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UMA NAÇÃO DE CORRUPTOS?

Escrito por Abdon Mar­inho

UMA NAÇÃO DE CORRUPTOS?

Por Abdon Marinho.

TENHO por certo que ninguém ignora os male­fí­cios da cor­rupção numa sociedade – em qual­quer sociedade.

Ela (cor­rupção) drena os recur­sos que dev­e­riam servir para con­struir esco­las, pagar mel­hor os pro­fes­sores, dotar as unidades de saúde de medica­men­tos, equipa­men­tos, médi­cos e out­ros profis­sion­ais; garan­tir a mel­hor assistên­cia aos dela neces­si­tam; dotar os esta­dos de uma infraestru­tura capaz de fomen­tar o desen­volvi­mento; treinar e armar a polí­cia para que enfrente o crime orga­ni­zado e a vio­lên­cia que assom­bra a sociedade; enfim, a cor­rupção está na raiz de todos os demais prob­le­mas enfrenta­dos pela sociedade.

Os exem­p­los estão nas diver­sas esferas de gov­erno espal­hadas pelo Brasil.

Não são pou­cas as man­i­fes­tações que cla­mam pelo fim (ou diminuição) da cor­rupção e por maiores inves­ti­men­tos nas áreas essen­ci­ais: edu­cação, saúde, assistên­cia, infraestru­tura e, prin­ci­pal­mente, segurança.

A cor­rupção sem­pre exis­tiu no Brasil – pelo menos, desde que por estas ter­ras apor­taram out­ros povos.

A despeito de sem­pre ter exis­tido — e, talvez, sem­pre exi­s­tirá –, é per­cep­tível que nos últi­mos tem­pos ela recrude­sceu. E, tanto que ao lado da vio­lên­cia é do que mais reclama a população.

Assim, tenho por certo, ainda, que a cor­rupção deva extir­pada, ou ces­sada, ou dimin­uída, etc. Estou certo?

Ape­sar de tan­tos male­fí­cios cau­sa­dos pela cor­rupção no Brasil, inclu­sive na área da segu­rança que causa mais de 60 mil homicídios/​ano e o desem­prego que já levou à indigên­cia mais de 13 mil­hões de cidadãos, lid­er­ava a cor­rida eleitoral deste ano de 2018, jus­ta­mente um cidadão con­de­nado e preso por cor­rupção e lavagem de prisão a doze anos e um mês de cadeia.

As pesquisas rev­e­lam que se não estivesse impe­dido de con­cor­rer às eleições por conta da Lei da Ficha Limpa, o encar­cer­ado pode­ria, até mesmo, gan­har a eleição no primeiro turno.

Não fos­sem os impedi­tivos legais, o Brasil, como as orga­ni­za­ções crim­i­nosas, pode­ria ser coman­dado de den­tro da cadeia.

Ainda indi­re­ta­mente, a hipótese de ter­mos o país coman­dado de den­tro da cadeia não pode ser total­mente afas­tada: as mes­mas pesquisas rev­e­lam que o “poste” que venha ser indi­cado pelo condenado/​presidiário tem chances de gan­har as eleições.

Está é a reflexão que faço: como uma pop­u­lação con­hece­dora das des­graças cau­sadas pela cor­rupção (ainda) se dis­punha a votar em um can­didato ao mais ele­vado cargo da nação alguém con­de­nado e preso por … corrupção?

A das últi­mas pesquisas DataFolha*, con­tratada pela Folha de São Paulo e TV Globo, mostrou que alguém nas condições descritas acima tem quase 40% (quarenta por cento) dos votos váli­dos dos brasileiros.

Temos, então, por baixo, con­siderando o histórico de abstenção e votos nulos, mais de 40 mil­hões de cidadãos dizendo que votariam, sim, em um cor­rupto con­de­nado e preso.

É de se inda­gar: que fim levou a indig­nação dos cidadãos? Cadê os protestos con­tra a roubal­heira dos recur­sos públi­cos? São indifer­entes a ela? Acham nor­mal tudo que acon­te­ceu no Brasil nesta década e meia?

