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DEU PT. E AGORA?

Escrito por Abdon Mar­inho

DEU PT. E AGORA?

Por Abdon Marinho.

OS DESAV­ISA­DOS poderão imag­i­nar que estou a sug­erir uma pos­sível vitória do Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, nas eleições.

Out­ros, igual­mente desav­isa­dos, talvez deduzam que o tit­ulo refira-​se a Perda Total, aquela situ­ação de sin­istro que ocorre quando o bem segu­rado fica imprestável e o segu­rado recebe o valor do prêmio integral.

Pode não ser nada disso, como, tam­bém, pode ser as duas coisas.

O resul­tado do primeiro turno das eleições é a com­pro­vação de que o PT, pelo menos no que con­ce­beu de estraté­gia, saiu-​se vito­rioso pois colo­cou a eleição onde que­ria: uma dis­puta plebisc­itária entre o seu mod­elo de gov­ernar o país em oposição as pro­postas defen­di­das pelo sen­hor Bol­sonaro.

Neste sen­tido deu PT, tam­bém, como abre­vi­ação de “Perda Total” pois usou toda a sua máquina de moer rep­utações, estru­tura e inserção nos movi­men­tos soci­ais para aniquilar as pro­postas polit­i­cas dos demais par­tidos.

Há, assim uma “perda total” para con­cepção do que se entende e se quer para o futuro do país.

O Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT, coman­dado de den­tro da prisão, como as orga­ni­za­ções crim­i­nosas, coloca os cidadãos de bem na difí­cil mis­são de ter que escol­her entre dois extremos e assim mesmo man­ter o país divi­dido e ingovernável por, pelo menos, mais qua­tro anos.

É certo – e os mais esclare­ci­dos já estão cansa­dos de saber –, que o líder da facção petista em nen­hum momento de seu longíquo tempo de poder pen­sou no Brasil ou no que seria mel­hor para a democ­ra­cia brasileira.

Assim, impôs um can­didato seu, um “poste” que, a despeito de dis­putar o mais impor­tante cargo da República, não sente qual­quer con­strang­i­mento em com­pare­cer reg­u­lar­mente à sede da Poli­cia Fed­eral em Curitiba, Paraná, para rece­ber ordens e instruções do chefe que se encon­tra encar­cer­ado por ter sido con­de­nado a doze anos de prisão e um mês por cor­rupção e lavagem de din­heiro.

Será que alguém com o mín­imo de bom senso acha razoável que um can­didato a presidên­cia da República se dirija reg­u­lar­mente à prisão para rece­ber ordens de um crim­i­noso encarcerado?

Não sat­is­feito com isso, em obri­gar que o can­didato à presidên­cia da República do país (é bom reforçar isso) receba ordens do “chefe” na prisão, a escolha do can­didato, só para reforçar o acinte, recaiu sobre alguém que tes­tado na gestão pública na cidade de São Paulo, há ape­nas dois anos foi rejeitado por mais de oitenta e cinco por cento dos eleitores daquele municí­pio, per­dendo a eleição ainda no primeiro turno.

Mas quem pen­sou que estavam sat­is­feitos, enganou-​se nova­mente, o Plano de Gov­erno Petista deixa claro que pre­ten­dem trans­for­mar o Brasil numa nova Venezuela. As prin­ci­pais lid­er­anças do par­tido falam aber­ta­mente em con­t­role da mídia, redução de poderes inves­tiga­tivos do Min­istério Público e até mesmo na redução dos poderes do Supremo Tri­bunal Fed­eral — STF, que é a mais ele­vada corte do país.

O pro­grama e pre­gação do Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, através de seus líderes, sig­nifica a supressão do que se com­preende como democ­ra­cia. Aliás, por falar em democ­ra­cia, esse parece-​nos um con­ceito com os quais sem­pre tiveram pouca famil­iari­dade.

Sem­pre tra­bal­haram, inclu­sive neste pleito, com um pro­jeto hegemônico de poder, não poupando para isso nem os seus ali­a­dos mais fiéis. A imposição de um can­didato do par­tido, mesmo quando sabiam de suas frag­ili­dades, tam­bém tinha o propósito for­t­ale­cer a leg­enda para que eleger uma grande ban­cada de dep­uta­dos.

Com os eleitores falando noutro numero de can­didato não teriam como atin­gir esse intento.

