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POR UMA ESCOLA COM EDUCAÇÃO.

Escrito por Abdon Mar­inho

POR UMA ESCOLA COM EDUCAÇÃO.

Por Abdon Mar­inho.

O BRASIL tornou-​se a pátria das dis­cussões sem sen­tido. Penso, as vezes, que nos tor­namos uma nação de nés­cios.

O país tem sido tomado por um fre­n­esi em torno de um Pro­jeto de Lei chamado de Escola sem Par­tido. Não entrarei, em princí­pio, nesta questão até porque entendo que ela nada mais é do o fruto tosco da polit­i­calha que tomou de conta de todos os debates.

O acir­ra­mento é tamanho que os gru­pos políti­cos inter­es­sa­dos em vender suas teses e faz­erem pros­elit­ismos inun­dam os meios de comu­ni­cação con­tra ou a favor.

Agora mesmo leio, numa rede social, que o gov­er­nador Flávio Dino edi­tou um decreto, segundo ele, garan­ti­ndo “Esco­las com Liber­dade e sem Cen­sura no Maran­hão”. Como dito acima não entrarei no mérito do tal pro­jeto e nos seus por­menores, mas tão somente no que cir­cun­dam o tema.

Começo por este decreto do gov­er­nador.

No iní­cio do período eleitoral, acho que final de julho ou começo de agosto, estava eu no Tri­bunal Regional Eleitoral — TRE, quando ini­cia­ram o debate de um processo em que o objeto era saber se mere­ce­riam ser penal­izada a can­di­data Roseana Sar­ney e um blogueiro. Ela por ter feito uma reunião em sua casa, onde a própria ou um dos par­tic­i­pantes chamara o gov­er­nador de “dita­dor”; já o blogueiro por ter divul­gado o pro­nun­ci­a­mento suposta­mente ofen­sivo.

Chamou minha atenção a afir­mação da defesa da can­di­data rep­re­sen­tada de que aquele era o ter­ceiro processo cujo objeto era o fato de alguém ter chamado sua Excelên­cia de “ditador”.

Em que pese a sapiên­cia dos argu­men­tos da acusação, defesa e dos doutos jul­gadores, achei tão irrel­e­vante que se deman­dasse horas a fio num debate sobre uma palavra (dita­dor), que aproveitei o primeiro inter­valo para sair da plenário do tribunal.

Faço esse reg­istro, aprovei­tando o decreto de sua Excelên­cia, para mostrar que, inde­pen­dente das questões de fundo, esta­mos diante de um embate de posições políti­cas que pas­sam ao largo da causa edu­ca­cional. Acho que o menos impor­tante para os con­tendores envolvida em tal debate é a edu­cação das nos­sas crianças.

Ora, então o gov­er­nador diz que o Pro­jeto de Lei em questão padece de um viés autoritário e recorre jus­ta­mente a um decreto, o mais autoritário dos instru­men­tos? Por que inter­di­tar o debate no parlamento?

Esse tipo de ati­tude faz lem­brar a posição do penúl­timo dos ex-​presidentes mil­itares, o gen­eral Ernesto Geisel, quando deu iní­cio a aber­tura política. Sendo crit­i­cado por seus ali­a­dos bradou:

— Farei a aber­tura política ainda que seja na marra.

Sig­amos. O gov­er­nador fala tam­bém que se trata de uma medida con­tra a cen­sura. Mas, segundo dizem, ninguém nunca se proces­sou tan­tos jor­nal­is­tas e blogueiros neste estado quanto no atual gov­erno, são dezenas de ações nas esferas civis e crim­i­nais con­tra pes­soas que exercem, nos lim­ites asse­gu­ra­dos na Con­sti­tu­ição Fed­eral, o dire­ito de crítica e de opinião.

Como aceitar o dis­curso a favor da liber­dade e con­tra a censura?

Essas são con­sid­er­ações feitas ape­nas para pon­tuar o caráter politico do assunto que toma de conta dos debates, a tal edu­cação sem partido.

