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ELEIÇÕES, CON­SCIÊN­CIA E “DERROTAS”.

Escrito por Abdon Mar­inho

ELEIÇÕES, CON­SCIÊN­CIA E “DER­RO­TAS.

Por Abdon Marinho.

DESDE menino que a política faz parte da minha vida. Já em 1982, ainda cri­ança, tive par­tic­i­pação nas eleições daquele ano.

Com mal ou bem vivi­dos cinquenta, exper­i­mentei mais der­ro­tas que vitórias. Posso dizer, entre­tanto, que as der­ro­tas mais doí­das foram aque­las que gan­hei.

Certa vez, um amigo que acom­panha, ao menos em parte, essa história, indagou-​me se não me inco­mo­dava em, quase sem­pre, escol­her o “lado errado”.

Respondi-​lhe que não, pois na ver­dade minha escol­has se davam por aquilo que, segundo o meu entendi­mento, eram as mel­hores opções para o país, o estado ou o municí­pio; que o impor­tante para mim era ter a con­sciên­cia de ter feito a coisa certa.

E é assim que penso, pior que fazer a escolha “errada” é fazer a escolha “certa”, não por ser a mel­hor opção para o bem comum, para a nação, estado ou municí­pio, mas sim pela con­veniên­cia de escol­her aquele que a eleição se apre­sente mais fácil, mesmo sabendo que se trata de um escroque, um cor­rupto que está imbuído dos piores propósi­tos.

Faço a escolha de ficar em paz com a minha con­sciên­cia, com aquilo que acred­ito ser o cor­reto, ético e das quais não tenha que me enver­gonhar depois (e devo dizer que fiz escolha que me envergonharam).

Um dis­cur­sos dos mais emo­cio­nantes do Senado da República foi pro­ferido pelo bril­hante senador ama­zo­nense Jef­fer­son Peres, lá pelos idos de 2006.

Naquela opor­tu­nidade o senador descorti­nava toda a cor­rupção trazida a público pelo chamado escân­dalo do “Men­salão Petista”. E refle­tia dizendo que a despeito disso, de toda a cor­rupção exposta o ex-​presidente de então, Sen­hor Luís Iná­cio Lula da Silva, apare­cia nas pesquisas de intenção de votos como favorito.

O senador dizia que o can­didato a reeleição pode­ria ter quase a total­i­dade dos votos dos brasileiros, mas não o dele.

Foi neste dis­curso que aquele grande brasileiro (não na estru­tura física, mas no caráter) anun­ciou que não mais seria can­didato, tal o nojo que tomara da política brasileira, tal a decepção que lhe acome­tia. Daquele dis­curso até sua morte o senador vive­ria pouco menos de dois anos.

As proféti­cas palavras do senador foram igno­radas pelos eleitores que reelegeram o ex-​presidente para mais um mandato emb­ora sabendo (e par­tic­i­pando, sabe-​se hoje) de toda a ban­dal­heira ocor­rida em seu gov­erno.

Já naquela opor­tu­nidade qual­quer pesquisa ou enquete dava conta que a pop­u­lação tinha con­hec­i­mento que o ex-​presidente era sabedor de toda a cor­rupção exis­tente no seu gov­erno e ainda assim preferiu elegê-​lo e o resul­tado daquele desac­erto de 2006 todos con­hece­mos hoje. Naquele histórico dis­curso o senador Peres crit­i­cava a sociedade, o povo, os eleitores e tam­bém classe artís­tica e int­elec­tual que se mostrava conivente e aceitava de bom grado a cor­rupção como estraté­gia de poder prat­i­cada pelo ex-​presidente Lula e a quadrilha que instalou no poder, desde que lá chegou, no já longín­quo ano de 2003.

Essa mesma sociedade, esse mesmo povo, os mes­mos artis­tas e pseudo-​intelectuais que ainda hoje – como fiz­eram naquele 2006 –, fin­gem que nada de errado acon­te­ceu com este país nos des­gov­er­nos de Lula e Dilma, que a política é mesmo esse pân­tano fétido e que é “líc­ito” aos políti­cos meterem a mão na “merda”, con­forme disse um destes artis­tas num show em apoio ao ex-​presidente Lula naquela opor­tu­nidade.

No pleito de 2006, como em diver­sos out­ros fiz a opção de “votar errado”, escolhi o can­didato que seria der­ro­tado por mais de sessenta por cento dos eleitores, pela classe artista e pelos “int­elec­tu­ais”, os “bonzinhos”.

