AbdonMarinho - CORRUPTOS DO BRASIL, TREMEI-VOS! XERIFE NOVO NA ÁREA.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

COR­RUP­TOS DO BRASIL, TREMEI-​VOS! XERIFE NOVO NA ÁREA.

COR­RUP­TOS DO BRASIL, TREMEI-​VOS! XERIFE NOVO NA ÁREA.

Por Abdon Mar­inho.

O MANTRA mais ouvido em Brasília nos últi­mos anos foi: “sem foro, é Moro”. Uma alusão ao fato dos proces­sos dos políti­cos impli­ca­dos na “Oper­ação Lava Jato” descerem à primeira instân­cia da Justiça Fed­eral, mais pre­cisa­mente para a 13ª Vara da Seção Judi­ciária de Curitiba, cujo tit­u­lar é (ainda) o juiz Sér­gio Moro.

Por estes dias, após o con­vite pelo pres­i­dente eleito para que o juiz paranaense assumisse o Min­istério da Justiça – aliás, o super-​Ministério da Justiça, pois, segundo dizem, vai incor­po­rar a segu­rança pública e todos seus órgãos, Controladoria-​Geral da União — CGU e pelo menos uma fatia do Con­selho de Con­t­role de Ativi­dades Finan­ceiras — Coaf –, e o seu “aceite” com a condição de que terá “carta branca” para agir den­tro da lei e em obe­diên­cia à Con­sti­tu­ição brasileira, o col­u­nista José Simão, com seu estilo bem irrev­er­ente, cun­hou a frase que muito bem definiu o sen­ti­mento da cap­i­tal fed­eral com a nomeação.

Disse o col­u­nista em suas redes soci­ais e que, como amante da liber­dade de expressão não posso cen­surar: “se cu pis­cando gerasse ener­gia Brasília, hoje seria autossus­ten­tável”.

A frase a despeito de ser um pouco chula, reflete muito do sen­ti­mento da classe política, não ape­nas de Brasília, mas do Brasil inteiro. Poder-​se-​ia dizer que o Brasil inteiro seria autossu­fi­ciente em ener­gia.

Afora a crítica pes­soal à situ­ação de juízes virarem políti­cos ou ocu­parem car­gos noutros poderes da República, pois, ao meu sen­tir, juízes tais como a mul­her de César, dev­e­riam ficar acima de quais­quer sus­peitas, não ape­nas serem, mas, tam­bém, pare­cerem hon­estos, não tenho dúvi­das que a nomeação do juiz Moro para o super-​Ministério da Justiça eleva de pata­mar o gov­erno do sen­hor Bol­sonaro. Gan­hou um super plus.

Não duvido que muitos, assim como eu, faz uma crítica moti­vada pelo sen­ti­mento repub­li­cano, pelo princí­pio de que juízes devem ser voca­ciona­dos e jamais, nem de longe, terem quais­quer pre­ten­sões políti­cas. Entre­tanto, difer­ente do que muitos pregam – até para tirar proveito político –, a nomeação do juiz Moro não é o “fim do mundo”, tam­pouco rep­re­senta um “com­pro­me­ti­mento” do Poder Judi­ciário.

É jus­ta­mente o con­trário. Uma atu­ação efe­tiva do Min­istério da Justiça no com­bate à cor­rupção endêmica do país for­t­ale­cerá o papel desem­pen­hado pelos mem­bros do min­istério público e pelos juízes.

Tanto assim, que as asso­ci­ações das insti­tu­ições saudaram a futura investidura.

A maio­ria dos fal­sos críti­cos, assim agem, por saberem que essa nomeação rep­re­senta uma alter­ação sig­ni­fica­tiva no xadrez político nacional. Sabem que pres­i­dente eleito mar­cou um gol de placa ao con­vi­dar o juiz Moro e lhe prom­e­ter “carta branca” para com­bater a cor­rupção.

Mais que isso, dotar o “novo” Min­istério da Justiça dos instru­men­tos necessários para que haja, de fato, um efe­tivo com­bate ao que nos últi­mos gov­er­nos chamavam de “malfeitos”. Pois é, se roubavam bil­hões e a turma do poder e seus xerim­ba­bos diziam ser “malfeitos” ou “erros” de gestão.

Sou da opinião de que a cor­rupção é mãe de todos os males brasileiros.

É a respon­sável pela inse­gu­rança e pela vio­lên­cia que dão cabo à vida de mais de sessenta mil brasileiros, só em morte, matada, um índice supe­rior a de muitos países em guerra; é a respon­sável pelo fra­casso edu­ca­cional, pois os recur­sos que dev­e­riam ir para garan­tir uma estru­tura efi­ciente para edu­cação das cri­anças, com quadras esporti­vas, ensino inte­gral, ali­men­tação saudável de qual­i­dade e edu­cadores bem remu­ner­a­dos, fica no meio cam­inho; é a respon­sável pelo caos na saúde pública, pois o din­heiro é desvi­ado de forma acin­tosa per­mitindo que mil­hões de brasileiros mor­ram por falta de assistên­cia básica; é a respon­sável pelo desas­tre na infraestru­tura, pois mil­hões, bil­hões, são desvi­a­dos das obras públi­cas, seja na con­strução e manutenção de rodovias, seja nas demais obras estru­tu­rantes.

