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DOROTHY STANG, PRE­SENTE? OU HIPOCRISIA E CONVENIÊNCIAS

Escrito por Abdon Mar­inho

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Por Abdon Mar­inho.

OS AMI­GOS lem­bram da mis­sionária amer­i­cana Dorothy Stang, assas­si­nada com seis tiros no ano de 2005? Lem­bram dos protestos infla­ma­dos de políti­cos, defen­sores de dire­itos humanos, etc.? Lem­bram dos protestos con­tra a impunidade e pala apu­ração, iden­ti­fi­cação e punição dos respon­sáveis? Lem­bram de todas jus­tas man­i­fes­tações e denún­cias con­tra o Brasil nos fóruns inter­na­cionais? Lem­bram dos protestos de enti­dades, par­tidos e organ­is­mos pedindo justiça?

Os protestos gan­haram quase a mesma reper­cussão que se assiste atual­mente em face do assas­si­nato da vereadora car­i­oca Marielle e do motorista Ander­son Silva. E, aque­les que protes­taram por justiça seriam, basi­ca­mente os mes­mos.

Pois bem, a polí­cia, o min­istério público e a justiça fiz­eram seu tra­balho. Apu­raram, iden­ti­ficaram, denun­cia­ram e con­denaram os assas­si­nos e os man­dantes do homicí­dio. A con­de­nação dos impli­ca­dos foi con­fir­mada em segunda instân­cia, que deter­mi­nou o cumpri­mento da pena.

O que talvez os ami­gos não saibam é que min­istro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tri­bunal Fed­eral, con­cedeu Habeas Cor­pus a Regi­valdo Pereira Galvão, con­de­nado a 25 anos de prisão por ser um dos man­dantes do assas­si­nato da mis­sionária Dorothy Stang, em 2005, em Anapu (PA). O fazen­deiro, con­hecido como “taradão”, foi solto na tarde desta sexta-​feira (25÷5) do Cen­tro de Recu­per­ação Regional de Altamira, cidade do mesmo estado.

O ilustrado min­istro enten­deu que “pre­cip­i­tar a exe­cução da pena importa ante­ci­pação de culpa”, o que seria con­trariar a Con­sti­tu­ição Fed­eral.

O min­istro, com sua decisão, traz a lume a dis­cussão sobre a ante­ci­pação do cumpri­mento da pena que o Supremo Tri­bunal Fed­eral, decidiu, ainda em 2016 e por estre­ita margem (ape­nas um voto), não estaria em descon­formi­dade com a Carta Magna – já trata­mos disso em tex­tos ante­ri­ores, onde expus minha opinião.

A decisão do min­istro Marco Aurélio Mello é bem recente, mas pas­sou quase des­perce­bida. Ape­sar dos treze anos em que o caso se arrasta, não vi, não li e não tomei con­hec­i­mento de nen­hum protesto daque­les que por ocasião da morte da mis­sionária se esgoe­laram; nem par­tidos, nem políti­cos, nem enti­dades, nem ninguém. A soltura do con­de­nado, alcun­hado de “taradão”, para todos aque­les que tanto se man­i­fes­taram está per­feita­mente nor­mal. E, é pos­sível que esteja.

Acon­tece que fosse outra a cir­cun­stân­cia exi­s­tiriam protestos, irres­ig­nação, acusações, man­i­festos assi­na­dos por todos eles recla­mando con­tra a injustiça, con­tra a vio­lên­cia, con­tra o fato das punições não alcançar os bem nasci­dos.

Não duvido que para fazer pros­elit­ismo político, até lem­brassem do par­entesco do min­istro do STF com o ex-​presidente Fer­nando Col­lor de Mello.

E o amigo deve está se per­gun­tando a razão do silên­cio da turma que tem nos diver­sos pros­elit­ismos e protestos suas razões de viver.

A resposta é uma só: essa turma tra­balha com per­spec­tiva de devolver a liber­dade aos seus que estão pre­sos e os que estão na iminên­cia de con­hecerem o sis­tema penal brasileiro, a par­tir do seu inte­rior, por crimes diver­sos con­tra país.

