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O PIOR DO PAS­SADO OU UM NOVO REIS PACHECO PARA O MARANHÃO.

Escrito por Abdon Mar­inho

O PIOR DO PAS­SADO OU UM NOVO REIS PACHECO PARA O MARAN­HÃO.

Por Abdon Mar­inho.

UM dos clás­si­cos da música brasileira que nos embalou nos anos oitenta tinha o refrão: “vejo o futuro repe­tir o pas­sado, vejo um museu de grandes novi­dades, o tempo não pára”.

Era o grito de insat­is­fação da juven­tude e, por assim dizer, de toda a sociedade con­tra os des­man­dos dos donos do poder ver­bal­izado nos pal­cos dos shows em Brasil por Cazuza.

Os fatos do momento no Maran­hão trouxeram-​me a lem­brança deste refrão especí­fico: vejo o futuro repe­tir o pas­sado, vejo um museu de grandes novidades…

Quem con­hece a história recente, e não tão recente, tem uma real dimen­são da gravi­dade dos fatos.

O gov­erno estad­ual, mais uma vez, vê-​se acos­sado por notí­cias de malfeitos.

Desta vez, uma cir­cu­lar da Poli­cia Mil­i­tar do estado ori­en­tando pesquisas sobre as prefer­ên­cias políti­cas dos cidadãos e da própria cor­po­ração. O propósito, segundo a mesma cir­cu­lar, pre­venir pos­síveis “embaraços eleitorais”.

Trata-​se de uma novi­dade esse tipo de levantamento?

Não. A história reg­is­tra os mil­hares de ban­cos de dados com infor­mações dos cidadãos nos arquivos dos regimes total­itários: no régime nazista, na Ale­manha; no facista, na Itália, no comu­nismo, desde a União Soviética aos seus satélites ao redor do mundo, no pas­sado e atual­mente, no caso de Cuba, Cor­eia do Norte, e seus congêneres.

No Brasil, durante ditadura mil­i­tar, era comum que se inves­ti­gasse e fizessem ban­cos de dados sobre as prefer­ên­cias políti­cas e eleitorais dos cidadãos, as fichas do DOI-​CODE, estão ainda por aí, sendo objeto de pesquisas.

É fato, um dos praz­eres de dita­dores e seus apren­dizes é bis­bil­ho­tar a vida dos cidadãos, a saber o que fazem, com quem falam, o que dizem, com quem trepam.

Essa é a busíles da questão, o cerne de sua gravi­dade: temos um gov­erno estad­ual, em plena democ­ra­cia, con­stru­indo ban­cos de dados sobre os cidadãos e sobre os seus adver­sários políti­cos, reais e imaginários.

Em se tratando de escân­dalo político no Maran­hão essa “con­fecção” de dados sobre a vida dos cidadãos, faz o caso “Reis Pacheco”, até então, na minha visão, o mais grave – tín­hamos um senador da República urdindo um falso crime de assas­si­nato para com­pro­m­e­ter um outro senador da República e gan­har as eleições de 1994 – pare­cer coisa de cri­ança trav­essa.

No caso “Reis Pacheco” a trama toda se deu na esfera pri­vada. Antiético, crim­i­noso, imoral, mas na esfera privada.

Agora, segundo informa a cir­cu­lar, temos uma situ­ação em que a máquina estatal, pior, a força poli­cial, onde deve se escu­dar toda a sociedade, desem­pen­hando um papel político eleitoral crim­i­noso.

O gov­er­nador do estado, Flávio Dino, se disse indig­nado com tal fato, achando um absurdo que tal situ­ação tenha ocor­rido, prom­e­tendo, por fim, a punição dos respon­sáveis. Segundo soube até já baixaram ato de exon­er­ação do coro­nel que, suposta­mente, teria assi­nado a por­taria cir­cu­lar encomen­dando o banco de dados sobre as prefer­ên­cias políti­cas dos cidadãos.

A neg­a­tiva do gov­er­nador de que o sub­or­di­nado, ao encomen­dar o banco de dados, não agira por deter­mi­nação estatal sug­ere alguns ques­tion­a­men­tos.

