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A triste sina do Maranhão.

Escrito por Abdon Mar­inho


A TRISTE SINA DO MARANHÃO.

Por Abdon Marinho.

UMA pesada angús­tia toma conta dos cidadãos de bem do Maran­hão. Ape­nas os de bem, aos demais, os arriv­is­tas ou opor­tunistas, os cíni­cos ou indifer­entes, os adu­ladores ou, mesmo, aos desin­for­ma­dos é como se nada estivesse acon­te­cendo ou estivesse em vias de acon­te­cer em futuro breve.

A questão de fundo que tratare­mos neste texto é a mesma que já trata­mos por diver­sas vezes neste espaço. Não será sur­presa se o leitor que se dis­puser a lê-​lo ficar com a sen­sação de “déjà vu” ao longo do mesmo.

Por estes dias, con­forme foi ampla­mente divul­gado pela mídia, tomamos con­hec­i­mento que o gov­er­nador do estado vai sair pelo país para “vender” a nova jabot­i­caba brasileira: um tal de “movi­mento 65”, que nada mais é que o nome de fan­ta­sia do seu par­tido, o Par­tido Comu­nista do Brasil — PCdoB, que con­tin­uará a exi­s­tir com nome, pro­grama e man­i­festo e todas a demais maze­las, mas será “ven­dido” por sua excelên­cia e seus cor­re­li­gionários como o algo “novo” no front da política nacional.

Pelo que ouvi dizer o tal movi­mento tem até um man­i­festo próprio, bem difer­ente daquele reg­istrado per­ante a justiça eleitoral que prega a supressão da econo­mia cap­i­tal­ista e a cole­tiviza­ção dos meios de produção.

É de se recon­hecer que a “mis­são” é das mais árd­uas, sig­nifica a negação de quase 200 anos de história do comu­nismo – se pegar­mos por base o lança­mento do Man­i­festo Comu­nista, de Marx e Engels, de 1848 –, a negação do pre­sente – se pegar­mos o apoio ofi­cial e escrito emprestado pelo par­tido aos regimes total­itários comu­nistas de Cuba, China, Cam­boja e Cor­eia do Norte, ape­nas para citar alguns –, e a pro­jeção para futuro de que tanto o pas­sado quanto o pre­sente não têm qual­quer relação.

O par­tido de sua excelên­cia corre o risco de vir a ser con­hecido como “o par­tido que não ousa dizer o nome”.

Não duvido que con­siga. O Brasil, acred­ito, nunca viveu um momento de tamanha estu­pidez, a ponto de numa entre­vista dada pelo gov­er­nador nesta mis­são par­tidária aos dois maiores veícu­los de comu­ni­cação do país, os entre­vis­ta­dores não terem o dis­cern­i­mento de per­gun­tar ao entre­vis­tado o sig­nifi­cado histórico de esquerda/​direita, se prega as ideias orig­inárias da dout­rina política; se nega os crimes cometi­dos no pas­sado e no pre­sente; a razão de nunca terem feito uma autocrítica ou mod­i­fi­cado o estatuto/​programa do par­tido.

Como imbecís ou amestra­dos engoli­ram a xaropada que lhe foi vendida.

Pois bem, o gov­er­nador, con­forme anun­ci­ado, fal­tando três anos para o pleito de 2022 vai tratar de per­cor­rer o Brasil nesta mis­são de mas­cate, vender ilusões e “vender-​se” como a solução para os prob­le­mas nacionais.

Menos mal se fizesse isso renun­ciando ao mandato de gov­er­nador e as próprias expen­sas ou, quando muito, às expen­sas do seu par­tido, mas nunca, jamais, mantendo-​se nos espaços no gov­erno do estado e, muito pior, às cus­tas do con­tribuinte maran­hense.

É ver­dade que desde que assumiu o gov­erno, ainda em 2015, o gov­er­nador e seu ciclo mais chegado, sem­pre tiveram como meta usar o gov­erno do Maran­hão como um tram­polim para pro­je­tos maiores, que não são pro­je­tos do estado ou do inter­esse da sociedade maran­hense, mas, sim, pro­je­tos pes­soais, quando muito par­tidários.

Daí o desejo e a política de aliar-​se a tudo e todos inde­pen­dente das biografias dos ali­a­dos, fazendo crescer ou aumen­tar anti­gas práti­cas que já pen­sá­va­mos sepul­tadas pelo lixo da história.

E por falar em história, quando algum his­to­ri­ador ten­tar desven­dar as razões do atraso quase que civ­i­liza­cional do nosso estado cer­ta­mente dev­erá levar em conta o fato que tive­mos gov­er­nadores que se “acharam” grandes demais para cuidarem do estado e mere­ce­dores coisas bem maiores.

