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INSTI­TU­IÇÕES EM FRAN­GAL­HOS, SOCIEDADE OMISSA.

Escrito por Abdon Mar­inho

Por Abdon Marinho.

ANTIGA­MENTE (depois de deter­mi­nada idade podemos falar assim) imag­i­nava que o fra­casso social, os prob­le­mas, as desigual­dades eram dev­i­das à falta de infor­mação. Como as pes­soas não sabiam o estava acon­te­cendo, não tin­ham con­hec­i­mento das coisas, aceitavam tudo com nat­u­ral­i­dade.

Acred­i­tava que um dia, porém, com a infor­mação ao alcance de todos, as vel­has práti­cas seriam abol­i­das, as pes­soas não aceitariam mais os abu­sos dos “donos do poder” e se rebe­lar­iam exigindo ética, moral­i­dade, respeito aos dire­itos dos contribuintes.

Os fatos da atu­al­i­dade, a despeito do que pen­sava, provam que estava errado. Talvez tenha esque­cido (ou estar preso aos meus dese­jos) uma vari­ante: as pes­soas com tanta infor­mação pas­sariam a achar tudo banal, sem relevân­cia, aceitar, mesmo sabendo errado, tudo com nat­u­ral­i­dade.

A des­façatez venceu. Tudo pub­li­cado e ao alcance de todos, colo­ca­dos na prateleira do senso comum, tudo pas­sou a ter a mesma importân­cia, qual seja, nen­huma.

O resul­tado é que temos hoje as insti­tu­ições extrema­mente frag­ilizadas, diria que em fran­gal­hos, enquanto a sociedade não “está nem aí”. Tudo se tornou tão banal que a forma mais efi­ciente de se ocul­tar um fato é publicando-​o.

Na abor­dagem deste assunto não explo­rarei fatos rela­ciona­dos à esfera fed­eral ou de out­ros esta­dos, ape­nas o nosso.

Agora mesmo tomamos con­hec­i­mento que o gov­er­nador via­jou ao estrangeiro com o obje­tivo de vender-​se como estadista. O vice-​governador, por fatos que descon­hece­mos, afastou-​se para ceder o gov­erno estad­ual ao pres­i­dente da assem­bleia leg­isla­tiva.

Con­forme con­fes­sado na mídia gov­ernista trata-​se de “pres­ti­giar” o pres­i­dente do par­la­mento, uma estraté­gia política.

Essa é a mesma prática já viven­ci­ada no antigo gov­erno quando, nos últi­mos meses, por pouco a rapariga do copeiro do palá­cio não virou gov­er­nadora do Maran­hão.

Mas agora são “out­ros tem­pos”, esperava-​se out­ras práti­cas.

Emb­ora, em princí­pio, veja tal ati­tude como inócua, uma mera vaidade tola, esse tipo de ati­tude inter­essa a sociedade? Não se estaria usando o próprio estado em favorec­i­mento pes­soal?

Mas isso é o de menos.

Não faz muito tempo um del­e­gado de polí­cia que chegou a rece­ber con­dec­o­ração do gov­erno estad­ual (antes de ser preso e afas­tado), con­fes­sou, em depoi­mento à justiça, rece­ber instruções do próprio secretário de segu­rança para dire­cionar inves­ti­gações, espi­onar desem­bar­gadores e famil­iares e tan­tos out­ros fatos de gravi­dade ímpar.

A timidez da reação a fatos de tamanha gravi­dade, do Min­istério Público, Poder Judi­ciário, dep­uta­dos estad­u­ais, OAB, asso­ci­ações de classes, etc., foi algo espantoso.

Agora, a denún­cia ante­ri­or­mente igno­rada, é con­fir­mada pelo depoi­mento em carta de um outro del­e­gado, segundo noti­cia um blogue da cidade.

Nova­mente é como se nada estivesse acon­te­cendo.

