a mais impor­tante fer­ra­menta de estu­dos da pop­u­lação brasileira e o prin­ci­pal instru­mento a ori­en­tar as políti­cas públi­cas e, mesmo, os inves­ti­men­tos privados.

Muito emb­ora nos primeiros anos não ten­ham ocor­rido de forma reg­u­lar – o primeiro ocor­reu em 1872 e o segundo só foi ocor­rer em 1900 e, entre aquele ano e 1940, observou-​se o inter­valo de 20 anos entre os mes­mos –, com a cri­ação do Insti­tuto Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­cas — IBGE, em 1938, desde 1940 para cá que tem-​se obser­vado o inter­valo de dez anos para a real­iza­ção do censo demográ­fico nacional.

A exceção a esta regra só ocor­reu em 1990, primeiro ano do gov­erno Col­lor, que só real­i­zou o censo em 1991, e agora, mais de vinte anos depois – o que pode não sig­nificar nada, mas, tam­bém, pode sig­nificar muito.

Eleito em 1989, ao assumir no iní­cio do ano seguinte, o sen­hor Col­lor pro­moveu um choque na econo­mia, con­fis­cou os recur­sos dos cidadãos e empre­sas deposi­ta­dos em ban­cos e, gerou, tanta insta­bil­i­dade na sociedade que não con­seguiram realizar o censo, postergando-​o para ano de 1991.

O atual gov­erno dev­e­ria ter real­izado o censo dece­nal — seguindo a tradição -, em 2020. Veio a pan­demia da covid-​19, com as regras de iso­la­mento social e dis­tan­ci­a­mento que servi­ram como argu­mento para a não real­iza­ção do censo demográ­fico, muito emb­ora as autori­dades não ten­ham achado nada demais a real­iza­ção das eleições munic­i­pais – ape­nas deslo­cando a data –, no mesmo ano.

Fal­tou bom senso, quer dizer que nada tinha demais a real­iza­ção de eleições munic­i­pais, evento que sem­pre foi mar­cado por todos tipos de aglom­er­ações, mas o censo, que nada mais é do que os recenseadores irem de casa em casa entre­vis­tar as pes­soas, não pode­ria?

Vê-​se que às autori­dades brasileiras não fal­taram ape­nas o censo, mas, tam­bém, bom senso.

Poster­gado para esse ano, 2021, e já com o orça­mento com­pro­metido, o gov­erno fed­eral, em “con­luio” com o Con­gresso Nacional, sim­ples­mente, enten­deram que não é hora de fazer o censo dece­nal, talvez, ano que vem, coin­cidindo com o ano das eleições gerais e o bicen­tenário da Inde­pendên­cia do Brasil; talvez, no ano seguinte; talvez nunca mais.

Tudo a depen­der da voraci­dade das excelên­cias em relação as ver­bas públi­cas.

Se no ano pas­sado, era plausível con­sid­erar o adi­a­mento do censo por conta da pan­demia – muito emb­ora ten­ham real­izado um evento muito mais aglom­er­ações, as eleições munic­i­pais –, a poster­gação do censo para além deste ano se deu por um motivo bem mais palpável: as excelên­cias da República enten­deram que os recur­sos que dev­e­riam ser gas­tos com o censo pode­riam ser des­ti­na­dos às suas emen­das par­la­mentares.

Com isso perde o país inteiro.

Con­forme alertei em tex­tos ante­ri­ores, o Brasil vive sob a égide de um novo sis­tema de gov­erno: “o par­la­men­tarismo irre­spon­sável”.

Par­la­men­tarista porque o Con­gresso Nacional detém a chave do cofre e a maior fatia do orça­mento “livre”.

Irre­spon­sável porque não se inter­es­sam pelas macro políti­cas públi­cas do país, e sim, pelo micro varejo das verbas.

Nas dis­cussões sobre o atual orça­mento tive­mos a prova cabal de como tal régime está fun­cio­nando e irá fun­cionar daqui pra frente.

Vimos nos vários meios de comu­ni­cação social as notí­cias de que o gov­erno e o Con­gresso Nacional haviam chegado a um acordo sobre os vetos e sanção da LDO: iriam cor­tar daqui e dali, autor­izar “um fura teto” acolá, de sorte que as emen­das par­la­mentares impos­i­ti­vas não sofressem cortes, ou se sofressem, fosse o mín­imo possível.

