AbdonMarinho - RSS

4934 Irv­ing Place
Pond, MO 63040

+1 (555) 456 3890
info@​company.​com

SAR­NEY & DINO E O ACORDO QUE NÃO OUSA DIZER O NOME.

Escrito por Abdon Mar­inho

SARNEY & DINO E O ACORDO QUE NÃO OUSA DIZER O NOME.

Por Abdon Marinho.

CON­TINUA reper­cutindo – até mais do que dev­ido –, a tertúlia do ex-​presidente Sar­ney com o gov­er­nador Flávio Dino.

Após alardear o “feito” em suas redes soci­ais, o gov­er­nador, talvez, diante da “baixa audiên­cia” do fato e das cobranças por coerên­cia, já no final de sem­ana que se seguiu tra­tou de dizer que não ocor­reu qual­quer acordo rela­cionado à política local.

Disse que só tra­tou da política nacional, do “risco” que corre a democ­ra­cia brasileira e, no mais, trataram de assun­tos rela­ciona­dos à cul­tura, autores maran­henses e out­ras coisas triviais.

Bened­ito Buzar, respeitado int­elec­tual do nosso estado e que priva da amizade do ex-​presidente, em sua col­una sem­anal em “O Estado Maran­hão”, datada de 07 de julho, disse ter con­fir­mado, em lin­has gerais, o teor da con­versa entre o gov­er­nador e o ex-​presidente, sendo que este último ao ini­ciar a con­versa teria deix­ado claro à visita que não trataria de qual­quer assunto rela­cionado à política local, ale­gando para isso a idade avançada e o fato de ter pas­sado tal “mis­são” aos fil­hos Roseana e José Sar­ney Filho e ao neto Adriano.

Da col­una de Buzar extrai-​se, tam­bém, a infor­mação que a con­versa entre os líderes ocor­reu em ambi­ente reser­vado, sem a pre­sença de mais ninguém: nem do filho Zequinha Sar­ney, que o aju­dou na recepção da visita, nem do dep­utado Orlando Silva, que acom­pan­hava o gov­er­nador.

O que, para a pat­uleia, será sem­pre a palavra de um con­tra o outro (em caso de dis­cordân­cia) ou a palavra de ambos no mesmo sen­tido (o que rev­e­laria a comunhão de vontades).

Se assim o foi, sua excelên­cia acabou por reed­i­tar um clás­sico do cin­ema mundial: “Uma Linda Mul­her”, no qual a atriz Júlia Roberts inter­pre­tou uma garota de pro­grama que, a despeito de transar com o clientes, não os bei­java.

Ou, tam­bém dos anos noventa, reed­i­tou a famosa frase de Bill Clin­ton que inda­gado se já fumara maconha saiu-​se com essa: — fumei mais não traguei.

Quem somos nós para ques­tionar a palavra de sua excelên­cia ou a infor­mação prestada por Buzar, após ouvir Sar­ney?

Quem duvi­dou mesmo foi o neto do moru­bix­aba, dep­utado Adri­ano, que, em dis­curso na assem­bleia leg­isla­tiva, disse que teria ocor­rido, sim, um “acordo” entre os dois políti­cos.

Mas se sua excelên­cia e o escritor e político Sar­ney dizem que trataram de assun­tos literários e não políti­cos. Pela verve da lit­er­atura, se algum “acordo” ocor­reu naquela tertúlia solitária entre ambos, na tarde brasiliense, talvez o tenha sido nos moldes do que dis­sera o autor irlandês Oscar Wilder (18541900), que do cárcere, para onde foi man­dado, escreveu sobre um “certo amor que não ousa dizer o nome”.

Fes­te­jado por muitos dos ali­a­dos do gov­er­nador, porém, cau­sando con­strang­i­men­tos em alguns – chama­dos a diz­erem sobre os “cinquenta anos de atraso” –, o suposto “acordo” tem esse quê de ver­gonha, de “amor que não ousa dizer o nome”. Mas, registre-​se, menos por pudor e mais pelo prag­ma­tismo do “perde-​ganha” político.

O gov­er­nador do Maran­hão, que bem recen­te­mente, deixou em aberto três opções para o seu futuro político em 2022, tem con­sciên­cia da frag­ili­dade do seu pro­jeto político pres­i­den­cial.

O estado que dirige não é mod­elo para nada, faz uma admin­is­tração acan­hada – não ape­nas pela falta de recur­sos, mas pela falta de aptidão admin­is­tra­tiva –, com piora de todos os índices econômi­cos e soci­ais, sem uma obra de infraestru­tura para chamar de sua, sem nada para mostrar ao Brasil além de dizer que se opõe ao gov­erno Bol­sonaro e ao min­istro Sér­gio Moro – sua segunda obsessão.