Como sabe­mos as polí­cias em qual­quer lugar do mundo, mesmo nas ditaduras, regem-​se por princí­pios basi­lares den­tre quais, os mais impor­tantes são: hier­ar­quia e dis­ci­plina.

Daí, ques­tion­amos:

Um ofi­cial da poli­cia faria algo tão grave por sua própria conta e risco?

Quem tinha ou tem inter­esse no serviço sujo?

Quem o encomendou?

Qual o inter­esse de ofi­ci­ais da PMMA em pesquisar dados dos cidadãos em todo estado e da cor­po­ração para “fins eleitorais”?

Ainda que façamos um enorme esforço fica difí­cil acred­i­tar que ofi­ci­ais “burlem” os princí­pios de hier­ar­quia e dis­ci­plina para imiscuir-​se em assun­tos de cunho político/​eleitoral.

Saber as prefer­ên­cias políti­cas dos cidadãos e mesmo da cor­po­ração não é algo que esteja den­tro das atribuições das polí­cias.

Fica mais difí­cil acred­i­tar na “indig­nação” do gov­er­nador e seus aux­il­iares, quando faze­mos um breve ret­ro­specto das infor­mações que se tem do seu gov­erno em relação a supostas perseguição aos seus adver­sários.

Trata-​se de voz cor­rente no meio político de que o gov­erno pos­sui infor­mações sobre este ou aquele político e por isso mesmo estes terão que ficar onde o gov­er­nador quiser, sair can­didato do seu lado ou não se atrav­es­sar no seu cam­inho.

Será ver­dade? Não sei. Dizem que sim.

Caso sejam ver­dadeiros tais boatos, como o gov­er­nador e os seus têm infor­mações capazes de guiar o com­por­ta­mento dos políti­cos?

A resposta é uma só: fazendo uso da estru­tra de inves­ti­gação estatal.

Mais uma pes­soa já insinuou-​me que estaria sendo alvo de escu­tas ou de vio­lação dos dados de comu­ni­cação.

Por estas e out­ras, fica difí­cil acred­i­tar na “indig­nação” dos atu­ais donos do poder. Mais parece uma con­ve­niente des­culpa de quem foi apan­hado com as calças nas mãos.

Há cerca de dois anos, logo depois da eleições de 2016, choveram denún­cias de uso da poli­cia para intim­i­dar eleitores e can­didatos no inte­rior do estado, diver­sos políti­cos acor­daram no dia da eleição com polí­cia na porta para supostas averiguações de crime eleitoral.

Em Mir­in­zal chegaram a deter — ou pren­der -, o prefeito sob a ale­gação de crime que suposta­mente teria cometido, con­tribuindo, pelo que se sabe, para a sua derrota.

Em todo estado, trata-​se de quase uma una­n­im­i­dade, é voz cor­rente o viés autoritário do atual grupo que se assen­horeou do poder.

Não tol­eram e não aceitam quais­quer tipos de críti­cas ou opinião dis­so­nante. Não demon­stram qual­quer respeito ou apreço pela liber­dade de expressão dos cidadãos.

Os exem­p­los claros disso são os inúmeros proces­sos aos quais respon­dem blogueiros e jor­nal­is­tas no Maran­hão, atual­mente.

E pelo poder, ao que parece, tudo é válido, mesmo o desre­speito às regras comez­in­has de democ­ra­cia, de respeito, gratidão e leal­dade.

Assim, não vêem nada demais em terem descar­tado, como um cão “lazar­ento”, aquele que foi o respon­sável por sua existên­cia política, o ex-​governador José Reinaldo Tavares. E mais, moverem céus e ter­ras para que não con­siga sua eleição ao Senado da República – quando dev­e­riam não medir esforços em sen­tido con­trário.

Acham que está tudo bem quando dão, como deram, um “passa-​moleque” no dep­utado Waldir Maran­hão, ridic­u­lar­izado, nacional e inter­na­cional­mente, por tê-​los aten­di­dos e revo­gado o impeach­ment da ex-​presidente Dilma Rouss­eff, com a promessa de amor eterno, gratidão per­pé­tua, com título de “guer­reiro do povo brasileiro” e vaga na chapa ofi­cial como senador.