Até mesmo o Min­istério Público, a quem com­pete “exercer o con­t­role externo da ativi­dade poli­cial”, con­forme esta­b­elece o artigo 129, da Con­sti­tu­ição Fed­eral, pelo que sabe­mos, não ado­tou nen­huma medida rela­cionada aos fatos gravís­si­mos divul­ga­dos ampla­mente.

No seu site ofi­cial, que pelo dever de transparên­cia, dev­e­ria infor­mar a pat­uleia, não encon­trei. Se existe é algo tão secreto que ninguém sabe.

O que é isso senão a frag­ili­dade man­i­festa daquela que “é insti­tu­ição per­ma­nente, essen­cial à função juris­di­cional do Estado, incumbindo-​lhe a defesa da ordem jurídica, do régime democrático e dos inter­esses soci­ais e indi­vid­u­ais indisponíveis”?

Mas o que vai dizer o MPMA quando não con­segue, ele próprio, escapar das suas con­tradições. Não faz muito tempo que desre­spei­tando as nor­mas que visam com­bater o nepo­tismo – que cobram dos demais –, o procurador-​geral nomeou a esposa do sobrinho para um cargo qual­quer daquela insti­tu­ição. Como se as regras valessem para os out­ros mas não para o Min­istério Público Estad­ual.

Como cobrar dos demais aquilo que eles não se dão ao tra­balho de cumprir? Pas­sam a sociedade a imagem do retrato puro e acabado do ditado pop­u­lar “casa de fer­reiro, espeto de pau”?

Essa “falta de moral” para cobrar recato aos demais e até mesmo para cumprir as atribuições que lhes são atribuí­das pelo orde­na­mento jurídico brasileiro, con­tribui para a ampli­ação do clima de bal­búr­dia que tomou de conta do estado.

Agora mesmo tomamos con­hec­i­mento de con­fli­tos exis­tentes den­tro da corte de con­tas – que dev­e­riam guardar espe­cial recato –, moti­va­dos por inter­esses pes­soais, políti­cos e/​ou par­tidários. Sabe-​se até que con­sel­heiros tratam pes­soal­mente de can­di­dat­uras à car­gos ele­tivos, suas e de seus famil­iares, pub­li­ca­mente e sem quais­quer con­strang­i­men­tos.

E ape­sar de tudo isso ser público não tomamos con­hec­i­mento de qual­quer ati­tude des­ti­nada a coibir esse tipo de coisa.

Ora, se os con­sel­heiros, um, dois ou mais, têm inter­esse político com qual isenção vai jul­gar as con­tas dos seus adver­sários, dos adver­sários dos par­entes ou dos aliados?

Será que ninguém con­segue enten­der que estar tudo fora de lugar?

Será que as ditas insti­tu­ições de con­t­role, essen­ci­ais ao fun­ciona­mento do Estado nada têm a dizer?

Há poucos dias, sem qual­quer prece­dente na história do país, a Assem­bleia Leg­isla­tiva do estado pro­moveu uma “eleição fora de época” – isso mesmo, como antiga­mente se pro­moviam os car­navais fora de época –, e fiz­eram isso com quase dois anos antes da data cor­reta.

O pres­i­dente e sua chapa gan­haram por una­n­im­i­dade, chapa única.

Até agora, e até onde sei, ninguém disse nada. Trataram o assunto com uma nat­u­ral­i­dade espan­tosa.

Como se fosse nor­mal, como se tal fato não sig­nifi­casse uma burla ao entendi­mento do leg­is­lador con­sti­tu­inte orig­inário que deter­mi­nou que os mandatos fos­sem de dois anos e sem recon­dução para os mes­mos cargos.

