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ABDON MAR­INHO DESEMBARGADOR?

Escrito por Abdon Mar­inho

ABDON MAR­INHO DESEMBARGADOR?

Por Abdon C. Mar­inho.

DIVER­SOS ami­gos têm “atiçado”, provo­cado e insis­tido para que coloque meu nome à dis­posição dos cole­gas advo­ga­dos e advo­gadas na dis­puta da vaga de desem­bar­gador pelo quinto con­sti­tu­cional.

Até então tenho me man­tido dis­tante de tal dis­puta ao passo que muitos cole­gas, todos com muita com­petên­cia, diga-​se de pas­sagem, têm per­cor­rido as diver­sas sec­cionais na busca dos votos dos advogados/​eleitores.

Min­has reflexões pas­sam, ini­cial­mente, pelo fato desta ser uma dis­puta com­plexa com os pos­tu­lantes sub­meti­dos ao crivo de diver­sos Colé­gios Eleitorais.

Começa pela escolha direta da cat­e­go­ria que indi­cará doze pos­tu­lantes; que depois pas­sarão pelo crivo do Con­selho Estad­ual, que escol­herá os seis que serão encam­in­hados ao Tri­bunal de Justiça do Maran­hão, que for­mará uma lista com três dos quais o gov­er­nador, em decisão unipes­soal, nomeará um.

Ora, tal qual a música de Bel­chior, “sou ape­nas um rapaz latino-​americano, sem din­heiro no bolso, sem ami­gos impor­tantes e vindo do inte­rior …”. No meu caso, até mais difí­cil, pois filho de pais agricul­tores e anal­fa­betos por parte dos pais, das mães e das parteiras.

Sendo assim, não pos­suo rede de con­tatos ou de influên­cia sufi­cientes para cabalar os votos necessários nas várias eta­pas da dis­puta.

Dito isso, cada um dos ami­gos e cole­gas que têm incen­ti­vado tal pos­tu­lação ou que torcem ela, devem empenhar-​se na busca dos votos necessários em cada etapa – advo­ga­dos ou não.

A tais difi­cul­dades, some-​se o fato da “cam­panha ao desem­bargo”, alcançar-​me na ter­ceira recidiva da poliomielite, con­forme já informei em alguns tex­tos ante­ri­ores, ape­nas faço o reg­istro nova­mente – sem qual­quer vitimismo –, para dizer que não poderei ir até os cole­gas, nos mais de duzen­tos municí­pios ou mesmo nas sec­cionais ou em seus escritórios, ainda que na mesma cidade, na busca de convencê-​los a dar-​me o voto.

As difi­cul­dades de loco­moção que enfrento na atual quadra, impede-​me de fazer o mesmo em relação aos conselheiros/​eleitores, assim como, junto aos desem­bar­gadores que for­mu­la­rão a lista trí­plice, caso “passé” pelas eta­pas anteriores.

Assim, os con­tatos que farei com os cole­gas, serão pes­soal­mente, para aque­les que dese­jem me vis­i­tar no meu escritório ou mesmo na minha casa – onde serão bem rece­bidos –, ou através de con­tatos tele­fôni­cos, video­con­fer­ên­cia, redes soci­ais, e-​mail, car­tas, etc.

É o que posso para o momento. Reg­is­trando que tentarei falar com todos.

Do mesmo modo, não ter­e­mos almoços, jantares, coquetéis ou demais rapa­pés custea­dos por este que vos fala.

Muito emb­ora tenha uma car­reira sól­ida na advo­ca­cia, ela não me fez rico e não tenho e não desejo ter “patroci­nadores” nessa dis­puta.

Por outro lado, estou certo que o cre­den­ci­a­mento que nos faz mere­cer a con­fi­ança dos diver­sos inte­grantes dos Colé­gios Eleitorais, aqui referi­dos, é o que fomos (e somos) durante toda a vida, o trato com cole­gas, pro­mo­tores, juizes, defen­sores e todos os cidadãos.

É isso o que tenho a ofer­e­cer, como can­didato: o meu nome, a minha história de vida e a minha car­reira de mais de 25 anos na advo­ca­cia nacional.