Fica difí­cil acred­i­tar na inocên­cia diante de tão grave imputação, quando teste­munhamos um certo exagero no uso da força estatal como fiz­eram com o ex-​prefeito Riba­mar Alves e o ex-​deputado Paulo Mar­inho – não dis­cuto a natureza dos supos­tos crimes que ten­ham cometido, mas restou claro um certo “prazer” dos donos do poder em fazê-​los con­hecer a presí­dio de Pedrin­has a par­tir da per­spec­tiva interna.

Exis­tem out­ros casos de “exageros” no uso do poder como se quisessem mostrar quem “manda” ou para com­pen­sar out­ras situações.

A situ­ação é tal que mesmo o mais pací­fico dos homens que con­heço, Léo Costa – o mundo pode estar ‘pegando’ fogo e ele con­segue ver algo de pos­i­tivo, como aproveitar para comer peixe frito; capaz de enx­er­gar pos­i­tivi­dade onde os demais só vêm caos; o der­radeiro otimista diante do quadro político dan­tesco do momento –, mesmo ele, não faz muito tempo, surpreendeu-​me ao dizer que não ingres­saria no PSDB, já sob o comando do senador Roberto Rocha, enquanto o par­tido tivesse qual­quer lig­ação, por menor que fosse com o gov­erno estad­ual – acho que as palavras que usou foram mais duras.

O ex-​prefeito de Bar­reir­in­has, não disse palavras tão duras ape­nas dev­ido a “pux­ada de tapete” das eleições de 2016, quando lhe “tomaram” o par­tido que fun­dou e lhe impedi­ram de dis­putar a reeleição ou pela total falta de apoio que teve do gov­erno estad­ual – ape­sar de sem­pre ter sido um leal com­pan­heiro, a ponto, inclu­sive, de pas­sar o aero­porto do municí­pio para o estado –, fê-​lo ter perce­bido, assim como tan­tos out­ros, que o poder, para seus atu­ais deten­tores, é mais impor­tante que a causa.

Quem pode­ria imag­i­nar que num gov­erno inti­t­u­lado da “mudança” fos­sem ocor­rer suicí­dios, como o do médico Mar­i­ano Cas­tro, tendo como questão de fundo escân­da­los de corrupção?

São coisas assim, o pouco caso e o menosprezo diante de out­ras, como o caso do empresário de Barra do Corda que mor­reu após ter sido enjaulado durante um dia inteiro e sob o sol a pino; o caso do suicí­dio de um del­e­gado que ale­gou perseguição ou da estu­dante morta em Bal­sas, após desastrada oper­ação, e que os famil­iares até hoje não rece­beram um pedido for­mal e público de des­cul­pas, que faz aumen­tar a descrença e, como soube, faz sur­gir uma emblemática e imag­inária asso­ci­ação de ex-​eleitores.

O caso agora rev­e­lado – e que nos remete as cat­acum­bas mais hor­rip­i­lantes dos regimes total­itários –, é um crime eleitoral a recla­mar uma pronta inter­venção do Min­istério Público Eleitoral no sen­tido apu­rar todas as respon­s­abil­i­dades e iden­ti­ficar os envolvi­dos.

Ina­ceitável que, em pleno século 21, ten­hamos, sobre­tudo depois de tudo que pas­samos, que con­viver com coisas desta natureza.

Fichar cidadãos? Tomem tenên­cia meus sen­hores!

Aguçou-​me uma curiosi­dade: Será que fiz­eram uma ficha minha? O que tem nela? Posso ter acesso?

Encerro lem­brando que no clás­sico de Cazuza, “O Tempo Não Pára”, antes do verso “vejo o futuro repetindo o pas­sado, vejo um museu de grandes novi­dades”, vem aquele: “A tua piscina está cheia de ratos, tuas ideias não cor­re­spon­dem aos fatos”…

Até breve!

Abdon Mar­inho é advo­gado.

SOBRE GOV­ER­NOS E GALINHAS.