Sem maiores delon­gas e sem con­sid­erar as pro­postas dos demais can­didatos, pudesse o condenado/​preso dis­putar a eleição, poucos duvi­dam, liq­uidaria a eleição no primeiro turno. Ou seja, teria mais da metade dos votos váli­dos.

A sociedade brasileira, deve­mos deduzir, apoia a famosa política do “rouba mas faz” ou vende que faz? Seria isso?

Vejam, prom­e­tendo com­bate firme a cor­rupção o ex-​presidente Lula, hoje na condição de condenado/​presidiário por cor­rupção assumiu o gov­erno da nação em 2003, desde então, segundo nar­ram os autos a Ação Penal 470, começou-​se as práti­cas mais odi­en­tas de cor­rupção que vieram a ser rev­e­ladas em 2005, no famoso caso apel­i­dado “Men­salão”. Fingindo-​se traído e dizendo nada saber, no ano seguinte foi reeleito pres­i­dente da República – emb­ora já sem os votos das pes­soas de bem –, e as práti­cas cor­rup­tas, que nunca ces­saram, con­tin­uaram mais fortes e agres­si­vas, con­forme nos foi rev­e­lado no curso da chamada “Oper­ação Lava Jato”.

Os números da ban­dalha rev­e­la­dos nesta oper­ação, que são de todos con­heci­dos – grandiosos e superla­tivos –, rev­e­lam que o país não foi gov­er­nado por par­tidos e políti­cos mais sim por uma sofisti­cada orga­ni­za­ção crim­i­nosa que tinha duas mis­sões prin­ci­pais: a primeira assaltar, com deste­mor, os cofres públi­cos; a segunda enga­nar os incau­tos com esmo­las.

Emb­ora inelegível por conta do primeiro processo e talvez o de menor apelo, vez que a propina se deu através de reforma em um aparta­mento e num valor que, salvo mel­hor juízo, não alcançou dois mil­hões de reais, o fato é que ele foi con­de­nado em duas instân­cias judi­ci­ais – o que é sufi­ciente para impedi-​lo da dis­puta –, e as demais instân­cias não encon­traram, à primeira vista, qual­quer mácula no processo.

Assim, quando a sociedade, através das pesquisas de opinião, enquanto durou a nati­morta can­di­datura, o apon­tava como franco favorito, estava sim­ples­mente dizendo que a cor­rupção com­pro­vada e/​ou san­cionada não é impedi­tivo para que as pes­soas dis­putem mandatos ele­tivos e, partindo daí, podem até eleger dep­uta­dos e senadores dis­pos­tos a por fim a “Lei da Ficha Limpa” ou mesmo votarem medi­das que difi­cul­tem ou impeçam o com­bate à cor­rupção ou, noutro giro, dizendo que os órgãos de con­t­role: Polí­cia Fed­eral, Min­istério Público e o próprio Poder Judi­ciário brasileiro encontram-​se car­co­mi­dos pela cor­rupção e, por­tanto, segundo essa nar­ra­tiva, o jul­ga­mento do ex-​presidente foi o maior erro judi­ciário que se tem noti­cia no mundo.

Este é o país que quer­e­mos? Decerto, é o que temos.

A situ­ação obje­tiva posta é essa: um con­de­nado pode ser can­didato? Pode ser eleito? Pode diri­gir uma nação? Caso afir­ma­tivo, o que impede que out­ros con­de­na­dos, tam­bém, pos­sam ser can­didatos? O que os impede de pas­sar men­sagens aos seus dis­cípu­los infor­mando que devem votar neste ou naquele can­didato? Se o con­de­nado Lula pode (pelo menos isso é o que defende muitos dos seus ali­a­dos), por que o Mar­cola ou o Fer­nand­inho Beira-​mar, não podem? Todos estão, per­ante a lei, na condição de con­de­na­dos, pre­sos, cumprindo suas penas.