O PT, como sem­pre fez, não pen­sou em um nome mais viável de um outro par­tido – mesmo que fosse do seu campo –, pela mesma razão de sem­pre: os inter­esses do par­tido vêm antes dos inter­esses do Brasil. Sem­pre foi assim, sem­pre usou as out­ras leg­en­das ditas de esquerda e os tais movi­men­tos soci­ais em seu próprio inter­esse.

Esse tipo de acinte, de desre­speito aos cidadãos de bem, que tra­bal­ham dia e noite de forma hon­esta para pagar suas con­tas, esse com­por­ta­mento acin­toso com os val­ores democráti­cos, têm sido – e as urnas com­pro­vam isso – o prin­ci­pal com­bustível para o for­t­alec­i­mento de ideias de resistên­cia, porém, extremadas do outro lado.

Como disse num texto ante­rior, o movi­mento “bol­sonar­ista» é, sobre­tudo, um movi­mento que se opõe a essa pro­posta petista cada vez mais rad­i­cal­izada e com clara inspi­ração no mod­elo que foi implan­tado na Venezuela, que ape­sar de toda des­graça que cau­sou e vem cau­sando aquele país viz­inho, para o PT e seus satélites, é um “mod­elo de democ­ra­cia”.

Para eles a democ­ra­cia venezue­lana não fica “devendo” nada a nen­huma outra. E isso foi ver­bal­izado jus­ta­mente por aquele que se apre­sen­tou nas eleições como o mais preparado do seu campo, o sen­hor Ciro Gomes, do PDT, nes­tas eleições.

Deu PT, no sen­tido que o par­tido saiu vito­rioso no seu intento de eleger um bom número de par­la­mentares e ir para o segundo turno como rep­re­sen­tante do “anti-​bolsonarismo”, e assim, cap­i­talizar como seus votos que vir a ter no final do pleito.

Deu PT, no sen­tido de que o par­tido “levou” para o segundo turno jus­ta­mente o can­didato que não rep­re­senta qual­quer ameaça ao seu pro­jeto de rep­re­sen­tante de todas as demais forças que se opõe ao can­didato Jair Bol­sonaro, do PSL, e suas ideias.

E aqui, jus­ta­mente neste ponto, chamo a atenção para um detalhe para o qual pou­cas pes­soas aten­taram, mas que tam­bém faz parte da estraté­gia petista que é referir-​se ao opos­i­tor como “Coiso”.

Ora, Coiso é a des­ig­nação que se dá a qual­quer indi­viduo quando não se sabe ou não se con­segue lem­brar o nome, o fulano.

Não é o caso do can­didato, ele tem pré-​nome, nome e sobrenome. Ao «coisi­fi­carem» o can­didato estão fal­tando com respeito não ape­nas ao ser humano em si, mas tam­bém a todas as demais pes­soas, que, ao menos momen­tanea­mente, o tem como líder. Ao chama-​lo de “coiso» estão dizendo o mesmo de mil­hões de brasileiros.

Tanto assim que o “Coiso» quase liq­uida a “fatura” no primeiro turno, um feito, sobre­tudo, para quem era tido como uma espé­cie de “azarão» da dis­puta, com todos os adver­sários, prin­ci­pal­mente o PT, apo­s­tando no seu “der­re­ti­mento» logo no ini­cio da cam­panha.

No fim do primeiro turno constatou-​se que fal­tou uma “cois­inha assim” para que o “Coiso” levar a vitória para casa e, diga-​se, prati­ca­mente, sem «sair de casa”.

Deu PT, como “perda total”, porque o can­didato “escol­hido” pelo PT como con­traponto ao seu pro­jeto danoso de poder não apre­senta muita coisa além do “anti-​petismo”. Pro­postas de gov­erno exe­quíveis, com começo meio e fim não existe. Não passa de uma carta de intenções.

A prova mais con­tun­dente disso é que mesmo o núcleo cen­tral da cam­panha do sen­hor Bol­sonaro, ele próprio, seu can­didato a vice e seu suposto min­istro da fazenda no calor da cam­panha batem cabeça sobre pon­tos cru­ci­ais para sociedade, sem con­tar as enormi­dades que dizem.