Escrito por Abdon Mar­inho

SOBRE GOV­ER­NOS E GAL­IN­HAS.

Por Abdon Marinho.

UMA amiga a quem não via há algum tempo visitou-​me recen­te­mente. Lá pelas tan­tas, após ter­mos tratado do obje­tivo da visita, indagou-​me:

— Abdon, o que você acha dos atu­ais gov­er­nos? Referia-​se aos gov­er­nos das três esferas.

Respondi-​lhe:

— Olha, com as hon­radas exceções, que jus­ti­fi­cam as regra, os gov­er­nos da atu­al­i­dade parece-​me geri­dos por gal­in­has.

Olhou-​me intri­gada e perguntou-​me:

— Como assim?

Expliquei-​lhe sobre uma das mais anti­gas ale­go­rias. Aquela que explica a razão dos ovos de gal­in­has venderem mais que ovos de patas.

— Como sabes ovos de patas pos­suem as mes­mas pro­priedades dos ovos de gal­in­has e é bem maior. Ape­sar disso tem pouca saída se com­para­r­mos à venda da outra ave. A razão é que a pata não divulga seu pro­duto, já a gal­inha coloca um “ovinho” e sai fazendo escân­dalo, anun­ciando aos qua­tro ven­tos.

A quadra atual é a da gestão das gal­in­has. Os gestores, de cima a baixo do estado e do país, fazem quase nada, mas ten­tam, com uma mídia regia­mente paga, con­vencer os eleitores, os cidadãos pagadores de impos­tos que fiz­eram muito ou que estão fazendo muito.

A dis­torção começa pelo gov­erno fed­eral. Quanto os mais vari­a­dos órgãos não gas­tam, anual­mente, com pro­pa­ganda para ten­tar con­vencer os cidadãos que se estão fazendo muita coisa?

A mesma coisa é vista nos gov­er­nos estad­u­ais. Se olhar­mos com cuidado ver­e­mos que o inves­ti­mento na “pro­pa­ganda” é bem supe­rior aos inves­ti­men­tos noutras áreas com alcance social mais rel­e­vante para a pop­u­lação.

As prefeituras não ficam atrás. Gas­tam impor­tante parcela de recur­sos públi­cos com “pro­pa­ganda”, com mídia, com remu­ner­ações de jor­nal­is­tas ou blogueiros e a quem se dis­puser a vender seu peixe.

A pro­pa­ganda, da forma como é ven­dida, parece mais impor­tante que a suposta obra ou serviço disponi­bi­liza­dos aos cidadãos.

Não reclamo que divulguem o que fazem. Aliás, um dos princí­pios da admin­is­tração pública é jus­ta­mente pub­li­ci­dade dos atos e ativi­dades públi­cas. Tal princí­pio ganha maior relevo a par­tir da pro­mul­gação das leis e decre­tos rel­a­tivos à transparên­cia.

Os reclamos que faço é por tentarem incu­tir com pro­pa­ganda exager­ada que aquele pouco é uma grande coisa, que aquela insignificân­cia é algo extra­ordinário, quando não é.

Outro dia, já per­plexo com esse tipo de coisa, escrevi sobre tais fatos. Cri­tiquei que o gov­erno estad­ual tenha deslo­cado uma comi­tiva para a inau­gu­ração de um poço arte­siano e o ofer­ec­i­mento de out­ros serviços essen­ci­ais em um longín­quo povoado. Foi o que bas­tou, ime­di­ata­mente uma tropa de choque de adu­ladores se for­mou para elo­giar o feito.

Pre­sos num sec­tarismo tosco não enten­deram que a crítica não se des­ti­nava a obra. Qual­quer um sabe o enorme sig­nifi­cado de um poço arte­siano, ainda que com um sim­ples cha­fariz para uma comu­nidade que não pos­sui água potável ou ainda é abaste­cida por cacim­bas.

A crit­ica, na linha do que venho dizendo, destinava-​se ao exagero na pub­li­ciza­ção de uma coisa que dev­e­ria ser encar­ada como uma rotina nor­mal de tra­balho e que as pes­soas dev­e­riam “corar” por faz­erem tanto “car­naval” por ofer­e­cerem um poço a uma comu­nidade nos rincões do Maran­hão.