O Tri­bunal Supe­rior Eleitoral — TSE, com acerto sepul­tou a can­di­datura do ex-​presidente con­de­nado, proibindo-​o – assim como faz com todos os demais con­de­na­dos –, de par­tic­i­par da cam­panha. Não era sem tempo. A candidatura-​fake só tinha o condão de trazer muito mais insta­bil­i­dade ao país e ver­gonha para suas insti­tu­ições. Com acerto agiu ao igno­rar a suposta recomen­dação lim­i­nar de dois mem­bros de um obscuro comitê da ONU, cuja a com­posição são dezoito, solic­i­tando que o Brasil pas­sasse por cima de toda sua leg­is­lação para garan­tir que o ex-​presidente par­tic­i­passe da disputa.

O Brasil não é – ainda – uma republi­queta de bananas.

O ex-​presidente foi con­de­nando e por isso mesmo impe­dido de par­tic­i­par da dis­puta eleitoral, com base em leg­is­lação mundial­mente recon­hecida e aceita, não com base em leis de exceção, a intro­mis­são de quem quer que seja, em tal assunto, chega a ser ofen­sivo à sobera­nia nacional.

O espan­toso de tudo isso, não é, entre­tanto, que se ofenda as pes­soas de bens com pre­ten­sões estapafúrdias.

Noutros tem­pos, um boato sobre a inte­gri­dade moral de uma pes­soa, já lev­ava a afastar-​se – por voltante própria –, de qual­quer dis­puta política, agora já não basta um boato, já não basta uma notí­cia, já não basta uma ou duas con­de­nações, já não basta a prisão, os valentes, mesmo após o vered­ito de todas as instân­cias judi­cias, cla­mam, nas ruas pelo jul­ga­mento das urnas. Para estes são elas que devem dizer se alguém, inde­pen­dente de qual­quer coisa, encontra-​se apta ou não a con­duzir os des­ti­nos da nação.

Cla­mam assim na esper­ança que, mais uma vez, a voz da mul­ti­dão faça o que já fiz­era há mais de dois mil anos, quando escol­heu Barrabás à Jesus Cristo.

O pior é que, pelo andar da car­ru­agem, mais uma vez a história tinha tudo para se repe­tir, pois vive­mos num país onde as pes­soas (grande parte delas) não vêem con­strang­i­mento na cor­rupção que san­gra a nação e nega seus dire­itos bási­cos, como saúde, edu­cação, segu­rança, infraestru­tura, cul­tura e tan­tos out­ros. O roubar muito fazem os líderes.

Essa é a nossa sociedade.

Abdon Mar­inho é advogado.

*Datafolha /​Folha de S. Paulo e TV Globo Pesquisa do dia 22/​08/​2018, real­izada entre os dias 20 e 21/​08/​2018; Reg­istro nº: BR-​04023/​2018; Amostra: 8.433; Margem de erro: +-2 pon­tos per­centu­ais.

A CRISE MIGRATÓRIA VENEZUE­LANA E A DEMOC­RA­CIA BRASILEIRA.

Escrito por Abdon Mar­inho

A CRISE MIGRATÓRIA VENEZUE­LANA E A DEMOC­RA­CIA BRASILEIRA.

Por Abdon Marinho.

UM DOS PRINCÍ­PIOS fun­da­men­tais da República Fed­er­a­tiva do Brasil é o asilo político.

Algo tão impor­tante que se encon­tra no primeiro título, chamado, dos princí­pios fun­da­men­tais, logo no iní­cio da Carta, que esta­b­elece: Art. 4º A República Fed­er­a­tiva do Brasil rege-​se nas suas relações inter­na­cionais pelos seguintes princí­pios: X — con­cessão de asilo político.

Mas não é só, ainda no mesmo artigo segue expresso: “Pará­grafo único. A República Fed­er­a­tiva do Brasil bus­cará a inte­gração econômica, política, social e cul­tural dos povos da América Latina, visando à for­mação de uma comu­nidade latino-​americana de nações”.

Em tem­pos recentes, só me recordo do Brasil ter deix­ado de obser­var tal princí­pio, quando, por ocasião dos Jogos Pan-​Americanos de 2007, dois pugilis­tas cubanos fugi­ram da sua del­e­gação, e, ao invés do gov­erno brasileiro conceder-​lhes o asilo, os devolveu à ditadura dos irmãos Cas­tro, num dos episó­dios mais ver­gonhosos da história da nossa diplo­ma­cia.