Não bas­tasse tudo isso, sabe da imensa difi­cul­dade de se “vender” como um can­didato de “esquerda” fil­i­ado a um par­tido “comu­nista”. Tudo entre aspas mesmo.

Assim, nada mais óbvio para o gov­er­nador que “sonha” em ser o novo Sar­ney, copiar o Sar­ney com o próprio Sar­ney.

Ficou con­fuso? Eu tentarei explicar.

Quando Sar­ney ten­tou fazer de Roseana a pres­i­dente da República para suceder FHC uma das estraté­gias foi ten­tar unir o estado em torno do pro­jeto ace­nando para a oposição: Jack­son Lago seria apoiado para prefeito em 2000, na chapa com Tadeu Palá­cio, e depois seria o can­didato a gov­er­nador da “união” em 2002.

Este era o plano de Sar­ney – se com­bi­nado ou não com Jack­son Lago, não sei –, que não deu certo por conta da chamada “Oper­ação Lunus”, que levou ao naufrá­gio os planos pres­i­den­ci­ais de Sar­ney, através da filha, e o con­duziu aos braços do petismo, a ponto de virar o “mel­hor” amigo de Lula, como este mesmo fez questão de dizer mais de uma vez.

O que cus­taria a Dino repe­tir a estraté­gia, agora com o sinal tro­cado? Uma can­di­datura de “esquerda” e “comu­nista” pre­cis­aria de um “tem­pero” mais à dire­ita do espec­tro político.

Quem mel­hor rep­re­sen­taria isso que José Sar­ney, o último dos coro­néis do Brasil?

Se trataram de algum acordo político ou não, por enquanto, não saber­e­mos. Mas a intenção do sen­hor Dino, parece-​me bas­tante clara: na hora dos can­didatos “esquerdis­tas” mostrarem suas car­tas para se via­bi­lizarem, ele apre­sen­taria o Sar­ney como seu prin­ci­pal trunfo, seu ás na manga, o mel­hor amigo do Lula.

E ainda faria isso “paci­f­i­cando” toda a provín­cia do Maran­hão. Todos unidos em torno de sua excelên­cia rumo ao Planalto.

Devolve­riam o estado aos Sar­ney depois dizer que eles foram a maior des­graça do estado, do atraso, e de todos os males? Não ten­ham dúvi­das.

Não rep­re­sen­taria qual­quer difi­cul­dade para ele ou para o seu par­tido.

Lem­bro que uma vez, lá pelos idos de 1986/​87, fui con­vi­dado para uma reunião da juven­tude do Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT. Eu era do movi­mento estu­dan­til, envolvido com a cri­ação de grêmios, etc. Naquela reunião, ocor­rida no sitio Pira­pora, sua excelên­cia, já na uni­ver­si­dade, era um dos palestrantes/​organizador e, já naquele momento, com todas as críti­cas que se fazia a Sar­ney por sua lig­ação com a ditadura e tudo mais, ele defendia que para chegar/​conquistar o poder não tinha nada demais em fazer uma aliança com o então pres­i­dente. Aliás, para nos impres­sionar – até porque pela idade dele (14÷15 anos) não sabe­mos ser pos­sível –, disse que estivera com Sar­ney por conta das Diretas.

Quanto ao seu par­tido, o PCdoB, já em 1994, enten­dia não haver nada demais em se “jun­tar” ao Sar­ney. Naquele ano, quando tive­mos, pela primeira vez a chance de der­ro­tar o grupo Sar­ney na política estad­ual, PCdoB, já no primeiro turno, rece­bia apoio de Roseana para suas cam­pan­has. No segundo turno, fechou de vez o apoio e só saiu do grupo quando este não os quis mais.

Logo, não há qual­quer difi­cul­dade em se cos­tu­rar uma aliança “prag­mática” em torno de inter­esses comuns, ainda que seja para negar tudo que se disse até aqui e pas­sarem a dizer que o mel­hor para o Maran­hão é o retorno de um Sar­ney ao comando do estado.

Quando sua excelên­cia, recu­sou ou não quis o apoio dos Sar­ney para os seus pro­je­tos políticos?

Sobre isso exis­tem dois episó­dios, que se con­fun­dem em um só.

O primeiro, em mea­dos de 2007, o processo de cas­sação de Jack­son Lago, cam­in­hava acel­er­ado e, por alguma razão de cunho pes­soal, seu advo­gado orig­inário não pode­ria com­pare­cer a uma deter­mi­nada audiên­cia. Eis que alguém sug­eriu o nome do então dep­utado fed­eral, para fazer às vezes de advo­gado do gov­er­nador. Com o prestí­gio do cargo de dep­utado e de ex-​juiz, seria de grande valia.

