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COR­RUP­TOS DO BRASIL, TREMEI-​VOS! XERIFE NOVO NA ÁREA.

Escrito por Abdon Mar­inho

COR­RUP­TOS DO BRASIL, TREMEI-​VOS! XERIFE NOVO NA ÁREA.

Por Abdon Mar­inho.

O MANTRA mais ouvido em Brasília nos últi­mos anos foi: “sem foro, é Moro”. Uma alusão ao fato dos proces­sos dos políti­cos impli­ca­dos na “Oper­ação Lava Jato” descerem à primeira instân­cia da Justiça Fed­eral, mais pre­cisa­mente para a 13ª Vara da Seção Judi­ciária de Curitiba, cujo tit­u­lar é (ainda) o juiz Sér­gio Moro.

Por estes dias, após o con­vite pelo pres­i­dente eleito para que o juiz paranaense assumisse o Min­istério da Justiça – aliás, o super-​Ministério da Justiça, pois, segundo dizem, vai incor­po­rar a segu­rança pública e todos seus órgãos, Controladoria-​Geral da União — CGU e pelo menos uma fatia do Con­selho de Con­t­role de Ativi­dades Finan­ceiras — Coaf –, e o seu “aceite” com a condição de que terá “carta branca” para agir den­tro da lei e em obe­diên­cia à Con­sti­tu­ição brasileira, o col­u­nista José Simão, com seu estilo bem irrev­er­ente, cun­hou a frase que muito bem definiu o sen­ti­mento da cap­i­tal fed­eral com a nomeação.

Disse o col­u­nista em suas redes soci­ais e que, como amante da liber­dade de expressão não posso cen­surar: “se cu pis­cando gerasse ener­gia Brasília, hoje seria autossus­ten­tável”.

A frase a despeito de ser um pouco chula, reflete muito do sen­ti­mento da classe política, não ape­nas de Brasília, mas do Brasil inteiro. Poder-​se-​ia dizer que o Brasil inteiro seria autossu­fi­ciente em ener­gia.

Afora a crítica pes­soal à situ­ação de juízes virarem políti­cos ou ocu­parem car­gos noutros poderes da República, pois, ao meu sen­tir, juízes tais como a mul­her de César, dev­e­riam ficar acima de quais­quer sus­peitas, não ape­nas serem, mas, tam­bém, pare­cerem hon­estos, não tenho dúvi­das que a nomeação do juiz Moro para o super-​Ministério da Justiça eleva de pata­mar o gov­erno do sen­hor Bol­sonaro. Gan­hou um super plus.

Não duvido que muitos, assim como eu, faz uma crítica moti­vada pelo sen­ti­mento repub­li­cano, pelo princí­pio de que juízes devem ser voca­ciona­dos e jamais, nem de longe, terem quais­quer pre­ten­sões políti­cas. Entre­tanto, difer­ente do que muitos pregam – até para tirar proveito político –, a nomeação do juiz Moro não é o “fim do mundo”, tam­pouco rep­re­senta um “com­pro­me­ti­mento” do Poder Judi­ciário.

É jus­ta­mente o con­trário. Uma atu­ação efe­tiva do Min­istério da Justiça no com­bate à cor­rupção endêmica do país for­t­ale­cerá o papel desem­pen­hado pelos mem­bros do min­istério público e pelos juízes.

Tanto assim, que as asso­ci­ações das insti­tu­ições saudaram a futura investidura.

A maio­ria dos fal­sos críti­cos, assim agem, por saberem que essa nomeação rep­re­senta uma alter­ação sig­ni­fica­tiva no xadrez político nacional. Sabem que pres­i­dente eleito mar­cou um gol de placa ao con­vi­dar o juiz Moro e lhe prom­e­ter “carta branca” para com­bater a cor­rupção.

Mais que isso, dotar o “novo” Min­istério da Justiça dos instru­men­tos necessários para que haja, de fato, um efe­tivo com­bate ao que nos últi­mos gov­er­nos chamavam de “malfeitos”. Pois é, se roubavam bil­hões e a turma do poder e seus xerim­ba­bos diziam ser “malfeitos” ou “erros” de gestão.

Sou da opinião de que a cor­rupção é mãe de todos os males brasileiros.

