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RAPOSAS & RAPOSAS.

Escrito por Abdon Mar­inho

RAPOSAS & RAPOSAS.

Em todos os lugares do mundo há cor­rupção, desvios ou como dizem, malfeitos. Em todos os lugares do mundo há órgãos que inves­tigam o com­por­ta­mento dos inte­grantes de poderes, de polícias, etc. Em todos os lugares do mundo esses órgãos de con­t­role, essas cor­rege­do­rias ou con­sel­hos acabam por ter seus inte­grantes prat­i­cando os mes­mos atos, fazendo jus­ta­mente aquilo que apon­tam como errado nos investigados,

Emb­ora isso exista em todos os lugares e tenha sido assim desde que o mundo é mundo, não quer dizer que seja nor­mal ou que deve­mos aceitar como favas con­tadas. Os cidadãos de bem não podem aceitar e se con­for­mar como se fosse.

Emb­ora os hoje chama­dos \«malfeitos\», eufemismo para a cor­rupção deslavada, des­mando, desvio, etc., ocor­ram em todos os lugares do mundo em bem poucos gan­ham os con­tornos que gan­ham no Brasil. O país a cada dia que passa, ao menos a mim, parece mais cor­rompido. Para tudo tem que haver uma comissão, uma taxa, um \«por fora\», uma \«cervejinha\»…

Pois é. Hoje li que o Con­selho Nacional de Justiça, o nosso CNJ, a maior con­quista da sociedade

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no que se ref­ere a levar um pouco de luz e transparência ao Poder Judiciário, tem prat­i­cado as mes­mas con­du­tas as quais está encar­regado de com­bater nos tri­bunais país a fora. Como diz o apre­sen­ta­dor Datena, parece piada.

O que é mais frus­trante e angus­tiante diante dessas situações é que quando as autori­dades são con­frontadas com seus \«malfeitos\» elas não ficam e não demon­stram quais­quer con­strang­i­mento, muitíssimo pelo contrário se mostram indig­nadas e ofen­di­das, as mais petu­lantes ainda ousam dizer que a culpa é da imprensa ou de quem denun­ciou, nunca deles mes­mos. Resta à pat­uleia a sensação de aban­dono e de que aqui é assim mesmo.

Noutros países, emb­ora saibamos que nen­hum órgão de con­t­role é infenso à ban­dalha, parece haver uma resposta mais pos­i­tiva e se com­bate de forma mais efe­tiva os desac­er­tos inter­nos. Aqui não, o nosso CNJ ainda está se con­sol­i­dando como insti­tuição e já vai copiando e ampliando os vícios que dev­e­ria combater.

Isso me recorda aquele per­son­agem de Jô Soares dos anos oitenta, o mafioso Don Cas­queta, que tinha como bordão o seguinte: \«não trás máfia para Brasil que o Brasil escul­hamba a máfia\». Na época pen­sava que era só humor, infe­liz­mente é uma ver­dade. Uma dolorosa ver­dade. Tudo que dá certo no resto mundo aqui sem­pre se encon­tra uma forma de burlar. Querem um exem­plo rasteiro? Inven­taram a iden­ti­ficação biométrica no serviço público, outro dia pren­deram uma médica por­tando diver­sos dedos de sil­i­cone para frau­dar o ponto dos ausentes. As próximas eleições será com esse tipo de iden­ti­ficação, não duvi­dem se começarem a vender dedos por aí.

Um amigo cos­tuma dizer que só há uma solução para o Brasil: Zerar tudo para começar

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de novo. Talvez ele tenha razão.

FARINHA.

Escrito por Abdon Mar­inho

FARINHA.

A far­inha é um dos pro­du­tos mais pro­duzi­dos e con­sum­i­dos no Maranhão e também noutras partes do nordeste. Quer dizer, era. Soube que essa sem­ana o quilo da far­inha no mer­cado do peixe em São Luís, alcançou os R$ 14,00 (qua­torze reais). Emb­ora não pareça muito, prin­ci­pal­mente para as pes­soas que não são da região, mas é. A far­inha está pre­sente durante todo o dia na vida do cidadão maran­hense, você chega em qual­quer casa, sobre­tudo do inte­rior, e lá está sobre a mesa de jan­tar um far­in­heiro, ao alcance da mão para que pos­samos comer um pun­hado. Come-​se far­inha com tudo, com manga, com café, com açaí, com feijão, etc.

Além da far­inha, out­ros pro­du­tos do con­sumo diário estão com os preços ele­va­dos, ouvi dizer que no sertão maran­hense um quilo de fava está cus­tando mais de R$ 40,00 (quarenta reais), e por aí vai.

Muito tenho ouvido, sobre a \«cares­tia\», é assim que chamamos assim o fenômeno da inflação. Farei um texto sobre isso noutro momento inclu­sive, abor­dando as palavras da pres­i­dente Dilma, que disse e não disse que o com­bate a inflação não pode­ria se sobre­por a política de cresci­mento econômico. Uma tolice e mais uma colocação sem con­hec­i­mento de causa.