Ape­sar de haverem chegado a um “con­senso” ainda se ouviu recla­mações de que na divisão do butim uma das casas do par­la­mento levou van­tagem em relação a outra.

O termo “butim”, em qual­quer de suas acepções é o mais ade­quado, porque, na ver­dade, o Con­gresso Nacional – e o próprio gov­erno –, têm o Brasil como inimigo. Como tal, para eles, tomar para si os “bens do inimigo” é per­feita­mente normal.

Tam­bém serve o termo para des­ig­nar o pro­duto do roubo ou saque.

Não é isso que as excelên­cias vem fazendo com o orça­mento da União, nos últi­mos tem­pos e que alcançou cifras inimag­ináveis no atual governo?

Quando li que o gov­erno e o con­gresso haviam chegado a um acordo para que hou­vesse a sanção do orça­mento, a palavra que me veio à cabeça foi essa: “butim”, chegaram ao con­senso de como rateá-​lo.

Os efeitos esta­mos vendo e sentindo: acabou-​se com censo dece­nal; retirou-​se ver­bas da edu­cação; da saúde; da cul­tura; do meio-​ambiente; da ciên­cia, de tudo.

Esta­mos viven­ciando o desmonte de áreas essen­ci­ais, de políti­cas públi­cas estru­tu­rantes para o país e para a humanidade, porque as excelên­cias estão tratando de garan­tir as ver­bas públi­cas para as suas eleições no ano que vem.

No nosso “par­la­men­tarismo irre­spon­sável”, as excelên­cias pri­or­izam as suas emen­das par­la­mentares para con­struírem a prac­inha do povoado; a estrada vic­i­nal, o calça­mento de uma rua aqui outra acolá, o recurso “fundo a fundo” para as prefeituras – que não nego, são impor­tantes –, em detri­mento dos inter­esses pri­or­itários da nação.

Como disse, não descon­heço a importân­cia das excelên­cias levarem estes bene­fí­cios para as bases de atu­ação – muito emb­ora, digam que façam isso mais por inter­esses próprios que públi­cos –, entre­tanto, tais obras, serviços ou seja lá o que se tenha por nome, não podem vir antes dos inter­esses do país como nação e do con­junto da sociedade.

Com a adoção do “par­la­men­tarismo irre­spon­sável” no Brasil, o “rabo vem abanando o cachorro, e não o con­trário.

Hoje as excelên­cias são respon­sáveis pela des­ti­nação do maior vol­ume de recur­sos públi­cos – exceto das rubri­cas con­sti­tu­cionais –, sem serem respon­s­abi­lizadas pelos even­tu­ais fra­cas­sos do gov­erno.

Ressalto que nada tenho con­tra o sis­tema par­la­men­tarista – muito emb­ora tal sis­tema tenha sido rejeito nas urnas em plebisc­ito real­izado com tal final­i­dade –, entre­tanto, se é para adotá-​lo que o faça da forma cor­reta, com todos os bônus e ônus atribuí­dos aos que têm a respon­s­abil­i­dade de gerirem os recur­sos e os des­ti­nos da nação.

O sis­tema “par­la­men­tarista irre­spon­sável” ado­tado no Brasil na atual quadra política coloca as excelên­cias no mel­hor dos mun­dos, têm a verba mas não a respon­s­abil­i­dade pelo seu des­tino. Ou seja, vai fal­tar verba para as diver­sas políti­cas públi­cas e as excelên­cias vão dizer que nada têm com isso, muito emb­ora tenha sido respon­sáveis pela alo­cação dos recur­sos para as suas emen­das.

O pior de todo esse enredo é que ninguém diz nada.

Todo espec­tro da política nacional parece achar nor­mal o que vem acon­te­cendo no Brasil e criando nar­ra­ti­vas e corti­nas de fumaça com vis­tas eleições do ano que vem.

Quer me pare­cer que todos são cúm­plices nos descam­in­hos que vilipen­diam e saque­iam a nação.

Ouso acred­i­tar que tamanha falta de bom senso seja o motivo para não quer­erem o censo.

Abdon Mar­inho é advo­gado.