O Min­istério Público Estad­ual, a Ordem dos Advo­ga­dos do Brasil, acharam tal acon­tec­i­mento a coisa mais nor­mal do mundo. Não duvido que os mem­bros destas insti­tu­ições ten­ham man­dado cumpri­men­tos efu­sivos a chapa única vito­riosa que desre­speitou a Con­sti­tu­ição. Não duvido. Talvez até ten­ham ido fes­te­jar e se con­frat­er­nizar pelo “feito”.

Ainda no rescaldo de tan­tas ver­gonhas e con­strang­i­men­tos, caso tivessem, foi a vez da Fed­er­ação dos Municí­pios Maran­henses — FAMEM, baixar uma “recomen­dação” ori­en­tando os municí­pios fil­i­a­dos (quase todos) a con­tratarem um deter­mi­nado escritório de advo­ca­cia para bus­car recu­per­ação e/​ou mel­ho­ria no Fundo de Par­tic­i­pação dos Municí­pios — FPM.

Mais uma vez o silên­cio total.

Não é de hoje que o MPMA faz exigên­cias absur­das aos municí­pios em relação a con­tratação de escritórios de advo­ca­cia, em muitos casos chegam a tratar os advo­ga­dos públi­cos como crim­i­nosos, inclu­sive, ofer­e­cendo denún­cias ou pro­movendo ações de impro­bidade con­tra os mes­mos por tra­bal­harem para municí­pios e, agora, diante de tal situ­ação, até onde se sabe, não disse nada.

Todos no Maran­hão, em Brasília e até mesmo em Maranguape, sabem o que se encon­tra por trás deste tipo de recomen­dação da FAMEM. Todos sabem que exis­tem diver­sos out­ros escritórios, inclu­sive no Maran­hão, capazes de pro­mover este tipo de ação. Todos sabem que as per­das exis­tentes no Fundo de Par­tic­i­pação dos Municí­pios já são recon­heci­das pelo gov­erno fed­eral que já estuda fór­mu­las de com­pen­sar e/​ou mel­ho­rar os repasses. Todos sabem os que querem e irão lucrar com isso.

Estran­hamente, mesmo quando os advo­ga­dos do Maran­hão são dura­mente atingi­dos por um tipo de recomen­dação – com esta da FAMEM –, a OAB, como em todos os demais casos relata­dos acima, se man­tém surda, cega e muda – pedindo, de já, des­cul­pas aos por­ta­dores de tais defi­ciên­cias.

Daqui a pouco, talvez, alguém passé a ques­tionar se vale a pena despender-​se tan­tos recur­sos públi­cos, que na ver­dade são dos con­tribuintes, para man­ter estas insti­tu­ições que em nada cor­re­spon­dem à sociedade, mas sim, fun­cionam a serviço da manutenção dos priv­ilé­gios de seus mem­bros.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

SOBRE DITADURAS, HOM­E­NA­GENS E MEMÓRIA.

Escrito por Abdon Mar­inho

SOBRE DITADURAS, HOM­E­NA­GENS E MEMÓRIA.

Por Abdon Mar­inho.

COMO tín­hamos anun­ci­ado aqui, os dep­uta­dos estat­u­ais do Maran­hão erguerem seus livrin­hos ver­mel­hos e elegerem, por una­n­im­i­dade — como con­vém a todos os mod­e­los autoritários – , a sua mesa dire­tora para coman­dar a Casa até fevereiro de 2023, algo inédito pela ante­ci­pação (não faze­mos ideia de quem serão os campeões do Brasileirão de 19, 20, 21 ou 22, ou se o Sam­paio vai superar a má fase e gan­har alguma com­petição nacional, aliás, sequer sabe­mos se estare­mos vivos, mas já sabe­mos e teste­munhare­mos – se estiver­mos vivos e eles tam­bém –, quem estará no comando legislativo).

Um dia após atentarem con­tra os princí­pios comez­in­hos do que seja democ­ra­cia — e con­tando com o silên­cio cúm­plice de insti­tu­ições como o Min­istério Público Estad­ual e a Ordem dos Advo­ga­dos do Brasil, secção do Maran­hão, além da imprensa e demais enti­dades da sociedade civil –, os dep­uta­dos de “De Volta para o Futuro”, aprovaram um pro­jeto de lei proibindo qual­quer hom­e­nagem a ditadura.