É a respon­sável pela inse­gu­rança e pela vio­lên­cia que dão cabo à vida de mais de sessenta mil brasileiros, só em morte, matada, um índice supe­rior a de muitos países em guerra; é a respon­sável pelo fra­casso edu­ca­cional, pois os recur­sos que dev­e­riam ir para garan­tir uma estru­tura efi­ciente para edu­cação das cri­anças, com quadras esporti­vas, ensino inte­gral, ali­men­tação saudável de qual­i­dade e edu­cadores bem remu­ner­a­dos, fica no meio cam­inho; é a respon­sável pelo caos na saúde pública, pois o din­heiro é desvi­ado de forma acin­tosa per­mitindo que mil­hões de brasileiros mor­ram por falta de assistên­cia básica; é a respon­sável pelo desas­tre na infraestru­tura, pois mil­hões, bil­hões, são desvi­a­dos das obras públi­cas, seja na con­strução e manutenção de rodovias, seja nas demais obras estru­tu­rantes.

A endêmica cor­rupção brasileira drena recur­sos públi­cos de tudo que se faz neste país. Qual­quer um sabe que existe “esquema” em tudo para se tirar din­heiro dos con­tribuintes para o enriquec­i­mento pes­soal da nossa elite política.

Como nunca se viu na história “deste país”, for­tu­nas foram feitas “do dia para noite” nos últi­mos gov­er­nos.

E pen­sar que com­bate à cor­rupção sem­pre foi a prin­ci­pal ban­deira dos políti­cos opos­i­tores aos gov­er­nos até 2002, tanto que no dis­curso de posse do então pres­i­dente Lula ele prom­e­teu com­bater, são suas estas palavras:

O com­bate à cor­rupção e a defesa da ética no trato da coisa pública serão obje­tivos cen­trais e per­ma­nentes do meu Gov­erno. É pre­ciso enfrentar com deter­mi­nação e der­ro­tar a ver­dadeira cul­tura da impunidade que prevalece em cer­tos setores da vida pública.

Não per­mi­tire­mos que a cor­rupção, a sone­gação e o des­perdí­cio con­tin­uem pri­vando a pop­u­lação de recur­sos que são seus e que tanto pode­riam aju­dar na sua dura luta pela sobrevivência.

Ser hon­esto é mais do que ape­nas não roubar e não deixar roubar. É tam­bém aplicar com efi­ciên­cia e transparên­cia, sem des­perdí­cios, os recur­sos públi­cos foca­dos em resul­ta­dos soci­ais con­cre­tos. Estou con­ven­cido de que temos, dessa forma, uma chance única de superar os prin­ci­pais entraves ao desen­volvi­mento sus­ten­tado do país. E acred­item, acred­item mesmo, não pre­tendo des­perdiçar essa opor­tu­nidade con­quis­tada com a luta de muitos mil­hões de brasileiros e brasileiras.”

Como até os cac­tos retor­ci­dos da caatinga nordes­tina sabem, o ex-​presidente Lula e o seu par­tido não ape­nas não com­bat­eram a cor­rupção como deram a ela o sta­tus de “política de gov­erno”, ampliando-​a em tudo que era pos­sível, patroci­nando “malfeitos” até nos emprés­ti­mos consigna­dos dos vel­hin­hos aposen­ta­dos pelo Insti­tuto Nacional de Seguri­dade Social — INSS, terão muito ainda que explicar.

A gri­taria de muitos con­tra a nomeação de Moro, sobre­tudo, dos egres­sos dos últi­mos gov­er­nos, não é por zelo à justiça ou apreço a ética, é porque sabem que o Brasil está, pela primeira vez, diante da real pos­si­bil­i­dade de empreen­der uma política efe­tiva de com­bate à cor­rupção com essa nomeação, não ape­nas pelo nomeado em si, mas, prin­ci­pal­mente, pelos instru­men­tos que serão cri­a­dos para que o com­bate ocorra.

A leitura que faço é que o com­bate à cor­rupção e a con­se­quente punição aos cor­rup­tos, não será ape­nas um dis­curso ou uma ban­deira.

Saindo o com­bate à cor­rupção do plano das intenções para a real­i­dade prática o cidadão brasileiro de todos os can­tos do país sen­tirá uma mudança pro­funda.

Aquilo que nos foi prometido por Lula acabará sendo real­izado por outro. Pior, por um pres­i­dente opos­i­tor a ele e em tudo oposto ao seu ideário.