Mais de um quarto de século ded­i­cado exclu­si­va­mente à advo­ca­cia, notada­mente, à advo­ca­cia eleitoral, admin­is­tra­tiva e munic­i­pal­ista.

Tam­bém rep­re­senta uma justa hom­e­nagem a tan­tos out­ros cole­gas que não pud­eram ou não tiveram a opor­tu­nidade de par­tic­i­par de tal escolha, que mate­ri­al­izo no nome do saudoso doutor João Dam­a­s­ceno Mor­eira, que foi meu com­pan­heiro de dis­puta na vez ante­rior.

Nada além disso.

Aos que tem a respon­s­abil­i­dade de escol­her devo dizer que mel­hor escolha é aquela que é feita pesquisando a história de vida e profis­sional dos postulantes.

Opor­tuno que as advo­gadas e advo­ga­dos façam isso antes da escolha.

A escolha para a vaga do quinto não é um con­curso de provas e títu­los, temos que escol­her pela história, pelo caráter, pelo com­por­ta­mento ético e moral do cidadão ou cidadã.

É isso que pesa na hora que os proces­sos e as vidas das pes­soas são deci­di­das.

Nem sem­pre os mais bem for­ma­dos e/​ou habil­i­ta­dos pos­suem a hon­esti­dade, a tem­per­ança, a sobriedade ou o senso de justiça necessários a ali­men­tar aos que têm na Justiça a der­radeira trincheira da cidadania.

Muitas das vezes, tais qual­i­dades e/​ou tal­en­tos, mili­tam no sen­tido de se dis­torcer a lei e a Justiça para aten­der inter­esses próprios ou de ter­ceiros.

Os meus posi­ciona­men­tos sobre o que penso sobre os mais vari­a­dos temas são públi­cos e estão expos­tos nos mais de mil arti­gos e “tex­tões» escritos nas últi­mas décadas, e que são públi­cos, podendo ser aces­sa­dos no site www​.abdon​mar​inho​.com .

É bem pos­sível que muitos deles já ten­ham sofri­dos mod­i­fi­cações de pen­sa­mento, uma vez que só os abso­lu­ta­mente igno­rantes não mudam, mas, em lin­has gerais, são essas as for­mu­lações teóri­cas ou min­has inda­gações e ques­tion­a­men­tos que con­duzirão, nos lim­ites da lei, meus jul­ga­men­tos na even­tu­al­i­dade de vir a ser o escol­hido.

Dito isso, informo que colo­carei o meu nome à dis­posição das cole­gas e dos cole­gas advo­ga­dos que dese­jarem nele votar como rep­re­sen­tante da advo­ca­cia no TJMA na vaga des­ti­nada ao quinto con­sti­tu­cional.

Caso con­siga a con­fi­ança das sen­ho­ras e dos sen­hores, seguire­mos adi­ante. Afi­nal, cada dia com sua ago­nia.

O nosso nome é colo­cado como mais uma opção den­tre as demais de cole­gas igual­mente dig­nos e capazes.

Hoje, 20 de janeiro, Dia de São Sebastião é um bom dia para fazer esse comu­ni­cado a todos.

Abdon C. Mar­inho é advogado.

O Golpe de Itararé.

Escrito por Abdon Mar­inho


O GOLPE DE ITARARÉ.

Por Abdon C. Mar­inho.

A TERÇA-​FEIRA, 11 de setem­bro de 2001, alcançou-​me em um dia nor­mal de tra­balho no escritório que fun­cionava no edifí­cio Los Ange­les, no Renascença. Como chego cedo no escritório, já por volta das 7 horas já cos­tumo enfrentar o batente, quando recebe­mos a infor­mação do ataque ter­ror­ista às tor­res gêmeas, em Nova Iorque, o dia de tra­balho já ia avançado.

Lig­amos a tele­visão e pas­samos a acom­pan­har o desen­volvi­mento dos fatos.