A inau­gu­ração de um poço dev­e­ria ser algo que com­por­taria ao pres­i­dente de uma asso­ci­ação ou sindi­cato fazer, mesmo para um vereador ou prefeito, ao nosso sen­tir, é algo exager­ado, fazer tal coisa vendendo-​a como um grande feito de um gov­erno estad­ual é algo a refle­tir a “grandiosi­dade” dos gov­er­nos destes tempos.

Como somos car­entes de uma imprensa livre e crítica acabam por “vender” como grandes feitos coisas ínfi­mas.

Na ver­dade muitos dos que se inti­t­u­lam “jor­nal­is­tas” se prestam a fomentarem este tipo de equívoco, investindo-​se, na ver­dade, em asses­sores de imprensa das gestões, pro­pa­gando o cocoricó das gestões galináceas.

Querem ver outro exem­plo da nossa real­i­dade? O gov­erno estad­ual “vende” como a “redenção” da edu­cação maran­hense o pro­jeto “Escola Digna”.

Com efeito, a con­cepção do pro­jeto é muito boa. Sub­sti­tuir esco­las de chão batido, latadas ou casas de far­inha por escola com um mín­imo de con­forto é algo muito bom. Entre­tanto, como já expliquei noutras opor­tu­nidades, trata-​se de uma medida que está longe de sig­nificar avanços para edu­cação, pelo con­trário, os recur­sos que estão sendo gas­tos com con­strução de cen­te­nas de escol­in­has, rep­re­sen­tariam um avanço sig­ni­fica­tivo se ao invés de ape­nas sub­sti­tuir uma por outra, sub­sti­tuíssem diver­sas destas escol­in­has por uma escola de qual­i­dade com todos os recur­sos de esco­las de ponta, em sis­temas de polar­iza­ção.

Tal solução seria mais viável para os municí­pios e rep­re­sen­taria uma mel­ho­ria sig­ni­fica­tiva para educação.

Pois bem, ao invés de se ten­tar con­struir uma política edu­ca­cional con­sis­tente aux­il­iando os municí­pios pref­erem o efeito midiático dos números, falar de cen­te­nas de escol­in­has con­struí­das ou refor­madas, pouco impor­tando se as mes­mas con­tin­uarão a fun­cionar em sis­tema mul­ti­sse­ri­ado, não pos­suirem acesso à inter­net banda larga, bib­liote­cas, lab­o­ratórios e out­ros recur­sos que, recon­heci­da­mente, con­tribuem para ele­var o nível do ensino.

Quer me pare­cer, infe­liz­mente, que a pro­pa­ganda, o impacto da mídia, é mais impor­tante que a final­i­dade perseguida pela admin­is­tração que é o bem comum, o inter­esse da sociedade, o cresci­mento de todos, o ofer­ec­i­mento de serviços de qual­i­dade aos contribuintes.

Vive­mos uma estranha quadra na admin­is­tração pública.

Antiga­mente, ainda lem­bro, os gov­er­nantes quando iam a uma inau­gu­ração, faziam questão de con­ferir se aquela obra pos­suía qual­i­dade, as vezes munidos de picare­tas, tes­tavam a qual­i­dade o asfalto, via se era de qual­i­dade, se a espes­sura estava cor­reta, etc.

Nos dias atu­ais, a foto da inau­gu­ração na redes soci­ais, nos meios de comu­ni­cação, na pro­pa­ganda ofi­cial pos­sui mais relevân­cia que a obra em si. Pior que isso, não se “gasta” com pro­pa­ganda ape­nas na inau­gu­ração da obra.

Atual­mente os gestores não pos­suem con­strang­i­mento de “inau­gu­rarem” ordens de serviços, faz­erem festa em pedra fun­da­men­tal. Os mais “afoitos” ou sem noção, têm o des­plante de “inau­gu­rarem” a intenção de fazer deter­mi­nada obra. O cidadão diz que tem a intenção de fazer tal coisa e já faz a festa, a “inau­gu­ração” da intenção.