Con­cluído o ato proces­sual, acho que foram em palá­cio “prestar con­tas” ao cliente.

Um amigo me disse que ainda hoje lem­bra quando sua excelên­cia bateu em suas costas e disse: — agora quero saber o que vocês vão fazer por mim, pois me “queimei” com o outro lado.

O segundo episó­dio é um pouco menos edi­f­i­cante e só acred­itei porque quem me disse teste­munhou com os próprios olhos.

Disse ele que no dia em que o TSE, em abril de 2009, sacra­men­tou a cas­sação de Jack­son Lago, o seu advo­gado, o dep­utado fed­eral e ex-​juiz, ao invés de ir “con­so­lar” o cliente que acabara de ser der­ro­tado, foi a casa de Sar­ney felic­i­tar a vence­dora pela vitória.

O amigo, teste­munha ocu­lar de tal fato, confidenciou-​me: — Abdon, nunca tinha visto algo semel­hante até então.

Tudo bem, talvez tenha sido só um gesto de sol­i­dariedade pelo apoio “infor­mal” que rece­bera do grupo na eleição para prefeito da cap­i­tal em 2008.

Mas me parece que tenha sido ape­nas o velho prag­ma­tismo que tenha se feito pre­sente mais uma vez, como o foi antes e depois, quem não lem­bra do episó­dio Waldir Maranhão?

Quem ainda se sur­preende com tal prag­ma­tismo, talvez devesse olhar para o ex-​governador José Reinaldo Tavares.

Quem pode­ria imag­i­nar que depois de tudo que fez pelo pro­jeto político de sua excelên­cia, o ex-​governador seria sim­ples­mente “rifado”, como foi, do seu sonho de ser senador da República?

Todos tin­ham por certo que seria o seu primeiro can­didato, que não tivera mais força no gov­erno por visões dis­tin­tas de gov­erno, mas seria o senador garan­tido. Não foi. Sua excelên­cia preferiu como primeiro senador, o sen­hor Wev­er­ton Rocha e para segundo, a sen­hora Eliziane Gama. Ape­sar de José Reinaldo, ter dito que só sairia do grupo se não o quisessem, foi sim­ples­mente igno­rado e lançado ao ostracismo político ape­sar de tudo que fez – e do quando, ainda, pode­ria con­tribuir com o Maran­hão e o Brasil.

É assim mesmo, na nova política não há espaço para amizades sin­ceras, respeito ou gratidão, mas, sim, para os “acor­dos” que não ousam dizer o nome.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

OS INIMI­GOS DA NAÇÃO NÃO DESCANSAM.

Escrito por Abdon Mar­inho

OS INIMI­GOS DA NAÇÃO NÃO DESCANSAM.

Por Abdon Marinho.

ATRIBUI-​SE a Car­los Lac­erda, um dos mais impor­tante politico brasileiro, a expressão: “O preço da liber­dade é a eterna vig­ilân­cia”.

Há quase um mês que se criou no país um fre­n­esi em torno do “hack­ea­mento” crim­i­noso de supostas con­ver­sas exis­tentes entre os inte­grantes da força-​tarefa do Min­istério Público Fed­eral respon­sáveis pela “Oper­ação Lava Jato” e destes, sobre­tudo, do chefe da oper­ação, Deltan Del­lagnol, com o ex-​juiz Sér­gio Moro, prin­ci­pal respon­sável pelo êxito do com­bate à cor­rupção no nosso país.

Emb­ora por duas vezes neste período tenha escrito sobre o assunto (Crimes, Vaza­men­tos e Política e Moro: Entre a Vin­gança e o Medo), tenho relu­tado em sair na defesa das viti­mas do ato crim­i­noso – o ex-​juiz e procu­radores –, na expec­ta­tiva que dos vaza­men­tos suja algo que me faça “queimar a lín­gua”, como dizia-​se lá no meu interior.

Mas, até por dever de ofí­cio, tenho con­ver­sado com alguns cole­gas advo­ga­dos, com juízes, desem­bar­gadores e quase todos (a exceção de um ou outro com afinidades ide­ológ­i­cas com par­tidos “apaixon­a­dos” pelo ex-​presidente Lula) externaram que, até aquele momento em que está­va­mos con­ver­sando, não tin­ham “visto” nada que fugisse da “nor­mal­i­dade” dos diál­o­gos cotid­i­anos entre juizes, pro­mo­tores e advo­ga­dos.

Ao ir con­ver­sar com os mag­istra­dos o fiz para pedir por meus clientes. Fui pedir que exam­i­nassem tais cir­cun­stân­cias, levar memo­ri­ais, dis­cu­tir min­has teses de defe­sas.

