AbdonMarinho - RSS

4934 Irv­ing Place
Pond, MO 63040

+1 (555) 456 3890
info@​company.​com

SUPREMO BAIXA SEU AI Nº. 5 E AÇULA OS CENSORES.

Escrito por Abdon Mar­inho

Por Abdon Marinho.

QUAL­QUER pes­soa com um mín­imo de con­hec­i­mento de história sabe o real sig­nifi­cado da edição do Ato Insti­tu­cional nº. 5, de 13 de dezem­bro de 1968, para o endurec­i­mento do régime mil­i­tar implan­tado em 1964. Alguns his­to­ri­adores até atribuem a esse fato o iní­cio da ditadura.

Não sem razão, através daquele ato o pres­i­dente da República, ficava autor­izado a dec­re­tar recesso no Con­gresso Nacional, nas Assem­bléias Leg­isla­ti­vas e nas Câmaras de Vereadores, só voltando a fun­cionar quando con­vo­ca­dos pelo pres­i­dente; pode­ria dec­re­tar inter­venção nos Esta­dos e Municí­pios, sem as lim­i­tações pre­vis­tas na Con­sti­tu­ição de 1967; pode­ria sus­pender os dire­itos políti­cos de quais­quer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cas­sar os man­da­dos ele­tivos; sus­pender as garan­tias con­sti­tu­cionais ou legais de: vital­i­ciedade, inamovi­bil­i­dade e esta­bil­i­dade, bem como a de exer­cí­cio em funções por prazo certo; pode­ria dec­re­tar estado do sitio ou prorrogá-​lo; dec­re­tar con­fisco de bens, entre outras.

O ato insti­tu­cional sus­pendia, ainda, a garan­tia do habeas cor­pus, nos casos de crimes políti­cos, con­tra a segu­rança nacional, a ordem econômica e a econo­mia pop­u­lar.

Foi Con­fú­cio, o sábio chinês, que disse que uma cam­in­hada de mil léguas se ini­cia com um primeiro passo.

Por estes dias o Supremo Tri­bunal Fed­eral — STF, “baixou” seu Ato Insti­tu­cional nº. 5, e deu o primeiro passo rumo a um futuro incerto, para ele próprio, e para a democ­ra­cia brasileira.

Primeiro, seu pres­i­dente, inter­pre­tando de forma “bem par­tic­u­lar” uma norma reg­i­men­tal, decidiu que era hora do STF, virar inves­ti­gador, denun­ci­ador e jul­gador de supostas ofen­sas per­pe­trada con­tra min­istros da corte, não sat­is­feito, igno­rando todo e qual­quer princí­pio, resolveu “nomear” a autori­dade respon­sável pela con­dução do feito.

Segundo, como achou pouco as medi­das de “estranha excep­cional­i­dade” já ado­tadas, o pres­i­dente da corte, citado em matérias jor­nalís­ti­cas, em causa própria, decidiu requerer, ao min­istro que “nomeara” para con­dução daquele feito, a cen­sura de uma matéria especí­fica e das notí­cias rela­cionadas, o que con­seguiu de plano, tendo o pres­i­dente do feito, ainda, deter­mi­nado, não ape­nas a cen­sura dos tex­tos jor­nalís­ti­cos, como a inquir­ição dos dos seus autores, inves­ti­gação sobre o vaza­mento da infor­mação e a busca e apreen­são de equipa­men­tos nas residên­cias e/​ou escritórios de quem, por­ven­tura, tivesse emi­tido alguma opinião des­fa­vorável à corte ou aos seus inte­grantes.

A ati­tude tres­lou­cada dos dois min­istros, além de terem chamado ainda mais a atenção para as matérias jor­nalís­ti­cas e os doc­u­men­tos que as embasaram, “virou” a ver­dadeira notí­cia.

Em todos lugares, mesmo nas mesas de bares, nos happy hour dos ami­gos, nos ban­cos das praças, enquanto os mais vel­hos jogam car­tas ou dom­inó, o assunto incon­tornável tem sido a cen­sura imposta pelo Supremo Tri­bunal Fed­eral à revista e ao site que divul­garam a matéria onde citava o ministro-​presidente da corte, como “amigo do amigo do meu pai. Onde o amigo do amigo seria o ministro-​presidente do STF, o amigo, o ex-​presidente Lula, preso e con­de­nado por cor­rupção e lavagem de din­heiro a quase um quarto de século de cadeia, o pai seria o empresário Emílio Ode­brecht, e o filho, o empresário Marcelo Bahia Ode­brecht, que deu a declaração.