Agora, diante do últi­mos acon­tec­i­men­tos na fron­teira Brasil-​Venezuela, mais uma vez nos encon­tramos numa situação-​limite entre os dita­mes con­sti­tu­cionais, real­i­dade dos fatos, mas, sobre­tudo, de mais uma vez escreve­mos mais uma página ver­gonhosa.

Com troça dizia a um amigo: — em Roraima a Con­sti­tu­ição se encon­trou com a real­i­dade.

Afora a pil­héria, a situ­ação em Roraima se agrava, sobre­tudo, pela inca­paci­dade do gov­erno fed­eral, chamar para si a respon­s­abil­i­dade e assumir o comando da situ­ação, con­forme manda a Con­sti­tu­ição Fed­eral.

Estran­hamente, isso acon­tece quando o país é gov­er­nado – ainda que aos tran­cos e bar­ran­cos –, por um pres­i­dente que fez fama como pro­fes­sor de Dire­ito Con­sti­tu­cional. Mais que isso, por alguém que aju­dou a escr­ever a Con­sti­tu­ição brasileira.

À vista de todos, não resta dúvida que a crise migratória venezue­lana para o Brasil tem desafi­ado os nos­sos pos­tu­la­dos con­sti­tu­cionais mas caros.

Vejo autori­dades falarem, sem con­strang­i­men­tos, em fechar a fron­teira; estar­recido, assisti a comu­nidade de Pacaraima, RR, expul­sar os venezue­lanos para seus países – estes já expul­sos de seu próprio país pela ditadura bru­tal e pela fome.

Como falar em inte­gração econômica, política e social e cul­tural entre os povos da América Latina se na primeira vez que um povo pede socorro o país lhe vira as costas e não o ajuda além do dis­curso protocolar?

A crise na Venezuela – já trata­mos dela aqui diver­sas vezes –, é bru­tal, é desumana. E o Brasil tem sua parcela de culpa.

Não esqueçamos que o gov­erno brasileiro apoiou, com o que pôde, a insta­lação da ditadura no país viz­inho, sem qual­quer crítica aos seus méto­dos.

Os gov­er­nos de Lula e Dilma Rouss­eff abri­ram os cofres nacionais para for­t­ale­cer a ditadura Chávez/​Maduro. O próprio ex-​presidente, numa con­duta que aqui cri­tiquei, gravou vídeos e par­ticipou de comí­cios em apoio à can­di­datura do atual dita­dor, numa eleição à atual, quando todos já sabiam do caráter dita­to­r­ial e seus male­fí­cios para os cidadãos.

É indu­vi­doso que quando o gov­erno e os políti­cos brasileiros fiz­eram isso – con­tribuíram com a insta­lação e manutenção da ditadura –, estavam nos tor­nando respon­sáveis pelo caos que agora é do con­hec­i­mento de todos.

As últi­mas notí­cias dão conta que a pop­u­lação do país, os que ainda podem, estão com­prando carne estra­gada para comer – embebem com limão para afas­tar o odor e comem, chegando a pas­sar mal. Pior, até para adquirir essa carniça tem fila.

A crise des­en­cadeada na região de fron­teira em Roraima não é culpa dos roraimenses ou do seu gov­erno estad­ual – emb­ora não pos­samos coon­es­tar com sua leniên­cia – é culpa, repito, do gov­erno cen­tral, que não tem assum­ido o papel de coor­de­nação no acol­hi­mento destes migrantes.

Um con­tin­gente de 130 ou 150 mil em Roraima é muito, uma vez que toda a pop­u­lação do estado não alcança 400 mil pes­soas, mas é quase nada se com­parado à pop­u­lação do Brasil de 210 mil­hões de brasileiros.

Segundo lev­an­ta­mento da ONU, pub­li­cado no site G1, nos últi­mos dezoito meses, os venezue­lanos que migraram para o Brasil alcança 128 mil, no mesmo período (ou em menos tempo), 547 mil migraram para o Equador; 442 mil migraram para a Colôm­bia; e 400 mil migraram para o Peru. Todos estes países com pop­u­lação infini­ta­mente infe­rior a nossa e mais pobres eco­nomi­ca­mente.