Nada con­tra o pro­jeto de lei, de ini­cia­tiva de um dep­utado do Par­tido Comu­nista do Brasil — PCdoB, aprovado por um par­la­mento que no dia ante­rior demon­strara todo apreço a democ­ra­cia e que, cer­ta­mente, será san­cionado pelo gov­er­nador tam­bém fil­i­ado ao PCdoB e virar lei.

O autor da ini­cia­tiva pro­pa­gan­deia nas redes soci­ais que o “pro­jeto é uma medida que vai além do respeito aos dire­itos fun­da­men­tais. É tam­bém uma forma de respeito à minha con­sciên­cia e biografia. Sou advo­gado, con­sti­tu­cional­ista e diari­a­mente luto con­tra a cor­rupção e para que a lei seja cumprida. Durante a ditadura, cri­anças foram sequestradas, vio­len­tadas e tor­tu­radas. Aos autores, nossa única hom­e­nagem deve ser o desprezo.”

Como disse ante­ri­or­mente nada tenho con­tra uma lei que proíba hom­e­nagem a dita­dores, tor­tu­radores e out­ros lixos humanos que inun­dam a história, entre­tanto, con­siderando, sobre­tudo, a jus­ti­fica­tiva apre­sen­tada, entendo opor­tuno algu­mas observações.

O pro­jeto de lei foi apre­sen­tado por um dep­utado comu­nista, aprovado na assem­bleia leg­isla­tiva pre­si­dida por um dep­utado comu­nista e, cer­ta­mente, será san­cionado pelo gov­er­nador comu­nista do estado.

Os três, como sabe­mos, são inte­grantes do Par­tido Comu­nista do Brasil — PCdoB.

— E o que tem isso Abdon?

Tem o seguinte, batat­inha: como é de con­hec­i­mento público, o PCdoB, que alega quase 100 anos de existên­cia, é o par­tido brasileiro que mais esteve do “lado errado” da história. Nestes quase cem anos apoiou – e apoia, e defendeu, e defende –, as ditaduras mais san­guinárias da história da humanidade.

Eis alguns exem­p­los: Maoísmo, na China com 60 mil­hões de mor­tos; Stal­in­ismo, na antiga União Soviética, com 20 mil­hões de mor­tos; Cam­boja, com 2 mil­hões de mor­tos; Cor­eia do Norte, com 2 mil­hões de mor­tos; Afe­gan­istão, com 1,5 mil­hão de mor­tos; Vietnã, com 1 mil­hão de mor­tos; Europa Ori­en­tal, com 1 mil­hão de mor­tos; América Latina 150 mil mortos.

O PCdoB defendeu e apoiou todos estes regimes total­itários, que mas­sacraram mil­hões de seres humanos por dis­cor­darem deles e por não quer­erem viver sob a escravidão imposta.

O PCdoB até hoje não fez uma autocrítica con­sis­tente e pública aos seus posi­ciona­men­tos em relação às bar­bari­dades cometi­das por seus “ídolos”.

E não me digam que estes são fatos de um pas­sado dis­tante. Não o são. Ainda hoje o par­tido defende aque­las práti­cas e os regimes autoritários da Cor­eia do Norte, do Cam­boja, de Cuba e o que restou de mod­e­los que descam­baram para ditaduras, como é o caso da Venezuela.

São países onde imperam graves vio­lações aos dire­itos humanos fun­da­men­tais. Basta dizer que na Cor­eia do Norte, por exem­plo, as penas pas­sam da pes­soa que come­teu um suposto delito. Um cidadão falou mal do “grande líder”, disse que estava com fome, a família inteira é dester­rada para um “campo de reed­u­cação com tra­bal­hos força­dos” onde ficarão pelo resto de suas vidas mis­eráveis.