Isso sem falar nos debates nas redes soci­ais ou nos vários gru­pos de aplica­tivos.

Há muito tempo não se ouvia – ou dis­cu­tia –, tanto sobre a liber­dade de expressão e de pen­sa­mento.

A cen­sura, emb­ora ainda pre­sente em algu­mas situ­ações, era algo excep­cional de algum “afoito” incon­for­mado com os dire­itos con­sagra­dos na Con­sti­tu­ição Federal.

Com efeito, já no título segundo da Carta Magna, que trata dos dire­itos e garan­tias fun­da­men­tais, no seu capí­tulo primeiro, que trata dos dire­itos e deveres indi­vid­u­ais e cole­tivos, restam con­sagra­dos que: “é livre a man­i­fes­tação do pen­sa­mento, sendo vedado o anon­i­mato”; “é asse­gu­rado o dire­ito de resposta, pro­por­cional ao agravo, além da ind­eniza­ção por dano mate­r­ial, moral ou à imagem”; “é livre o exer­cí­cio de qual­quer tra­balho, ofí­cio ou profis­são, aten­di­das as qual­i­fi­cações profis­sion­ais que a lei esta­b­ele­cer”; “é asse­gu­rado a todos o acesso à infor­mação e res­guardado o sig­ilo da fonte, quando necessário ao exer­cí­cio profis­sional”. (Art. 5º, incisos IV, V, XIII e XIV).

Nestes mes­mos título e capit­ulo, a Con­sti­tu­ição esta­b­elece: “são invi­o­láveis a intim­i­dade, a vida pri­vada, a honra e a imagem das pes­soas, asse­gu­rado o dire­ito a ind­eniza­ção pelo dano mate­r­ial ou moral decor­rente de sua vio­lação”. (Art. 5º, X).

Vejam, que emb­ora a Carta garan­ti­ndo a invi­o­la­bil­i­dade a intim­i­dade, a vida pri­vada, a honra e a ima­gens das pes­soas, para estas vio­lações diz ser asse­gu­rado o dire­ito à ind­eniza­ção pelo dano mate­r­ial ou moral.

Quer dizer, ainda que haja excesso numa pub­li­cação ou man­i­fes­tação de pen­sa­mento, ela não pode sofrer restrição, para ela sendo asse­gu­rado o dire­ito à ind­eniza­ção por danos mate­ri­ais ou morais ao suposto ofen­dido.

Não bas­tassem tais regras esposadas logo no título ref­er­ente aos dire­tos e garan­tias fun­da­men­tais, no título oitavo, que trata da ordem social, capí­tulo cinco, que trata da comu­ni­cação, resta expresso no artigo 220: “A man­i­fes­tação do pen­sa­mento, a cri­ação, a expressão e a infor­mação, sob qual­quer forma, processo ou veículo não sofr­erão qual­quer restrição, obser­vado o dis­posto nesta Constituição”.

E, vai além nos seus pará­grafos: “Nen­huma lei con­terá dis­pos­i­tivo que possa con­sti­tuir embaraço à plena liber­dade de infor­mação jor­nalís­tica em qual­quer veículo de comu­ni­cação social, obser­vado o dis­posto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV” e “É vedada toda e qual­quer cen­sura de natureza política, ide­ológ­ica e artística”.

Ora, ao Supremo Tri­bunal Fed­eral — STF, nos ter­mos da Con­sti­tu­ição, com­pete “pre­cipua­mente, a guarda da Con­sti­tu­ição” (art. 102), logo há de se inda­gar qual parte dos dis­pos­i­tivos acima referi­dos seus “ministros-​censores” não con­hecem ou mesmo se, como guardiões da Carta Magna, se colo­cam acima dela, se per­mitindo inter­pre­tar de forma diversa do seu con­teúdo literal.

Os fatos dos últi­mos dias, com min­istros do Supremo, deixando a toga de guardião da Con­sti­tu­ição, para se vestirem de cen­sores de pub­li­cações jor­nalís­ti­cas, abre séria fis­sura no orde­na­mento jurídico pátrio.

Onde já se viu min­istros da mais ele­vada Corte descon­hecer ou, pior que isso, afrontar de forma incon­teste a Con­sti­tu­ição que dev­e­riam guardar?

Na ver­dade, não é de hoje que muitos dos min­istros dos nos­sos tri­bunais ado­tam com­por­ta­men­tos incom­patíveis com a dig­nidade dos car­gos que ocu­pam.