Um com­pro­misso pre­vi­a­mente agen­dado na Assem­bleia Leg­isla­tiva, que ainda fun­cionava na Rua do Egito, 144, Cen­tro, fez com que, chegando lá, con­tin­u­asse a acom­pan­har as trans­mis­sões do gabi­nete do dep­utado Ader­son Lago, local do com­pro­misso.

Pouco depois da minha chegada é anun­ci­ada a pre­sença do saudoso ex-​deputado Domin­gos Fre­itas Diniz (19332021), com quem pas­sei a tro­car impressões sobre aque­les fatos históri­cos que se desen­volviam diante dos nos­sos olhos. Durante anos, enquanto gozava de boa saúde, Fre­itas Diniz me lig­ava – às vezes ia ao escritório –, para tro­car­mos ideias sobre a política local, estad­ual ou nacional.

A coin­cidên­cia levou-​nos ao gabi­nete de Ader­son Lago naquela manhã, e, enquanto assis­ti­mos ao vivo a trans­mis­são única em todos os canais, Fre­itas Diniz pon­tu­ava: —veja, doutor Abdon, quanta estu­pidez. Se tais ter­ror­is­tas pre­tendiam com­bater os amer­i­canos ou o seu impe­ri­al­ismo ou ainda vingar-​se ou fazer alguma retal­i­ação, acabaram por fornecer mais argu­men­tos aos amer­i­canos.

Nas sem­anas, nos meses, nos anos seguintes e ainda hoje, con­stata­mos o acerto e pré­cisão daque­las palavras.

Logo após os ataques (além das tor­res gêmeas, houve o ataque ao Pen­tá­gono e ainda a queda de um outro avião der­rubado pelos pas­sageiros em con­flito com os ter­ror­is­tas, o voo 93, que podemos assi­s­tir em canais de stream­ing), os amer­i­canos e seus ali­a­dos começaram, em nome do com­bate ao ter­ror­ismo e em represália aos ataques sofri­dos, a retal­iar seus inimi­gos, tivessem eles ou não qual­quer par­tic­i­pação nos atos de 11 de setem­bro.

O primeiro país a sofrer as con­se­quên­cias foi o Iraque, muito emb­ora até hoje ninguém tenha provado qual­quer lig­ação daquele pais com os ataques, depois que se voltaram con­tra o Afe­gan­istão e os tal­ibãs da Al-​Qaeda, que, efe­ti­va­mente, tiveram par­tic­i­pação nos ataques.

A história tem mostrado que pas­sa­dos mais de duas décadas, ainda hoje, os amer­i­canos usam a des­culpa dos ataques sofri­dos, para retal­iar ou jus­ti­ficar retal­i­ação à regimes diver­gentes.

No domingo, 8 de janeiro de 2023, após o cochilo pós almoço, assis­tia algum filme ou canal de história (que sou fã) quando me alcançou a notí­cia de que man­i­fes­tações descam­bando para a vio­lên­cia invadira a Praça dos Três Poderes e amaçavam invadir o pré­dio do Con­gresso Nacional, do Supremo Tri­bunal Fed­eral e o Palá­cio do Planalto.

Como fiz­era há mais de duas décadas, pas­sei a dedicar-​me inteira­mente ao acom­pan­hamento dos fatos, da história que estava acon­te­cendo diante dos meus olhos em ima­gens per­feitas de alta res­olução ou ainda através dos vídeos feitos dire­ta­mente pelos que estavam em Brasília e que, em um exibi­cionismo incom­preen­sível, faziam questão de se mostrar para o mundo.

Ten­tava com­preen­der o que estava acon­te­cendo e não enten­dia.

Os “nos­sos” ter­ror­is­tas mais pare­ciam uma inspi­ração para uma comé­dia – se não fosse trágico, o que estavam fazendo.

Diante das primeiras ima­gens fiquei com a impressão tratar-​se de “um piquenique na esplanada”, já mais frente foi como um show de rock pesado que descam­bara para o quebra-​quebra – muito emb­ora tal analo­gia não tenha nada a ver.

O ataque aos poderes da República, pare­cia a obra de um esfar­ra­pado “exército de Bran­ca­le­one”.