Mas, olhando para trás, será que fui eu o “errado”? Será que não teríamos evi­tado todos os males que ocor­reram no país na última década, se em 2006 a maio­ria do povo brasileiro não tivesse escol­hido um pro­jeto político que já sabia car­co­mido pela cor­rupção? Será que não estaríamos bem mel­hores se tivésse­mos dado um “basta” na cor­rupção naquele momento?

Hoje assisto as pes­soas se per­guntarem como cheg­amos a esse nível de ban­dalha, a esse nível de rad­i­cal­iza­ção, a esse nível de deses­per­ança. Como? Explico: foi em 2006, quando a maio­ria da pop­u­lação eleitora ape­sar de aler­tada resolveu “fin­gir” acred­i­tar que o ex-​presidente Lula era inocente e votar nele para con­tin­uar um pro­jeto crim­i­noso de poder. Ou, pior que isso, resolveu que era “nor­mal” a cor­rupção fazer parte da vida cotid­i­ana da sociedade.

Acon­tece que os eleitores não fiz­eram isso ape­nas porque os “artis­tas” ou “int­elec­tu­ais” pedi­ram, dis­seram que o país estava no cam­inho certo. Não. Fiz­eram porque são indifer­entes aos males da cor­rupção desde que tirem alguma van­tagem, desde que rece­bam a bolsa disso, daquilo, ou uma esmola de algum político safado.

A prova maior disso é que ainda hoje con­tin­uam a votarem em políti­cos que são “cor­rup­tos de nascença”.

Isso mesmo, não escol­hem alguém que depois de eleito virou cor­rupto, nada disso, escol­hem aque­les que sabem serem cor­rup­tos desde sem­pre, que em tudo que fiz­eram foi com o propósito de roubar, desviar, tirar algum proveito próprio.

A sociedade, os eleitores sabem quem são eles, con­hecem as for­tu­nas que são feitas da noite para o dia, como num passé de mág­ica. Mas aceitam, e até acham “bonito” que fulano que nunca tra­bal­hou, nunca enfiou um “prego numa barra de sabão” vire mil­ionário roubando o din­heiro da escola que falta aos seus fil­hos, o posto de saúde que pode­ria socorrê-​los numa emergên­cia, na estrada que os levaria a algum lugar, etc. acham bonito que esses recur­sos virem a for­tuna dos seus rep­re­sentes.

O Brasil escol­heu e escolhe a cada pleito sua própria des­graça.

Não, não tenho receio de “perder meu voto” escol­hendo aque­les que acred­ito mais prepara­dos, mais hon­estos e com­pro­meti­dos com o inter­esse público. Infe­liz­mente, estes estão cada vez mais raros.

A minha con­sciên­cia impõe que pre­fira a “der­rota” à cumpli­ci­dade. É o que penso.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

PRE­CON­CEITOS CONTRADITÓRIOS.

Escrito por Abdon Mar­inho

PRECON­CEITOS CONTRADITÓRIOS.

Por Abdon Mar­inho.

RECEBO dos ali­a­dos e defen­sores do can­didato do PT, Fer­nando Had­dad, através das redes soci­ais, e com ares de escân­dalo, a infor­mação (não sei se ver­dadeira ou falsa) que o can­didato do PSL, Sen­hor Bol­sonaro teria dito, sug­erido ou defen­dido o nome do ator(?) Alexan­dre Frota como min­istro da cul­tura na hipótese de eleger-​se à presidên­cia da República.

Como disse, tratam a notí­cia como escân­dalo ou um crime.

Não dis­cutem se o cidadão pos­sui com­petên­cia ou não para o cargo – é até pos­sível que tenha, ou não –, mas ata­cam e se escan­dal­izam porque o suposto indi­cado, há dezenas de anos, ainda no século pas­sado, teria atu­ado como ator em filmes de con­teúdo adulto homos­sex­ual.

Para reforçar o “escân­dalo” junto com a “notí­cia” colo­cam fotos das pelícu­las onde o ator aparece em tór­ri­das cenas de sexo com out­ros atores.

Ora, se acusam o can­didato de con­ser­vador, rea­cionário, homofóbico, den­tre out­ras adje­ti­vações, por que o falso escân­dalo por uma pos­sível indi­cação do ator?

Enten­de­ria, caso ques­tionassem a ausên­cia de com­petên­cia, caso estivesse envolvido em escân­da­los de cor­rupção, etc, – o que, até aqui, não se noticia.

O rapaz estaria desqual­i­fi­cado para o cargo por ter sido ator de filmes gays? Por ter feito cenas “quentes” de sexo com out­ros homens?