Meu pai que, como sabem, era anal­fa­beto por parte de pai, mãe e parteira, tinha uma regra infalível, dizia ele: “— meu filho, quer respeito, se dê respeito”.

As críti­cas dis­pen­sadas por parte da sociedade a alguns dos min­istros da nossa Suprema Corte – por enquanto, ainda não à sua total­i­dade –, é fruto de uma série de decisões e com­por­ta­men­tos ques­tionáveis ou dados ao sabor das con­veniên­cias, que levaram o país a uma inse­gu­rança jurídica jamais exper­i­men­tada em qual­quer tempo da história.

Mesmo nos diver­sos perío­dos de exceção, as pes­soas tin­ham seus dire­itos vio­la­dos pelos dita­dores de plan­tão ou seus pre­pos­tos, mas não pelo mem­bros do Poder Judi­ciário, a quem tin­ham como trincheira der­radeira da cidada­nia. Ainda que uma decisão fosse con­trária, havia o sen­ti­mento de respeito, pois se acred­i­tava na justeza de vere­dicto judi­cial e não se tin­ham notí­cias de decisões sob medida ao atendi­mento de inter­esses pes­soais.

Daí terem o respeito e a con­sid­er­ação da sociedade brasileira. Não é mais o que vemos nos dias atu­ais, quando, por não se darem ao respeito, per­dem o respeito da sociedade.

Outro dia, com estu­pe­fação, tomei con­hec­i­mento de um ato de “desagravo” pro­movido pelo STF em sua defesa. E viu-​se uma pro­cis­são de enti­dades pre­stando “sol­i­dariedade” e “desagra­vando” o tribunal.

Meu Deus, como cheg­amos ao ponto da mais ele­vada Corte de Justiça cla­mar por sol­i­dariedade e desagravo? Implo­rar por respeito?

O respeito, a sol­i­dariedade não são coisas a serem pedi­das ou implo­radas, são coisas con­quis­tas.

Ao pro­moverem aquele ato no salão nobre dos jul­ga­men­tos plenários, senti pro­funda tristeza.

Tangido por aquilo que se chama de “ver­gonha alheia”, mudei de canal para não assi­s­tir a tamanha degradação. Ali pen­sei ser o pior momento do tri­bunal. Pior, até mesmo, que os histéri­cos e afron­tosos bate-​bocas entre as excelências.

O episó­dio da cen­sura, moti­vada por inter­esse de cunho pes­soal, rev­ela que ainda podiam cavar um pouco mais no fosso da dete­ri­o­ração moral.

A ressur­reição da cen­sura, violando a Con­sti­tu­ição Fed­eral, e tendo por base a dis­pos­i­tivos da Lei de Segu­rança Nacional, der­radeiro entulho do régime mil­i­tar, só encon­tra a defesa daque­les que, emb­ora jurem defender a democ­ra­cia brasileira, nada mais são que ado­radores de ditaduras.

Ape­sar dos pesares, como se dizia antiga­mente, nem tudo está per­dido. Ao meu sen­tir, não foi o tri­bunal que perdeu o respeito ou a legit­im­i­dade per­ante a sociedade – ainda não, repito –, quem perdeu a ambos, foram alguns dos seus min­istros e isso é pos­sível cor­ri­gir se a grande maio­ria ou o Senado da República, não se omi­tirem e tiverem a cor­agem de faz­erem aquilo que a Con­sti­tu­ição impõe que se faça.

Tudo isso, entre­tanto, se super­ada essa longa noite, deve servir de reflexão para escolha de futuros min­istros. Deve­mos ter em mente que não os cre­den­ciam o fato de serem ami­gos do poderoso de plan­tão, ser advo­gado dos poderosos, asses­sor do par­tido do poder e out­ros atrib­u­tos não pre­vis­tos na con­sti­tu­ição, e, prin­ci­pal­mente, que não deve­mos aqui­escer ou fechar os olhos, nunca mais, às ten­ta­ti­vas crim­i­nosas de apar­el­hamento do Estado.

Agora é torcer para esse texto não ser cen­surado.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

OPOSIÇÃO!? QUE OPOSIÇÃO?

Escrito por Abdon Mar­inho

OPOSIÇÃO!? QUE OPOSIÇÃO?

Por Abdon Marinho.

OUTRO dia um amigo fazia troça com a falta de ati­tude dos dep­uta­dos estad­u­ais de oposição ao atual gov­erno.