Mais volte­mos a far­inha e a fava. Algu­mas pes­soas só sabem dizer que está caro, alguns até apon­tam para o fato de ter­mos tido um inverno fraco em algu­mas regiões do estado, etc.

Na inter­net, vejo sátiras sobre o preço da far­inha, muito cria­ti­vas, por sinal. Mostram a casa do vender de far­inha, antes uma choupana, agora uma mansão, com tudo de lux­u­oso, um chiste, como diziam os antigos.

Entendo que esses preços são fru­tos de um con­junto de fatores, humanos, climáticos e também da política.

Sou do inte­rior, do sertão \«brabo\», por isso sei que man­dioca e fava

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dá nos mon­turos, não exigem muito cuidado, nem muita assistência, então essa con­versa que o inverno foi fraco não cola comigo.

O que ocorre é que ninguém mais quer se dá ao tra­balho de plan­tar a man­dioca. Noutros tem­pos em qual­quer quin­tal você tinha uma plantação de man­dioca ou de macax­eira, fava ou feijão. Hoje os cidadãos maran­henses querem aman­hecer o dia nas por­tas das prefeituras ou da casa dos políticos pedindo esmo­las. Um tro­cado para isso, um tro­cado para aquilo. As mul­heres nas filas de tudo que é bolsa do gov­erno. Você é con­tra os pro­gra­mas de trans­fer­en­cia de renda? Não, não sou. Sou con­tra a forma como esses pro­gra­mas estão sendo desen­volvi­dos, sou con­tra a política de esmo­las que faz com que homem perca o inter­esse pelo tra­balho e queira viver as cus­tas do estado. Essa política é nefasta e já começa a mostrar seus efeitos.

Atual­mente você não encon­tra um tra­bal­hador que queira fazer um tra­balho braçal, limpar um ter­reno, etc. A grande maio­ria dos cidadãos, pes­soas fortes e capazes, ao invés de pedir um tra­balho, pref­erem se sub­me­ter a humilhação da esmola. Então, deduzo que algo de errado esteja acon­te­cendo. O cidadão não é capaz de plan­tar no seu quin­tal a man­dioca e a fava ou o feijão para o seu próprio con­sumo, não pode ser con­sid­er­ado como capaz. O resul­tado é o que se ver, poucos pro­duzem, muitos são os querem e pre­cisam comer, como con­sequência, preços nas alturas.

Tenho aler­tado e não é de hoje, que o inte­rior do Maranhão não pro­duz mais quase nada, você passa pelas estradas do estado qual­quer hora do dia e o que ver são as pes­soas nas por­tas olhando para o tempo, jogando ou bebendo cachaça. Chega nas prefeituras e encon­tra aquela \«muvuca\» de gente esperando ser aten­di­dos em seus pedi­dos pes­soais, botijão de gás, conta de luz, medica­men­tos, etc., ou um emprego (não é tra­balho, querem um emprego, de pre­ferência, daque­les que só ten­ham que ir ao banco rece­ber). Essa é a situação do estado. Exceções há, claro, mas bem raras.

É a história se repetindo como farsa, mais uma vez, hor­das de des­ocu­pa­dos recebendo dos gov­er­nantes pop­ulis­tas, pão e circo.

Já disse aqui que meus pais eram anal­fa­betos, minha mãe mor­reu muito cedo, meu pai teve na con­tagem ofi­cial, qua­torze fil­hos, não lem­bro de tê-​lo visto uma única vez pedido um favor a um político ou a quem quer que seja. Nos educou dizendo que só os \«alei­ja­dos e cegos\» tin­ham o dire­ito de pedir esmo­las o resto tinha era que tra­bal­har e que todo homem sadio era capaz de garan­tir seu próprio sus­tento de maneira hon­esta. Hoje dirão, eram out­ros tem­pos. Será?

O BRASIL DE VOLTA AS TREVAS.

Escrito por Abdon Mar­inho

O BRASIL DE VOLTA AS TREVAS.

A cada dia que passa des­cubro que o país cam­inha de forma célebre de volta à idade das trevas. O pior é que não se con­segue enx­er­gar um lam­pejo de luz. Vejo jor­nais. mídia eletrônica, redes soci­ais, e o que percebo? Percebo que o pais se divide entre os seguidores de Jean Wyllys e os seguidores do pas­tor Feli­ciano (não sei o quê). Como cheg­amos a isso? Como o país pode ter como antípodas essas duas nul­i­dades em todos os aspec­tos? Quem são essas pes­soas para dividir a nação em torno do nada que ganhou

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con­tornos de uma guerra? Que m… é essa? Me digam se isso que ocorre não é o prenúncio das trevas? Por incrível que possa pare­cer, cheg­amos a isso.

