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PRE­CON­CEITOS CONTRADITÓRIOS.

Escrito por Abdon Mar­inho

PRECON­CEITOS CONTRADITÓRIOS.

Por Abdon Mar­inho.

RECEBO dos ali­a­dos e defen­sores do can­didato do PT, Fer­nando Had­dad, através das redes soci­ais, e com ares de escân­dalo, a infor­mação (não sei se ver­dadeira ou falsa) que o can­didato do PSL, Sen­hor Bol­sonaro teria dito, sug­erido ou defen­dido o nome do ator(?) Alexan­dre Frota como min­istro da cul­tura na hipótese de eleger-​se à presidên­cia da República.

Como disse, tratam a notí­cia como escân­dalo ou um crime.

Não dis­cutem se o cidadão pos­sui com­petên­cia ou não para o cargo – é até pos­sível que tenha, ou não –, mas ata­cam e se escan­dal­izam porque o suposto indi­cado, há dezenas de anos, ainda no século pas­sado, teria atu­ado como ator em filmes de con­teúdo adulto homos­sex­ual.

Para reforçar o “escân­dalo” junto com a “notí­cia” colo­cam fotos das pelícu­las onde o ator aparece em tór­ri­das cenas de sexo com out­ros atores.

Ora, se acusam o can­didato de con­ser­vador, rea­cionário, homofóbico, den­tre out­ras adje­ti­vações, por que o falso escân­dalo por uma pos­sível indi­cação do ator?

Enten­de­ria, caso ques­tionassem a ausên­cia de com­petên­cia, caso estivesse envolvido em escân­da­los de cor­rupção, etc, – o que, até aqui, não se noticia.

O rapaz estaria desqual­i­fi­cado para o cargo por ter sido ator de filmes gays? Por ter feito cenas “quentes” de sexo com out­ros homens?

Mas não é o sen­hor Bol­sonaro que é homofóbico? Que cri­ará um Comando de Caça aos Gays?

Não con­sigo enten­der. Se é este can­didato que reúné as piores car­ac­terís­ti­cas de intol­erân­cia, por que a “grita” se a suposta indig­nação é jus­ta­mente em sen­tido contrário?

Quem está sendo pre­con­ceitu­oso e intolerante?

Observo que se o suposto indi­cado, tivesse, por exem­plo, matado alguém – crime mais grave da hier­ar­quia penal –, ao invés de ter feito um ou mais filmes gays, já estaria livre, leve e solto, no jargão: “teria pago sua dívida com a sociedade” e, até mesmo pelas políti­cas de inserção de egres­sos na vida social, apto a qual­quer tra­balho e seria incen­ti­vado a tê-​los. Já o cidadão que ao invés disso, fez (ou rep­re­sen­tou) cenas de sexo com outro homem, há décadas, não pode ocu­par um cargo público, seja de min­istro, secretário, dep­utado ou o que o valha, sem que seja crit­i­cado ou cen­surado por isso?

Não seria o contrário?

Não con­sigo enten­der essa crítica ao can­didato por uma suposta indi­cação, jus­ta­mente das pes­soas que, a vida inteira se venderam como de van­guarda, tol­er­antes, etc.

Um can­didato, então não pode indicar um ator pornô. Seria pre­con­ceito con­tra a pornografia? Con­tra atores gays ou de filmes gays?

Con­fesso que não con­sigo entender.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

O “BOL­SONAR­ISMO” E O FRA­CASSO DA POLÍTICA.

Escrito por Abdon Mar­inho

OBOL­SONAR­ISMO” E O FRA­CASSO DA POLÍTICA.

Por Abdon Mar­inho.

QUAL­QUER que seja o resul­tado da dis­puta eleitoral deste ano tenho por mim que a política nacional nunca mais será a mesma.

No cen­tro desta assertiva, com maior destaque, o can­didato a pres­i­dente Jair Bol­sonaro.