Enten­deram? Por que con­stranger, com protestos, o min­istro que será voto certo pela liber­dade dos seus ali­a­dos? O que sig­nifica a soltura do man­dante do assas­si­nato de uma mis­sionária de 73 anos, muitos dos quais ded­i­ca­dos a causa dos mais humildes víti­mas do lat­ifún­dio e da vio­lên­cia, se ela abre cam­inho para soltarem Lula, Zé Dirceu, Vac­cari e tan­tos out­ros?

Soltar o “taradão” não é nada. É assim que fun­ciona a men­tal­i­dade de muitos destes ves­tais. Todos os meios, ainda os mais asquerosos, servem para jus­ti­ficar os fins.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

QUANDO O BRASIL PAROU: O CAM­INHO ATÉ O CAOS.

Escrito por Abdon Mar­inho

QUANDO O BRASIL PAROU: O CAM­INHO ATÉ O CAOS.

Por Abdon Mar­inho.

DIANTE das filas inter­mináveis para abaste­cer e, pior da falta de com­bustível; das vias inter­di­tadas; da falta de alguns pro­du­tos, ou dos preços nas alturas; das ver­duras ou leite sendo joga­dos fora por não ter como escoar; da falta de com­bustível para veícu­los essen­ci­ais para aten­der os cidadãos, como viat­uras poli­ci­ais e ambulân­cias; da par­al­iza­ção do tráfego aéreo por falta de com­bustível; diante de todo caos que tomou conta do país com a par­al­iza­ção dos cam­in­honeiros, uma per­gunta se impõe: como cheg­amos a esse ponto?

Ape­sar da per­gunta ser única ela com­porta diver­sas respostas e reflexões.

O Brasil é um país con­ti­nen­tal, como sabe­mos e mesmo que não fosse, trata-​se se um bru­tal equívoco que tenha optado, prati­ca­mente, por um único tipo de trans­porte: o rodoviário, ao invés de inve­stir nas várias out­ras for­mas, como o trans­porte fer­roviário ou mesmo flu­vial.

Algum his­to­ri­ador ainda vai nos respon­der a razão pela qual o país come­teu tão grave equívoco a ponto de, hoje, encontrar-​se refém de uma única cat­e­go­ria de tra­bal­hadores.

Era pre­visível que, mais cedo ou mais tarde, o que está ocor­rendo hoje viesse a acon­te­cer. E isso, deve­mos a equívoco dos gov­er­nantes de, ao longo dos anos, ter aban­don­ado as out­ras for­mas de trans­porte das riquezas do país e investido ape­nas no trans­porte rodoviário. Jus­ta­mente a mais onerosa.

Não digo que devêsse­mos aban­donar o trans­porte rodoviário, ape­nas que não dev­eríamos fazer o que foi feito: aban­donar as out­ras for­mas.

Se fiz­er­mos um estudo com­par­a­tivo ver­e­mos que os inves­ti­men­tos no trans­porte fer­roviário ou flu­vial foram prati­ca­mente nulos.

Algum gênio, baseado não se sabe em que estudo, sim­ples­mente decidiu que não dev­eríamos ter mais fer­rovias ou hidrovias.

Fico imag­i­nando se não teria sido mais “barato” ou van­ta­joso se o país tivesse ori­en­tado seu cresci­mento a par­tir do mod­elo que já vin­ham empre­gando. Sim, o Brasil nasceu as mar­gens dos rios e das fer­rovias. Só muito depois aban­donaram por com­pleto essas matrizes para inve­stir no que temos hoje. Deu no que deu.

Para que o serviço de desmonte do país ficasse com­pleto “decidi­ram” que além de aban­donar as fer­rovias dev­e­ria tam­bém “matar” os rios. O resul­tado é o que temos aí.

Sem­pre me per­gunto se um mod­elo era exclu­dente do outro. Se não poderíamos/​deveríamos inve­stir, con­forme as situ­ações obje­ti­vas, inve­stir tanto numa quanto nas demais? Por que ao lado das rodovias – ainda que nas prin­ci­pais –, não foram feitas fer­rovias? O custo seria prati­ca­mente o mesmo.