A despeito da gravi­dade ímpar dos acon­tec­i­men­tos, enquanto os assis­tia, o que me vinha à mente era que está­va­mos diante não de um ataque de sedição.

A lem­brança a os que fatos acon­te­cendo ali diante dos meus olhos me reme­tiam eram dos fanáti­cos sui­ci­das de Jim Jones (James War­ren «Jim» Jones, 19311978), ocor­rido em 1978, quando 918 pes­soas sac­ri­ficaram as próprias vidas em nome de uma crença insana.

O “golpe”, se é que acred­i­tavam, de fato, que pode­riam der­rubar o gov­erno empos­sado na sem­ana ante­rior, parecia-​me tão inex­e­quível quanto se acer­tar uma pedra na lua.

O “golpe” de 8 de janeiro, pareceu-​me tão fadado ao fra­casso quanto à famosa batalha de Itararé, que entrou para história como a batalha que não acon­te­ceu.

Foge à minha com­preen­são que os ide­al­izadores de tais even­tos ten­ham sido tão igno­rantes ou toscos – não posso chamá-​los de “bur­ros” para não ofender os quadrú­pedes –, a ponto de imag­inarem que aquele “piquenique de domingo” mis­tu­rado com fim de show de heavy metal, fosse capaz de der­rubar um gov­erno, em uma democ­ra­cia com mais de 200 mil­hões de habi­tantes.

Os cidadãos foram lá ocu­param os pré­dios públi­cos por pouco mais de duas horas, se muito, tempo sufi­ciente, ape­nas para van­dalizarem o patrimônio público, antes de serem dom­i­na­dos e deti­dos pelas forças de segu­rança.

Imag­ino que se a “alo­prada” tivesse sido plane­jada e exe­cu­tada pela “esquerda” ou pelos comu­nistas, como chamam, talvez, não tivesse cumprido tão fiel­mente os seus obje­tivos quanto os que foram alcançados.

A ver­dadeira posse do pres­i­dente Lula não ocor­reu no dia primeiro de janeiro, ela se deu no domingo, dia 8, quando os atos tres­lou­ca­dos de uma mul­ti­dão de fanáti­cos o legit­i­mou.

Os três poderes con­sti­tuí­dos e a esma­gadora maio­ria da pop­u­lação brasileira viu que não é aquilo que quer­e­mos para o país.

Acho, sin­ce­ra­mente, que as mil­hares de pes­soas que ficaram meses nas por­tas dos quar­téis mil­itares, os que se deslo­caram até Brasília para a “tomada do poder”, foram sim­ples­mente usadas, enganada com fal­sas promes­sas e nar­ra­ti­vas de que houve fraude nas eleições, de que o Brasil vai virar uma Venezuela, que daqui a três ou qua­tro sem­anas a pop­u­lação terá que matar cães e gatos para se ali­menta­rem.

Não duvido, que, assim como a promessa de sal­vação plena levou aque­las cen­te­nas de pes­soas ao suicí­dio naquele ano de 1978, as mil­hares que acor­reram para come­ter crimes em Brasília e “der­rubar o poder”, se imag­i­navam numa mis­são nobre: “sal­var o Brasil”.

Isso em relação as “buchas de can­hão”, as “tiaz­in­has” do zap. Mas, sabe­mos, tam­bém, que esse “caldo” de rad­i­cal­iza­ção tem uma origem, sabe­mos, que os ide­al­izadores, finan­ciadores, tin­ham como propósito der­rubar o gov­erno, insta­lar um régime de exceção, com todas con­se­quên­cias, inclu­sive, fatais, dela decor­rentes.

Faz-​se necessário inves­ti­gações respon­sáveis, sem aço­da­men­tos ou sen­ti­men­tos de retal­i­ação, que tenha como obje­tivo sep­a­rar o joio do trigo, víti­mas de cul­pa­dos.

As víti­mas que respon­dam nos lim­ites dos seus atos, mas sem perder de vista os ver­dadeiros cul­pa­dos pela ten­ta­tiva de golpe insti­tu­cional.

