AbdonMarinho - Sucessão Estadual: Dino recusa prato feito e manda Rocha catar coquinho.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sexta-​feira, 22 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

Sucessão Estad­ual: Dino recusa prato feito e manda Rocha catar coquinho.


Sucessão Estad­ual:

DINO RECUSA PRATO FEITO E MANDA ROCHA CATAR COQUINHO.

Por Abdon Mar­inho.

AMI­GOS e uns poucos leitores vin­ham me cobrando que opinasse sobre a sucessão estad­ual.

A recusa, até então, prendia-​se ao fato de achar pre­cip­i­tado tratar do assunto fal­tando tempo para a eleição, estar­mos no curso de uma pan­demia e ainda sem saber como ficará o cenário nacional para o ano que vem.

Outra situ­ação a impedir a análise política do cenário político é a ausên­cia de infor­mações con­fiáveis sobre os basti­dores da política.

Em que pese por aqui só se falar de política “de manhã, de tarde e de noite”, com uma eleição emen­dando na outra, quase sem­pre, ouso dizer com rarís­si­mas exceções, a divul­gação da notí­cia nunca é feita por jor­nal­is­tas, mas, sim, por asses­sores de imprensa.

Quase tudo que lemos passa longe da isenção.

As notí­cias são dadas por profis­sion­ais vin­cu­la­dos a este ou aquele pro­jeto político, local ou nacional.

Com todas essas ressal­vas, tentarei opinar, começando por hoje, sobre a sucessão estad­ual.

Nos diver­sos tex­tos virão tratarei sobre o cenário político a par­tir da minha visão, que, repito, poderá ser com­ple­ta­mente equiv­o­cada, ou atrasada, ou que poderá ser mod­i­fi­cada con­forme sur­jam novos fatos ou per­son­agens ou situ­ações.

Sobre a volatil­i­dade da política o pai de um amigo meu cos­tu­mava dizer: “em política basta um único acon­tec­i­mento para mudar toda uma história”.

E a história está repleta de exem­p­los a jus­ti­ficar tal assertiva.

Neste primeiro texto tratarei da cisão ocor­rida na base gov­ernista.

Con­forme temos acom­pan­hado nos vários meios de comu­ni­cação, o gov­er­nador do estado, sen­hor Flávio Dino, já teria optado por escol­her o vice-​governador, Car­los Brandão, como o “seu” can­didato para a “sua” sucessão.

Emb­ora se trate de uma escolha nat­ural, sabe­mos que o senador Wev­er­ton Rocha, desde que pôs os pés nos salões azuis do Senador da República, que sonha e tra­balha incansavel­mente com o propósito de suceder o o gov­er­nador Flávio Dino.

Na opinião de qual­quer um – com um mín­imo de isenção –, reconhece-​se que o senador se artic­u­lou bem: trouxe para perto de si um grupo de dep­uta­dos fed­erais e estad­u­ais, con­quis­tou a fed­er­ação dos municí­pios há qua­tro anos e ren­ovou o comando na última eleição e, ainda, con­seguiu a eleição de diver­sos ali­a­dos nos municí­pios.

De tão bem na “fita” tra­bal­hava com a pos­si­bil­i­dade de ser o can­didato incon­tornável pelos gov­ernistas. Ou seja, sou o mel­hor can­didato, o mais artic­u­lado, estou com bala na agulha, ven­ham comigo pois não têm para onde ir.

Segundo li – não sei se como ver­dade ou recado plan­tado –, teria dito que pode­ria com­por a chapa com a ex-​governadora Roseana Sar­ney, como can­di­data ao senado.

Ver­dadeira, como notí­cia ou como recado, o fato é que, para o senador e os seus “chega­dos”, o gov­er­nador teria que aceitar o “prato feito” e dar-​se por sat­is­feito.

O gov­er­nador não é bobo – muito emb­ora tenha chegado onde chegou e no tempo em que chegou por cir­cun­stân­cias que já trata­mos diver­sas vezes –, tornar-​se refém do pro­jeto político do senador pede­tista, ainda que no Senado da República e por oito anos, não era (ou é) sua mel­hor opção, nem agora, em 2022 ou em 2026.

A leitura que faço é que a eleição do senador pede­tista jamais inter­es­saria ao gov­er­nador comu­nista porque acabaria com suas futuras pre­ten­sões políti­cas no estado e com o seu “legado”, que, vamos com­bi­nar, não é lá essas coisas, basta dizer que não existe uma obra de “vulto” – a única que pode ser con­sid­er­ada assim, com muito boa von­tade, é a ponte sobre o Rio Per­icumã, entre Bequimão e Cen­tral do Maran­hão, que se arrasta desde o iní­cio do gov­erno e que tem muitas histórias a con­tar –, a mis­éria “her­dada” do sarneísmo aumen­tou e, até mesmo, a ideia de ser um “anti­s­sar­ney”, há muito tempo deixou de exi­s­tir.

Ape­nas para reg­istro, assis­ti­mos a chamada “tele­visão do Sar­ney” coal­hada de com­er­ci­ais do gov­erno estad­ual, em qual­quer horário que se ligue a tele­visão, sem con­tar que os secretários estad­u­ais batem cotove­los e já parece, pos­suir “quadro fixo” nos tele­jor­nais da emis­sora da Avenida Ana Jansen.