A gri­taria ocorre porque, além de saberem do muito que ainda poderá ser descoberto dos “malfeitos” que fiz­eram nos últi­mos anos – que, cer­ta­mente trará con­se­quên­cias a muita gente –, sabem que a união de todos estes órgãos, sob o comando de alguém com o per­fil de Sér­gio Moro (entendo até que pode­ria ser outra pes­soa), mudará a política brasileira de pata­mar.

Vejam, ter­e­mos um con­junto de órgãos de con­t­role (PF, CGU, Coaf), sob o comando de alguém que já se mostrou capac­i­tado para o encargo, tra­bal­hando para com­bater o prin­ci­pal mal do país na sua origem, na sua raiz, ao lado disso um Min­istério Público e um Poder Judi­ciário que, pelo menos em sua grande maio­ria, já se mostraram com­pro­meti­dos com um país livre da cor­rupção.

Caso o que se anun­cia, e prom­e­tem, venha a ocor­rer, ter­e­mos um outro cenário político daqui a qua­tro anos e para o futuro.

A gri­taria ocorre, tam­bém, por causa disso.

Caso o xerife Sér­gio Moro seja exi­toso na mis­são que se propõe a cumprir, será ele a prin­ci­pal refer­ên­cia política do Brasil, o habil­i­tando, não para ser um dos onze min­istros do Supremo Tri­bunal Fed­eral — STF, para isso já se encon­tra habil­i­tado, mas para ser, em futuro breve, o pres­i­dente da República.

Este é o ver­dadeiro temor dos fal­sos críti­cos de sua nomeação.

O xerife Moro, em caso de êxito, poderá ser o grande catal­isador dos sen­ti­men­tos que pos­si­bil­i­taram a vitória do Bol­sonaro, sem car­regar con­sigo as restrições que este tem, o que levaria o sonho de retorno ao poder dos que foram der­ro­ta­dos para as cal­en­das.

O que está em jogo é o medo de muitos se tornarem hós­pedes do Estado, mas, sobre­tudo, o ciúme é o receio de não retornarem ao poder tão cedo.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

BOL­SONARO E A NOVA DEMOC­RA­CIA POSSÍVEL.

Escrito por Abdon Mar­inho

BOLSONARO E A NOVA DEMOC­RA­CIA POS­SÍVEL.

Por Abdon Marinho.

— O DOUTOR vê brecha pra dá certo?

Assim um querido amigo petista – daque­les que, se não são capazes de cor­tar o ded­inho como o líder da seita, não pen­sam duas vezes em fazer uma tat­u­agem em hom­e­nagem ao con­de­nado que cumpre pena por cor­rupção em Curitiba –, após rev­e­lar todo o seu pes­simismo e dizer não acred­i­tar que o futuro gov­erno dê certo.

Disse-​lhe que respon­de­ria por escrito.

Con­forme externei noutra opor­tu­nidade, minha man­i­fes­tação política no segundo turno das eleições pres­i­den­ci­ais foi pela abstenção.

Emb­ora vis­ceral­mente con­trário que se cedesse à chan­tagem do petismo que, ao meu sen­tir, teve grande importân­cia na eleição do novo pres­i­dente, por outro lado, minha for­mação e, sobre­tudo, princí­pios, não me per­mi­ti­ram que sufra­gasse o voto no opos­i­tor, não tinha como votar em alguém que já pro­feriu tan­tas enormi­dades, den­tre as quais a de dizer-​se defen­sor da tor­tura.

Difer­ente de muitos que ante a iminên­cia da vitória ou após a mesma se con­sol­i­dar, viraram “bol­sonar­is­tas de carteir­inha” e fiéis defen­sores de sua linha de pen­sa­mento (se é que existe algum), acho que ele nem nascendo outra vez seria um estadista à altura do nosso país.

A despeito disso, o sen­hor Bol­sonaro é o coman­dante do Titanic chamado Brasil e, como mem­bro de sua trip­u­lação, tenho o dever de torcer e con­tribuir para que chegue­mos todos sãos e salvos do outro lado da trav­es­sia.

Acred­ito ainda que ninguém dev­e­ria torcer ou se empen­har para que um gov­erno fra­casse.

O fra­casso dos gov­er­nos só trazem infortúnios aque­les mais frágeis e que, por si só não têm condição de defender-​se.