Pois é, esse régime, não faz muito tempo, gan­hou uma nota ofi­cial de sol­i­dariedade do par­tido. Acho que o único par­tido brasileiro a come­ter tamanho desatino.

Exem­p­los mais próx­i­mos de tira­nias apoiadas pelo Par­tido Comu­nista do Brasil — PCdoB, são a Venezuela, onde o chav­ismo já matou mil­hares de pes­soas, seja pela fome, seja pela falta de medica­men­tos, seja pela vio­lên­cia e, que, segundo a ONU, já forçou ao exílio de mais de 3 mil­hões de cidadãos; e Cuba que sob o jugo dos irmãos Cas­tro é respon­sável pela elim­i­nação de mais de 80 mil cubanos, sem con­tar com a cru­el­dade da repressão que sofrem há sessenta anos.

Diante de tudo isso, quando vejo alguém do PCdoB falando em dire­itos humanos, garan­tias fun­da­men­tais, me socor­rem duas ideias: a primeira, que a pes­soa que fala isso está “tirando sarro” da minha cara ou me insul­tando; a segunda, que a pes­soa se “intrigou” com os livros de história no jardim de infân­cia e nunca mais quis saber do assunto.

A longa noite de vinte um anos, que foi a ditadura brasileira, segundo as mais abal­izadas fontes, não elim­i­nou 400 pes­soas – e repu­di­amos todos esses crimes –, assim como os casos de tor­turas e demais vio­lações de dire­itos humanos.

Os cidadãos de bem, os famil­iares ou mesmo as víti­mas, têm todo o dire­ito de repu­diar, de negar perdão aos atos prat­i­ca­dos.

Já os inte­grantes do Par­tido Comu­nista do Brasil — PCdoB, por mais que ensaiem, não pos­suem qual­quer legit­im­i­dade para dizer nada sobre dita­dores, tor­turas, perec­i­mento de cidadãos, pois ao longo da sua história apoiou – e ainda apoia –, as ditaduras mais ordinárias que já exi­s­ti­ram – e ainda exis­tem –, na face da terra.

Por baixo, car­regam nos ombros cerca 100 mil­hões de mor­tos.

Mas não é só, desde os anos cinquenta do século pas­sado que todos sabem dos crimes cometi­dos pelas ditaduras apoiadas pelo par­tido, que, ape­sar disso, nunca fez uma autocrítica, pelo con­trário, con­tin­uou apoiando e defend­endo as mes­mas.

Essa prática con­serva até hoje, seja por defender os crimes acima referi­dos, seja por defender os crimes ainda em curso na Cor­eia do Norte, no Cam­boja, na China, em Cuba, e mesmo na Venezuela.

Aliás, ape­nas para fins históri­cos, emb­ora alegue ter nascido em 1922, o PCdoB, só “nasceu”, efe­ti­va­mente, a par­tir de uma dis­sidên­cia do Par­tido Comu­nista Brasileiro – PCB, quando este ado­tou a linha revi­sion­ista de Nikita Khrush­chov, que denun­ciou os crimes cometi­dos por Stálin. Os então dis­si­dentes, reivin­dicaram para si o “legado” crim­i­noso do stal­in­ismo, pos­te­ri­or­mente, a par­tir dos anos 60, pas­saram a ado­tar a linha maoísta e depois a chamada linha albanesa, tam­bém con­hecida por Hox­haísmo, uma refer­ên­cia a Enver Hoxha que dirigiu por qua­tro décadas aquele pequeno país com mão de ferro perseguindo dis­si­dentes, reli­giosos, e até aque­les que usassem barba – uma forma de repressão aos muçul­manos.