Se aceitasse o “prato feito” ofer­tado pelo pos­tu­lante do PDT, o atual gov­er­nador estaria pro­movendo a mudança gera­cional no comando do estado, sepul­taria a pos­si­bil­i­dade de voltar ao gov­erno, de eleger em 2026, “alguém seu”, por exem­plo, um dos seus “golden boys”, ou mesmo ser uma espé­cie de “Vitorino Freire” do século XXI.

Mas, pode­ria ter aceitado, se um fato externo não tivesse se imposto no cenário político brasileiro: a “descon­de­nação” do ex-​presidente Luís Iná­cio Lula da Silva – gostaram do termo? Como prometi lá atrás, não tardo a escr­ever sobre isso.

Pois bem, a “descon­de­nação” do ex-​presidente enfraque­ceu a posição política do senador pede­tista e for­t­ale­ceu dois out­ros agentes políti­cos no Maran­hão e que dev­erão estar jun­tos para alquimia fun­cionar: Dino e Sarney.

Lem­bram que lá atrás – muito atrás –, escrevi um texto sobre a visita de Dino a Sar­ney, ocor­rido em Brasília, inti­t­u­lado “O acordo que não ousa dizer o nome”?

Pois bem, como disse ante­ri­or­mente, esta­mos vendo o sis­tema Mirante se tornar uma exten­são do gov­erno estad­ual – acred­ito que seja parte do acordo.

Com o Lula, livre, leve e solto, podendo ser can­didato a pres­i­dente, o que era um “acordo que não ousava dizer o nome” virará um casa­mento às claras, sem medo de ser feliz.

A difi­cul­dade será ape­nas com­bi­nar os inter­esses de cada um, na política, nos negó­cios e no futuro.

Para isso exis­tem os leões e não há nada que a máquina pública estad­ual não esteja acos­tu­mada a “resolver”.

O gov­er­nador sonha em ser o can­didato a vice-​presidente de Lula, por quem tem uma devoção desde a infân­cia.

Quem teria condições de pedir isso a Lula enfrentando os inter­esses mais poderosos da República, inclu­sive do próprio par­tido, MDB, ele mesmo, José Riba­mar Fer­reira de Araújo Costa, ou como ficou mais con­hecido, José Sar­ney.

Não vejo no cenário político brasileiro ninguém com maior influên­cia junto ao ex-​presidente Lula que Sar­ney.

E, em nome da paci­fi­cação política no estado e visando a der­rota do atual inquilino do Planalto poderá ser o fiador do sonho de Dino.

Sabe­mos, entre­tanto, que em política tudo tem um preço.

O que o grupo Sar­ney vai pleit­ear em troca? Pode­ria pleit­ear o gov­erno do estado para Roseana Sar­ney, que já foi gov­er­nadora por diver­sas vezes e que é a mel­hor colo­cada, segundo vi dizer, nas pesquisas de opinião.

Essa seria aposta mais alta, entre­tanto arriscariam “que­brar a banca” e colo­car tudo a perder – sem con­tar que na política local não estão tão bem.

Assim, acred­ito, aceitariam de bom grado, para a mesma ex-​governadora, a posição de can­di­data à senadora, cargo que, tam­bém, já exerceu.

Ficariam assim: Dino vai para vice-​presidente, Roseana Sar­ney para o Senado.

Mas quem pode­ria cos­tu­rar tudo isso, incluindo os acor­dos futuros, na even­tu­al­i­dade de algo não ocor­rer con­forme o plane­jado? O vice-​governador Car­los Brandão.

O gov­er­nador sabe que a eleição de Car­los Brandão, um vice-​governador, que até aqui, se mostrou exces­si­va­mente fiel, é a garan­tia que, se eleito, hon­rará os com­pro­mis­sos que estão “cos­tu­rando” no momento, de que a mudança de ger­ação no comando do estado não ocor­rerá já em 2022 ou em 2026, caso deseje voltar ao gov­erno ou indicar um dos seus “golden boys”.

Nesta obra toda de engen­haria política e tam­bém para servir de fiador e artic­u­lador político, o gov­er­nador foi atrás do ex-​governador José Reinaldo, que nunca deu recibo as agressões sofridas tanto do lado dos comunistas/​dinistas quando do lado dos sar­ne­y­sis­tas.

As peças movi­das no tab­uleiro da política pelo gov­er­nador não foram movi­das sem razão.

A opção de “mover céus e ter­ras” para a eleição de Brandão não ocorre por fidel­i­dade ao vice-​governador que lhe foi fiel.

Assim como não man­dou o senador “catar coquinho” noutra fregue­sia por “desamor” a este, que, até, segundo dizem teria “topado” abrir mão da can­di­datura pelo com­pro­misso para 2026.

O que não foi aceito por Dino.

O jogo da política tem suas próprias regras e cir­cun­stân­cias. Mudam se cir­cun­stân­cias, mudam os inter­esses.

O que resta saber é a força que cada um terá para mover suas peças.

Estas, ami­gos, minha opinião sobre a prin­ci­pal artic­u­lação política visando as eleições estad­u­ais do ano que vem no momento.

Abdon Mar­inho é advo­gado.