Insat­is­feito com inér­cia das excelên­cias, dizia ele: — Abdon, desco­bri o motivo da oposição não está falando nada sobre essas coisas – foi no auge da denún­cia do del­e­gado Bardal sobre bis­bil­ho­tagem aos desem­bar­gadores e manip­u­lação de inves­ti­gações –, é que está muito ocu­pada. Olha aí a pre­ocu­pação da oposição.

Dito isso me man­dou um “print” de um Pro­jeto de Res­olução Leg­isla­tiva, de auto­ria do sen­hor dep­utado Adri­ano, que con­cede a medalha de mérito leg­isla­tivo “João do Vale”, ao can­tor Bruno Patri­cio Abreu Fer­reira, tendo por rela­tor outro prócere da oposição, o dep­utado César Pires.

Fiquei sabendo que o hom­e­nageado é mais con­hecido como Bruno Shinoda.

Bem, não con­heço o tra­balho do artista – e isso não ocorre por conta dele, mas porque levo uma vida de Cas­murro –, decerto, o sen­hor Shin­oda deve mere­cer bem mais que a comenda pro­posta pelo dep­utado.

Por outro lado, não posso deixar de recon­hecer assi­s­tir razão a esse amigo, quando, na sua irres­ig­nação, faz pil­héria com o papel desem­pen­hado pela oposição na atual quadra política.

Como já obser­vado em tex­tos ante­ri­ores, o par­la­mento estad­ual tem con­seguido pio­rar a cada leg­is­latura. E, parece-​me, que a oposição tem seguido o ritmo ou pio­rado mais.

Lem­bro que quando tra­bal­hava na Casa de Manoel Bequimão, a oposição inteira não chegava a dez dep­uta­dos, mas o nível de artic­u­lação, con­hec­i­mento, dis­posição para o embate, fazia pare­cer que estavam empar­el­ha­dos com a grande maio­ria gov­ernistas.

Na antes­sala do Plenário ou na Sala de Imprensa era comum ouvir­mos que dep­utado fulano ou sicrano valia por dez ou uma dúzia dos gov­ernistas.

Hoje, pelo que dizem, está um por um, sem pedir troco. E olhem que o “papel” de pedra é bem mais fácil que o de vidraça.

Por estes dias li um artigo do juiz fed­eral Roberto Veloso sobre a importân­cia da oposição nas democ­ra­cias mod­er­nas. Muito esclare­ce­dor e veio na esteira do que sem­pre sustentamos.

Nas democ­ra­cias, as oposições, ao meu sen­tir, fun­cionam como legit­i­mado­ras dos gov­er­nos.

É isso que não temos no nosso estado, onde as próprias insti­tu­ições pare­cem frag­ilizadas.

Vejamos, não é de hoje que se têm notí­cias de inves­ti­gações clan­des­ti­nas e crim­i­nosas con­tra os adver­sários do gov­erno, tendo um del­e­gado – ainda que apan­hado nos seus próprios malfeitos –, não ape­nas con­fir­mado, como con­fes­sado, que rece­beu ordem do secretário de segu­rança pública para bis­bil­ho­tar a vida de desem­bar­gadores, além da manip­u­lação de inves­ti­gações crim­i­nais. Se chegaram a esse ponto, o que falta fazerem?

Ape­sar daquela con­fir­mação o silên­cio imperou, ninguém disse nada. Ape­nas, ulti­ma­mente, se teve notí­cia de um ofí­cio do pres­i­dente do tri­bunal pedindo ao min­istério público que inves­ti­gasse o fato relatado pelo del­e­gado.

Em relação a oposição foi como se nada tivesse acon­te­cido.

Assim, como nada ou muito pouco têm a dizer – ou a protes­tar – , sobre a piora em quase todos os indi­cadores soci­ais e econômi­cos do estado; sobre a “que­bra” no Fundo de Pre­v­idên­cia do Estado; sobre o inchaço da máquina pública, com a cri­ação, em pouco tempo, de mais de três mil car­gos comis­sion­a­dos; sobre o fato das obras públi­cas estarem entregues a empresários de com­petên­cia e hon­esti­dade duvi­dosas e/​ou mesmo sobre o fato de tais obras públi­cas, que cus­taram (ou estão cus­tando) uma for­tuna, sim­ples­mente terem se “dis­solvido” neste inverno.