Um dado curioso que deve servir de alerta aos cidadãos: a sanha pro­pa­gandís­tica cresce na mesma pro­porção que diminui a qual­i­dade das obras públi­cas.

Os exem­p­los estão aí, à vista de todos. Bas­tou um inverno um pouquinho mais rig­oroso para inúmeras obras públi­cas se dis­solverem, os alaga­men­tos apare­cerem e os pre­juí­zos destru­irem as finanças dos contribuintes.

Obras que con­taram com ver­dadeiras for­tu­nas em inves­ti­men­tos não resistindo a um inverno. Não pre­cisa ir muito longe, olhe para as ruas dos bair­ros, as pis­tas das prin­ci­pais avenidas, as rodovias estad­u­ais e fed­erais. Estão todas a com­pro­var a sua pés­sima qual­i­dade.

Aproveitem e puxem pela memória para lem­brarem o quanto de pro­pa­ganda, matérias jor­nalís­ti­cas (cer­ta­mente pagas) se fez de tais obras, o quanto se gastou.

Este é o retrato do Brasil, um pais onde os gov­er­nantes não se con­strangem em venderem ilusões e enganarem os cidadãos.

Este é o retrato de um pais em que a pro­pa­ganda tem mais importân­cia que o inves­ti­mento real em bene­fí­cio da sociedade.

Maior respeito merece, de fato, as gal­in­has pois elas próprias fazem seu com­er­cial, mas difer­entes dos atu­ais gov­er­nantes, entregam um pro­duto de qual­i­dade.

Abdon Mar­inho é advogado.

A PERE­GRI­NAÇÃO DO ÓCIO.

Escrito por Abdon Mar­inho

A PERE­GRI­NAÇÃO DO ÓCIO.

Por Abdon Marinho.

SOUBE através do sen­hor Flávio Dino – quase uma dezenas de ami­gos man­daram sua men­sagem de vídeo –, que ele e out­ros nove gov­er­nadores estiveram, hoje, 10 de abril, em Curitiba, no Paraná.

Nas palavras do gov­er­nador, foram hipote­car sol­i­dariedade pes­soal e política ao ex-​presidente Lula, segundo eles, vítima de um erro judi­cial, tanto na questão de mérito, pois o caso do aparta­mento não com­por­taria tal con­de­nação, como tam­bém a questão do cumpri­mento da pena, pois dev­e­ria esperar o trân­sito em jul­gado da sen­tença con­de­natória con­forme pre­ceitua o Código de Processo Penal e Con­sti­tu­ição Fed­eral; pregam a resti­tu­ição da sua liber­dade e dos seus dire­itos políti­cos e encerra com a palavra de ordem: Lula livre.

Cer­ta­mente estes governadores-​peregrinos foram à cap­i­tal do Paraná às suas próprias expen­sas, pagando as pas­sagens, em voos de car­reira, com seus cartões ou dos próprios bol­sos.

Não seria de esperar outra con­duta daque­les que se dizem tão éti­cos.

A viagem valeu pelo pas­seio, uma vez que a juíza da Vara de Exe­cuções Penais, apli­cando a lei, deter­mi­nou que o ex-​presidente – assim como os demais pre­sos –, só tem dire­ito a visita dos seus advo­ga­dos e dos famil­iares, estes dev­i­da­mente cadastra­dos, uma vez por sem­ana, nas quartas-​feiras.

Desnecessário dizer do acerto da juíza ao cumprir a lei e não ceder a pataquada que suas excelên­cias pre­tendiam ence­nar.

Sem­pre acho pre­ocu­pante autori­dades não saberem sep­a­rar opor­tunismo político de funções insti­tu­cionais. E não falo ape­nas da anom­alia de tentarem infringirem as nor­mas do sis­tema carcerário. Vai além.

O gov­er­nador do Maran­hão, por exem­plo, não sei se falou em nome dos demais no vídeo que fez dis­tribuir, clara­mente desafia a autori­dade do poder judi­ciário que jul­gou e con­de­nou o ex-​presidente Lula a doze anos e um mês de prisão no processo do aparta­mento do Guarujá.