Bem rece­bido por todos – com as escusas dev­ida aos meus cabe­los bran­cos –, e aprovei­tando o “gan­cho” do falso escân­dalo, já aden­trava aos gabi­netes de suas excelên­cias gal­ho­fando: – doutor, vim ter uma con­versa “imprópria” com o sen­hor. Quero que o sen­hor veja isso, vote assim nesta tese, absolva meu cliente por isso e por aquilo.

Tão nor­mal que ninguém me deu ordem de prisão.

Depois de con­ver­sar com mais de dez mag­istra­dos, con­forme nar­rado, saiu uma nota ofi­cial da Asso­ci­ação dos Juízes Fed­erais — AJUFE, sub­scrita por quase trezen­tos juízes, cor­rob­o­rando com a tese de que tais diál­o­gos, ainda que ver­dadeiros – uma vez que já ficou demon­strado ser pos­sível a manip­u­lação dos mes­mos –, não con­tém nada que con­sti­tua ilíc­ito e que os mes­mos não fogem da rotina de diál­o­gos entre mag­istra­dos e partes (Min­istério Público e defesa).

Pois bem, há quase um mês que ameaçam o país – e as insti­tu­ições –, com supostas rev­e­lações “bom­bás­ti­cas” sem que as mes­mas ocor­ram.

Além do site The Inter­cept, vieram, primeiro, a Folha de São Paulo cele­brou parce­ria com o site na intenção, suposta­mente, de apre­sen­tar provas con­tun­dentes de ilíc­i­tos – não o fez.

Por der­radeiro, a revista Veja, que tam­bém cele­brou idên­tica parce­ria, disse ter anal­isado “palavra por palavra” 649 mil diál­o­gos forneci­dos pelo site The Inter­cept —, que obteve em “primeira mão” o mate­r­ial ori­undo do crime –, e não apre­sen­tou, pelo menos, ao meu sen­tir, algo de sub­stan­cioso, pelo con­trário, aquilo que disse ser a prova cabal do con­luio, como por exem­plo, o fato do juiz ter cobrado a man­i­fes­tação do MPF em pedido da defesa sobre soltura de deter­mi­nado preso, con­stava dos autos e ben­e­fi­ci­ava o preso e não a acusação. Prova disso é que o juiz deferiu a prisão domi­cil­iar do mesmo con­trar­iando a opinião do órgão de acusação.

Outro “tiro no pé” da matéria de Veja foi a instrução de deter­mi­nada prova.

Segundo os autos con­sta que a prova não serviu de nada e que os réus foram absolvi­dos de tal acusação.

Assim como a Revista Veja, a Folha de São Paulo fez insin­u­ações e ilações que foram des­men­ti­das pelo sen­hor Léo Pin­heiro, que se encon­tra há mais de três anos preso, que disse serem legit­i­mas as afir­mações que fez sobre os paga­men­tos de propinas ao ex-​presidente Lula, em carta, de próprio punho, encam­in­hada ao jornal.

Vive­mos dias difí­ceis, sob ataques diver­sos, daí, acred­ito ser necessário que exam­inemos as coisas dis­tante dos ape­los ide­ológi­cos ou das paixões polit­i­cas.

A primeira ver­dade que se tem é que o mate­r­ial foi obtido de forma crim­i­nosa. A segunda, que é pací­fico – pois já provado –, que o mate­r­ial, pro­duto do crime, pode ser adul­ter­ado. Sem­ana pas­sada o site The Inter­cept fez isso ao mudar por duas ou três vezes os autores de deter­mi­na­dos diál­o­gos.

Assim, deve­mos anal­isar, seja pela pro­cedên­cia crim­i­nosa, seja pela pos­si­bil­i­dade de adul­ter­ação, com o máx­imo de ressal­vas, pois o que inter­essa ao país – e aos homens de bem –, é a ver­dade.

E, até prova em con­trário, parece-​me assi­s­tir razão ao ex-​juiz Sér­gio Moro, quando diz não ter se desvi­ado de sua mis­são.

Digo isso porque, ape­sar de vitima de um crime, propôs na sessão da Comis­são de Con­sti­tu­ição e Justiça do Senado, que todo mate­r­ial crim­i­nosa­mente obtido – sem pre­juízo de sua divul­gação –, fosse encam­in­hado ao Supremo Tri­bunal Fed­eral para, sob o escrutínio das autori­dades com­pe­tentes, se ver­i­fi­casse sua aut­en­ti­ci­dade e con­teúdo.

Quem se dis­põe a fazer o mesmo?