As inves­ti­gações sobre a ten­ta­tiva de golpe têm rev­e­lado atos preparatórios e rede de comando e finan­cia­mento que pre­cisa ser rev­e­lada à pop­u­lação de forma clara. Uma min­uta de decreto encon­trada na casa do ex-​ministro da justiça – que teve a prisão dec­re­tada e já está a cam­inho do Brasil –, rev­ela que tin­ham, sim, a intenção de mod­i­ficar o resul­tado das urnas na marra.

O ex-​presidente da República antes de “fugir” do país – antes, durante e depois do pleito eleitoral –, fez pro­nun­ci­a­men­tos cifra­dos levando “men­sagens” aos seguidores fanáti­cos, levando-​os à prática de atos em seu nome e por sua causa. Talvez por o isso, a Procuradoria-​Geral da República, que nos últi­mos qua­tro anos man­teve um silên­cio a aprox­i­mou da omis­são, enten­deu que dev­e­ria pedir a inclusão do ex-​mandatário no inquérito que apura os atos de 8 de janeiro.

A resposta talvez esteja no que ocor­reu durante os últi­mos qua­tro anos de mas­sacre as insti­tu­ições da república.

Transparên­cia, sobriedade e rigor nas inves­ti­gações serão fun­da­men­tais para apu­ração e respon­s­abi­liza­ção dos ver­dadeiros cul­pa­dos.

Não podemos per­mi­tir que em nome da democ­ra­cia, do ideal de se com­bater o “ter­ror­ismo”, se cometa vio­lações a dire­itos, abu­sos ou ter­ror­ismo de estado.

É isso que a sociedade exige: Democ­ra­cia sempre!

Justiça, sim! Vin­gança, não!

Abdon C.Marinho é advogado

A esper­ança por um futuro melhor.

Escrito por Abdon Mar­inho

A ESPER­ANÇA POR UM FUTURO MEL­HOR.

Por Abdon C. Marinho.

DOMINGO, 8 de janeiro, acordei muito mais cedo do que “de cos­tume”. Quase no horário “nor­mal” da sem­ana, às 4:30 horas da manhã.

Enquanto perseguia o sono para dormir mais um pouco pen­sava no que pode­ria ser o tema que abor­daria no nosso já céle­bre “tex­tão do fim de sem­ana”, quando sen­tasse logo mais na poltrona inspi­radora para escr­ever.

Assun­tos não fal­tam. E para quem gosta de escr­ever sobre política, a sem­ana que pas­sou foi um “prato cheio”, posse dos novos gov­er­nantes nos esta­dos e no poder cen­tral, uma sem­ana inteira de posses de min­istros, os primeiros “atro­pe­los”, os primeiros desac­er­tos, muitos min­istros desconec­ta­dos da real­i­dade do país falando bobagens, uma torre de Babel dos tem­pos mod­er­nos a ponto da sem­ana encer­rar com o pres­i­dente da República con­vo­cando os quase quarenta min­istros estado para “um pára pra acer­tar”.

Outro assunto ainda pre­sente na linha da política nacional é a irres­ig­nação dos der­ro­ta­dos com o resul­tado do pleito. Depois de ficarem acam­pa­dos por mais sessenta dias nas por­tas dos quar­téis pedindo golpe mil­i­tar, essa turma, emb­ora em menor grupo, prom­ete não des­cansar até o novo pres­i­dente “descer a rampa”. Até onde soube, con­tin­uam em suas redes soci­ais insu­flando os mil­itares brasileiros para o golpe mil­i­tar e orga­ni­zando mar­chas de protestos con­tra o gov­erno que ainda nem começou.

Todos estes assun­tos dariam bons tex­tos – e darão, em um outro momento.

Para hoje, pen­sei em um texto “para cima”, para ren­o­var as nos­sas esper­anças em um futuro mel­hor, onde os son­hos dos cidadãos e cidadãs, muito além das difi­cul­dades que enfrentarão durante todo o ano, pos­sam se realizar.