Até aqui, não tenho condições de pro­je­tar sucesso ou fra­casso do futuro gov­erno. Tenho um pro­fundo desprezo por con­teú­dos mes­siâni­cos de gov­er­nantes, acho que ten­tam usar Deus em seus próprios inter­esses e para jus­ti­ficar even­tu­ais fra­cas­sos. Entre­tanto, pelo que ouvi a respeito das medi­das ini­ci­ais (como redução da máquina pública, com­bate à cor­rupção e a vio­lên­cia, respeito à Con­sti­tu­ição), motivam-​me a acred­i­tar que possa ter sucesso.

Não é tam­bém por ter pro­fun­das divergên­cias com o pres­i­dente eleito, que tenha o dire­ito de descon­hecer, inde­pen­dente do resul­tado do gov­erno – o que somente saber­e­mos no futuro –, a sua grande con­tribuição à democ­ra­cia brasileira.

Vejam que iro­nia deli­ciosa, um suposto apren­diz de dita­dor dando uma grande con­tribuição à democracia.

A eleição do sen­hor Bol­sonaro foi inédita na história repub­li­cana e pode servir de inspi­ração para uma pro­funda trans­for­mação no mod­elo de fazer política e par­tic­i­pação popular.

Se nos despir­mos dos pre­con­ceitos perce­ber­e­mos que, pela primeira vez na história do país um pres­i­dente foi eleito sem o con­sór­cio do “pacto da elites”; sem está calçado nos con­chavos de Brasília; sem as estru­turas cor­rup­tas de máquinas par­tidárias; sem a influên­cia dos grandes con­glom­er­a­dos de comu­ni­cação ou do pode­rio econômico.

Pela primeira vez, temos um pres­i­dente eleito con­tando com a par­tic­i­pação pop­u­lar, que fez e finan­ciou sua cam­panha. E esta con­sumiu, em recur­sos finan­ceiros menos de dois mil­hões de reais, enquanto a do seu con­cor­rente direto gas­tou mais de trinta mil­hões e a pres­i­dente ante­rior, ofi­cial­mente, mais de trezen­tos mil­hões de reais – mas, segundo o sen­hor Antônio Palocci, o gasto real foi de um bil­hão e meio.

Um detalhe a mais, quase 90% (noventa por cento) dos recur­sos vieram da con­tribuição direta dos eleitores.

Na cam­panha do adver­sário direto, com seus mais trinta mil­hões, os recur­sos uti­liza­dos vieram dos cofres públi­cos: fundo par­tidário e fundo especial.

Trata-​se de fato de algo extra­ordinário – fico imag­i­nando se ele não tivesse tan­tos “senões” –, um pres­i­dente livre, final­mente, de tan­tas amar­ras, com­pro­mis­sos e inter­fer­ên­cias que levaram o país à beira do colapso.

A cegueira dos pre­con­ceitos ou dos inter­esses próprios não nos pode pri­var de enx­er­gar isso.

O que se viu com a eleição do sen­hor Bol­sonaro foi algo que nos remete ao ini­cio da rede­moc­ra­ti­za­ção do país – e, em escala infini­ta­mente menor –, com a eleição de alguns poucos dep­uta­dos eleitos por conta de sua história de lutas e por rep­re­sen­tar alguma coisa.

No Maran­hão foi o que vimos com a eleição de Juarez Medeiros e Con­ceição Andrade, como dep­uta­dos estad­u­ais e José Car­los Sabóia como dep­utado fed­eral. Eleitos graças ao apoio direto e finan­ceira de seus eleitores em 1986; o feito foi repetido, ainda, com Juarez Medeiros, Zé Costa, Luís Vila Nova, Domin­gos Dutra, Bened­ito Coroba, José Car­los Sabóia e out­ros poucos, em 1990.

A par­tir da eleição seguinte, à medida que caia o nível dos par­la­men­tos e aumen­tava a influên­cia do pode­rio econômico nas eleições.

Arrisco dizer que a grande maio­ria dos mandatos, senão todos, inclu­sive dos que assumirão em 1º de janeiro, foram “com­pra­dos”, uma ou outra exceção, ape­nas para jus­ti­ficar a regra. Diari­a­mente nos chegam noti­cias do quanto gas­tou os nos­sos “campeões de votos”, muitos deles, ver­dadeiras fortunas.

O que a cam­panha do sen­hor Bol­sonaro gas­tou é o que gasta, por exem­plo, um can­didato a vereador na cap­i­tal do Maran­hão (ou da região met­ro­pol­i­tana) ou um can­didato a prefeito de um municí­pio pequeno (dos menores mesmo). O resto é tudo na casa dos mil­hões, muitos mil­hões.