Até agora não vi nen­hum dos supos­tos defen­sores da democ­ra­cia, dos pre­ocu­pa­dos com o estado de dire­ito defend­erem algo pare­cido.

Pref­erem ficar fazendo “Car­naval” nas redes soci­ais e out­ros meios de comu­ni­cação a cada noti­cia de novo vaza­mento, dando a sua inter­pre­tação ou abraçando a inter­pre­tação do jor­nal­ista.

Isso não me parece cor­reto.

Inda­gado sobre o mate­r­ial o rep­re­sen­tante (ou dono) do site The Inter­cept disse que iria divul­gar os fatos à medida que o mesmo fosse edi­tado “jor­nal­is­ti­ca­mente” e con­ve­niente fazê-​lo – algo neste sen­tido. Disse isso numa Comis­são da Câmara dos Dep­uta­dos e ninguém o admoestou ou ficou atento para isso. Qual o sig­nifi­cado destas palavras? Alterar, edi­tar, fazer “truncagem” do que foi dito, divul­gar só o que inter­essa à sua pauta?

Muda-​se uma vír­gula no texto e todo o sen­tido muda.

Quem parece ter medo da ver­dade? O ex-​juiz que propõe a entrega do mate­r­ial para afer­ição de aut­en­ti­ci­dade e con­teúdo ou os seus detra­tores que querem ocultar?

Por que, tanto o jor­nal­ista quanto os seus defen­sores se recusam aten­der a pro­posta do min­istro de entre­gar – sem qual­quer pre­juízo da divul­gação –, o mate­r­ial obtido de forma criminosa?

Indifer­ente a caute­las bási­cas, vejo diver­sas pes­soas tratando estes vaza­men­tos como “ver­dades bíbli­cas”, sem ver­i­ficar, primeiro, se são ver­dadeiros e, segundo, qual o con­texto e provas que os embasam. Já ati­raram a primeira pedra, sem olhar para as próprias vidas.

Ora, já vimos que os tex­tos podem ser adul­ter­ados; já vimos que podem ser con­tes­ta­dos, como o fez em carta à Folha de São Paulo o con­de­nado Léo Pin­heiro; já vimos que aquilo apre­sen­tado como escân­dalo por Veja se encon­tra nos autos – e tan­tas out­ras ilações ou sim­ples­mente fofo­cas.

Por outro lado, não pre­cisa ser um gênio para saber que exis­tem muitos inter­esses políti­cos e finan­ceiros em jogo – ainda que para isso ten­ham que destruir o país –, e que estes “inimi­gos da pátria” vão con­tin­uar a persegui-​los.

Os homens de bem pre­cisamos ficar aten­tos a isso. Não ape­nas aos inter­esses políti­cos ou finan­ceiros mas, tam­bém, o que move cada um.

Antes desta série de vaza­men­tos pouco tinha ouvido falar deste site, mas bas­tou pesquisá-​lo sobre o que pub­li­cou nos últi­mos tem­pos para perce­ber sua clara iden­ti­fi­cação, não com o bom jor­nal­ismo, mas com a pauta ide­ológ­ica do Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT e seus satélites.

Todos (ou quase todos) que assi­nam matérias no site – ao menos no período pesquisado – têm afinidades ou são lig­a­dos a estes par­tidos e às suas pau­tas. Basta dizer que o “dono” do site é casado – ou vive em união homoafe­tiva –, com um dep­utado do PSOL.

Qual é a prin­ci­pal pauta desta turma?

No momento, soltar o ex-​presidente Lula preso há mais de um ano em Curitiba, Paraná, con­de­nado no primeiro processo pelo ex-​juiz Moro, com a con­de­nação man­tida pelo TRF4 e STJ e depois retomar o poder.

Não é uma mis­são fácil e depende do tempo.

O ex-​presidente já foi con­de­nado em dois proces­sos (o primeiro con­fir­mado em todas as instân­cias ordinárias da Justiça e o segundo em vias de ser con­fir­mado pelo TRF4), e não tar­dará a ser con­de­nado em mais um ter­ceiro e quarto proces­sos (estes já em vias de serem jul­ga­dos) em Curitiba e Brasília.

A solução que lhes pare­cem mais viável – emb­ora não resolva todos os prob­le­mas, mas que o per­mi­tirá ir se esquivando da prisão (se con­seguir sair dela), e respon­der até as der­radeiras instân­cias em liber­dade –, é “acabar” com a Oper­ação Lava Jato, a par­tir da desmor­al­iza­ção do ex-​juiz e procu­radores que atu­aram na mesma.