A sociedade brasileira, em pleno século 21, chega para uma eleição pres­i­den­cial com um par­tido coman­dado de den­tro da prisão chan­tage­ando os eleitores e fazendo-​os optar, não entre pro­postas conc­re­tas de gov­erno, como seria o nor­mal, mas entre o “anti-​isso” ou anti-​aquilo”.

Não votare­mos (e aqui me incluo) em uma pro­posta. Votare­mos para evi­tar, segundo as con­vicções de cada eleitor, um mal maior para o país. Votare­mos con­tra ou a favor da chan­tagem do PT que tenta tirar proveito, mais uma vez, de seus próprios crimes.

Con­fesso que torci, como nunca, para que a eleição tivesse sido deci­dida no primeiro turno. Não por dese­jar a vitória do sen­hor Bol­sonaro, mas para não ter que fazer essa “escolha de Sofia” com os des­ti­nos do Brasil.

Deu PT, deu perda total. E agora? A dis­tân­cia do 1 ao 3 é a mesma do 1 ao 7.

Abdon Mar­inho é advogado.

A HORA DO VOTO: O QUE PODE E O QUE NÃO PODE.

Escrito por Abdon Mar­inho

ELEIÇÕES 2018 — A HORA DO VOTOCAL­ENDÁRIO ELEITORAL.

07 DE OUT­UBRO DE 2018DIA DA ELEIÇÃO.

(Lei nº9.504/1997, art. 1º, caput)

Data em que se realizará a votação do primeiro turno das eleições, por sufrá­gio uni­ver­sal e voto direto e secreto, observando-​se na seção eleitoral, de acordo com o horário local:

A par­tir das 7 horas

1.1. Insta­lação da seção eleitoral (Código Eleitoral, art. 142).

1.2. Emis­são do Relatório Zerésima da urna eletrônica insta­l­ada na seção eleitoral.

Às 8 horas

1.3. Iní­cio da votação (Código Eleitoral, art. 144).

Às 17 horas

1.4. Encer­ra­mento da votação (Código Eleitoral, arts. 144 e 153).

A par­tir das 17 horas

1.5. Emis­são dos boletins de urna.

2. Data em que serão obser­va­dos os seguintes pro­ced­i­men­tos, vedações e permissões:

2.1. Quanto aos eleitores, fis­cais, mesários e servi­dores nas seções eleitorais, nos locais de votação e nas jun­tas apuradoras:

a) Fac­ul­tado ao eleitor que estiver ausente de seu domicílio eleitoral — inclu­sive o trans­ferido tem­po­rari­a­mente para votar em trân­sito — jus­ti­ficar sua ausên­cia na votação nas mesas recep­toras de votos ou nas de jus­ti­fica­ti­vas, insta­l­adas para esse fim, no mesmo horário reser­vado para a votação.

b) Vedado ao eleitor por­tar apar­elho de tele­fo­nia celu­lar, máquina fotográ­fica, fil­madora, equipa­mento de radio­co­mu­ni­cação ou qual­quer instru­mento que possa com­pro­m­e­ter o sig­ilo do voto, devendo a mesa recep­tora, em caso de porte, reter esses obje­tos enquanto o eleitor estiver votando (Lei nº9.504/1997, art. 91-​A, pará­grafo único).

c) Per­mi­tida a man­i­fes­tação indi­vid­ual e silen­ciosa da prefer­ên­cia do eleitor por par­tido político, col­i­gação ou can­didato (Lei nº9.504/1997, art. 39-​A, caput).

d) Vedada, até o tér­mino da votação, a aglom­er­ação de pes­soas por­tando ves­tuário padronizado, bem como ban­deiras, broches, dís­ti­cos e ade­sivos que car­ac­ter­izem man­i­fes­tação cole­tiva, com ou sem uti­liza­ção de veícu­los (Lei nº9.504/1997, art. 39-​A, § 1º).

e) Vedado aos servi­dores da Justiça Eleitoral, aos mesários e aos escruti­nadores, no recinto das seções eleitorais e jun­tas apu­rado­ras, o uso de ves­tuário ou objeto que con­tenha qual­quer pro­pa­ganda de par­tido político, de col­i­gação ou de can­didato (Lei nº9.504/1997, art. 39-​A, § 2º).

f) Vedado aos fis­cais par­tidários, nos tra­bal­hos de votação, o uso de ves­tuário padronizado, sendo-​lhes per­mi­tido tão só o uso de crachás com o nome e a sigla do par­tido político ou col­i­gação (Lei nº9.504/1997, art. 39-​A, § 3º).