Quer me pare­cer, como já dito, que todo esse debate é feito pelo mero inter­esse político/​eleitoral, sem qual­quer pre­ten­são de se resolver a grave crise pela qual passa a edu­cação brasileira.

Os números da edu­cação nacional são ater­radores con­forme todas os órgãos que avaliam sua qual­i­dade. Não tem um único indi­cador que não aponte o Brasil nas últi­mas posições em tudo que é avali­ação do ensino.

Um dos mais recentes estu­dos, divul­gado ainda no primeiro semes­tre deste ano, dava conta que ape­nas 5%(cinco por cento) dos estu­dantes do ensino médio pos­suíam os con­hec­i­men­tos bási­cos em matemática e, pior, menos de 2% (dois por cento) os con­hec­i­mento bási­cos da lín­gua por­tuguesa.

Uma nação de anal­fa­betos fun­cionais que não sabem o ele­men­tar nas duas dis­ci­plinas mais bási­cas: a lín­gua por­tuguesa e matemática. O país está muito bem na “fita”, os estu­dantes só lambem ler e contar.

Estes dados rev­e­lam que a edu­cação brasileira encontra-​se inevi­tavel­mente fal­ida. O nível de aproveita­mento do con­teúdo é de bem menos de 90% (noventa por cento).

Ora, a edu­cação faliu por conta da suposta “Escola com Par­tido” ou a tal “Escola com Par­tido” é fruto desta falência?

Eis uma questão a mere­cer atenção!

Antes de qual­quer debate, o que dev­e­ria mere­cer a atenção das autori­dades con­sti­tuí­das é como cheg­amos a esse ponto. Outro é como vamos reti­rar a edu­cação do quadro las­ti­moso em se encon­tra.

Não há caso nen­hum no mundo de país que tenha se desen­volvido sem inve­stir em edu­cação. No Brasil, a par­tir da cri­ação do FUN­DEB (antes FUN­DEF), os inves­ti­men­tos em edu­cação até aumen­taram – e sig­ni­fica­ti­va­mente –, entre­tanto ainda insu­fi­cientes e/​ou mal apli­ca­dos o que vem refletindo-​se, den­tre out­ras coisas, na situ­ação caótica em que ela se encon­tra.

A mis­erável ver­dade é que nem dois por cento dos nos­sos jovens que con­cluem o ensino médio sabem ler, e ape­nas cerca de cinco por cento pos­suem con­hec­i­men­tos bási­cos de matemática.

Estes são dados que dizem tudo. O resto é con­versa fiada.

E, se não sabem o ele­men­tar de dis­ci­plinas bási­cas, não sabem nada dos demais assun­tos que os tornem habil­i­ta­dos a dis­putarem, em pé de igual­dade, as opor­tu­nidades com jovens de out­ros países.

Ano após ano, o que vemos são que cri­anças e ado­les­centes sabendo menos, o nível de apren­dizado nas esco­las é risível, o desin­ter­esse é patente e a falta de per­spec­ti­vas uma das mais duras real­i­dades, trazendo con­sigo a vul­ner­a­bil­i­dade e a vio­lên­cia para den­tro das esco­las.

Essa condição vex­atória da nossa edu­cação, con­dena o país a um atraso perigoso em relação aos demais países, com­pro­m­e­tendo a própria sobera­nia da nação. Tudo isso sem que os respon­sáveis fos­sem pre­sos ou insta­dos a respon­derem de alguma forma por todo o mal que causaram.

E que vemos diante de tanto descal­abro? Uma dis­cussão tola, super­fi­cial sobre ide­olo­gias den­tro das escolas.

Os que estão pre­ocu­pa­dos com isso, con­tra ou favor, os que defen­dem a doutri­nação e os que a ela se opõem, podem ficar cer­tos de uma coisa: as cri­anças e ado­les­centes, como não con­seguem com­preen­der um texto básico, não serão doutri­na­dos ou se rebe­larão con­tra qual­quer dout­rina, pelo sim­ples motivo de não com­preen­derem o que é isso.