Con­heci os comu­nistas maran­henses do PCdoB, lá pelos idos de 198586 (alguns deles ainda usavam o bigod­inho em hom­e­nagem ao cama­rada Stálin), quando a Albâ­nia, o país mais iso­lado da Europa e vivendo sobre uma bru­tal ditadura era o farol e mod­elo do que que­riam para o Maran­hão e para o Brasil.

Emb­ora lou­vável o pro­jeto de lei (e cer­ta­mente virará lei) que, de alguma forma, repu­dia a ditadura brasileira, soa, no mín­imo, irônico que tal proposi­tura, com aprovação e sanção em nome da “memória histórica” parta jus­ta­mente de inte­grantes de um par­tido que tudo que fez ao longo de sua existên­cia foi apoiar ditaduras que cole­cionava (e cole­ciona) cadáveres de cidadãos que ousaram contesta-​las.

Ditaduras pelas quais o próprio gov­er­nador do estado demon­strou insus­peito apreço ao sair vestido em hom­e­nagem aos líderes comu­nistas no último car­naval, inclu­sive, car­regando a foice e o martelo que sim­boliza sua dout­rina.

Os cidadãos de bem, temos hor­ror as ditaduras, não ape­nas aque­las dirigi­das por nos­sos inimi­gos ou adver­sários ide­ológi­cos, mas todas elas, de todas as cor­rentes, do pas­sado, do pre­sente e do futuro.

A memória histórica não pode ser seletiva.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

AOS PERSEGUIDOS.

Escrito por Abdon Mar­inho

AOS PERSEGUI­DOS.

Por Abdon Marinho.

QUANDO acordei, ainda na madru­gada, a primeira lem­brança que assaltou-​me à mente foi da con­ver­são de Saulo, que nos conta os Atos dos Após­to­los. Fiquei repetindo, inti­ma­mente, Saulo, por que me persegues? Diver­sas vezes, até lem­brar da con­strução com­pleta: “Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Sen­hor? E disse o Sen­hor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues”. (at. 9:45).

Durante todo o dia fiquei com a lem­brança a marte­lar a cabeça. Não sou tão reli­gioso assim, a ponto de lem­brar pas­sagens bíbli­cas. Até, pelo con­trário, muitos devem ser os peca­dos que car­rego. E, me per­gun­tei: por que esta pas­sagem tão especí­fica?

Voltei-​me a Saulo. Esta parte do livro dos Atos, trata, jus­ta­mente, da sua con­ver­são. Sabe­mos que antes dela, Saulo tinha como ofí­cio a perseguição aos primeiros Cristãos. Era sua “mis­são”. Não por pos­suir um ódio a este ou aquele ou a todos daquele grupo, especi­fi­ca­mente, mas sim, por com­bater as ver­dades que pre­gavam. A boa nova que, por des­ig­nação de Jesus Cristo, tin­ham a incum­bên­cia de propa­gar a todos os povos.

Esse era o tra­balho de Saulo: perseguir aque­les que propa­gassem aque­las ver­dades.

Ao longo da história humana – até hoje –, muitos são os sofrem perseguições por pro­fes­sarem uma fé dis­tinta da maio­ria, difer­ente daquela dos donos do poder, ou por falarem a ver­dade. Quan­tos não foram os már­tires a mor­rerem de forma hor­renda por não se cur­varem aos deuses pagãos de Roma? Quan­tos não são os que ainda hoje sofrem perseguições por sua fé, suas ideias ou seus princí­pios? Quan­tos não são os que sofrem por expor as incon­sistên­cias, as incom­petên­cias dos “líderes com pés de barro”? Não teria sido mais fácil negar a Deus e aos ensi­na­men­tos de Jesus para sal­varem as próprias vidas e dos seus próx­i­mos? Não era (e não é) mais cômodo “ficar na sua” para não ser molestado, podendo até auferir algu­mas van­ta­gens dos poderosos que acham não mere­cerem ques­tion­a­men­tos ou que lhes apon­tem as fal­has?