A par­tir da chamada rede­moc­ra­ti­za­ção do pais, con­tada da data da eleição de Tan­credo Neves, em 1985, não surgiu um político capaz de gal­va­nizar tan­tos sen­ti­men­tos – para o bem ou para o mal, quanto ele.

Não há para­lelo. O difer­en­cial em todos estes atos pró-​Bolsonaro é o caráter vol­un­tário. Mesmo nos menores municí­pios nordes­ti­nos, tidos como ter­ritório do “petismo” temos vis­tos car­reatas, “moto­cadas” ou mesmo pas­seio de bici­cle­tas, em apoio ao can­didato do Par­tido Social Lib­eral — PSL.

Os “seguidores” do “bol­sonar­ismo” fazem questão de dizer que estão lá – par­tic­i­pando dos even­tos do can­didato, sem o can­didato –, de forma vol­un­tária e espon­tânea.

Vão além: com­pram as camisas do can­didato e tratam o can­didato como “mito”.

Não me recordo de ter assis­tido um movi­mento igual em apoio a nen­hum can­didato na recente história política do país. Mesmo o movi­mento “Dire­tas Já”, de 1984, era um movi­mento de “causa”, se voltava con­tra a ditadura mil­i­tar e pelo dire­ito de escolha pelo voto direto do diri­gente da nação. Sem con­tar que reu­nia uma miríade de pes­soas e sen­ti­men­tos, estes os mais dís­pares.

Outro grande movi­mento “espon­tâ­neo” ocor­rido a par­tir de 2013, se voltava con­tra tudo e con­tra todos, sem pos­suir um obje­tivo determinado.

O que vemos hoje – e acho que as pesquisas de opinião pública não refletem com exatidão o fenô­meno –, é o mais extra­ordinário movi­mento político espon­tâ­neo das últi­mas décadas, retro­cedo para antes do régime mil­i­tar, implan­tado em 1964.

Em ter­mos pro­por­cionais temos algo bem pare­cido ao movi­mento getulista, no século pas­sado – e aí já peço des­cul­pas aos his­to­ri­adores se disse alguma tolice.

E por que acho que esta­mos diante de um fenô­meno político? Sim­ples, o sen­hor Bol­sonaro é, talvez, um dos mais frágeis, den­tre os can­didatos, com ideias rasas e de senso comum que sei, não encon­tram adep­tos nem entre os seus mais fieis eleitores e/​ou seguidores, a maio­ria com­posta por pes­soas de for­mação int­elec­tual supe­rior.

Por isso mesmo, a quase a una­n­im­i­dade dos seus eleitores, con­cor­dam que o seu preparo para gov­ernar só seja igual ou supe­rior ao da ex-​presidente Dilma ou do ex-​presidente Lula.

Ape­sar de tan­tas situ­ações pes­soais des­fa­voráveis e ideias cur­tas, con­tando com estru­tura par­tidária minús­cula, pos­suir pouquís­si­mos segun­dos de tempo na tele­visão e rádio e de ter ficado fora de ativi­dades de cam­panha durante, prati­ca­mente, todo o primeiro turno – por conta do aten­tado –, con­segue reunir o apoio de mais trinta por cento do eleitorado, não deixa dúvi­das que o sen­hor Bol­sonaro é um fenô­meno político.

Como não recon­hecer como fenô­meno um can­didato que a despeito de tan­tas frag­ili­dades conta, hoje, com o apoio «fechado» de quase 35 mil­hões de eleitores, que não ape­nas votam nele, mas estão nas ruas fazendo sua cam­panha, sem rece­ber nada para isso?

Esse sucesso, entre­tanto, é o reflexo mais con­tun­dente do fra­casso da polit­ica brasileira.

A história reg­is­tra out­ros exem­p­los de surg­i­mento de lid­er­anças inusi­tadas na esteira do fra­casso da polit­ica insti­tu­cional.

Difer­ente no caso brasileiro é o fato do sen­hor Bol­sonaro ser “politico profis­sional” há quase 30 anos.