Essa é a a grande tragé­dia nacional.

Será que não se deram conta que esse debate – sobre­tudo na atual situ­ação e quadro desalen­ta­dor que passa a edu­cação –, é tolo e sem sen­tido?

Que é inócua essa dis­cussão se a escola tem ou não par­tido quando não se tem edu­cação alguma?

Chega! Basta de pros­elit­ismo! Será que não se enver­gonham? Desçam do palanque e, prin­ci­pal­mente, autori­dades façam alguma coisa, além de cuidarem dos próprios inter­esses.

Será que ainda não se deram conta do risco real que corre o país?

O que o país pre­cisa não é de um escola sem ou com par­tido. O que o país pre­cisa de uma escola com edu­cação. Uma escola que pos­si­bilite a cri­ança e ao jovem desen­volver toda sua poten­cial­i­dade e o per­mita por si próprio fazer suas próprias escol­has.

Uma escola com edu­cação nos ter­mos pre­vis­tos no artigo 205 da Con­sti­tu­ição Fed­eral que diz: “A edu­cação, dire­ito de todos e dever do Estado e da família, será pro­movida e incen­ti­vada com a colab­o­ração da sociedade, visando ao pleno desen­volvi­mento da pes­soa, seu preparo para o exer­cí­cio da cidada­nia e sua qual­i­fi­cação para o trabalho”.

Não tem mis­tério. Acon­tece que nas últi­mas décadas esque­ce­ram o papel da edu­cação na sociedade e, por último, tudo se tornou motivo para uma guerra ide­ológ­ica irra­cional capaz de com­pro­m­e­ter o futuro da própria nação.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

A EVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO.

Escrito por Abdon Mar­inho

A EVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO.

Por Abdon Marinho.

NA SEXTA-​FEIRA saí mais cedo do escritório. Tinha um assunto para resolver no fórum eleitoral de São José de Riba­mar. Encontrei-​o fechado, sendo infor­mado pelo vigia do local que o expe­di­ente reg­u­lar é ape­nas até as 14 horas.

Ao manobrar­mos para retomar vi a cena da fotografia abaixo: um cidadão fazendo uma lig­ação de um tele­fone público, o pop­u­lar “orelhão”.

O colega que estava comigo indagou-​me sobre como era fun­ciona­mento do apar­elho: se com ficha ou cartão. Informe-​lhe que agora, de acordo com a leg­is­lação que rege o setor, as lig­ações dos tele­fones públi­cos podem ser feitas gra­tuita­mente, sem neces­si­dade de ficha (já abol­i­das há décadas) ou cartão telefônico.

A cena me trouxe a lem­brança do quanto evoluí­mos em matéria de tele­co­mu­ni­cações a par­tir da pri­va­ti­za­ção do setor. Muito crit­i­cada na época pelas cor­po­rações e críti­cos de sem­pre.

A cena do rapaz usando o orel­hão soou estranha pelo fato de hoje, prati­ca­mente, todo mundo pos­suir um ou mais tele­fone celu­lar ou lin­has tele­fôni­cas e os val­ores das lig­ações, mesmo paras lig­ações interur­banas custarem quase nada ou até mesmo serem gra­tu­itas tanto através das oper­ado­ras quanto via internet.

A primeira vez que tive con­tato com um tele­fone foi há pouco mais de trinta anos quanto inau­gu­raram um posto da Telma (Tele­co­mu­ni­cações do Maran­hão) em Gonçalves Dias.

Lem­bro que foi um evento, se não me falha a memória, até o gov­er­nador se fez pre­sente. Se não foi man­dou alguém muito impor­tante para representá-​lo no ato.

A munic­i­pal­i­dade con­struiu o Posto da Telma na Praça Miguel Bahury, a prin­ci­pal e mais impor­tante da cidade.

As lig­ações eram rece­bidas com hora mar­cada.

As moças respon­sáveis pelo posto da Telma tin­ham o sta­tus de autori­dade.