São fatos de gravi­dade ímpares para os quais a oposição – e mesmo as insti­tu­ições fis­cal­izado­ras –, pare­cem atribuir pouca ou nen­huma importân­cia.

Não con­heço a capaci­dade pes­soal das excelên­cias, com certeza devem pos­suir bas­tante, mas como opos­i­tores a um gov­erno – que sabe usar os meios de comu­ni­cação de mas­sas –, não pode­riam ser mais fra­cos. Uma espé­cie de Exército de Bran­ca­le­one dos trópi­cos. Não que sejam mal­trapil­hos, pelo con­trário, mas pela falta, inata, de aptidão para o ofício.

A respeito disso podemos citar ape­nas dois exem­p­los. O do dep­utado Adri­ano, que para exer­cí­cio par­la­men­tar, abdi­cou do próprio nome da família e do dep­utado fed­eral Edilázio Júnior, tam­bém da família, por afinidade.

Quando o dep­utado Adri­ano, come­teu o “desatino” de renun­ciar ao próprio nome, comentei com um amigo próx­imo que jamais havia teste­munhado tamanha prova de inabil­i­dade política – até então.

Primeiro, que a medida era abso­lu­ta­mente inócua, jamais deixaria de ser um Sar­ney, filho de Sar­ney Filho e neto de José Sar­ney. O Maran­hão, para o bem e para o mal, é uma aldeia, onde todos se con­hecem e sabem de onde vem cada um.

Per­gun­tei a esse amigo se o dep­utado não tinha nen­hum asses­sor, amigo ou mesmo a ini­cia­tiva de ouvir mais alguém ante de come­ter esse tipo de tolice.

Segundo, que ao abdicar do próprio nome, “liberou” todos aque­les que restavam fiéis ao grupo Sar­ney de con­tin­uar a sê-​los.

Ora, se o próprio neto não quer ser recon­hecido como um “Sar­ney”, porque, quem sequer é par­ente vai “quebrar-​lanças” por eles, sobre­tudo, num estado mis­erável como nosso, onde se guarda a sobra do almoço para comer na janta? Onde, mais do que em qual­quer outro lugar, tanto se neces­sita dos favores públicos?

Neste cenário político, até então, esse tinha sido o maior desas­tre dos oposi­cionistas dire­ta­mente lig­ado ao grupo Sar­ney, aí veio o dep­utado fed­eral Edilázio Júnior e mostrou que a capaci­dade de pro­duzirem asneiras estava bem longe do fim.

O dep­utado vinha bem, tinha feito um mandato ante­rior atu­ante, propos­i­tivo e, tam­bém, por isso, con­seguira alçar voo mais alto, saltado de estad­ual para fed­eral.

Até que con­seguiu pro­duzir uma declar­ação mais desastrada que a omis­são do nome do dep­utado Adri­ano.

Não dis­cuto se o dep­utado errou ou não no con­teúdo. Mas, não restam quais­quer dúvi­das que a forma não pode­riam ser mais desastrada.

Nunca tinha visto um político ser tão infe­liz em suas colo­cações quanto o dep­utado fed­eral do par­tido verde.

Bem ver­dade que out­ros políti­cos já dis­seram coisas piores, crim­i­nosas, mas foram pegos em incon­fidên­cias, gravações clan­des­ti­nas ou autor­izadas judi­cial­mente.

Já o dep­utado estava ali, se man­i­fe­s­tando pub­li­ca­mente, alheio se estava sendo gravado ou não (e todos esta­mos sendo grava­dos o tempo todo) e crente que estava “abafando”. Expôs seu ver­dadeiro sen­ti­mento. Pode­ria se can­di­datar ao título de “sin­cero do ano”, pois come­teu aquilo que hoje se chama de “sincericídio”.

Acho que nem aquele dep­utado gov­ernista que foi detido depois de beber “todas”, fazer uso de out­ras sub­stân­cias e agredir algu­mas pes­soas, ao dizer “a gente mata gente” e out­ras ameaças, saiu-​se tão chamus­cado do episó­dio – até porque con­tou com a conivên­cia cúm­plice dos oposi­cionistas –, quanto o dep­utado fed­eral Edilázio Júnior, no episó­dio do píer da Península.

Ora, ele teria inúmeras razões, sobre­tudo, de ordem téc­nica, para se man­i­fes­tar con­trário ao pro­jeto do gov­erno estad­ual, não have­ria qual­quer neces­si­dade de descam­bar para pre­con­ceitos que talvez nem os pos­sua no trato pes­soal. Como não o con­heço, não posso dizer.