É uma tradição cristã que na primeira sexta-​feira do ano os crentes dirijam-​se as igre­jas em busca de bençãos para o ano que se ini­cia – o que tam­bém se pode fazer nos cul­tos e mis­sas domini­cais –, numa feliz coin­cidên­cia a data “caiu” jus­ta­mente no dia con­sagrado aos San­tos Reis, uma cel­e­bração que remete aos três reis magos que, seguindo a estrela do ori­ente, foram ao encon­tro do Rei-​menino para teste­munhar e o pre­sen­tear com ouro, incenso e mirra.

O ano que ini­cia vem junto com a posse de novos gov­er­nos o que, por si, já é um sinal de novos tem­pos e/​ou de ren­o­vação.

Ape­nas para ilus­trar o sen­ti­mento de que os novos gov­er­nantes tragam efe­ti­va­mente esper­anças e um futuro mel­hor para o povo brasileiro e maran­hense, reg­istro que achei muito aus­pi­cioso que tanto o gov­er­nante fed­eral quanto o estad­ual, este último, mais ainda, ten­ham dado destaque a questão da edu­cação.

O gov­er­nador reeleito, aliás, tem tratado disso desde o dia seguinte à sua reeleição e reafir­mado sem­pre que pode que a edu­cação será a primeira pri­or­i­dade do seu governo.

Como este é um assunto que me é muito caro, tenho escrito sobre ele con­stan­te­mente. Outro dia falei sobre o tra­balho her­cúleo para, ao menos, colo­car­mos a edu­cação nacional nós mes­mos pata­mares da edu­cação dos grandes países do mundo. Falava, inclu­sive, de recente pesquisa apon­tando a edu­cação nacional com uma década de atraso e, muito pior que isso, que levare­mos seis décadas para cor­ri­gir tal dis­torção.

País nen­hum avança sem uma base edu­ca­cional sól­ida.

A história está aí para provar que foram os povos que inve­sti­ram mais em edu­cação os que con­seguiram superar os seus níveis de pobreza e par­til­har o sucesso econômico entre os seus cidadãos.

Daí serem aus­pi­ciosas as falas dos novos gov­er­nantes a respeito da edu­cação. Claro que as falas, os dis­cur­sos, pre­cisam “virar” ações conc­re­tas em prol de uma edu­cação que seja de qual­i­dade e acessível a todas as cri­anças.

Uma ação estratég­ica do gov­erno estad­ual den­tro dessa política de se mel­ho­rar a edu­cação é o chama­mento de prefeitos e secretários munic­i­pais de edu­cação para um “alin­hamento” sobre a qual­i­dade do ensino fun­da­men­tal.

Nos anos em que me dedico a esse tema, me con­venci que o prob­lema cen­tral da edu­cação brasileira encontra-​se no ensino fun­da­men­tal – sem des­cuidar, claro dos anos seguintes.

É lá, com as cri­anças de tenra idade, que pre­cisamos mel­ho­rar a qual­i­dade do ensino, mais fer­ra­men­tas, mais con­teú­dos, fazendo com elas criem gosto pelo saber.

Vive­mos a cul­tura do adi­anta­mento.

Imag­i­namos que a cri­ança que não apren­deu nada ou quase nada nos anos ini­ci­ais do fun­da­men­tal vai con­seguir cor­ri­gir a dis­torção nos anos finais; se não acon­te­cer isso, apren­derão no médio.

A real­i­dade nos prova o con­trário. A cri­ança que não tem estí­mu­los nos primeiros anos, passa a ter um desapego cada vez mais cres­cente para a escola, aí começam a sur­gir a evasão esco­lar, o envolvi­mento com o crime, etc.

Quando a família ou o Estado se dão conta, aquela cri­ança que pode­ria ter um futuro bril­hante, já se tornou cliente do poder judi­ciário e freguês das polí­cias.

Cada vez mais cedo reg­is­tramos envolvi­mento de cri­anças e ado­les­centes com os mais vari­a­dos deli­tos. Cada vez mais cedo os pais não têm qual­quer con­t­role sobre os filhos.

Com isso, o drama social só vai aumento em uma pro­gressão geométrica.

Com isso perde o país, em riquezas, perde a sociedade, per­dem as famílias e per­dem os próprios jovens que pode­riam ter uma vida útil para a sociedade e para própria família.