2.2. Quanto aos can­didatos, par­tidos políti­cos e coligações:

a) Último dia para o par­tido político requerer o can­ce­la­mento do reg­istro do can­didato que dele for expulso, em processo no qual seja asse­gu­rada a ampla defesa, com observân­cia das nor­mas estatutárias (Lei nº9.504/1997, art. 14).

b) Último dia para can­didatos e par­tidos arrecadarem recur­sos e con­traírem obri­gações, ressal­vada a hipótese de arrecadação com o fim exclu­sivo de quitação de despe­sas já con­traí­das e não pagas até esta data (Lei nº9.504/1997, art. 29, § 3º).

2.3. Quanto aos locais de votação:

a) Afix­ação obri­gatória, nas partes interna e externa das seções eleitorais e em local visível, cópia do inteiro teor do dis­posto no art. 39-​A da Lei nº9.504/1997 (Lei nº9.504/1997, art. 39-​A, § 4º).

2.4. Quanto à pro­pa­ganda eleitoral:

a) Vedado, con­sti­tuindo crime a des­obe­diên­cia à norma, o uso de alto-​falantes e ampli­fi­cadores de som ou a pro­moção de comí­cio ou car­reata, a arreg­i­men­tação de eleitor ou a pro­pa­ganda de boca de urna, a divul­gação de qual­quer espé­cie de pro­pa­ganda de par­tidos políti­cos ou de seus can­didatos e a pub­li­cação de novos con­teú­dos ou o impul­sion­a­mento de con­teú­dos nas apli­cações de inter­net de que trata o art. 57-​B da Lei n° 9.504÷1997, podendo ser man­ti­dos em fun­ciona­mento as apli­cações e os con­teú­dos pub­li­ca­dos ante­ri­or­mente (Lei nº9.504/1997, art. 39, § 5º, incisos I, II e III).

2.5. Quanto às pesquisas eleitorais:

a) Per­mi­tida a divul­gação, a qual­quer momento, das pesquisas real­izadas em data ante­rior à da eleição, para todos os cargos.

b) Per­mi­tida a divul­gação, tão logo encer­rado o pleito em todo o ter­ritório nacional, das pesquisas real­izadas no dia da eleição rel­a­ti­vas às eleições presidenciais.

Per­mi­tida a divul­gação, a par­tir das 17 horas do horário local, das pesquisas real­izadas no dia da eleição ref­er­entes aos car­gos de Gov­er­nador, Senador, Dep­utado Fed­eral, Estad­ual e Distrital.

2.6. Quanto à urna eletrônica:

a) Per­mi­tida a sub­sti­tu­ição da urna que apre­sen­tar prob­lema antes do iní­cio da votação por urna de con­tingên­cia, sub­sti­tu­ição do cartão de memória de votação ou real­iza­ção de nova carga, medi­ante autor­iza­ção do juiz eleitoral, convocando-​se os rep­re­sen­tantes dos par­tidos políti­cos, das col­i­gações, da Ordem dos Advo­ga­dos do Brasil e do Min­istério Público para, querendo, acom­pan­harem os procedimentos.

b) Per­mi­tida a carga, a qual­quer momento, em urnas de con­tingên­cia ou de justificativa.

2.7. Quanto à fis­cal­iza­ção, audi­to­ria e à divul­gação dos dados:

a) Real­iza­ção dos pro­ced­i­men­tos, por amostragem, de audi­to­ria da votação eletrônica sob condições nor­mais de uso, das 8 às 17 horas, em cada unidade da Fed­er­ação, em um só local, público e com expres­siva cir­cu­lação de pes­soas, des­ig­nado pelo respec­tivo tri­bunal regional eleitoral.

b) Atu­al­iza­ção, até as 16 horas do horário de Brasília, das cor­re­spondên­cias esper­adas entre urna e seção, na inter­net, pelo Tri­bunal Supe­rior Eleitoral.

c) Ofi­cial­iza­ção automática do sis­tema de trans­mis­são de arquivos de urna, a par­tir das 12 horas, obser­vado o horário local.