O que a eleição do sen­hor Bol­sonaro mostrou e res­ga­tou – e por isso deve­mos saudar como uma grande con­tribuição à democ­ra­cia –, é que as cam­pan­has políti­cas podem (e devem) ser difer­entes do que vem se fazendo até o pre­sente momento.

Mostrou que um cidadão sem pode­rio econômico, sem “vender” a alma ao diabo, sem estru­tura par­tidária, sem “com­prar” votos pode ser eleito.

O seu sig­nifi­cado mais emblemático é a devolução do poder ao seu tit­u­lar orig­i­nal: o povo, con­forme manda a Con­sti­tu­ição repub­li­cana.

Esta eleição, perdão por repe­tir, pela primeira vez, deu um sen­tido real ao pará­grafo único do artigo 1º da Con­sti­tu­ição Fed­eral que diz: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de rep­re­sen­tantes eleitos ou dire­ta­mente, nos ter­mos desta Constituição”.

O povo mostrou na eleição do sen­hor Bol­sonaro ser o ver­dadeiro “dono do poder”, fazendo e finan­ciando a sua eleição. Mostrou-​se, assim, o sen­hor do seu destino.

Este mesmo povo que colo­cou o Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, no poder, como expressão das con­quis­tas da sociedade, deu um basta, os empurrou para os rincões do império da mis­éria, anti­gos domínios da Arena, que deu sus­ten­tação ao régime mil­i­tar por mais de duas décadas.

E temos aí uma outra iro­nia da história.

Ora, se o povo foi capaz de fazer isso com uma eleição pres­i­den­cial de uma nação-​continente, com quase 150 mil­hões de eleitores, o que impede que faça o mesmo com os futuros prefeitos, como os vereadores, com os próx­i­mos gov­er­nadores, dep­uta­dos e senadores?

Oxalá o povo tome o seu des­tino nas próprias mãos e faça as mel­hores escol­has para o seu futuro e que não tema con­ser­tar os erros que por­ven­tura cometa.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

A ELEIÇÃO DA EXCLUSÃO.

Escrito por Abdon Mar­inho

A ELEIÇÃO DA EXCLUSÃO.

Por Abdon Mar­inho.

SER­E­NA­DOS os âni­mos (quem chorou, chorou, quem fes­te­jou, fes­te­jou), paro para pen­sar o que foram estas eleições.

Em princí­pio, vejo como sendo sua maior car­ac­terís­tica a exclusão. Durante todo o pleito e, prin­ci­pal­mente, no inter­valo entre o primeiro e o segundo, com maior inten­si­dade nos der­radeiros dias, o que mais ouvi de diver­sos ami­gos ou mesmo pes­soas com as quais não tenho maiores afinidades, foi que se sen­tiam muito mal em ter que votar no can­didato Jair Bol­sonaro, mas que não tin­ham como votar no can­didato do Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT. Um amigo confidenciou-​me: – veja o que tenho que fazer para nos livrar­mos do PT; um outro disse-​me que decidira votar nulo nas eleições. Perguntei-​lhe se não pode­ria mudar de opinião. Respondeu-​me: – Sim. Se perce­ber que há qual­quer chance do PT gan­har, votarei no Bolsonaro.

O reverso deste posi­ciona­mento tam­bém viu-​se bas­tante. Muitos, ape­sar de não sen­tirem qual­quer apreço ao PT e mesmo ao can­didato Fer­nando Had­dad se dis­puseram a votar para evi­tar a vitória do opos­i­tor.

Nos últi­mos dias, então, choveram “cor­rentes” apelando con­tra a can­di­datura Bol­sonaro.

Em meio as muitas “fakes news” a maio­ria dos ape­los con­tin­ham as ver­dades sobre os posi­ciona­men­tos pouco elogiáveis do hoje pres­i­dente eleito em seus quase trinta anos como par­la­men­tar. Coisas chocantes como dizer, por exem­plo, que “defendia a tor­tura” (quem em sã con­sciên­cia pode dizer tal absurdo?) ou que preferiria um filho morto a que fosse um homos­sex­ual e tan­tas out­ras, que, reunidas, for­mariam um livro de impropérios.

Vi, inclu­sive, algu­mas autori­dades, ex-​autoridades, artis­tas e int­elec­tu­ais, não enga­ja­dos dizendo jus­ti­f­i­cando seu voto pela exclusão em relação ao can­didato que não era o seu. E outro tanto dizendo não ao can­didato, não tanto por ele mas para o que rep­re­sen­tava.