Esse é o ver­dadeiro obje­tivo: acabar com a Oper­ação Lava Jato, soltar todos os pre­sos, anu­lar todos os proces­sos e – de que­bra –, devolver aos ladrões os bil­hões de reais que nos roubaram – ou, alter­na­ti­va­mente, não importuná-​los em relação aos out­ros bil­hões de dólares que man­têm em into­ca­dos no exterior.

Não medirão esforços para con­seguir este intento.

Para isso pre­cisam, tam­bém, tirar o min­istro Sér­gio Moro e os procu­radores da Oper­ação Lava Jato, do cam­inho.

Sabem que Moro no Min­istério da Justiça e Segu­rança, tra­bal­hando em con­junto com os procu­radores, vão desmon­tar as quadrilhas e recu­perar os bil­hões rou­ba­dos e que ainda hoje per­manecem escon­di­dos fora do Brasil.

Como já disse noutras opor­tu­nidades, exis­tem pes­soas sérias, juris­tas de respeito, que foram e são con­tra a Oper­ação Lava Jato, dis­cor­daram e dis­cor­dam dos seus méto­dos – estes mere­cem nosso respeito.

Mas existe, sim, uma trama muito bem artic­u­lada para acabar com a Oper­ação Lava Jato por inter­esses políti­cos e finan­ceiros escu­sos. Sim, pelos ladrões que saque­aram o país.

Vin­cu­lada a essa trama – por ingenuidade ou inter­esses –, diver­sas pes­soas tra­bal­ham, até sem saber, na defesa das suas pautas.

Querem ver algo esquisito: a última matéria da revista Veja e seu escân­dalo de vento.

A revista cinqüen­tenária sim­ples­mente “ter­ce­i­ri­zou” sua edi­to­ria de polit­ica, a ponto do amer­i­cano, dono do site The Inter­cept assi­nar a matéria espe­cial da última edição. Ou seja, não era a revista divul­gando uma apu­ração sua, mas, ape­nas servindo de “bar­riga de aluguel” para a pauta do site. Era o rabo bal­ançando o cachorro.

Tendo estran­hado – até por pos­suir assi­natura da revista há quase trinta anos –, pesqui­sei e desco­bri que a revista Veja, na ver­dade a edi­tora Abril, que a edita, foi adquirida pelo ban­queiro con­hecido como “o ban­queiro do Lula”.

A coisa mais esquisita que vi nos últi­mos tem­pos foi assi­s­tir meus ami­gos petis­tas, comu­nistas, psolis­tas, elo­giando e “pan­flete­ando” a Revista Veja,

Diante disso e da forma como tra­bal­ham artic­u­la­dos em todas mídias, não duvi­dem que muito mais coisas veremos.

Mas, Abdon, estão é defend­endo a democ­ra­cia, o estado de dire­ito os dire­itos humanos con­tra os desalma­dos, Moro e Deltan Dal­lagnol – que, com os sig­i­los de dados devas­sa­dos, em um mil­hão ou mais de diál­o­gos, não tiveram um único ilíc­ito imputa­dos.

Não me iludo com cer­tas “boas intenções”. Estes bem inten­ciona­dos são os mes­mos que silen­ciam diante dos mais de 7 mil venezue­lanos assas­si­na­dos pelo régime de Nicolás Maduro; diante das dezenas de pre­sos políti­cos; das tor­turas; e dos estupros, per­pe­tra­dos por aquele régime, con­forme já denun­ci­ado pela ONU.

A democ­ra­cia, a Justiça que defen­dem é aquela da Venezuela.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

DINOENTERRAOS 5O ANOS DE ATRASO.

Escrito por Abdon Mar­inho

DINOENTERRAOS 5O ANOS DE ATRASO.

Por Abdon Marinho.

ANTES que o apres­sado leitor con­clua que o gov­erno comu­nista acabou com o atraso no estado e colo­cou o Maran­hão nos rumos do desen­volvi­mento, alerto que não é nada disso, o que fez foi ape­nas sepul­tar o velho hábito – depois de qua­tro anos –, de colo­car a culpa do próprio insucesso na admin­is­tração do estado no grupo político a quem sucedeu.

O fato político dos últi­mos tem­pos na política estad­ual foi o encon­tro do gov­er­nador Flávio Dino (PCdoB) com o ex-​presidente José Sar­ney (MDB) em todas as rodas só ouve, só se indaga sobre este fato. Cada um espec­u­lando de uma forma.

A cabeça dos xerim­ba­bos deu um nó. Acos­tu­ma­dos a defender o atual gov­erno colo­cando a culpa nos gov­er­nos ante­ri­ores, mais, pre­cisa­mente, nos cinquenta anos de atraso da oli­gar­quia Sar­ney, muitos ainda não sabem o que dizer, ou, cini­ca­mente, indifer­ente a tudo que dis­seram até então, pas­saram a elo­giar esse “grande ato político” destes “homens extra­ordinários”.