O que sei é que suas palavras – edi­tadas ou dis­tor­ci­das, como disse –, não pode­riam ser mais infe­lizes para sua car­reira política. Para sem­pre será lem­brado e cobrado por elas. Só ver a infinidade de “memes” com a imagem do deputado.

Exis­tem out­ros par­la­mentares de oposição, mas os acima referi­dos são os coman­dantes nat­u­rais do grupo Sar­ney.

E, como vimos, deram mostras que a mis­são foi bem maior que eles.

É bem ver­dade que os Leões sem­pre tiveram muita força. A história mostra isso. Vejam que mesmo com uma oposição mais aguer­rida, o grupo Sar­ney só foi defen­estrado do poder a par­tir de uma rup­tura interna. Sem ela, ainda hoje estariam man­dando.

Foi a rup­tura de José Reinado Tavares, dev­ido a uma con­jun­tura de cunho pes­soal, que pos­si­bil­i­tou a eleição do primeiro gov­er­nador de oposição, em 2006, Jack­son Lago, e abriu a pos­si­bil­i­dade da segunda vitória, com o sen­hor Flávio Dino, em 2014, e assim mesmo, porque a gov­er­nadora Roseana Sar­ney abdi­cou de gov­ernar o estado, entregando-​o nas mãos de pre­pos­tos, ao invés de fazer de um grande gov­erno, quando voltou a ele depois depois que “tomou” o gov­erno em 2009 e, prin­ci­pal­mente, depois de reeleita para o quadriênio 20112014.

O velho Sar­ney dado às coisas da lit­er­atura deve imag­i­nar que assim como a briga por causa de uma mul­her destruiu Tróia, tam­bém a briga por uma mul­her provo­cou a destru­ição de todo seu grupo, de todo o seu poder no Maran­hão – e não esta­mos falando de Helena.

Assim como no caso do grupo Sar­ney, o fim do “comu­nismo” no Maran­hão se dará a par­tir de uma rup­tura interna do grupo.

A difer­ença em relação ao grupo ante­rior é que isso ocor­rerá bem mais cedo.

Já nesta próx­ima eleição (2020) ter­e­mos o “desenho” da futura com­posição de forças, den­tro do grupo comu­nista, para o “cisma” que ocor­rerá de forma defin­i­tiva em 2022. Isso é inevitável.

Mesmo no mundo ani­mal, nunca vi um cão que está com o osso na boca o ceder para o outro. Eles brigarão até que o mais forte, fique com o osso para si. Sem con­tar que os cães são ter­ri­to­ri­al­is­tas.

Como demon­strado acima, não há uma oposição orgânica capaz de rep­re­sen­tar qual­quer risco ao gov­erno.

O grupo Sar­ney (ou o que sobrou dele) não rep­re­senta mais qual­quer risco eleitoral poten­cial, emb­ora os gov­ernistas ainda achem que se choveu ou se fez sol a culpa é do Sarney.

Uma ter­ceira via, até agora não se mostrou pos­sível, não digo que não suja, talvez alguém de fora da política. Mas, não vemos quadros que mostrem dis­posição para enfrentar essa “guerra”.

Claro que qua­tro anos é um tempo con­sid­erável e pode­ria pos­si­bil­i­tar esse surg­i­mento, como ocor­reu no Rio de Janeiro, Minas Gerais e out­ros esta­dos. Mas quem?

Na quadra atual a única oposição que enx­ergo é a que se forma den­tro do grupo do atual gov­er­nador.

Os fan­tas­mas que per­tur­bam o sono dos gov­ernistas estão mais próx­i­mos do que podem imaginar.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

AUTORI­TARISMO: OS FAL­SOS DEMOC­RATAS CHEGARAM PRIMEIRO.

Escrito por Abdon Mar­inho

AUTORI­TARISMO: OS FAL­SOS DEMOC­RATAS CHEGARAM PRIMEIRO.

Por Abdon Marinho.

DURANTE todo o processo eleitoral das últi­mas eleições pres­i­den­ci­ais uma ameaça ron­dou os dis­cur­sos de quase todos os can­didatos: o retro­cesso democrático, o retorno do autori­tarismo que rep­re­sen­taria a eleição daquele que acabaria por eleger-​se.

Esse dis­curso cat­a­stró­fico, do bem con­tra o mal, da trevas con­tra a luz, mobi­li­zou a classe artís­tica, os int­elec­tu­ais, os ditos evoluí­dos cul­tural­mente, em oposição aos toscos, à vio­lên­cia, a ditadura, ao inferno insta­l­ado na terra.