Cer­ta­mente que a opção foi pelo mod­elo mais caro para o país.

O Brasil pos­sui a pior malha viária do mundo civ­i­lizado – e o Maran­hão, a do Brasil. Todos os anos essa malha viária con­some mil­hões em manutenção e reparos.

Até parece que foi mal feita para exi­gir internáveis e caros reparos todos os anos.

Não sat­is­feitos com o mod­elo de trans­porte “único”, os gênios do país acharam que era “inteligente” ser­mos depen­dentes, prati­ca­mente, dos com­bustíveis fós­seis, do petróleo. Inde­pen­dente de ter­mos um “mar” de petróleo no nosso sub­solo, é primário o dis­pên­dio com o refino e mais primário, ainda, que tal recurso não é infinito, um dia acaba. Razão pela qual, quem pensa no futuro, procu­rar desen­volver out­ras for­mas de com­bustíveis, de prefer­ên­cia ren­ováveis e que cause o menor impacto pos­sível na natureza.

O Brasil, até pela imensa pop­u­lação que pos­sui, pro­duz uma quan­ti­dade resí­duos sóli­dos e esgo­tos. Enquanto out­ras nações trans­for­mam tais deje­tos em com­bustíveis, nosso país aproveita para poluir o meio ambi­ente.

É quase insignif­i­cante o que aproveita­mos de tais recur­sos se com­para­mos com out­ros países, mesmo os menores e menos ricos que o nosso. Somos a oitava econo­mia do mundo.

O nosso país, como já dito, de dimen­são con­ti­nen­tal, com vento e sol o ano inteiro, muito pouco aproveita de tais recur­sos, preferindo, ainda, infe­liz­mente, gerar ener­gia com a con­strução de hidrelétri­cas, que deman­dam cus­tos quase sim­i­lares – e em pre­juí­zos diver­sos para a natureza.

São fontes de ener­gia ren­ováveis, ino­vado­ras, mas que os nos­sos gov­er­nantes não incen­ti­vam, não estim­u­lam. Até o “Pró-​Álcool”, que foi um pro­grama gov­er­na­men­tal de incen­tivo à pro­dução de com­bustível a par­tir da cana de açú­car, no final dos anos setenta e começo dos oitenta foi aban­don­ado, deixaram de mão nos primeiros con­tratem­pos.

Ao invés de insi­s­tir e mel­ho­rar o pro­duto, o aban­donaram e com isso perdemos anos e anos fazendo a coisa errada. Um país com tan­tos recur­sos, com uma econo­mia que tão forte era para inve­stir muito mais em pesquisa, era para ter­mos uni­ver­si­dades “focadas” na pro­dução de tec­nolo­gias voltadas para este setor. Para a pro­dução e baratea­mento das ener­gias ren­ováveis, car­ros elétri­cos ou movi­dos a out­ros com­bustíveis.

Não temos nada disso. Fal­tou gasolina ou diesel e o país trava por completo.

Pois bem, ainda respon­dendo à per­gunta de como cheg­amos ao estado de caos em que nos encon­tramos, além dos equívo­cos da opção pelo mod­elo “único” rodoviário e ao tam­bém, equiv­o­cado desprezo pelas out­ras for­mas de ener­gias, tor­nando o país depen­dente do petróleo, mere­cem con­sid­er­ação, ainda duas out­ras situ­ações: a cor­rupção gen­er­al­izada e a carga trib­utária desumana.

Será que alguém duvida que o caos que viven­ci­amos é, tam­bém, fruto da san­gria per­ma­nente, a que foi sub­metida a Petro­brás, com espe­cial destaque, nos gov­er­nos dos ex-​presidentes Lula e Dilma, a par­tir de 2003?

Pois é, con­forme rev­e­lam as inves­ti­gações, a petroleira brasileira foi prati­ca­mente liqüi­dada para sus­ten­tar a cor­rupção dos gov­er­nantes e seus ali­a­dos, numa ponta, e na outra ponta, obri­gada a man­ter sub­sí­dios imprat­icáveis em nome do pro­jeto de poder.