Mas não é o sen­hor Bol­sonaro que é homofóbico? Que cri­ará um Comando de Caça aos Gays?

Não con­sigo enten­der. Se é este can­didato que reúné as piores car­ac­terís­ti­cas de intol­erân­cia, por que a “grita” se a suposta indig­nação é jus­ta­mente em sen­tido contrário?

Quem está sendo pre­con­ceitu­oso e intolerante?

Observo que se o suposto indi­cado, tivesse, por exem­plo, matado alguém – crime mais grave da hier­ar­quia penal –, ao invés de ter feito um ou mais filmes gays, já estaria livre, leve e solto, no jargão: “teria pago sua dívida com a sociedade” e, até mesmo pelas políti­cas de inserção de egres­sos na vida social, apto a qual­quer tra­balho e seria incen­ti­vado a tê-​los. Já o cidadão que ao invés disso, fez (ou rep­re­sen­tou) cenas de sexo com outro homem, há décadas, não pode ocu­par um cargo público, seja de min­istro, secretário, dep­utado ou o que o valha, sem que seja crit­i­cado ou cen­surado por isso?

Não seria o contrário?

Não con­sigo enten­der essa crítica ao can­didato por uma suposta indi­cação, jus­ta­mente das pes­soas que, a vida inteira se venderam como de van­guarda, tol­er­antes, etc.

Um can­didato, então não pode indicar um ator pornô. Seria pre­con­ceito con­tra a pornografia? Con­tra atores gays ou de filmes gays?

Con­fesso que não con­sigo entender.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

O “BOL­SONAR­ISMO” E O FRA­CASSO DA POLÍTICA.

Escrito por Abdon Mar­inho

OBOL­SONAR­ISMO” E O FRA­CASSO DA POLÍTICA.

Por Abdon Mar­inho.

QUAL­QUER que seja o resul­tado da dis­puta eleitoral deste ano tenho por mim que a política nacional nunca mais será a mesma.

No cen­tro desta assertiva, com maior destaque, o can­didato a pres­i­dente Jair Bol­sonaro.

A par­tir da chamada rede­moc­ra­ti­za­ção do pais, con­tada da data da eleição de Tan­credo Neves, em 1985, não surgiu um político capaz de gal­va­nizar tan­tos sen­ti­men­tos – para o bem ou para o mal, quanto ele.

Não há para­lelo. O difer­en­cial em todos estes atos pró-​Bolsonaro é o caráter vol­un­tário. Mesmo nos menores municí­pios nordes­ti­nos, tidos como ter­ritório do “petismo” temos vis­tos car­reatas, “moto­cadas” ou mesmo pas­seio de bici­cle­tas, em apoio ao can­didato do Par­tido Social Lib­eral — PSL.

Os “seguidores” do “bol­sonar­ismo” fazem questão de dizer que estão lá – par­tic­i­pando dos even­tos do can­didato, sem o can­didato –, de forma vol­un­tária e espon­tânea.

Vão além: com­pram as camisas do can­didato e tratam o can­didato como “mito”.

Não me recordo de ter assis­tido um movi­mento igual em apoio a nen­hum can­didato na recente história política do país. Mesmo o movi­mento “Dire­tas Já”, de 1984, era um movi­mento de “causa”, se voltava con­tra a ditadura mil­i­tar e pelo dire­ito de escolha pelo voto direto do diri­gente da nação. Sem con­tar que reu­nia uma miríade de pes­soas e sen­ti­men­tos, estes os mais dís­pares.

Outro grande movi­mento “espon­tâ­neo” ocor­rido a par­tir de 2013, se voltava con­tra tudo e con­tra todos, sem pos­suir um obje­tivo determinado.

O que vemos hoje – e acho que as pesquisas de opinião pública não refletem com exatidão o fenô­meno –, é o mais extra­ordinário movi­mento político espon­tâ­neo das últi­mas décadas, retro­cedo para antes do régime mil­i­tar, implan­tado em 1964.

Em ter­mos pro­por­cionais temos algo bem pare­cido ao movi­mento getulista, no século pas­sado – e aí já peço des­cul­pas aos his­to­ri­adores se disse alguma tolice.

E por que acho que esta­mos diante de um fenô­meno político? Sim­ples, o sen­hor Bol­sonaro é, talvez, um dos mais frágeis, den­tre os can­didatos, com ideias rasas e de senso comum que sei, não encon­tram adep­tos nem entre os seus mais fieis eleitores e/​ou seguidores, a maio­ria com­posta por pes­soas de for­mação int­elec­tual supe­rior.