d) Último dia, até as 17 horas, para a real­iza­ção da ver­i­fi­cação da assi­natura dig­i­tal e dos resumos dig­i­tais (hash) do Sis­tema de Trans­porte de Arquivos da Urna Eletrônica, do Sub­sis­tema de Insta­lação e Segu­rança e da Solução JE-​Connect insta­l­a­dos nos equipa­men­tos da Justiça Eleitoral, caso requeri­dos à Justiça Eleitoral até 5 (cinco) dias antes das eleições.

e) Data a par­tir da qual, até 20 de out­ubro de 2018, os dados dos resul­ta­dos rel­a­tivos ao primeiro turno estarão disponíveis em Cen­tro de Dados provido pelo Tri­bunal Supe­rior Eleitoral.

f) Real­iza­ção dos pro­ced­i­men­tos, por amostragem, de audi­to­ria do fun­ciona­mento das urnas eletrôni­cas no dia da votação por meio da ver­i­fi­cação da aut­en­ti­ci­dade e inte­gri­dade dos sis­temas, a par­tir das 7 horas e antes da emis­são da zerésima da urna, nas dependên­cias da seção eleitoral.

2.8. Quanto ao comércio:

a) Pos­si­bil­i­dade de fun­ciona­mento, desde que os esta­b­elec­i­men­tos que fun­cionarem neste dia pro­por­cionem efe­ti­vas condições para que seus fun­cionários pos­sam exercer o dire­ito e o dever do voto (Resolução-​TSE nº22.963/2008).

ELEIÇÕES, CON­SCIÊN­CIA E “DERROTAS”.

Escrito por Abdon Mar­inho

ELEIÇÕES, CON­SCIÊN­CIA E “DER­RO­TAS.

Por Abdon Marinho.

DESDE menino que a política faz parte da minha vida. Já em 1982, ainda cri­ança, tive par­tic­i­pação nas eleições daquele ano.

Com mal ou bem vivi­dos cinquenta, exper­i­mentei mais der­ro­tas que vitórias. Posso dizer, entre­tanto, que as der­ro­tas mais doí­das foram aque­las que gan­hei.

Certa vez, um amigo que acom­panha, ao menos em parte, essa história, indagou-​me se não me inco­mo­dava em, quase sem­pre, escol­her o “lado errado”.

Respondi-​lhe que não, pois na ver­dade minha escol­has se davam por aquilo que, segundo o meu entendi­mento, eram as mel­hores opções para o país, o estado ou o municí­pio; que o impor­tante para mim era ter a con­sciên­cia de ter feito a coisa certa.

E é assim que penso, pior que fazer a escolha “errada” é fazer a escolha “certa”, não por ser a mel­hor opção para o bem comum, para a nação, estado ou municí­pio, mas sim pela con­veniên­cia de escol­her aquele que a eleição se apre­sente mais fácil, mesmo sabendo que se trata de um escroque, um cor­rupto que está imbuído dos piores propósi­tos.

Faço a escolha de ficar em paz com a minha con­sciên­cia, com aquilo que acred­ito ser o cor­reto, ético e das quais não tenha que me enver­gonhar depois (e devo dizer que fiz escolha que me envergonharam).

Um dis­cur­sos dos mais emo­cio­nantes do Senado da República foi pro­ferido pelo bril­hante senador ama­zo­nense Jef­fer­son Peres, lá pelos idos de 2006.

Naquela opor­tu­nidade o senador descorti­nava toda a cor­rupção trazida a público pelo chamado escân­dalo do “Men­salão Petista”. E refle­tia dizendo que a despeito disso, de toda a cor­rupção exposta o ex-​presidente de então, Sen­hor Luís Iná­cio Lula da Silva, apare­cia nas pesquisas de intenção de votos como favorito.

O senador dizia que o can­didato a reeleição pode­ria ter quase a total­i­dade dos votos dos brasileiros, mas não o dele.

Foi neste dis­curso que aquele grande brasileiro (não na estru­tura física, mas no caráter) anun­ciou que não mais seria can­didato, tal o nojo que tomara da política brasileira, tal a decepção que lhe acome­tia. Daquele dis­curso até sua morte o senador vive­ria pouco menos de dois anos.

As proféti­cas palavras do senador foram igno­radas pelos eleitores que reelegeram o ex-​presidente para mais um mandato emb­ora sabendo (e par­tic­i­pando, sabe-​se hoje) de toda a ban­dal­heira ocor­rida em seu gov­erno.