Qual­quer um sabia que um dia a conta chegaria para os brasileiros pagar­mos. Assim, como fiz­eram com o setor elétrico, man­tendo arti­fi­cial­mente baixas as con­tas de luz, com o propósito eleitor­eiro de vencer as eleições.

No caso da Petro­brás, resta o agra­vante de que tiraram o din­heiro da empresa lit­eral­mente, fosse através dos con­tratos fan­tas­mas, fosse através dos infini­tos super­fat­u­ra­men­tos.

Trata-​se de uma conta mon­u­men­tal que agora esta­mos tendo que pagar.

Deve­mos obser­var que além da roubal­heira desme­dida, esta­mos pagando, tam­bém, o pre­juízo que tiveram os investi­dores víti­mas da cor­rupção – até isso temos que pagar.

Não bas­tando tudo isso, para coroar o caos, temos uma carga trib­utária irracional.

O brasileiro que já passa quase meio ano tra­bal­hando para pagar impos­tos, paga quase cinquenta por cento (dependo do estado da fed­er­ação) de trib­u­tação sobre o com­bustível toda vez que encosta no posto para abaste­cer.

Vejam, não pos­suo capaci­dade téc­nica para opinar se a política de preços da Petro­bras de atre­lar o valor dos com­bustíveis à cotação do bar­ril ao valor do dólar no mer­cado inter­na­cional está certa ou errada, mas sei, ape­nas usando o bom senso, que nen­huma política de preços nestes moldes, fun­ciona com uma carga trib­utária tão ele­vada, com a cul­tura de tirar van­tagem em tudo do nosso empre­sari­ado e a pouca efi­ciên­cia do Estado em fis­calizar os abusos.

Querem um exem­plo prático? Quan­tas vezes se ouviu dizer que o com­bustível baixou na refi­naria e você con­tin­uou pagando a mesma coisa no posto? Sem­pre. Se baixou alguma vez, nunca sen­ti­mos isso. Já aumento, bas­tava o jor­nal anun­ciar e já estava o preço alter­ado na bomba.

Agora mesmo nesta crise, os revende­dores com­praram o com­bustível no preço antigo, não teve nen­hum aumento na refi­naria, ainda assim aproveitam para jogar o preço nas alturas, cobrando val­ores absur­dos por um litro de com­bustível.

A mesma coisa vem ocor­rendo com diver­sos out­ros pro­du­tos, com­praram no preço real e aproveitam para gan­har mais por conta crise.

E os órgãos de con­t­role e fis­cal­iza­ção estão, prati­ca­mente, inertes.

Mas voltando à questão de fundo, como explicar e aceitar que o preço do com­bustível no Brasil custe quase o dobro do que custa nos Esta­dos Unidos, na Europa e até mesmo nos países que impor­tam o nosso petróleo? Como explicar que um boti­jão de gás de coz­inha custe quase dez por cento do salário mín­imo vigente? Não faz nen­hum sen­tido.

Mas uma das expli­cações está na carga trib­utária desumana que se prat­ica no Brasil.

E, pior, pag­amos muitos trib­u­tos sem qual­quer con­tra­partida.

O cidadão paga o imposto mas tem que pagar a escola par­tic­u­lar para filho; tem que pagar o plano de saúde se não quiser mor­rer, tem que pagar a segu­rança pri­vada e gas­tar “rios” de din­heiro com diver­sos mecan­is­mos de pro­teção, se quiser ter um mín­imo de tran­quil­i­dade para dormir, min­i­ma­mente, sem sobres­saltos. Gasta-​se uma for­tuna para se ter uma sen­sação mín­ima de segu­rança den­tro casa. E, ainda assim, não tem. Nem fale­mos no que acon­tece quando ousa sair de casa.