Alguém lig­ava querendo falar um par­ente ou amigo e desli­gava enquanto o men­sageiro ia avisar que tinha lig­ação na Telma e a pes­soa ia lá rece­ber o tele­fonema na cabine.

Ligar era mais fácil. Se a pes­soa lig­asse para casa de quem tinha tele­fone era menos tra­bal­hoso.

As lig­ações cus­tavam “os olhos da cara” e as fun­cionárias da Telma (geral­mente alguém cedido pelo municí­pio) con­trolavam, com cronômet­ros, o tempo do tele­fonema para cobrar o valor da ligação.

Vez ou outra havia dis­cussão sobre o valor cobrado, os min­u­tos de lig­ação e, até mesmo, por alguém ligar e a respon­sável pelo posto não man­dar avisar.

Depois, com o pas­sar dos tem­pos, já na cap­i­tal, vi que pos­suir um tele­fone em casa, era um luxo para poucos. Era muito caro.

E, por ser caro, as pes­soas colo­cavam cadea­dos nos apar­el­hos ou os guar­davam em lugar seguro. Se não pagavam a conta a empresa de tele­fo­nia “cor­tava” a comu­ni­cação. Primeiro para ligar e, per­sistindo o atraso, tam­bém para rece­ber.

Além de ser “feio” vazar a infor­mação de que o tele­fone de alguém fora “cor­tado”, o inadim­plente ainda tinha que pagar uma taxa de reli­gação.

Para con­seguir uma linha as pes­soas se inscreviam e ficavam até anos na fila esperando uma linha.

Era sím­bolo de sta­tus a ocu­par as con­ver­sas, dizer que estava no plano de expan­são Telma.

— Ah, estou no plano de expan­são, daqui a qua­tro anos minha linha deve sair. Era uma “van­tagem”, Um luxo.

Os mais aquin­hoa­dos (ou ami­gos do poder) viviam da renda de alu­gar lin­has tele­fôni­cas. Os muito ricos pos­suíam até dez lin­has alugadas.

Na Deodoro haviam os vende­dores de fichas tele­fôni­cas que eram usadas nos “orel­hões”. Às vezes perdíamos a ficha pois a colocá­va­mos e a lig­ação não era feita ou não com­ple­tava. Ficá­va­mos furiosos com isso. Dizíamos que o apar­elho nos roubara.

Mas, tam­bém, nos “vingá­va­mos”. Colocá­va­mos a ficha amar­rada numa linha e a puxá­va­mos feita a lig­ação e antes de cair no depósito. Tam­bém ten­tá­va­mos diver­sos out­ros méto­dos de usar os apar­el­hos sem pagar.

Quem tinha a “manha” cobrava para rev­e­lar o seg­redo: um lanche na can­tina do Liceu ou passé esco­lar e, até, din­heiro.

Um prêmio era se desco­brir um tele­fone defeitu­oso que se pudesse ligar sem ficha.

— Eh, rapaz, o tele­fone lá do canto da Gonçalves Dias está lig­ando sem ficha.

O seg­redo rev­e­lado, fazia-​se filas para ligar.

A pri­va­ti­za­ção, assim como toda evolução tec­nológ­ica no setor, trouxe a situ­ação que temos hoje mais lin­has que pes­soas para usá-​las, além de preços que cabem em todos orçamentos.

Sem­pre que alguém crit­ica a ideia de se pri­va­ti­zar deter­mi­nado setor da econo­mia, lem­bro da história da tele­fo­nia no Maran­hão. Como a pri­va­ti­za­ção e evolução tec­nológ­ica fiz­eram bem a econo­mia e a vida das pes­soas. Claro que deve haver cuida­dos e se evi­tar pas­sar patrimônio público a preço de “banana”, mas deve-​se pen­sar tam­bém nos bene­fí­cios para o con­junto da sociedade. N~ao vejo sen­tido em sus­ten­tar­mos com impos­tos deter­mi­na­dos setores sem se rece­ber nada em troca, além de serviços de pés­sima qualidade.