Ape­sar do grande número de migrantes para os países viz­in­hos – e é nor­mal que migrem para eles pela inex­istên­cia de bar­reira lin­guís­tica –, não temos notí­cias das cenas de vio­lên­cia con­tra os migrantes como as que assis­ti­mos, para nossa ver­gonha, em Pacaraima, com a pop­u­lação expul­sando cidadãos que já foram despo­ja­dos de tudo pelo seu próprio gov­erno.

Toda essa vio­lên­cia, essa incivil­i­dade, que desafiam a Con­sti­tu­ição brasileira tem como respon­sável o gov­erno cen­tral, repito, que não tem sido pre­sente e efi­ciente na admin­is­tração desta crise.

Aí vejo autori­dades do gov­erno diz­erem ao Supremo Tri­bunal Fed­eral — STF, que a pre­ten­são do gov­erno de Roraima de pedir o fechamento da fron­teira é ile­gal e fere trata­dos inter­na­cionais. Não, meus sen­hores, a pre­ten­são do gov­erno estad­ual, fere, antes de tudo, os princí­pios fun­da­men­tais da República, esta­b­ele­ci­dos na Con­sti­tu­ição.

Mas isso – nem mesmo esse pen­sa­mento tacanho de fechar a fron­teira é culpa do gov­erno local –, é culpa da leniên­cia, omis­são e incom­petên­cia do gov­erno cen­tral que não desem­penha, como dev­e­ria, o seu papel diante da crise. Abrindo, com isso, espaço a todo tipo de pal­piteiro que acha ter dire­ito de dizer algo.

A primeira coisa que se deve ter em mente é que a Venezuela, nosso viz­inho, encontra-​se numa crise econômica inimag­inável, uma crise human­itária sem prece­dentes na história das Améri­cas e vivendo sob um régime dita­to­r­ial cruel.

Nes­tas condições, obser­vadas as for­mal­i­dades legais, os venezue­lanos preenchem os req­ui­si­tos legais para requer­erem asilo político no Brasil. Não fazendo qual­quer sen­tido os políti­cos brasileiros falarem ou sug­erirem fechamento de fron­teiras. Esse tipo ideia é com­por­ta­mento só rev­ela ignorân­cia sobre os princí­pios da nação.

Diante do grande fluxo de cidadãos – se bem que para o Brasil não tem sido tão, basta com­parar com a fron­teira com a Colôm­bia, por exem­plo –, o que o nosso gov­erno dev­e­ria fazer era unir-​se aos demais gov­er­nos da região em busca das mel­hores soluções para lidar com a maior crise human­itária dos últi­mos tem­pos no con­ti­nente.

O Brasil, até por sua posição geográ­fica, tamanho e, tam­bém, por pos­suir a maior econo­mia da região, sem deixar de con­tar com o papel ativo que teve no caos enfrentado no país viz­inho, dev­e­ria chamar para si a respon­s­abil­i­dade de con­duzir as ações de enfrenta­mento desta crise.

Mas não vemos nada disso, ao con­trário, o que se assiste é quase uma com­pleta omis­são, deixando a respon­s­abil­i­dade pela crise migratória ao encargo do Estado de Roraima, que todos sabe­mos, não pos­sui estru­tura ou econo­mia em condições de arcar com situ­ações de tal monta.

O atual gov­erno que nada mais é que a con­tin­u­ação do ante­rior, revela-​se uma lás­tima na con­dução da polit­ica externa brasileira, não con­seguindo, sequer, assim­i­lar o que seja uma crise human­itária e o papel da nação esta­b­ele­cido na con­sti­tu­ição.

Abdon Mar­inho é advogado.

DIÁRIO DAS ELEIÇÕES 2018001.

Escrito por Abdon Mar­inho

DIÁRIO DAS ELEIÇÕES 201801.

DURANTE estes dias de tur­bulên­cia eleitoral, além dos nos­sos já tradi­cionais “tex­tões” escreverei algu­mas notas menores com a nossa per­cepção sobre os fatos do dia a dia da política e da sociedade.

Mas não des­cuidarei dos tex­tos maiores com uma análise mais apro­fun­dado dos temas.