No caso daque­las pes­soas que vivem do trans­porte a situ­ação é ainda mais grave, pois além desta infinidade de trib­u­tos, gas­tam outro tanto na manutenção dos veícu­los dev­ido às pés­si­mas condições das estradas, são pneus, são peças, que se per­dem graças às nos­sas estradas ter­ríveis. Não bas­tasse tudo isso, ainda são obri­ga­dos a pagar pedá­gios. Ou seja se paga muito para não se ter nada de volta. Não duvido da afir­ma­tiva de que estão pagando para tra­bal­har.

Os gov­er­nantes pre­cisam enten­der toda essa dis­cussão e, jun­tos, bus­carem uma solução. Não adi­anta ficarem dizendo, infan­til e irre­spon­savel­mente, como fazem alguns gov­er­nadores, que esta crise “per­tence ao gov­erno fed­eral”, além de não ser ver­dade, pois uns dos trib­u­tos que mais con­tribuem com os preços dos com­bustíveis é o ICMS, que é cobrado pelos esta­dos, trata-​se de uma arrematada tolice, uma falta de com­pro­misso com o país e com os cidadãos, que no final das con­tas, são os maiores sofre­dores e estão sob juris­dição de suas excelên­cias.

A crise é do país, todos têm sua parcela de respon­s­abil­i­dade e devem con­tribuir de alguma forma para a solução do problema.

Os cam­in­honeiros são mais víti­mas que respon­sáveis pelo caos insta­l­ado no país e deve­mos agrade­cer por terem, com esta par­al­iza­ção, chamado a atenção para o drama e des­gov­erno que tomou conta do país.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

OS IDOSOS E OS JOVENS ANCIÃOS.

Escrito por Abdon Mar­inho

OS IDOSOS E OS JOVENS ANCIÃOS.

Por Abdon Mar­inho.

OUTRO DIA, pela segunda vez, vi uma fotografia e uma reportagem depre­cia­tiva sobre o grupo político que apoia a ex-​governadora Roseana Sar­ney. Lis­tavam os nomes, um a um, com a respec­ti­vas idades para discriminá-​los por isso, pelo fato de terem, 60, 70, 80 ou 90 anos.

Nen­hum tipo de pre­con­ceito merece con­sid­er­ação – e deve­mos repu­diar a todos –, entre­tanto, ao meu sen­tir, o pre­con­ceito pela idade me parece o mais imbe­cil, uma vez que todos nós, um dia, ser­e­mos idosos. Quer dizer, os que tiverem sorte de chegar lá.

O saudoso jor­nal­ista Wal­ter Rodrigues, que se vivo fosse já estaria se aprox­i­mando dos setenta anos, cos­tu­mava dizer – e com ele con­cor­dava inteira­mente –, que as repri­men­das dev­e­riam recair sobre as ati­tudes das pes­soas, o bem ou mal, que ten­ham prat­i­cado e não sobre as condições sobre as quais o crit­i­cado não tenha responsabilidade.

Com isso quer se dizer que, como já o disse certa vez Rui Bar­bosa, que os canal­has tam­bém envel­he­cem, mas a crítica se dev­ida é pela canal­hice, jamais pela idade.

Assim como o fato de alguém ser jovem não o torne imune da prática de deli­tos ou con­du­tas ver­gonhosas.

Idade nada tem a ver com o caráter ou crimes que um ou outro possa cometer.

O mesmo val­endo para todas as demais condições, seja cor, raça, gênero, defi­ciên­cia, etc.

Cer­ta­mente aque­les que chegaram até aqui na leitura e que acham bonito criticar pes­soas por serem elas idosas, mul­heres, negros, homos­sex­u­ais (ou o resto da sopa de letrin­has), defi­cientes, estarão me chamando, ainda que inter­na­mente: “— esse alei­jado, filho de uma égua!”.

Não ligo. Só inco­moda o fato de não respeitarem minha santa mãez­inha que nada tem a ver com o que escrevo e que já nos deixou há mais de quarenta anos.

Gosto muito de con­ver­sar e de tra­bal­har com pes­soas de idade mais avançada – é uma chance de apren­der –, recomen­dando sem­pre aos meus cole­gas o máx­imo de atenção, diligên­cia e paciên­cia. Cos­tumo dizer: — enten­dam que as causas dos idosos têm mais pri­or­i­dade porque eles já não têm muito tempo para esperar. Com­preen­dam isso!