Saulo ouviu a Jesus, con­heceu a ver­dade, converteu-​se. De perseguidor pas­sou a perseguido. E, por sua fé, morreu.

Depois – e por sécu­los –, foi a vez dos cristãos se tornarem perseguidores, agora usando a sua fé como justificativa.

Com o pas­sar dos anos, dos sécu­los, dos milênios, até chegar­mos aos dias atu­ais, em que a sociedade se orgulha de viver tem­pos de tol­erân­cia, as perseguições con­tin­uam. São as mes­mas, talvez com novas roupa­gens.

Quan­tos não são os exem­p­los que nos chegam diari­a­mente, pelos vários meios de comu­ni­cação, infor­mando sobre tor­tura, encar­ce­ra­men­tos arbi­trários, punições cole­ti­vas de pes­soas por pro­fes­sarem uma fé?

Em alguns países mesmo a posse de uma bíblia é motivo para prisão por anos.

Quan­tos não foram os jor­nal­is­tas ou comu­ni­cadores mor­tos ou apri­sion­a­dos nos últi­mos anos por divul­garem notí­cias con­tra os poderosos?

O Brasil, que há mais de trinta anos diz viver uma democ­ra­cia plena, ocupa o sexto lugar nas perseguições con­tra os profis­sion­ais de imprensa, atrás, ape­nas, de ditaduras san­guinárias.

Aqui mesmo, próx­imo a nós, temos con­hec­i­mento das perseguições sofridas por aque­les que não temem dizer a ver­dade, ou de posicionar-​se de forma dis­tinta àquela dos donos do poder.

Não faz muito tempo pas­samos o desagradável con­strang­i­mento, ver­gonha mesmo, ao ver­mos a mais ele­vada Corte de Justiça do país “inven­tando” uma inves­ti­gação clan­des­tina cujo o propósito único é perseguir aque­les que emitem críti­cas as posições e exces­sos das excelên­cias, bem como aos seus incon­táveis abu­sos.

E, por menos que isso, essa mesma Corte orde­nou a cen­sura prévia a duas pub­li­cações jor­nalís­ti­cas, em fla­grante vio­lação à Con­sti­tu­ição da nação.

E, nes­tas ter­ras tim­bi­ras, quan­tos não já foram os jor­nal­is­tas, comu­ni­cadores ou mesmo cidadãos, que sofr­eram (ou sofrem) perseguições por expres­sarem suas ideias ou faz­erem críti­cas aos poderosos de plan­tão? Ao denun­cia­rem a empul­hação e as men­ti­ras ven­di­das como ver­dades?

Quan­tos não são “punidos”, tendo que gas­tar o pouco que pos­suem para custear suas defe­sas nas varas da Justiça? Quan­tos não já foram con­de­na­dos por crimes de opinião, inclu­sive, com restrições à suas liber­dades de loco­moção?

O com­bate à ver­dade con­tinua cada vez mais firme, talvez, mais sofisti­ca­dos, onde os poderosos querem pas­sar de respeitáveis democ­ratas. Mas as perseguições estão aí, à vista de todos, sem quais­quer con­strang­i­men­tos.

Antes, pelo con­trário, é exer­cida com orgulho, como demon­stração de força, para aniquilar e calar qual­quer um que ouse pre­gar a ver­dade ou a mostrar seus peca­dos.

Agem, assim, como Saulo perseguindo aque­les por sua fé, sua crença, por pre­garem a ver­dade que lhe foi orde­nada por Jesus para que pregassem.

Aos persegui­dos, aos não se cansam ou que têm cor­agem para sofrer os martírios em nome da ver­dade ou do que con­sid­eram justo, como muitos já o fiz­eram ante­ri­or­mente, em nome da fé, resta a esper­ança nas palavras do próprio Jesus: “Bem-​aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”. (Mateus 5:10).

Abdon Mar­inho é advo­gado.