O setor de tele­co­mu­ni­cações é um exem­plo.

O grande prob­lema hoje não é a difi­cul­dade de acesso aos meios de comu­ni­cação, ao tele­fone, já em desuso, é que hoje as pes­soas não querem mais falar umas com as out­ras.

Quando muito man­dam um “áudio” ou men­sagem de texto.

Deve ser a evolução.

Abdon Mar­inho é advogado.

DOR DE COTOVELO FAZ MAL AO MARANHÃO.

Escrito por Abdon Mar­inho

DOR DE COTOVELO FAZ MAL AO MARANHÃO.

Por Abdon Mar­inho.

DURANTE a cam­panha eleitoral de 2014 o então can­didato a gov­er­nador, Flávio Dino, fez uma promessa que reputei como de grande importân­cia. Sua excelên­cia disse que iria trans­for­mar a MA 006 na grande rodovia de inte­gração do Maran­hão. Cré­dulo, emb­ora sabendo que difi­cil­mente sairia do campo das ideias, fiquei muito feliz com a promessa.

Os que não têm famil­iari­dade com as estradas do Maran­hão, essa rodovia sin­gra o estado de norte a sul, vai de Apicum-​Açu a Alto Par­naíba, com mais de 1200 km. Caso a promessa de sua excelên­cia tivesse vin­gado seria, hoje, um dos prin­ci­pais eixos propul­sores para desen­volvi­mento do estado.

Pois bem, lembrei-​me da estrada – e da promessa não cumprida –, por dois motivos.

O primeiro, porque recebi, pelas redes soci­ais, inclu­sive com supos­tos áudios do prefeito de For­mosa da Serra Negra, dando conta que moradores daquela local­i­dade teriam sido reprim­i­dos por forças gov­ernistas. O suposto alcaide, dizendo-​se ali­ado de “primeira hora” do gov­erno, apelava aos ami­gos, secretários e fun­cionários para que fos­sem com ele até o local do con­flito nego­ciar uma solução pací­fica.

Ao tomar con­hec­i­mento da situ­ação e ouvir os áudios fiquei matu­tando: “ora, como é pos­sível reprimir protestos de cidadãos que ape­nas cobram uma mín­ima parte de uma promessa que, fin­d­ando o quadriênio no qual seria exe­cu­tada, pouca ou nada foi feito?” Quer dizer que, além de não ter cumprido a promessa, ainda se desce o “sar­rafo” nos que ousam cobrar?

O segundo, por ter lido em algum lugar que um dep­utado estad­ual – ao menos um –, teria dis­cu­tido a pos­si­bil­i­dade de se “fed­er­alizar” a MA 006, ou seja, transformá-​la numa BR.

A ideia, em princí­pio, boa, con­siderando que o gov­erno estad­ual não tem como supor­tar o ônus de cumprir a promessa feita no já longín­quo ano de 2014, parece-​me inal­cançável, pois não bas­tasse o fato de tratar-​se de uma rodovia estad­ual (impor­tan­tís­sima, mas, estad­ual), o atual gov­er­nador não se mostra dis­posto a bus­car qual­quer apoio junto ao gov­erno fed­eral, pelo con­trário, dia sim e no outro tam­bém, procura, até onde não existe, motivos para “espinafrar” o pres­i­dente eleito e a equipe de gov­erno que se insta­lará a par­tir de 1º de janeiro de 2019.

Até o juiz Sér­gio Moro de quem foi colega de mag­i­s­tratura e que pode­ria, por conta disso, ser um canal de comu­ni­cação para aju­dar o Maran­hão, já foi, e tem sido “destratado”, por sua excelência.

Este é o propósito deste texto. Aler­tar a sociedade e, sobre­tudo, as autori­dades para o fato de pre­cis­ar­mos colo­car os inter­esses do estado à frente dos inter­esses políticos/​eleitorais de quem quer que seja.