A endêmica cor­rupção brasileira drena recur­sos públi­cos de tudo que se faz neste país. Qual­quer um sabe que existe “esquema” em tudo para se tirar din­heiro dos con­tribuintes para o enriquec­i­mento pes­soal da nossa elite política.

Como nunca se viu na história “deste país”, for­tu­nas foram feitas “do dia para noite” nos últi­mos gov­er­nos.

E pen­sar que com­bate à cor­rupção sem­pre foi a prin­ci­pal ban­deira dos políti­cos opos­i­tores aos gov­er­nos até 2002, tanto que no dis­curso de posse do então pres­i­dente Lula ele prom­e­teu com­bater, são suas estas palavras:

O com­bate à cor­rupção e a defesa da ética no trato da coisa pública serão obje­tivos cen­trais e per­ma­nentes do meu Gov­erno. É pre­ciso enfrentar com deter­mi­nação e der­ro­tar a ver­dadeira cul­tura da impunidade que prevalece em cer­tos setores da vida pública.

Não per­mi­tire­mos que a cor­rupção, a sone­gação e o des­perdí­cio con­tin­uem pri­vando a pop­u­lação de recur­sos que são seus e que tanto pode­riam aju­dar na sua dura luta pela sobrevivência.

Ser hon­esto é mais do que ape­nas não roubar e não deixar roubar. É tam­bém aplicar com efi­ciên­cia e transparên­cia, sem des­perdí­cios, os recur­sos públi­cos foca­dos em resul­ta­dos soci­ais con­cre­tos. Estou con­ven­cido de que temos, dessa forma, uma chance única de superar os prin­ci­pais entraves ao desen­volvi­mento sus­ten­tado do país. E acred­item, acred­item mesmo, não pre­tendo des­perdiçar essa opor­tu­nidade con­quis­tada com a luta de muitos mil­hões de brasileiros e brasileiras.”

Como até os cac­tos retor­ci­dos da caatinga nordes­tina sabem, o ex-​presidente Lula e o seu par­tido não ape­nas não com­bat­eram a cor­rupção como deram a ela o sta­tus de “política de gov­erno”, ampliando-​a em tudo que era pos­sível, patroci­nando “malfeitos” até nos emprés­ti­mos consigna­dos dos vel­hin­hos aposen­ta­dos pelo Insti­tuto Nacional de Seguri­dade Social — INSS, terão muito ainda que explicar.

A gri­taria de muitos con­tra a nomeação de Moro, sobre­tudo, dos egres­sos dos últi­mos gov­er­nos, não é por zelo à justiça ou apreço a ética, é porque sabem que o Brasil está, pela primeira vez, diante da real pos­si­bil­i­dade de empreen­der uma política efe­tiva de com­bate à cor­rupção com essa nomeação, não ape­nas pelo nomeado em si, mas, prin­ci­pal­mente, pelos instru­men­tos que serão cri­a­dos para que o com­bate ocorra.

A leitura que faço é que o com­bate à cor­rupção e a con­se­quente punição aos cor­rup­tos, não será ape­nas um dis­curso ou uma ban­deira.

Saindo o com­bate à cor­rupção do plano das intenções para a real­i­dade prática o cidadão brasileiro de todos os can­tos do país sen­tirá uma mudança pro­funda.

Aquilo que nos foi prometido por Lula acabará sendo real­izado por outro. Pior, por um pres­i­dente opos­i­tor a ele e em tudo oposto ao seu ideário.

A gri­taria ocorre porque, além de saberem do muito que ainda poderá ser descoberto dos “malfeitos” que fiz­eram nos últi­mos anos – que, cer­ta­mente trará con­se­quên­cias a muita gente –, sabem que a união de todos estes órgãos, sob o comando de alguém com o per­fil de Sér­gio Moro (entendo até que pode­ria ser outra pes­soa), mudará a política brasileira de pata­mar.

Vejam, ter­e­mos um con­junto de órgãos de con­t­role (PF, CGU, Coaf), sob o comando de alguém que já se mostrou capac­i­tado para o encargo, tra­bal­hando para com­bater o prin­ci­pal mal do país na sua origem, na sua raiz, ao lado disso um Min­istério Público e um Poder Judi­ciário que, pelo menos em sua grande maio­ria, já se mostraram com­pro­meti­dos com um país livre da cor­rupção.

Caso o que se anun­cia, e prom­e­tem, venha a ocor­rer, ter­e­mos um outro cenário político daqui a qua­tro anos e para o futuro.

A gri­taria ocorre, tam­bém, por causa disso.

Caso o xerife Sér­gio Moro seja exi­toso na mis­são que se propõe a cumprir, será ele a prin­ci­pal refer­ên­cia política do Brasil, o habil­i­tando, não para ser um dos onze min­istros do Supremo Tri­bunal Fed­eral — STF, para isso já se encon­tra habil­i­tado, mas para ser, em futuro breve, o pres­i­dente da República.

Este é o ver­dadeiro temor dos fal­sos críti­cos de sua nomeação.

O xerife Moro, em caso de êxito, poderá ser o grande catal­isador dos sen­ti­men­tos que pos­si­bil­i­taram a vitória do Bol­sonaro, sem car­regar con­sigo as restrições que este tem, o que levaria o sonho de retorno ao poder dos que foram der­ro­ta­dos para as cal­en­das.

O que está em jogo é o medo de muitos se tornarem hós­pedes do Estado, mas, sobre­tudo, o ciúme é o receio de não retornarem ao poder tão cedo.

Abdon Mar­inho é advo­gado.