Boa leitura a todos.

BAR­BAS DE MOLHO.

O TRE con­fir­mou a sen­tença da juíza da 8ª Zona Eleitoral de Coroatá, tor­nando inelegíveis, den­tre out­ros, o ex-​secretário Ricardo Murad.

Muitos dos que fes­te­jam dev­e­riam colo­car as bar­bas de molho, como diziam os anti­gos, com a pos­si­bil­i­dade de futuros jul­ga­men­tos envol­vendo situ­ações iguais ou mais graves que as que ful­mi­naram a car­reira política do ex-​secretário.

Como se dizia lá no sertão, pau que acerta Chico, acerta Fran­cisco, Pedro, João, Raimundo…

CAIX­INHA DE SURPRESAS.

DESDE sem­pre dizem que a política é uma caix­inha de sur­pre­sas. Ulysses Guimarães dizia que era como as nuvens, você olha está de um jeito, olha nova­mente já está diferente.

Estas eleições tem aju­dado a con­fir­mar estas percepções.

Querem um exem­plo? Nunca tinha ouvido falar que can­didatos “dis­para­dos” na frente tivesse pre­ocu­pação em impug­nar can­didatos que não rep­re­sen­tavam qual­quer risco às suas eleições.

Ora, onde já viu chutar cachorro morto?

Pois é, agora tem.

Estrate­gi­ca­mente, não vejo sen­tido. É como se não con­fi­assem nas pesquisas que tanto alardeiam.

Outra ideia que passa é que querem gan­har a eleição no “tapetão”. Só ué desta vez o tapete será vermelho.

TRAQUE.

NINGUÉM mais – não as pes­soas sérias –, fala sobre a lim­i­nar fake do sub­comitê do comitê da ONU “obri­g­ando” o Brasil a trans­for­mar um pre­sidiário em can­didato a pres­i­dente da República, lhe asse­gu­rando todos os dire­itos e aces­sos à mídia que têm os can­didatos “pra valer”. Acho que perce­beram o ridículo em que estavam caindo.

Fico imag­i­nando se os grandes “juris­tas” do país que defend­eram com furou tal excrescên­cia não sentem-​se nem um pouco con­strangi­dos com a pataquada.

Os tri­bunais não deram qual­quer trela a mais essa tolice e ten­ta­tiva de poli­ti­zar ainda mais o jul­ga­mento.

Os mel­hores jor­nal­is­tas do país, e mesmo do estado, não demor­aram muito mais que pou­cas horas ao desnudarem a lim­i­nar fake.

Tex­tos pri­morosos desmisti­ficaram mais esse con­strang­i­mento que a defesa do ex-​presidente Lula sub­me­teu o país.

Ainda bem que não durou mais que pou­cas horas de vergonha.

No Brasil agora é assim: jor­nal­is­tas ensi­nam dire­ito aos juris­tas.

Eita ver­gonha alheia.

COERÊN­CIA.

POIS É, até agora não con­segui enten­der a “birra” do Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT com a segunda can­di­data ao Senado na chapa gov­ernista, Eliziane Gama. Pelo que cheguei a ler, baixaram até res­olução proibindo seus mem­bros fil­i­a­dos e/​ou sim­pa­ti­zantes de votarem na deputada.

Segundo soube, acusam-​na de ser “golpista” por ter votado a favor do impeach­ment da ex-​presidente Dilma Rouss­eff. Este, aliás, foi o mesmo motivo para criti­carem o ex-​governador José Reinaldo quando ele ainda pleit­eava ser can­didato ao Senado na chapa gov­ernista, uma vez que tanto fez pelo atual gov­er­nador recandidato.

A minha incredul­i­dade com a restrição à can­di­datura da dep­utada é que o mesmo par­tido que a “vetou” não sen­tiu qual­quer con­strang­i­men­tos em apoiar os Cal­heiro, Alagoas, o Euní­cio, no Ceará, onde segundo soube, até reti­raram uma can­di­datura de alguém do próprio par­tido para favore­cer o índio.

E, assim como estas, são diver­sas as alianças do par­tido com aque­les a quem acusam de “golpistas”.

Muito coer­ente tudo isso.