Já naquela opor­tu­nidade qual­quer pesquisa ou enquete dava conta que a pop­u­lação tinha con­hec­i­mento que o ex-​presidente era sabedor de toda a cor­rupção exis­tente no seu gov­erno e ainda assim preferiu elegê-​lo e o resul­tado daquele desac­erto de 2006 todos con­hece­mos hoje. Naquele histórico dis­curso o senador Peres crit­i­cava a sociedade, o povo, os eleitores e tam­bém classe artís­tica e int­elec­tual que se mostrava conivente e aceitava de bom grado a cor­rupção como estraté­gia de poder prat­i­cada pelo ex-​presidente Lula e a quadrilha que instalou no poder, desde que lá chegou, no já longín­quo ano de 2003.

Essa mesma sociedade, esse mesmo povo, os mes­mos artis­tas e pseudo-​intelectuais que ainda hoje – como fiz­eram naquele 2006 –, fin­gem que nada de errado acon­te­ceu com este país nos des­gov­er­nos de Lula e Dilma, que a política é mesmo esse pân­tano fétido e que é “líc­ito” aos políti­cos meterem a mão na “merda”, con­forme disse um destes artis­tas num show em apoio ao ex-​presidente Lula naquela opor­tu­nidade.

No pleito de 2006, como em diver­sos out­ros fiz a opção de “votar errado”, escolhi o can­didato que seria der­ro­tado por mais de sessenta por cento dos eleitores, pela classe artista e pelos “int­elec­tu­ais”, os “bonzinhos”.

Mas, olhando para trás, será que fui eu o “errado”? Será que não teríamos evi­tado todos os males que ocor­reram no país na última década, se em 2006 a maio­ria do povo brasileiro não tivesse escol­hido um pro­jeto político que já sabia car­co­mido pela cor­rupção? Será que não estaríamos bem mel­hores se tivésse­mos dado um “basta” na cor­rupção naquele momento?

Hoje assisto as pes­soas se per­guntarem como cheg­amos a esse nível de ban­dalha, a esse nível de rad­i­cal­iza­ção, a esse nível de deses­per­ança. Como? Explico: foi em 2006, quando a maio­ria da pop­u­lação eleitora ape­sar de aler­tada resolveu “fin­gir” acred­i­tar que o ex-​presidente Lula era inocente e votar nele para con­tin­uar um pro­jeto crim­i­noso de poder. Ou, pior que isso, resolveu que era “nor­mal” a cor­rupção fazer parte da vida cotid­i­ana da sociedade.

Acon­tece que os eleitores não fiz­eram isso ape­nas porque os “artis­tas” ou “int­elec­tu­ais” pedi­ram, dis­seram que o país estava no cam­inho certo. Não. Fiz­eram porque são indifer­entes aos males da cor­rupção desde que tirem alguma van­tagem, desde que rece­bam a bolsa disso, daquilo, ou uma esmola de algum político safado.

A prova maior disso é que ainda hoje con­tin­uam a votarem em políti­cos que são “cor­rup­tos de nascença”.

Isso mesmo, não escol­hem alguém que depois de eleito virou cor­rupto, nada disso, escol­hem aque­les que sabem serem cor­rup­tos desde sem­pre, que em tudo que fiz­eram foi com o propósito de roubar, desviar, tirar algum proveito próprio.

A sociedade, os eleitores sabem quem são eles, con­hecem as for­tu­nas que são feitas da noite para o dia, como num passé de mág­ica. Mas aceitam, e até acham “bonito” que fulano que nunca tra­bal­hou, nunca enfiou um “prego numa barra de sabão” vire mil­ionário roubando o din­heiro da escola que falta aos seus fil­hos, o posto de saúde que pode­ria socorrê-​los numa emergên­cia, na estrada que os levaria a algum lugar, etc. acham bonito que esses recur­sos virem a for­tuna dos seus rep­re­sentes.

O Brasil escol­heu e escolhe a cada pleito sua própria des­graça.

Não, não tenho receio de “perder meu voto” escol­hendo aque­les que acred­ito mais prepara­dos, mais hon­estos e com­pro­meti­dos com o inter­esse público. Infe­liz­mente, estes estão cada vez mais raros.

A minha con­sciên­cia impõe que pre­fira a “der­rota” à cumpli­ci­dade. É o que penso.

Abdon Mar­inho é advo­gado.