O que poucos dizem – talvez por não terem se dado conta –, é que tanto o fra­casso da polit­ica quanto o surg­i­mento do “bol­sonar­ismo» como fenô­meno politico-​eleitoral é uma cri­ação do Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT e dos seus ali­a­dos, sobre­tudo dos os mais rad­i­cais, no poder desde 2003.

Foram eles com a sua falta de apreço pela democ­ra­cia e respeito às insti­tu­ições; com a uti­liza­ção da cor­rupção como estraté­gia de per­manên­cia e manutenção do poder que destruiu a polit­ica nacional e pos­si­bil­i­tou o surg­i­mento de supos­tos “sal­vadores da pátria” como o que hora se verifica.

Engana-​se, tam­bém, os que pen­sam que os dois episó­dios: o fra­casso da política e o surg­i­mento de “mitos” não foi feito “por aci­dente”. Não foi.

A ver­dade a ser dita é uma só: o PT e suas lid­er­anças não acred­i­tam no mod­elo de democ­ra­cia que luta­mos à duras penas para con­quis­tar. Isso quem diz não sou eu. São seus doc­u­men­tos e ini­cia­ti­vas.

Agora mesmo temos assis­tido o sen­hor José Dirceu – que, con­de­nado a mais de trinta anos de cadeia, só está solto por viver­mos numa democ­ra­cia exces­si­va­mente con­de­scende com crim­i­nosos – dizer que “vão tomar o poder” e falar que não recon­hece a legit­im­i­dade do Poder Judi­ciário como insti­tu­ição.

Ora, isso numa democ­ra­cia, ressal­vado o dire­ito à liber­dade expressão, é chama­mento a um golpe de estado nos moldes do feito na Venezuela e que des­graçou aquele país.

Usa-​se eleições legí­ti­mas para se destruir as insti­tu­ições democráti­cas e o próprio Estado.

Neste con­texto, a estraté­gia do petismo e ali­a­dos passa tam­bém pela “destru­ição” das demais forças polit­i­cas ou torná-​las seus satélites.

Foi isso que fiz­eram desde que chegaram ao poder: tra­bal­ham para elim­i­nação das demais agremi­ações e lid­er­anças fazendo alianças fisi­ológ­i­cas respon­sáveis pelos grandes escân­da­los de cor­rupção.

A estraté­gia de elim­i­nação da classe polit­ica é mais pre­sente em relação ao PSDB, mas, no atual pleito, tra­bal­haram – e ainda tra­bal­ham –, para aniquil­a­mento politico de Marina Silva, da Col­i­gação Rede/​PV – como fiz­eram em 2014 –, e, tam­bém, de Ciro Gomes, do PDT.

As pub­li­cações nacionais dos últi­mos dias trazem escabrosas histórias de como o ex-​presidente/​presidiário Lula tem manobrado, de den­tro da cadeia, para acabar com as can­di­dat­uras de Marina Silva e Ciro Gomes, que, pelo menos, no plano teórico, sem­pre foram ali­a­dos do “petismo”.

A eles não inter­essa uma sociedade baseada no plu­ral­ismo de ideias, den­tro de um con­senso do entendi­mento médio do seja a democ­ra­cia.

Se fosse assim, não tra­bal­hariam para fomen­tar a divisão da sociedade entre norte e sul; bran­cos e negros; índios e bran­cos; pobres e ricos, gays e het­eros­sex­u­ais e, pas­mem, até entre homens e mul­heres, como se uns não pre­cisas­sem de out­ros.

Enquanto pro­movem a destru­ição dos demais agru­pa­men­tos políti­cos e rad­i­cal­izam posições divi­sion­istas da sociedade, fomen­tam o surg­i­mento de “líderes» como Bol­sonaro.

Assim, em última análise, o “bol­sonar­ismo» nada mais é do que uma cri­ação do “petismo”, dos seus treze anos de des­man­dos.

Tenho con­ver­sado com alguns ami­gos que são eleitores do pres­i­den­ciável do PSL.