Com cem dias de gov­erno não sei se todo o alarmismo semeado irá vin­gar, se a catástrofe prometida acon­te­cerá, porém, em relação ao cercea­mento das liber­dades indi­vid­u­ais e de expressão, os alarmis­tas chegaram primeiro.

Por estes dias vi, numa rede social, a dep­utada fed­eral pelo Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, Maria do Rosário “fes­te­jar” a con­de­nação do humorista Danilo Gen­tili por crime de injúria.

Não con­heço o tipo de humor deste cidadão – depois de certa idade só assisto aquilo que ver­dadeira­mente tenho inter­esse, assim, nunca vi um dos seus pro­gra­mas ou assisti aos seus vídeos nas redes soci­ais, den­tre os quais este que sus­ci­tou a sua con­de­nação por, suposta­mente, injuriar a dep­utada.

A dep­utada, decerto, sentiu-​se injuri­ada – e este é um sen­ti­mento de cunho pes­soal –, a ponto de, usando a pre­rrog­a­tiva do cargo, perseguir – e con­seguir –, a con­de­nação do humorista na Justiça Fed­eral.

Desde que, há dez anos, o Supremo Tri­bunal Fed­eral — STF, decidiu por maio­ria, que a Lei nº. 5250/​67, a chamada Lei de Imprensa, não fora recep­cionada pela Con­sti­tu­ição Fed­eral de 1988, não me recordo de ter visto con­de­nação crim­i­nal pelos chama­dos crimes de opinião.

O que vi, vez ou outra, foram con­de­nações nas esferas cíveis, por dano moral, quando uma ou outra pub­li­cação, trans­borda do razoável.

Assim, soa estranho que alguém seja con­de­nado à prisão (ainda que isso, efe­ti­va­mente, não venha ocor­rer) por, suposta­mente, ter se exce­dido numa crítica, ou mesmo que tenha sido gros­seiro ou dese­l­e­gante, con­tra uma deputada.

Mais estranho, ainda, que uma dep­utada fed­eral, se val­endo do cargo, tenha perseguido a con­de­nação do humorista, tendo por base os mes­mos instru­men­tos de repressão do régime mil­i­tar que tanto jura com­bater.

A con­de­nação crim­i­nal por crimes de opinião ou de livre expressão é incom­patível com a ordem democrática vigente. Foi neste sen­tido a decisão do STF em 2009, ao dizer que a Lei de Imprensa não fora recep­cionada pela Carta Magna.

Por que a dep­utada não bus­cou a con­de­nação na esfera cível? Por que o desejo de con­denar o humorista à prisão?

Só tenho uma resposta: porque ela, assim como seus ali­a­dos, não con­seguem con­viver com a crítica às suas contradições.

Não seria a primeira vez. O extinto jor­nal­ista Wal­ter Rodrigues certa vez me con­tou o episó­dio em que um, então juiz fed­eral usou o mesmo expe­di­ente: valeu-​se da Lei de Imprensa e da Justiça Fed­eral para ten­tar calar um jor­nal que falara dele. Essa era a condição para o edi­tor do jor­nal não ser con­de­nado crim­i­nal­mente.

O vet­er­ano jor­nal­ista, muitos anos depois ainda rev­elava sua sur­presa com o pendão autoritário dos fal­sos democratas.

–– Abdon, que­riam fechar o jor­nal! Fechar o jor­nal.

Não sei se o atual pres­i­dente da República, em tão pouco tempo de cargo, já man­dou proces­sar algum jor­nal­ista ou blogueiro por criticá-​lo.

Sei, que difer­ente do que foi pro­fe­ti­zaram, ele fez foi se sol­i­darizar com o humorista con­de­nado.

Com­por­ta­mento bem difer­ente de muitos artis­tas, int­elec­tu­ais que tanto falaram con­tra a ditadura que se insta­laria no Brasil a par­tir de janeiro e que silen­ciam diante de uma con­de­nação que abre um sério – e grave prece­dente –, con­tra as liber­dades civis e que foi provo­cado por uma dep­utada “mod­erna”, “democrática” e que dizia jus­ta­mente o oposto.

Meu pai – que era anal­fa­beto por parte de pai, mãe e parteira –, cos­tu­mava dizer: –– meu filho, quem disso usa, disso cuida.

Quer dizer: aquele que tem o pendão pelo autori­tarismo, enx­erga no opo­nente seus próprios defeitos.