Por isso mesmo, a quase a una­n­im­i­dade dos seus eleitores, con­cor­dam que o seu preparo para gov­ernar só seja igual ou supe­rior ao da ex-​presidente Dilma ou do ex-​presidente Lula.

Ape­sar de tan­tas situ­ações pes­soais des­fa­voráveis e ideias cur­tas, con­tando com estru­tura par­tidária minús­cula, pos­suir pouquís­si­mos segun­dos de tempo na tele­visão e rádio e de ter ficado fora de ativi­dades de cam­panha durante, prati­ca­mente, todo o primeiro turno – por conta do aten­tado –, con­segue reunir o apoio de mais trinta por cento do eleitorado, não deixa dúvi­das que o sen­hor Bol­sonaro é um fenô­meno político.

Como não recon­hecer como fenô­meno um can­didato que a despeito de tan­tas frag­ili­dades conta, hoje, com o apoio «fechado» de quase 35 mil­hões de eleitores, que não ape­nas votam nele, mas estão nas ruas fazendo sua cam­panha, sem rece­ber nada para isso?

Esse sucesso, entre­tanto, é o reflexo mais con­tun­dente do fra­casso da polit­ica brasileira.

A história reg­is­tra out­ros exem­p­los de surg­i­mento de lid­er­anças inusi­tadas na esteira do fra­casso da polit­ica insti­tu­cional.

Difer­ente no caso brasileiro é o fato do sen­hor Bol­sonaro ser “politico profis­sional” há quase 30 anos.

O que poucos dizem – talvez por não terem se dado conta –, é que tanto o fra­casso da polit­ica quanto o surg­i­mento do “bol­sonar­ismo» como fenô­meno politico-​eleitoral é uma cri­ação do Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT e dos seus ali­a­dos, sobre­tudo dos os mais rad­i­cais, no poder desde 2003.

Foram eles com a sua falta de apreço pela democ­ra­cia e respeito às insti­tu­ições; com a uti­liza­ção da cor­rupção como estraté­gia de per­manên­cia e manutenção do poder que destruiu a polit­ica nacional e pos­si­bil­i­tou o surg­i­mento de supos­tos “sal­vadores da pátria” como o que hora se verifica.

Engana-​se, tam­bém, os que pen­sam que os dois episó­dios: o fra­casso da política e o surg­i­mento de “mitos” não foi feito “por aci­dente”. Não foi.

A ver­dade a ser dita é uma só: o PT e suas lid­er­anças não acred­i­tam no mod­elo de democ­ra­cia que luta­mos à duras penas para con­quis­tar. Isso quem diz não sou eu. São seus doc­u­men­tos e ini­cia­ti­vas.

Agora mesmo temos assis­tido o sen­hor José Dirceu – que, con­de­nado a mais de trinta anos de cadeia, só está solto por viver­mos numa democ­ra­cia exces­si­va­mente con­de­scende com crim­i­nosos – dizer que “vão tomar o poder” e falar que não recon­hece a legit­im­i­dade do Poder Judi­ciário como insti­tu­ição.

Ora, isso numa democ­ra­cia, ressal­vado o dire­ito à liber­dade expressão, é chama­mento a um golpe de estado nos moldes do feito na Venezuela e que des­graçou aquele país.

Usa-​se eleições legí­ti­mas para se destruir as insti­tu­ições democráti­cas e o próprio Estado.

Neste con­texto, a estraté­gia do petismo e ali­a­dos passa tam­bém pela “destru­ição” das demais forças polit­i­cas ou torná-​las seus satélites.

Foi isso que fiz­eram desde que chegaram ao poder: tra­bal­ham para elim­i­nação das demais agremi­ações e lid­er­anças fazendo alianças fisi­ológ­i­cas respon­sáveis pelos grandes escân­da­los de cor­rupção.

A estraté­gia de elim­i­nação da classe polit­ica é mais pre­sente em relação ao PSDB, mas, no atual pleito, tra­bal­haram – e ainda tra­bal­ham –, para aniquil­a­mento politico de Marina Silva, da Col­i­gação Rede/​PV – como fiz­eram em 2014 –, e, tam­bém, de Ciro Gomes, do PDT.

As pub­li­cações nacionais dos últi­mos dias trazem escabrosas histórias de como o ex-​presidente/​presidiário Lula tem manobrado, de den­tro da cadeia, para acabar com as can­di­dat­uras de Marina Silva e Ciro Gomes, que, pelo menos, no plano teórico, sem­pre foram ali­a­dos do “petismo”.