Esses eleitores que, segundo pesquisas for­mam a maio­ria do seu eleitorado, têm pelo menos duas grad­u­ações, com mais de uma espe­cial­iza­ção, pai de família com fil­hos na ado­lescên­cia ou próx­imo disso, que, se não é rico, sus­tenta a si e aos seus sem maiores difi­cul­dades. Ou seja não é alguém sem esclarec­i­mento do que seja política.

O que ouvi: votam e fazem cam­panha para Bol­sonaro porque vêem nele o único capaz de romper, nesse momento, com o pro­jeto de sociedade que o “petismo” já ten­tou implan­tar e que “ameaça” a fazê-​lo, caso cheguem ao poder nova­mente.

Como o petismo con­hece as frag­ili­dades do can­didato Bol­sonaro vem incen­ti­vando o clima de “guerra”, como estraté­gia de for­t­alec­i­mento da sua can­di­datura.

E quem disse isso, con­forme já referido acima, foi o próprio José Dirceu, ao cun­har que “não basta gan­har a eleição, temos que tomar o poder”.

Esse é o tipo de rad­i­cal­iza­ção que, longe de inter­es­sar ao con­junto da sociedade – que quer o país estável para pro­duzir e gerar empre­gos –, mas tão somente a quem incen­tiva a “guerra” e insta­bil­i­dade como forma de col­her div­i­den­dos.

Um erro que pode “estra­gar” a estraté­gia é que o “bol­sonar­ismo”, parece-​me, bem maior que Bol­sonaro.

Assim, chegare­mos ao sete de out­ubro: de um lado os “bol­sonar­is­tas” imaginando-​se numa “cruzada” para sal­var a sociedade brasileira dos males do “comu­nismo”, da “depravação”, da “venezueliza­ção” do Brasil, destru­ição da “família cristã oci­den­tal” e do outro os devo­tos e seguidores do “petismo” imaginando-​se – e pre­gando –, que eleito Bol­sonaro, a mis­são de um futuro gov­erno seu será elim­i­nar as chamadas mino­rias e os out­ros segui­men­tos da sociedade.

Decerto imag­i­nam milí­cias “bol­sonar­is­tas” armadas para elim­i­nar gays, índios, negros, pobres, nordes­ti­nos, etc. Talvez pensem que será reim­plan­tada um novo mod­elo de sociedade patri­ar­cal, em voga até o iní­cio do século pas­sado, com as mul­heres e fil­hos como “pro­priedades” dos seus sen­hores.

Se não fosse tão ter­rível, tão dan­tesco e toscas tais ideias, tal quadro seria engraçado.

O Brasil vive um momento tão sur­real, que é como se tivésse­mos retro­ce­dido alguns sécu­los.

Ao que parece, no atual momento menos impor­tante que ter­mos uma edu­cação de qual­i­dade, uma saúde efe­tiva para a pop­u­lação, estar­mos prepara­dos para com­pe­tir de igual para igual com os demais países no mer­cado global ou conec­ta­dos aos avanços tec­nológi­cos ou da ciên­cia é saber­mos com quem fulano ou bel­trano vai para cama ou o que pensa sobre deter­mi­na­dos temas próprios da vida privada.

Será que foi para isso que tanto batal­hamos para chegar até aqui?

Vejo como resul­tado desta eleição ape­nas um: o fra­casso de um pro­jeto de nação.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

ELEIÇÃO E RAZÃO.

Escrito por Abdon Mar­inho

ELEIÇÃO E RAZÃO.

Por Abdon Marinho.

COM a rede­moc­ra­ti­za­ção do Brasil, em 1985, no ano seguinte o Par­tido do Movi­mento Democrático Brasileiro — PMDB, fez a “festa”, como par­tido (na ver­dade movi­mento) que fiz­era oposição ao régime mil­i­tar, levou o espólio, elegeu o maior número de gov­er­nadores, senadores e dep­uta­dos. Chegaram a ser com­parado ao maior par­tido do ocidente.

Pois bem, den­tre os eleitos estava Waldir Pires, líder político extra­ordinário, pes­soa das mais impor­tantes da história do país, tendo sido escol­hido por Tan­credo Neves para com­por o primeiro min­istério da chamada “Nova República”.