Nunca “dei bola” para a afir­mação – de ambos os lados –, de que a eleição de qual­quer um rep­re­sen­taria um risco à democ­ra­cia. Não acho que a nossa democ­ra­cia, ape­sar de jovem, seja tão frágil. Ela resistirá!

Não me atrevo a cen­surar os amigos/​eleitores por de terem escol­hido uma ou outra posição, assim como não cen­suro aque­les out­ros mil­hões de cidadãos que, como eu, resolveram “lavar as mãos” diante das opções que restaram, sufra­gando o voto nulo, branco ou, sim­ples­mente, não com­pare­cendo.

Desde que as duas can­di­dat­uras “pas­saram” para o segundo turno disse que está­va­mos diante de uma “escolha de Sofia”, na qual uma ou outra escolha traria mais dor que alegria.

Pes­soas sen­sa­tas não têm como con­cor­dar ou chance­lar tan­tas asneiras pro­feri­das pelo sen­hor Bol­sonaro, agora pres­i­dente eleito do Brasil. Não vivêsse­mos uma democ­ra­cia plena, com ampla pro­teção à liber­dade de expressão (e não estivesse ele sob o manto da imu­nidade par­la­men­tar), decerto que dev­e­ria ser preso.

Um exem­plo claro é o que disse o cidadão, então dep­utado, a respeito da tor­tura, que, na minha opinião, é um dos crimes o mais infamante, até mesmo com gradação supe­rior a morte. Em alto e bom som disse ser um defen­sor da tor­tura.

Não se tem noti­cias de que alguma vez tenha se des­cul­pado por tamanha afronta aos dita­mes legais, a Con­sti­tu­ição e as cen­te­nas de viti­mas da ignomí­nia.

Nem mesmo agora, depois de eleito pres­i­dente – quando se exige um com­por­ta­mento de paci­fi­cação –, até agora, não se mostrou capaz de tal gesto.

A Con­sti­tu­ição trata a tor­tura com tanta seriedade – e não pode­ria ser difer­ente –, que coloca o tema logo no seu artigo 5º, o que trata dire­itos e garan­tias indi­vid­u­ais. Logo no inciso III esta­b­elece: “III– ninguém será sub­metido a tor­tura nem a trata­mento desumano ou degradante;” e depois, no inciso XLIII, pon­tua: “XLIII — a lei con­sid­er­ará crimes inafi­ançáveis e insuscetíveis de graça ou anis­tia a prática da tor­tura, o trá­fico ilíc­ito de entor­pe­centes e dro­gas afins, o ter­ror­ismo e os definidos como crimes hedion­dos, por eles respon­dendo os man­dantes, os execu­tores e os que, podendo evitá-​los, se omitirem;”.

Como pas­sar por cima de tais coisas – e tan­tas out­ras mais –, e achar con­forme?

Por outro lado, qual­quer pes­soa com o mín­imo de com­pro­misso, tam­bém, é sabedora dos riscos de um retorno do Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, ao poder.

Ao meu sen­tir, seria como se estivésse­mos cedendo a mais infame das chan­ta­gens e coon­e­s­tando com um mod­elo de gov­er­nança cor­rupta que san­grou o país durante uma década e meia.

Nunca se disse que o PT “inven­tou” a cor­rupção. Não, ela já exis­tia e, temo, sem­pre exi­s­tirá. O que se diz – e não temos o dire­ito de igno­rar –, é que este par­tido fez da cor­rupção um método de gov­erno.

Os bil­hões de reais dra­ga­dos dos orça­men­tos estatais foram parar nas con­tas de seus ali­a­dos e das próprias lid­er­anças par­tidária – e por isso muitas lid­er­anças estão pre­sas e out­ras a cam­inho do cárcere –, para o finan­cia­mento de diver­sas ditaduras san­guinárias ao redor do mundo. Ditaduras estas respon­sáveis por ver­dadeiros mas­sacres de seus povos.

Mas não é só, esses bil­hões em recur­sos públi­cos desvi­a­dos para con­tas de líderes políti­cos e empre­sari­ais e tam­bém para finan­ciar as “ditaduras ami­gas” que tor­tu­ram, mata e aniquilam seus cidadãos, deixaram de ser empre­ga­dos em bene­fí­cio dos cidadãos brasileiros, sobre­tudo, os mais neces­si­ta­dos.