Em passé de mágica o país esquece que temos umas das maiores car­gas tributárias do mundo, beirando os 40% (quarenta por cento); que a pres­i­dente da República acaba de criar o 39º min­istério, com o propósito único de agrada um par­tido que pre­tende colo­car no seu palanque nas eleições de 2014 e que levou uma comi­tiva de não sei quan­tos, ficaram hospeda­dos às cus­tas do con­tribuinte em caros hotéis, para o nobre propósito de assi­s­tir uma missa; que as taxas de violência coloca o país numa autêntica guerra; que a inflação ameaça voltar com força; que não temos estradas e que os por­tos estão sucatea­dos; que o Con­gresso Nacional ameaça a pop­ulação com mais uma san­gria no mesmo momento em que aumenta suas van­ta­gens ilegítimas; que a educação do país é uma das piores do mundo, por isso for­mamos doutores anal­fa­betos; que a saúde rel­ega a pop­ulação a um sofri­mento inde­scritível; que as obras da copa estão con­sumindo muito mais do que foi pro­gra­mado e que o retorno para a pop­ulação será nen­hum. Esquece ainda que o mundo enfrenta uma de suas piores crises econômicas e que esta­mos à beira de con­flito nuclear na Ásia.

Tudo isso porque os ali­a­dos, seguidores e baba­cas anônimos do Sr. Wyllys e do Sr. Feli­ciano, dois cidadãos que não nada na história do Brasil, decidi­ram que é a hora de se dis­cu­tir a vida pri­vada das pes­soas, sua fé e com quem as pes­soas vão para cama. O debate babaca que trava no país é esse: se as pes­soas são cristãs, evangélicas, atéias ou atoas. Do outro lado temos que o debate mais impor­tante do mundo, desde que Eva comeu a maçã (se é que isso exis­tiu) é saber como e com quem as pes­soas trepam ou podem casar. Me per­gunto como uma nação de quase 200 milhões de habi­tantes pode ter essa pauta na ordem do dia? A quem inter­essa esse debate inócuo e iníquo? A quem? Ora, aos políticos esper­talhões de sem­pre e aos cor­rup­tos de todas as horas. Enquanto criam esse debate de futri­cas lid­er­a­dos pelas duas nul­i­dades já referi­das, eles deitam e rolam.

Já disse aqui e noutros lugares que a fé das pes­soas é assunto pri­vado, que deve ser exer­cido com dis­crição. Aos crédulos, Deus tudo ver e tudo sabe, não pre­cisamos travar uma guerra em seu nome, tam­pouco imag­i­nar que se está arreban­hando fiéis a sua causa. Acred­ito que pre­cisamos mais Dele do que Ele de nós, logo não pre­cisamos

está no papel de solta­dos. Por outro lado, sendo Ele a per­son­ificação do amor, estão esses fal­sos crédulos des­cumprindo seus man­da­men­tos ao semear tanto ódio e intolerância ao invés de paz e tolerância.

Como igual razão, indago com que dire­ito ou com qual razão alguém se acha no dire­ito de deter­mi­nar com quem alguém vai para cama ou com quem pre­tende viver. Esse é um assunto de esfera pri­vada que não diz respeito a quem quer que seja. E pes­soas adul­tas e capazes tem todo o dire­ito de não ferindo o dire­ito de ninguém, irem para cama com quem quiserem.

Me per­doem os que pen­sam difer­ente, respeito as opiniões de todos, mas acho esse um debate de baba­cas, ultra­pas­sado e obscu­ran­tista. O Brasil estava con­stru­indo um saudável ambi­ente de respeito a toda forma de man­i­festação reli­giosa e de repente tudo que se vinha con­stru­indo se ver ameaçado com uma falsa guerra santa, fora de tempo e de lugar. O mesmo vinha acon­te­cendo com a liber­dade sex­ual. Parece que regred­i­mos ao século 11.

O que mais tenho visto nos últi­mos dias são pes­soas fil­i­adas a essas cor­rentes de bobagens, a essas guer­ras de fan­car­ias, a esse debate de tolos. O pior é que até artis­tas, pes­soas públi­cas ao invés de estarem dis­cu­ti­dos assun­tos rel­e­vantes se deixaram levar por esta onda de tolices e babo­seiras. O próprio Con­gresso Nacional se deixa levar por esse tipo de debate. É uma lástima.

Em pleno século vinte um não é aceitável tanta intolerância, que as pes­soas que dev­e­riam ser mais esclare­ci­das, porque tem acesso a tanta informação, se deixem con­duzir e acabem prat­i­cando, como e estivessem numa man­ada de bois, esse tipo de comportamento.

Sabem o que acho? Esses dois dep­uta­dos são tão pare­ci­dos na forma de verem o mundo a par­tir dos seus inter­esses mais mesquin­hos que bem que pode­riam se casar, um com o outro e deixar os resto da pop­ulação em paz, os brasileiros decentes casa­dos, com homens, mul­heres ou papa­gaios e os solteiros, que pre­cisam colo­car comida na mesa para ali­men­tar seus fil­hos, estes nat­u­rais, ado­tivos, etc.

O certo é que o Brasil pre­cisa parar de pas­sar ao mundo essa ideia de somos uma nação de bobalhões amestra­dos. Deve ser por isso que ninguém nos leva a sério.

Refli­tam sobre isso e vão rezar e dormir com que achar que devem que ninguém tem nada com isso, desde que con­siga pagar suas con­tas no fim do mês.