A despeito de toda as cre­den­ci­ais a gestão de Pires frente ao gov­erno da Bahia não foi das mel­hores.

Ao tér­mino do quadriênio (e até antes dele) se ouvia dos baianos mais lúci­dos: — não con­heço pes­soa mais cor­reta, hon­esta e séria que o Waldir, mas para d “jeito” e admin­is­trar a Bahia só mesmo o ACM.

Referia-​se, ao ex-​governador da Bahia, Anto­nio Car­los Mag­a­l­hães, que durante toda a ditadura foi “homem forte” e lhe deu suporte.

Com curiosi­dade, tenho assis­tido, nes­tas eleições, os ali­a­dos e par­tidários do can­didato do PT, sen­hor Fer­nando Had­dad, dis­tribuírem seu cur­rículo, apresentando-​o como advo­gado, pro­fes­sor, filó­sofo e tan­tas out­ras indis­cutíveis cre­den­ci­ais. Entre­tanto – e essa a razão do meu estran­hamento –, omitem uma infor­mação das mais rel­e­vantes: que ele, há dois anos, era prefeito e admin­is­trava o quarto maior orça­mento do país: o orça­mento da cidade de São Paulo. O próprio can­didato comete essa “fraude” con­tra os eleitores.

A sua prin­ci­pal fala nos pro­gra­mas de rádio e tele­visão e o can­didato falando do fez quando min­istro. Fazendo questão de assen­tar que foi min­istro no mel­hor momento do país.

Ques­tion­ado sobre sua gestão na primeira entre­vista com can­didato ale­gou a crise que tomou de conta do pais a par­tir de 2012. Ora, só sabe gerir nos momen­tos de bonança? Só navega em mares cal­mos? Só pilota em céu de brigadeiro?

A razão da omis­são é bem sim­ples: como sabe­mos, a gestão do sen­hor Had­dad frente à prefeitura de São Paulo foi tão desas­trosa que que ele perdeu a eleição ainda no primeiro turno. Mas não foi uma sim­ples der­rota a que qual­quer um está sujeito, ele perdeu até para os “votos bran­cos”. Isso mesmo, na der­rota em primeiro turno das eleições de 2016, ele perdeu até para os “votos em branco”, obtendo, salvo engano, cerca de 14%(quatorze por cento) votos.

Ora, como ousam pedir votos para alguém que pas­sando pelo teste da gestão não con­seguiu o crédito para con­tin­uar admin­is­trando um municí­pio e, pior, saiu com uma rejeição de mais mais de 85% (oitenta e cinco por cento) dos administrados?

A expli­cação para o fra­casso dada pelo sen­hor Had­dad chega a ser bisonha. Crit­ica a crise. Ora, a crise que se aba­teu no país a par­tir de 2012, não foi moti­vada por fatores exter­nos, não foi cau­sada por seus adver­sários.

A crise que, segundo ele mesmo, o impediu de fazer um bom gov­erno – mesmo admin­is­trando o quarto orça­mento da nação –, foi cau­sada por seu próprio par­tido no gov­erno fed­eral desde o ano de 2003.

Essa mesma crise a qual culpa ainda não arrefe­ceu e se encon­tra bem maior na esfera fed­eral que num municí­pio rico como São Paulo.

Então, como per­gun­tar não ofende, como pre­tende resolver a crise aguda se não con­seguiu admin­is­trar um municí­pio no qual a crise não era tão aguda assim?

Sim, meus sen­hores, quando a crise chega ao Municí­pio de São Paulo a ponto de jus­ti­ficar uma admin­is­tração desas­trosa é porque no resto do país ela é bem maior.

A mais das con­tas, inúmeros out­ros gestores, com os municí­pios em situ­ação piores que o Municí­pio de São Paulo con­seguiram fazer gestões razoáveis, boas e até exce­lentes e, por isso, foram reeleitos, muitos no primeiro turno daque­las eleições.