Idade cronológ­ica nunca foi sinôn­imo de atraso, pelo con­trário, muita das vezes, pela exper­iên­cia acu­mu­lada, é até uma forma de ver as coisas com uma visão mais arguta e com tol­erân­cia de quem já pas­sou por diver­sas situações.

Não faz muito, a velha democ­ra­cia amer­i­cana, através do seu Poder Judi­ciário, deter­mi­nou que o pres­i­dente Don­ald Trump, 71 anos, não pode­ria blo­quear os seguidores na sua conta do Twit­ter. No entendi­mento da justiça, se ele usa essa rede social para divul­gar suas ideias, para os seus e para o mundo, não pode impedir que tais ideias e pen­sa­men­tos sejam crit­i­ca­dos pelos que deles dis­cor­dam.

Numa espé­cie de coin­cidên­cia reversa, aqui, no “mod­erno” Maran­hão, leio uma nota do Sindi­cato dos Poli­ci­ais Civis onde acusam o jovem gov­erno maran­hense de impedir seu protesto con­tra a política gov­er­na­men­tal numa placa de out­door.

Segundo o sindi­cato, o gov­erno teria “obri­gado” a empresa respon­sável a reti­rar a crítica feita, sob pena de perder o espaço de veic­u­lação e ter a própria placa – o meio físico –, reti­rada do local.

Em sendo ver­dade, esta­mos diante de algo muito “avançado”, “mod­erno”, estre­ita­mente em con­sonân­cia com o espírito de “jovi­al­i­dade” dos atu­ais gov­er­nantes, SQN, na lin­guagem dos jovens: “só que não”.

Ainda na esteira da decisão judi­cial sobre Twit­ter do pres­i­dente amer­i­cano, me veio à lem­brança a infor­mação de um blogueiro de que ele fora “blo­queado” por um órgão do gov­erno, no caso o PRO­CON. Foi necessário um outro colega dele reclamar/​denunciar ao próprio órgão o absurdo da con­duta para que blogueiro/​bloqueado voltasse a inter­a­gir com o órgão.

A história é inter­es­sante porque os nos­sos “jovens” gov­er­nantes são ardentes críti­cos dos Esta­dos Unidos, a quem acusam de impe­ri­al­ismo, opres­sores aos povos do mundo, entre­tanto lá, ate a conta pes­soal do pres­i­dente pode ser crit­i­cada enquanto que por aqui, como no exem­plo citado, mesmo os órgãos públi­cos se acham no dire­ito de cen­surar a crit­ica livre dos cidadãos. Nem se fale que nas con­tas pes­soais – são cor­rentes as notí­cias –, não gostando do que leram blo­queiam sem a menos cer­imô­nia ou con­strang­i­mento.

Não bas­tasse isso, ten­tam calar quais­quer críti­cas através de infini­tas ações judi­ci­ais – ainda que desproposi­tadas. Muitas, com o claro propósito intim­i­datório, uma vez que mesmo que a crit­ica seja legit­ima e reg­u­lar, o jor­nal­ista, blogueiro, escritor, “gas­tará” tempo e recur­sos para se defender. Tempo, esse, sub­traído do tra­balho de pesquisa, do tempo que pode­ria ser investido noutras críti­cas na defesa da sociedade.

Este é o papel dos jor­nal­is­tas: serem fis­cais da sociedade, inves­ti­gando e denun­ciando os abu­sos dos gov­er­nantes.

Estran­hamente, emb­ora “mod­er­nos” não con­seguem enten­der isso é, por isso mesmo, os reprimem e perseguem.

Será que no mundo civ­i­lizado exista algo mais arcaico que a cen­sura e a intim­i­dação àque­les que criti­cam ou opinam des­fa­vo­rav­el­mente aos que se acham “donos do poder”?

Será que podemos ter como “novo” mod­e­los de opressão que tenta impin­gir aos cidadãos que vivam de joel­hos, sem poderem, sequer, se man­i­festarem livremente?