Caso tenha man­i­fes­tado um sen­ti­mento cole­tivo, os gov­er­nadores foram a Curitiba dizer que o mérito jul­ga­mento, já con­fir­mado em segunda instân­cia, e que os tri­bunais supe­ri­ores – ainda que não ten­ham se man­i­fes­tado no processo através de recur­sos espe­cial e extra­ordinário –, apre­ciando HC disse não haver qual­quer incom­pat­i­bil­i­dade com o cumpri­mento da pena.

Estivésse­mos diante de par­ente injustiça ou ile­gal­i­dade, STJ e STF diriam isso?

Será que os gov­er­nadores ao se imiscuirem-​se no mérito de decisões judi­ci­ais e cumpri­mento de pena, se acham com legit­im­i­dade para mod­i­ficar a situ­ação posta?

Só não arrisco dizer que foi uma “estu­dan­tada” porque dez ou nove gov­er­nadores, legí­ti­mos rep­re­sen­tantes do povo, devem saber o que estão fazendo e o momento em que estão fazendo.

Se acham que qual­quer “amigo” ou “ali­ado” pode vis­i­tar os pre­sos quando bem enten­derem, talvez pre­tendam fazer gestões junto aos Judi­ciário e deter­mi­nar as admin­is­trações pen­i­ten­ciárias dos seus esta­dos que passem a agir deste modo. Qual­quer dia, qual­quer hora, um “amigo” pode bater na porta do presí­dio para “levar um papo” com o amigo encarcerado.

Se acham que os con­de­na­dos em primeira e segunda instân­cia só devem cumprir pena após não lhes restar quais­quer recur­sos nas demais instân­cias da justiça, pois esse é um dire­ito dos cidadãos e que o con­trário disso é ofender a ordem jurídica e a Con­sti­tu­ição, talvez pre­tendam, tam­bém, junto à justiça de seus esta­dos, envi­dar os esforços necessários para soltarem todos os encar­cer­a­dos que se encon­tram nas mes­mas condições do ex-​presidente Lula.

A per­si­s­tir a “ideia” que foram vender em Curitiba vão resolver o prob­lema carcerário nacional.

Para isso vão deter­mi­nar a soltura de todos os pre­sos pro­visórios, todos os con­de­na­dos na primeira e instân­cia e ainda aque­les que con­de­na­dos em segunda instân­cia, ainda têm recur­sos pen­dentes nos tri­bunais superiores.

E, como são autên­ti­cos democ­ratas e defen­sores dos dire­itos humanos, da Con­sti­tu­ição, per­manecerão tam­bém soltos os que fiz­erem ape­los à ONU e out­ros organ­is­mos inter­na­cionais.

Estará resolvido o assunto que tanto afligem os cidadãos pagadores de impos­tos.

O exem­plo para ser bom, já dizia meu pai, tem que começar den­tro de casa.

Os gov­er­nadores que ocu­param um dia útil de tra­balho passe­ando e fazendo pros­elit­ismo político no Paraná, pode­riam envi­dar seus esforços para aplicar as ideias que foram defender em relação ao sen­hor Lula à pop­u­lação carcerária dos seus esta­dos. Não é uma boa ideia?

E, como cer­ta­mente, não tem assun­tos mais urgentes a se ocu­parem, já encon­traram uma ocu­pação.

Pois é, a econo­mia dos esta­dos, vai de vento em popa.

A infraestru­tura, uma maravilha;

Mesmo as chu­vas tor­ren­ci­ais que caem no nordeste do país, não afe­tou em nada a vida das pes­soas.

Edu­cação e saúde, dis­pen­sam quais­quer cuida­dos.

Pronto, suas excelên­cias poderão se dedicar a causa de soltar os pre­sos con­de­na­dos ape­nas em segunda instân­cia, trata-​se de uma causa que deve unir todos os brasileiros, como bem disse o gov­er­nador do Maranhão.

E eu que pen­sava que as coisas não pode­riam mais pio­rar no Brasil.

Abdon Mar­inho é advo­gado.