Quando soube do “encon­tro” a primeira lem­brança que me veio à cabeça foi da “Pen­itên­cia de Canossa”, a que se sub­me­teu o rei Hen­rique IV, do Sacro Império Romano-​Germânico, em janeiro de 1077, quando ficou por três dias fora das por­tas de Canossa, descalço, sobre a neve, vestindo ape­nas uma túnica, para lev­an­tar a sua exco­munhão dec­re­tada pelo papa Gregório VII e con­tin­uar rei. (A pin­tura de Eduard Schweizer, de 1862 – que ilus­tra este texto –, retrata aquele momento).

Com mente fér­til, imag­inei sua excelên­cia indo bater à porta da man­são de Sar­ney, após sem­pre tê-​lo “destratado” e lhe impingido todas as cul­pas pelas des­graças do estado e do nosso povo. Claro, difer­ente de Hen­rique IV, Dino não teve que ficar três dias à porta para ser rece­bido por Sar­ney. Bateu, algum empre­gado abriu a porta e o con­duziu ao ambi­ente onde estava o velho moru­bix­aba. Talvez este o tenha feito esper­ado um pouquinho – nada capaz de ferir a boa edu­cação –, bem difer­ente do que pas­sou o antigo rei exco­mungado.

O encon­tro foi tratado com dis­crição pelo anfitrião – exceto pelos comuns vaza­men­tos aos jor­nal­is­tas ami­gos do clã famil­iar –, que a ele não se referiu na col­una que assina no O Estado do Maran­hão ou mesmo nas suas redes soci­ais.

Inda­gada sobre o assunto, a filha, ex-​governadora do estado, teria dito: “— Nor­mal. Sar­ney é o maior político que o Maran­hão já teve e até hoje uma das maiores expressões do nosso país. Por­tanto, ele não pode­ria jamais deixar de aten­der a um pedido de visita do gov­er­nador do seu estado”.

A dis­crição de Sar­ney sobre a tertúlia con­trasta com o com­por­ta­mento do gov­er­nador, que fez questão de alardeá-​la, colocando-​a na conta de grande feito político, são suas estas palavras: “hoje con­ver­sei com o ex-​presidente José Sar­ney sobre o quadro nacional. Apre­sen­tei a ele a minha avali­ação de que a democ­ra­cia brasileira corre perigo, em face dos graves fatos que esta­mos assistindo. Já estive com os ex-​presidentes Lula e Fer­nando Hen­rique, com a mesma pre­ocu­pação”.

Ora, sabe-​se que a política é um xadrez intri­cado, mas o que esperar de resul­tado prático do diál­ogo entre o que “já teve” com o que “nada tem”. Em política, uma das primeiras lições é: manda quem tem mandato.

Daí causarem as mais diver­sas espec­u­lações o “pedido de visita” – como fez questão de frisar a ex-​governadora Roseana Sar­ney –, feito pelo sen­hor Flávio Dino ao sen­hor Sar­ney.

É certo que o ex-​presidente ainda goza de prestí­gio, mas esse é mera­mente cer­i­mo­nial. Já não “man­dando” na política nacional como out­rora. Mesmo aque­les que “se fiz­eram” graças ao seu nome, por ele já não que­bram lanças.

O maior exem­plo é o que ocor­reu no Maran­hão, quando o único mem­bro da família a con­seguir um mandato abdi­cou do nome dele.

Já o gov­er­nador, por mais que tente, até aqui, não con­seguiu “vender-​se” como lid­er­ança nacional. Ape­sar do quadro político nacional dan­tesco, ninguém de relevân­cia “dá bola” pra ele.

Assim como a Sar­ney, deve ter avi­ado “pedi­dos de vis­i­tas” aos ex-​presidentes Lula e Fer­nando Hen­rique, suposta­mente, para revelar-​lhes pre­ocu­pação com o “perigo” que corre a democ­ra­cia brasileira. A exceção de Lula, acred­ito que, tam­bém, FHC o tenha rece­bido por educação.

O argu­mento de que sua excelên­cia encontra-​se pre­ocu­pado com o “perigo” que corre a democ­ra­cia brasileira não resiste – mesmo –, a um exame super­fi­cial.

Como temos assis­tido o gov­er­nador do Maran­hão tem fomen­tado por todos os meios de comu­ni­cação disponíveis a insta­bil­i­dade política no país.