Qual a con­tribuição que uma cri­ança que envereda pelo cam­inho dos atos infra­cionais e depois para crime deu à sociedade? Nen­huma.

A solução para a tragé­dia nacional anun­ci­ada, demanda tempo, demanda ded­i­cação, demanda recur­sos e é ape­nas uma solução: edu­cação.

As nações, os esta­dos, os municí­pios não gas­tam com edu­cação, eles investem. E o retorno é sem­pre infini­ta­mente supe­rior ao que inve­sti­ram.

Só a edu­cação, prin­ci­pal­mente a edu­cação pública, que é a grande respon­sável pela for­mação da maior parcela da sociedade, poderá nos levar a um futuro mel­hor.

É a edu­cação a única fer­ra­menta que tem poder de mudar a real­i­dade dos esta­dos e nações e a vida das pes­soas.

Nas min­has “pre­gações” sobre o tema – e tenho feito muitas, ulti­ma­mente –, cos­tumo dizer que sem a edu­cação nunca teria chegado a lugar nen­hum, talvez nem tivesse saído do povoado onde nasci – e do qual me orgulho. Tive poliomielite com cerca de dois anos, depois veio orfan­dade com quase cinco anos, filho de pais anal­fa­betos por parte de pai, mãe e parteira.

O que teria sido da minha vida sem a edu­cação pública?

Falava sobre a importân­cia da edu­cação na vida das pes­soas com o amigo Max Harley Pas­sos Fre­itas – um dos mel­hores con­ta­dores públi­cos do nosso estado, quiçá do país.

Dizia-​lhe da minha própria exper­iên­cia e contei-​lhe de um episó­dio que vivi e que não tenho razão para ocul­tar.

Acho que tinha por volta de onze ou doze anos, anos oitenta, vivíamos o “boom” dos garim­pos pelo estado do Pará e Maran­hão, só se falava que fulano ou sicrano haviam “bam­bur­rado” em Serra Pelada. Pela tele­visão, ainda em preto e branco, víamos aquele “formigueiro humano” subindo e descendo com sacos nas costas, com areia ou barro para serem lava­dos em busca do pre­cioso metal.

Os inte­ri­ores do Maran­hão estavam reple­tos de garimpeiros, viz­in­hos, ami­gos, alguns com idade quase igual a minha.

Foi de um destes que certa vez ouvi uma pro­posta que nunca mais esqueci.

Ele chegou para mim – tinha vindo e já estava voltando para Serra Pelada –, e disse: — Abdon, sabes o que tu pode­rias fazer? Pode­rias ir para o garimpo. Como tu és alei­jado, pode­rias ficar rico pedindo esmo­las.

Claro, foi só uma ideia e a pes­soa que a propôs jamais teve qual­quer intenção de ofender-​me, era, ape­nas, uma opção de vida que estava na mesa, como tan­tas out­ras.

Quando con­tei a Max o episó­dio, sen­sível, ele achou “muito forte” que alguém tenha sug­erido na minha infância/​adolescência que pode­ria pedir esmo­las no garimpo.

Vendo-​o à flor da pele, como na música de Zeca Baleiro, mudei de assunto.

Mas essa foi a opção para muitas pes­soas. Muita gente deixou a escola, o tra­balho na roça para irem ten­tar a vida nos garim­pos naque­les anos oitenta. E ainda hoje essa é uma opção para muitos maran­henses e brasileiros; e, reg­istro, nada tenho con­tra, mas que seja uma opção e não a “única opção”. Os cidadãos, prin­ci­pal­mente, cri­anças e ado­les­centes pre­cisam terem out­ras opor­tu­nidades para faz­erem suas escolhas.

Quase quarenta anos depois, com muita lev­eza, porém com muita seriedade e sem vitimismo, posso dizer que foi a edu­cação que me salvou-​me de viver de esmo­las no garimpo de Serra Pelada ou nas ruas do Brasil.

Esses e tan­tos out­ros fatos nos enchem de esper­ança por um futuro cada vez mel­hor.

Abdon C. Mar­inho é advo­gado.