A eles não inter­essa uma sociedade baseada no plu­ral­ismo de ideias, den­tro de um con­senso do entendi­mento médio do seja a democ­ra­cia.

Se fosse assim, não tra­bal­hariam para fomen­tar a divisão da sociedade entre norte e sul; bran­cos e negros; índios e bran­cos; pobres e ricos, gays e het­eros­sex­u­ais e, pas­mem, até entre homens e mul­heres, como se uns não pre­cisas­sem de out­ros.

Enquanto pro­movem a destru­ição dos demais agru­pa­men­tos políti­cos e rad­i­cal­izam posições divi­sion­istas da sociedade, fomen­tam o surg­i­mento de “líderes» como Bol­sonaro.

Assim, em última análise, o “bol­sonar­ismo» nada mais é do que uma cri­ação do “petismo”, dos seus treze anos de des­man­dos.

Tenho con­ver­sado com alguns ami­gos que são eleitores do pres­i­den­ciável do PSL.

Esses eleitores que, segundo pesquisas for­mam a maio­ria do seu eleitorado, têm pelo menos duas grad­u­ações, com mais de uma espe­cial­iza­ção, pai de família com fil­hos na ado­lescên­cia ou próx­imo disso, que, se não é rico, sus­tenta a si e aos seus sem maiores difi­cul­dades. Ou seja não é alguém sem esclarec­i­mento do que seja política.

O que ouvi: votam e fazem cam­panha para Bol­sonaro porque vêem nele o único capaz de romper, nesse momento, com o pro­jeto de sociedade que o “petismo” já ten­tou implan­tar e que “ameaça” a fazê-​lo, caso cheguem ao poder nova­mente.

Como o petismo con­hece as frag­ili­dades do can­didato Bol­sonaro vem incen­ti­vando o clima de “guerra”, como estraté­gia de for­t­alec­i­mento da sua can­di­datura.

E quem disse isso, con­forme já referido acima, foi o próprio José Dirceu, ao cun­har que “não basta gan­har a eleição, temos que tomar o poder”.

Esse é o tipo de rad­i­cal­iza­ção que, longe de inter­es­sar ao con­junto da sociedade – que quer o país estável para pro­duzir e gerar empre­gos –, mas tão somente a quem incen­tiva a “guerra” e insta­bil­i­dade como forma de col­her div­i­den­dos.

Um erro que pode “estra­gar” a estraté­gia é que o “bol­sonar­ismo”, parece-​me, bem maior que Bol­sonaro.

Assim, chegare­mos ao sete de out­ubro: de um lado os “bol­sonar­is­tas” imaginando-​se numa “cruzada” para sal­var a sociedade brasileira dos males do “comu­nismo”, da “depravação”, da “venezueliza­ção” do Brasil, destru­ição da “família cristã oci­den­tal” e do outro os devo­tos e seguidores do “petismo” imaginando-​se – e pre­gando –, que eleito Bol­sonaro, a mis­são de um futuro gov­erno seu será elim­i­nar as chamadas mino­rias e os out­ros segui­men­tos da sociedade.

Decerto imag­i­nam milí­cias “bol­sonar­is­tas” armadas para elim­i­nar gays, índios, negros, pobres, nordes­ti­nos, etc. Talvez pensem que será reim­plan­tada um novo mod­elo de sociedade patri­ar­cal, em voga até o iní­cio do século pas­sado, com as mul­heres e fil­hos como “pro­priedades” dos seus sen­hores.

Se não fosse tão ter­rível, tão dan­tesco e toscas tais ideias, tal quadro seria engraçado.

O Brasil vive um momento tão sur­real, que é como se tivésse­mos retro­ce­dido alguns sécu­los.

Ao que parece, no atual momento menos impor­tante que ter­mos uma edu­cação de qual­i­dade, uma saúde efe­tiva para a pop­u­lação, estar­mos prepara­dos para com­pe­tir de igual para igual com os demais países no mer­cado global ou conec­ta­dos aos avanços tec­nológi­cos ou da ciên­cia é saber­mos com quem fulano ou bel­trano vai para cama ou o que pensa sobre deter­mi­na­dos temas próprios da vida privada.

Será que foi para isso que tanto batal­hamos para chegar até aqui?

Vejo como resul­tado desta eleição ape­nas um: o fra­casso de um pro­jeto de nação.

Abdon Mar­inho é advo­gado.