A mim soa estranho que o gestor que não teve êxito, que fez uma admin­is­tração desas­trosa, segundo os próprios admin­istra­dos, tanto que lhe deram menos de 15%(quinze por cento) dos votos na reeleição, apresentar-​se como solução para admin­is­trar um país mer­gul­hado na crise que o seu próprio par­tido que admin­is­tra o pais criou. Sim, até 31 de dezem­bro de 2018, estare­mos sob a admin­is­tração da chapa Dilma/​Temer. E, esse último em quem ten­tam jogar toda a culpa da tragé­dia – mas sem absolvê-​lo das suas próprias fal­has, inclu­sive as de caráter –, pegou o “trem andando”.

Os ver­dadeiros cul­pa­dos pelo desas­tre que assola o país são Lula e Dilma, os gestores que assumi­ram o poder desde 2003 e ger­aram a crise que ceifa a esper­ança de uma ger­ação inteira.

Chega a ser ina­cred­itável que uma pro­posta e gestores já tes­ta­dos que nos legaram a maior “des­gra­ceira” que viven­ci­amos em todos os tem­pos ainda pos­suam tanto apelo.

Aqui cabe uma obser­vação: no caso do PT/​Haddad/​Lula não há como deixar de recon­hecer que são “espe­cial­is­tas” no ofí­cio de enga­nar os cidadãos, sobre­tudo os mais humildes.

Na primeira entre­vista dada pelo can­didato – a qual já nos refe­r­i­mos –, na maior “cara-​dura” ten­tou colo­car a culpa da crise pela qual atrav­essa o país nos adver­sários.

Ora, estão no poder desde o começo dos anos 2000, ter­ce­i­rizar a respon­s­abil­i­dade é o ver­dadeiro despautério, uma falta de ver­gonha na cara.

A despeito de tudo que fiz­eram para destruir a econo­mia do Brasil, de toda a roubal­heira e os escân­da­los e as prisões estão ai para com­pro­var, nunca fiz­eram uma autocrítica, nunca pedi­ram des­cul­pas a nação, como se roubar os recur­sos públi­cos fosse uma prática política aceitável.

E ainda se acham no dire­ito de dizer “não vote neste ou naquele can­didato”. Com quê moral? Na ver­dade essa cam­panha que fazem con­tra deter­mi­nado can­didato (do qual tratarei em breve), nada mais é do que uma nova ten­ta­tiva de enga­nar os eleitores.

Eles não estão querendo “de ver­dade” que o can­didato não chegue ao segundo turno. Querem, sim, que dis­pute o segundo turno com eles.

Trata-​se na ver­dade de mais um mimetismo, mais um engodo. Quando dizem “ele não” estão, na ver­dade, ten­tando polarizar a eleição, em sín­tese, enga­nar os eleitores, os menos esclare­ci­dos, estão dizendo “ele sim”, é ele que quer­e­mos na disputa.

E é bom que se assente desde logo que este can­didato, a quem fin­gem com­bater, nada mais é que o fruto acabado do que foram os desac­er­tos, em todos os aspec­tos, da admin­is­tração petista: desde a imposição de padrões de com­por­ta­mento à roubal­heira como modo de governo.

O momento que o país atrav­essa, todos sabem, todos dizem, é gravís­simo, e acham que o mais preparado para tirar o pais da enras­cada é jus­ta­mente aquele que ale­gou não ter feito uma boa gestão por causa “crise”? Fez um inten­sivão sobre gestão pública neste ano e oito meses depois que foi posto para fora do cargo de prefeito? Espera encon­trar a situ­ação do país num céu de brigadeiro? Ou, mais uma vez, vão chamar o “Meireles”?

Eleição, meus ami­gos, se faz com razão. Não acred­ito que ninguém, em sã con­sciên­cia, entregue um filho doente para ser tratado por um médico iná­bil, que já matou dezenas de pacientes ou ache seguro via­jar numa aeron­ave coman­dada por quem nunca pilo­tou nada.

Como fazer isso com o país inteiro?

Abdon Mar­inho é advogado.