Como se tam­bém fosse uma estraté­gia política man­ter mil­hões de brasileiros na mis­éria e na dependên­cia econômica das políti­cas assis­ten­cial­is­tas, como um per­ma­nente “cur­ral eleitoral”.

Mas é assim, esse é um filme repetido, pro­je­tos de ditaduras, como vam­piros se ali­men­tam da mis­éria que juram com­bater. Não foi sem razão que o can­didato petista gan­hou de “lavada” nos mil municí­pios brasileiros com os piores indi­cadores de IDH, em alguns, cra­vando quase cem por cento dos votos.

Apan­hado, por duas vezes, nos “malfeitos”, para não dizer, cor­rupção desen­f­reada, só para citar os dois escân­da­los mais emblemáti­cos, o “men­salão” e o “petrolão”, ao invés de se “pen­i­ten­cia­rem” e se des­cul­parem pub­li­ca­mente, fiz­eram jus­ta­mente o con­trário, colo­caram a culpa na Poli­cia Fed­eral, no Min­istério Público e no Poder Judi­ciário.

Fiz­eram pior, ante a pos­si­bil­i­dade, ainda que remota de gan­harem as eleições, infor­maram que que­riam “tomada do poder”, con­forme disse o con­den­sável e con­de­nado José Dirceu; ou a soltura dos con­de­na­dos pela justiça em proces­sos reg­u­lares, con­forme infor­mou a pres­i­dente do par­tido.

O próprio can­didato Fer­nando Had­dad, mostrando pouco respeito pelas insti­tu­ições democráti­cas do país, com reg­u­lar­i­dade ia a Curitiba, onde se encon­tra encar­cer­ado o ex-​presidente Lula, pegar “instruções” (será que pre­tendia ser um pres­i­dente fan­toche com o ver­dadeiro pres­i­dente man­dando de den­tro da cadeia?), mas não é só: no próprio dis­curso de recon­hec­i­mento da der­rota fez questão de recla­mar da “injusta” prisão do ex-​presidente.

O que muitos se recusam a enx­er­gar – ou só enx­er­garam tar­dia­mente –, é que esta­mos diante de uma agremi­ação par­tidária com um pro­jeto de poder hegemômico que não titubeia, como acaba de fazer, em descon­struir quais­quer out­ros pro­je­tos políti­cos que não sejam o seu, vimos isso com Ciro Gomes, Marina Silva, só para citar os do seu campo, e mesmo colo­car em risco o futuro do país.

Uma das coisas mais inusi­tadas que observei na pro­posta do can­didato petista foi a “eleição” do PSDB, como um “inimigo” a ser destruído – depois andavam choramin­gando e esmolando por seu apoio.

Essa pre­sunção e petulân­cia vêm de longe. Quando se colo­cou con­tra a eleição de Tan­credo Neves; quando foi con­tra a Con­sti­tu­ição de 1988; quando foi con­tra o Plano Real, e tan­tos out­ros. Os exem­p­los cita­dos são ape­nas os mais notórios.

Foi esse pro­jeto hegemônico do PT o maior impul­sion­ador da can­di­datura do atual pres­i­dente eleito, Jair Bol­sonaro.

Mil­hões de brasileiros se dis­puseram a votar nele, ape­sar de todas as restrições, para impedir a vitória do petismo.

Não pensem que se deram por acha­dos. Agora mesmo – e dis­seram isso no dis­curso da der­rota –, querem se “vestir” de legí­ti­mos rep­re­sen­tantes dos que não votaram no pres­i­dente eleito e já ini­ciam os tra­bal­hos para “sab­o­tar” as ini­cia­ti­vas do futuro gov­erno, como, aliás, sem­pre fiz­eram.

Em todo caso, aque­les mais de cem mil­hões de brasileiros que se dis­puseram a votar nos dois pro­je­tos estão de parabéns pois con­seguiram superar bar­reiras que, para mim – e out­ros tan­tos mil­hões –, foram intransponíveis. Não dormiria tran­quilo tento votado em nen­hum dos dois.

Encerro dizendo que agora temos um pres­i­dente eleito que é de todos os brasileiros que têm com­pro­mis­sos com este país e por isso, deve­mos torcer — e até con­tribuir –, para que faça um grande gov­erno, pois o Brasil e os brasileiros merecem.

Abdon Mar­inho é advo­gado.