Basta dizer que até hoje não recon­hece a legit­im­i­dade do pres­i­dente eleito com mais de 57 mil­hões de votos, não per­mitindo que a foto ofi­cial do pres­i­dente da República cruze os umbrais do Palá­cio dos Leões; fustiga dia sim e no outro tam­bém o gov­erno Bol­sonaro, tendo razão ou não; coloca-​se frontal­mente con­trário a Oper­ação Lava Jato, inclu­sive, defend­endo a sua anu­lação e, con­se­quente­mente, a soltura de todos con­de­na­dos decor­rentes da oper­ação; por último, pelo que ficamos sabendo, até se tornou sub­scritor de uma nota defend­endo a soltura do ex-​presidente Lula, con­de­nado por três instân­cias da justiça brasileira e o afas­ta­mento do min­istro Sér­gio Moro do Min­istério da Justiça e Segu­rança Pública; além de todas as demais tolices que ele e seus ali­a­dos, empre­ga­dos e adu­ladores pub­li­cam diari­a­mente no afã de deses­ta­bi­lizar o gov­erno e as insti­tu­ições brasileiras.

Feliz­mente para o Brasil, como dito ante­ri­or­mente, relevân­cia do gov­er­nador nes­tas investi­das é quase nula. A nota que sub­screveu (fraquinha, por sinal) con­tou com o apoio dos sen­hores Had­dad, Bou­los, e de mais duas ou três pes­soas de menor expressão ainda.

O escárnio revela-​se ainda maior quando sabe­mos que sua excelên­cia é fiel apoiador dos regimes total­itários da Venezuela (que vemos as con­se­quên­cias em cada rotatória da cap­i­tal), Cuba e da Cor­eia do Norte. Quem tem apreço a democ­ra­cia não apoia ditaduras.

Fosse uma pre­ocu­pação real e efe­tiva a primeira coisa a fazer seria respeitar as insti­tu­ições do país e as instân­cias da justiça. Sua excelên­cia faz o con­trário disso.

Emb­ora o gov­er­nador não tenha dito, poder-​se-​ia argu­men­tar que o encon­tro serviu (ou servirá) para inau­gu­rar um novo momento na política local: a união de todos pelo bem do Maran­hão.

Alguns dos ali­a­dos do gov­er­nador, aliás, fes­te­jam isso, saudando a “grandeza destes dois grandes homens”.

Esta foi a pro­posta do ex-​governador José Reinaldo Tavares ainda em 2015. E, por conta de tal sug­estão, pas­sou a ser boico­tado, ali­jado, excluído e tratado como adver­sário do gov­erno que aju­dou (mais que qual­quer outro) a eleger. Por conta desta ideia de união, no começo do gov­erno, acabaram com a sua car­reira política.

Estes mesmo que agora falam na “grandiosi­dade” do gesto do gov­er­nador, foram os primeiros a “ati­rarem pedras” e a cer­rar fileiras con­tra o ex-​governador. O que foi a “des­graça” de José Reinaldo agora é o “mérito” de Dino. Cíni­cos!

Há qua­tro anos o ex-​presidente tinha força política efe­tiva no gov­erno Dilma Rouss­eff e, depois no de Michel Temer. Havia espaço, como defen­dido pelo visionário ex-​governador José Reinaldo Tavares, para uma união em torno dos inter­esses do Maran­hão.

Agora o quadro é outro, e pelo que sabe­mos o político do estado com maior “trân­sito” junto ao gov­erno fed­eral é o senador Roberto Rocha (PSDB), que o gov­er­nador finge não con­hecer – aliás, sem­pre foi assim, desde que se elegeram jun­tos em 2014.

Assim, con­forme demon­strado, a “pen­itên­cia a Conossa”, digo à Brasília, do gov­er­nador Flávio Dino nunca foi por pre­ocu­pação com o “risco que corre a democ­ra­cia brasileira”, como ele disse, ou pelos “inter­esses mar­i­oles do estado”, como pregam seus ali­a­dos.

Ao enter­rar o sur­rado dis­curso da “her­ança maldita” e dos “cinquenta anos de atraso” – não que seu gov­erno seja mel­hor ou não padeça dos mes­mos males dos out­ros que tanto crit­ica, outro dia, para meu espanto, soube que um dos maiores “tocadores” de obras públi­cas do estado ostenta (ou osten­tou), em uma das per­nas, um vis­toso acessório cedido pela Justiça Fed­eral, e é até o de menos –, fê-​lo em nome dos próprios inter­esses, que ainda não sabe­mos quais. Mas isso não dev­e­ria sur­preen­der ninguém.

Meu pai sem­pre dizia que “quem destrata quer com­prar”, por­tanto é de se con­cluir com outro dito das pro­fun­dezas do meu sertão: “essa alma quer reza”.

Abdon Mar­inho é advo­gado.