Vejam o exem­plo do Maran­hão. Aque­les que sem­pre criticaram o grupo Sar­ney, a quem apon­tam como uma espé­cie de sen­hor feu­dal desta cap­i­ta­nia, se rev­e­lam bem piores em deter­mi­nadas práti­cas que aque­las que lhe imputavam – e ainda imputam –, vez que, qua­tro anos depois de terem assum­ido o gov­erno, até se faz chuva ou sol, ainda apon­tam o dedo para Sar­ney.

E, ape­nas para ficar no que­sito da liber­dade de expressão e opinião, o que ouço de inúmeros jor­nal­is­tas e blogueiros é que nunca tan­tos foram tão proces­sa­dos, inclu­sive na esfera penal, como fez a dep­utada fed­eral do PT.

Tudo para calar as opiniões difer­entes.

Outra estraté­gia é a coop­tação medi­ante argu­men­tos irrecusáveis. Fazendo valer assim o velho adá­gio de que “no Maran­hão, o que din­heiro ou taca não resolver, é porque foi pouca”.

Nunca acred­itei (ou respeitei) mod­e­los democráti­cos com pen­sa­mento monolítico. Esses mod­e­los, para mim, são arreme­dos de ditaduras. Ou ditaduras completas.

Daí, porque nas ditaduras se perseguem tanto as liber­dades indi­vid­u­ais, de expressão e pen­sa­mento. Daí, porque pre­cisam cen­surar, reprimir ou proibir a cir­cu­lação de ideias e opiniões.

As democ­ra­cias – e só mere­cem ser chamadas assim –, respeitam a plu­ral­i­dade de ideias, per­mitem e estim­u­lam a liber­dade de pen­sa­mento.

Do Maran­hão, tam­bém, sai outro pés­simo exem­plo para a con­cepção do que seja uma democ­ra­cia. E, vem de onde menos se espera: da uni­ver­si­dade.

Não com tanta sur­presa tomei con­hec­i­mento que o Con­selho de Pesquisa, Ensino e Exten­são — CON­SEPE, da Uni­ver­si­dade Fed­eral do Maran­hão — UFMA, se reuniu e decidiu cen­surar um evento onde seria exibido o filme “1964: Entre Armas e Livros”.

Não sei se este con­selho se reúné para dis­cu­tir e pro­por soluções visando mel­ho­rar as condições de ensino dos seus alunos.

Soube que o argu­mento usado para a cen­sura foi “garan­tir a segu­rança do corpo dis­cente e de servi­dores”.

Não sei o con­teúdo da tal película, mas os con­sel­heiros acham que a exibição de um filme atenta con­tra a segu­rança de alunos e servi­dores?

Out­ros even­tos, de out­ras cor­rentes ide­ológ­i­cas, tam­bém mere­ce­ram reuniões do CON­SEPE e foram cen­sura­dos?

Qual a util­i­dade de uma uni­ver­si­dade que não respeita ou não admite a pos­si­bil­i­dade de pen­sa­men­tos diferentes?

Não me parece que pes­soas que agem assim mereçam respeito quando falam em democ­ra­cia, quando criti­cam a ditadura, pois, na prática, o que defen­dem, não ape­nas como mod­e­los exter­nos, mas, tam­bém, para o Brasil, são seus próprios mod­e­los dita­to­ri­ais.

As provas estão aí, à vista de todos: os mes­mos que vibram ou silen­ciam diante da con­de­nação crim­i­nal de um humorista pro­posta e perseguida por uma agente do estado (uma dep­utada fed­eral); que fes­te­jam ou defen­dem que a uni­ver­si­dade seja por­ta­dora de um pen­sa­mento único; que proces­sam ou defen­dem proces­sos con­tra jor­nal­is­tas, blogueiros ou escritores e que os mes­mos sejam con­de­na­dos à prisão, são os mes­mos que acusaram e acusam o atual gov­erno de autori­tarismo e dita­to­r­ial.

E são os mes­mos, tam­bém, que protes­tam e cla­mam con­tra a prisão de Julian Assange, que através de seu site divul­gou, inclu­sive, seg­re­dos mil­itares de diver­sos países, colo­cando em risco a segu­rança de mil­hares de pes­soas ao redor do mundo. Enquanto dis­pen­sam o elo­quente silên­cio em relação às prisões polit­i­cas na Venezuela, em Cuba …

Abdon Mar­inho é advo­gado.