A eleição pas­sou, o gov­er­nador foi reeleito ainda no primeiro turno das eleições, inde­pen­dente de ações que já responde e que venha a respon­der, é uma autori­dade que pos­sui legit­im­i­dade como rep­re­sen­tante de todos os maran­henses.

Do mesmo modo é o pres­i­dente eleito Jair Bol­sonaro, vence­dor em segundo turno das eleições com mais de 55% (cinquenta e cinco por cento) dos votos váli­dos. Queiram ou não, os que dele dis­cor­dam, pos­sui a mesma legit­im­i­dade que pos­sui o gov­er­nador do Maran­hão, como tal, é mere­ce­dor do respeito de todos.

Já, prati­ca­mente nos encam­in­hando para as solenidades das posses, cheg­amos à bizarra situ­ação em que uma autori­dade eleita, no caso o gov­er­nador, se recusa a recon­hecer a legit­im­i­dade de outra autori­dade nacional, igual­mente eleita, no caso o pres­i­dente da República, que, ape­nas para efeitos de com­para­ção, teve “só” 56 mil­hões de votos a mais que o “nosso rebelde sem causa”.

Pelo clima só falta dizer que sua foto não dividirá a mesma parede com a foto do pres­i­dente da República a par­tir do ano que vem.

Quando, há cerca de dois anos, escrevi “O Menino Só”, ques­tion­ava o fato de sua excelên­cia não ter se cer­cado de aux­il­iares ou de pos­suir ami­gos para chamar-​lhe à atenção quando o visse incor­rer em erros.

Emb­ora de longe, muito longe, quer me pare­cer que sua excelên­cia per­manece o mesmo “menino” do referido texto, amar­gando a solidão do poder, emb­ora cer­cado por devota­dos aux­il­iares, a quem não ape­nas falece cor­agem para lhe chamar a atenção, como ainda saú­dam e fes­te­jam todas as suas incon­tinên­cias.

Fin­d­ando os qua­tro anos do primeiro mandato não encon­tramos uma obra estru­tu­rante no estado que tenha sido ide­al­izada e exe­cu­tada no atual governo;

Um pro­jeto com começo, meio e fim com o condão de mel­ho­rar a vida da nossa pop­u­lação e a mino­rar os efeitos da mis­éria extrema.

Pelo con­trário, apon­tam os indi­cadores de diver­sas insti­tu­ições, a mis­éria do estado fez foi aumen­tar nos últi­mos qua­tro anos e a econo­mia se tornou mais frágil.

Os indi­cadores soci­ais per­manecem estag­na­dos e, em alguns casos, até apre­sen­tando piora.

Têm-​se notí­cias que o quadro das finanças públi­cas se apre­senta de tal forma com­balido que o gov­erno lança mão dos recur­sos dos aposen­ta­dos para hon­rar suas despe­sas ordinárias.

Sem con­tar – e não é seg­redo para ninguém –, que o estado pos­sui uma econo­mia de dependên­cia, não sobre­vivendo – como qual­quer municí­pio dos rincões –, sem os repasses do Fundo de Par­tic­i­pação dos Esta­dos — FPE.

Ape­sar do quadro econômico ser tão desan­i­mador, em grande parte pela falta de ação e de ideias dos gov­er­nantes, sua excelên­cia acha opor­tuno ao invés de bus­car uma mel­hora na inter­locução com o novo gov­erno, fustigá-​lo de todas as formas.

Mas, se sobra ape­nas pobreza e falta ini­cia­ti­vas aos atu­ais donatários do poder, abunda a autossu­fi­ciên­cia. Nada que não seja ideia sua tem qual­quer serventia.

Veja o caso da MA006, alguém acred­ita que o gov­erno estad­ual moverá uma “palha” para con­vencer o gov­erno fed­eral a “federalizá-​la”? Duvido. E vejam que foi uma promessa de cam­panha da eleição de 2014.

Tem sido assim com tudo. Uma das ideias mais inter­es­santes para ala­van­car a econo­mia do estado é a cri­ação da Zona de Expor­tação do Maran­hão — ZEMA, um pro­jeto ide­al­izado e “batal­hado” pelo senador Roberto Rocha. Se tiver­mos a sorte de algum dia vê-​lo implan­tado, acred­ito que a real­i­dade do Maran­hão mel­hora sen­sivel­mente.