Entendo que não. Daí o reafir­mar que a idade cronológ­ica de uma pes­soa não torna “nova” ou “velha” na definição do que seja práti­cas aceitáveis de respeito à boa con­vivên­cia entre os povos, o respeito à liber­dade dos cidadãos e à própria democracia.

Ao longo da vida sem­pre vi e con­vivi com pes­soas que ape­sar da idade cronológ­ica avançada tin­ham ou têm uma con­cepção do seja democ­ra­cia, do que seja liber­dade, do que seja respeito, bem mais aceitável e razoável do que vimos na prática cotid­i­ana destes “jovens anciãos” com os quais con­vive­mos na atu­al­i­dade.

Vi, não faz muito tempo – e até escrevi sobre o assunto –, posando sobre uma máquina de asfalto, em uma obra, diver­sas jovens autori­dades – mais velha não se afa­s­tando muito dos cinquentenário. Todos fazendo sinal de “pos­i­tivo” ou “V” da vitória, num claro abuso político e de autori­dade, vez que era uma chapa com­pleta majoritária (lançada pub­li­ca­mente recen­te­mente) e mais três can­didatos pro­por­cionais.

Ora, existe algo mais ultra­pas­sado que tais práti­cas? Este é o exem­plo que os jovens políti­cos querem legar à pos­teri­dade? O exem­plo do abuso e do vício? É assim mesmo? Essa é a jovem classe política que nos levará ao futuro?

São jovens anciãos, que não se despren­dem das vel­has práti­cas, dos vel­hos preconceitos.

Por estes dias, tam­bém, o Supremo Tri­bunal Fed­eral — STF, negou segui­mento a uma ação de uma jovem sen­hora, esposa de um jovem dep­utado fed­eral, pro­posta con­tra um jovem senador da República.

A ação em tela era por suposta ofensa à sua moral. A questão de fundo, como lebram, foi uma declar­ação do senador dizendo não enten­der as críti­cas à sua pes­soa, pro­feri­das pelo dep­utado fed­eral e o pres­i­dente do seu par­tido, uma vez que sem­pre “torceu pela feli­ci­dade do casal”, aludindo, obvi­a­mente, a uma suposta relação homoafe­tiva entre ambos.

Por ocasião dos fatos, tratei do assunto no texto “A Ofensa Gay”, onde explico enten­der como absurdo quem em pleno século 21, quando as pes­soas tanto falam em liber­dade e respeito às diver­si­dades, ten­hamos um senador da República suposta­mente aludindo a uma relação homos­sex­ual para desmere­cer e, pior que isso, que os supos­tos “ofen­di­dos” ten­ham encar­ado a tal alusão como ofensa.

Por a caso, dizer que alguém é gay e man­tém uma relação homoafe­tiva é algo indigno a ponto de um senador da república dizer e o dep­utado (e seus famil­iares) rece­ber como ofensa à tal assertiva e ir bater às por­tas do STF recla­mando? Como ousam ofend­erem tan­tas pes­soas por sua condição sex­ual e depois virem pedir seus votos?

Pois é, assim pen­sam nos­sos “jovens anciãos”. Dizem que são mod­er­nos, atu­al­iza­dos, mas volta e meia “deslizam” nos próprios pre­con­ceitos. E, pior, não se dão conta disso. Bem fez o STF ao rechaçar o arremedo de ação pela ile­git­im­i­dade e ausên­cia de justa causa.

Tive a sorte da con­vivên­cia com muitos idosos que a despeito da idade cronológ­ica avançada, davam – e dão –, de dez a zero em muitos destes jovens pre­sos e escrav­iza­dos às vel­has práti­cas e pre­con­ceitos do pas­sado. Ainda cri­ança adquiri o gosto pela leitura e pelo pen­sa­mento crítico com uma jovem sen­hora de quase oitenta anos.

Encerro dizendo que mim é mais saudável a con­vivên­cia com idosos jovi­ais do que com jovens anciãos.

Viva a mel­hor idade!

Abdon Mar­inho é advo­gado.