Não recordo de ter ouvido ou lido uma única man­i­fes­tação do atual gov­er­nador a respeito do pro­jeto, sequer para somar forças para sua implan­tação. A notí­cia que tenho é que o único voto da comis­são do Senado que dis­cu­tiu o assunto, con­trário ao pro­jeto veio jus­ta­mente de uma senadora do par­tido do gov­er­nador.

O mesmo desin­ter­esse, tam­bém, ocor­reu diante da ini­cia­tiva do dep­utado fed­eral José Reinaldo – respon­sável pelo ingresso de sua excelên­cia na vida pública –, quando este propôs a explo­ração da Estação Espa­cial de Alcân­tara. Pro­jeto, aliás, que o futuro min­istro de Ciên­cia e Tec­nolo­gia do futuro gov­erno, o astro­nauta Mar­cos Pontes, já se mostrou sen­sível.

Seria bom que sua excelên­cia enten­desse, ou que algum amigo, ou aux­il­iar lhe expli­casse que os quase dois mil­hões de eleitores que votaram nele assim o fiz­eram – duas vezes –, por con­fiar que trará dias mel­hores para suas vidas.

Seria exce­lente que alguém dissesse a sua excelên­cia que os mais de seis mil­hões de brasileiros que habitam o estado não são de esquerda ou de dire­ita, não são comu­nistas ou cap­i­tal­is­tas – arrisco dizer que bem poucos sabem o que é isso –, na ver­dade, são cidadãos pre­ocu­pa­dos em como vão fechar as con­tas no final do mês; se não vão perder o emprego; muitos, infe­liz­mente, se terão o que colo­car na pan­ela para o almoço; se o filho terá uma escola para apren­der alguma coisa; ou um posto de saúde com, pelo menos, um enfer­meiro para lhe fazer um cura­tivo em caso de necessidade.

Seria impor­tante que alguém pon­derasse para o fato do estado, com tan­tas neces­si­dades, não pode servir de “lab­o­ratório” para exper­iên­cias gov­er­na­ti­vas infan­tis, que, pelo con­trário, pre­cisamos de tan­tos quan­tos pos­sam somar e con­tribuir de alguma forma com nosso desen­volvi­mento.

Já passa da hora disso acontecer.

Durante toda nossa história os inter­esses políti­cos do grupo dom­i­nante da vez sem­pre se sobre­puseram aos inter­esses do estado. Essa é uma, senão a prin­ci­pal, razão do nosso atraso. Enquanto out­ros esta­dos como o Ceará, Bahia e Per­nam­buco avançaram o nosso ficou para trás.

O Maran­hão tem sua própria pauta a qual deve submeter-​se a classe polit­ica, em espe­cial aque­les com a respon­s­abil­i­dade de administrá-​lo. Entre­tanto, como assis­ti­mos agora, o que vemos é o inverso, são os gov­er­nantes impondo seus pro­je­tos de cunho pes­soal à frente dos inter­esses maiores do estado.

Qual o inter­esse do estado em inter­di­tar o diál­ogo com os diri­gentes do país a par­tir de 1 de janeiro de 2019? Nenhum.

O inter­esse, se exis­tente, é ape­nas do diri­gente que parece acometido de uma tremenda “dor de cotovelo” com a vitória do can­didato que não era o de sua prefer­ên­cia e, depois, com a indi­cação do juiz Moro para o cargo de min­istro da Justiça e Segu­rança Pública, a quem injus­ti­fi­cada­mente ataca.

Sua excelên­cia, me parece, tenta atrair para si o pro­tag­o­nismo de ser o líder da oposição ao futuro gov­erno sem preocupar-​se com a real situ­ação do estado que administra.

Mais uma vez, o Maran­hão não merece isso.

Abdon Mar­inho é advogado.