Vejam só, o estado do Maran­hão ostenta índices de desen­volvi­mento com­paráveis aos de muitos países africanos, encontra-​se na “rabeira” em quase tudo que é indi­cador, pos­sui uma das piores infraestru­tura do país, não pro­duz quase nada, tem que impor­tar até o que é con­sum­ido pela pop­u­lação local – isso a despeito de pos­suir ter­ras e água em abundân­cia e estações climáti­cas das mais estáveis –, já entrando no sexto ano de gov­erno e tendo ele­vado sub­stan­cial­mente o número de mis­eráveis, sua excelên­cia acha que ele e o par­tido comu­nista têm muito a ofer­e­cer ao Brasil, quiçá, ao mundo.

Um amigo cos­tuma dizer que se desli­garem as redes soci­ais por um dia o gov­erno acaba. Eu acres­cen­taria a isso o fim das gor­das ver­bas pub­lic­itárias que servem para “embur­recer” for­madores de opinião a ponto de não lhes per­mi­tirem faz­erem os ques­tion­a­men­tos mais óbvios.

Aos incau­tos, aos tolos, ou aos desprovi­dos de qual­quer dis­cern­i­mento ou caráter, se apre­sen­tam como o que há de “novo” no front da política nacional.

A van­tagem de viver­mos no Brasil é que aqui a piada já vem pronta.

Mas essa má sina do estado não vem de hoje, Sar­ney tinha essa mesma visão: que era “bom demais” para se “perder” com os assun­tos Maran­hão.

Ainda hoje, como rev­elou em texto pub­li­cado faz pouco tempo, acha que a culpa do nosso atraso em relação aos demais esta­dos é de Deus que não nos proveu com solos férteis e/​ou min­erais valiosos. Crente neste pen­sa­mento encarou e encara com nat­u­ral­i­dade que osten­te­mos tan­tos indi­cadores des­fa­vorável. Mesmo “man­dando” por décadas na política local e sendo dos políti­cos brasileiros mais exi­tosos, além de lhe ter “caído” no colo a presidên­cia da República, não fez o sufi­ciente para mudar a nossa triste real­i­dade.

A era política que ficou con­hecida como “sarneísmo”, findou, dizem, quando assumiu o atual gov­erno, em janeiro de 2015.

Finda aquela, aca­len­tá­va­mos a ilusão de que have­ria uma mudança na com­preen­são de Estado, de trans­for­mação das políti­cas públi­cas e de desen­volvi­mento e não ape­nas como um “tram­polim” para a con­quis­tas de posições no cenário da política nacional.

Como já dito e assis­tido por todos, as mudanças alme­jadas não acon­te­ce­ram, muitos indi­cadores pio­raram sen­sivel­mente e se com­para­r­mos as obras estru­tu­rantes feitas ou con­seguidas por Sar­ney nos seus qua­tro anos e as com­para­r­mos com as do atual gov­erno, nos cinco anos que já se pas­saram (e mesmo com três anos que tem pela frente), sus­peito que o gov­erno Sar­ney leve uma grande van­tagem. Aqui não se trata de pros­elit­ismo, mas a análise de dados obje­tivos.

Basta dizer que, salvo alguma exceção, não encon­tramos uma rodovia estad­ual que nos per­mi­tam rodar mais que dez quilômet­ros sem cair­mos em algum buraco. Cos­tumo fazer o desafio da rota São Luís-​Carutapera, via ferry boat, que quase todo é feito por vias estad­u­ais. Duvido que alguém per­corra dez quilômet­ros, nem mesmo cinco, sem ter que desviar de alguma crat­era.

Por outro lado, as vel­has práti­cas per­sis­tem – cada vez mais acen­tu­adas –, e o estado con­tinua a ser uti­lizado como um tram­polim para os son­hos dos gov­er­nantes de plantão.

E não é só, se quando son­há­va­mos com o pós sarneísmo tín­hamos esper­anças de um futuro mel­hor para o nosso estado e sua pop­u­lação, quando pro­je­ta­mos o pós comu­nismo e vemos quem são os que “ameaçam” gov­ernar o Maran­hão, só temos motivos para angús­tia e tris­teza.

O gov­erno comu­nista do Maran­hão não nos deixa só um legado de falta de infraestru­tura, más práti­cas admin­is­tra­ti­vas, destru­ição da econo­mia e pre­v­idên­cia do estado; mis­éria e ele­vação trib­utária; piora nos índices soci­ais e aumento da pobreza abso­luta. O pior legado destes tristes anos, é a falta de esper­ança para o futuro. É isso que angus­tia e pre­ocupa os homens de bem.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

LIBER­DADE DE IMPRENSA, CRIMES E HIPOCRISIA.

Escrito por Abdon Mar­inho

LIBER­DADE DE IMPRENSA, CRIMES E HIPOCRISIA.

Por Abdon Marinho.

QUANDO pen­sava que pode­ria dedicar o texto do final de sem­ana a um assunto mais ameno eis que a “pauta” nacional nos arrebata com temas incon­tornáveis.

O primeiro deles – que tratare­mos neste texto –, a inclusão do jor­nal­ista amer­i­cano Glenn Green­wald no rol dos denun­ci­a­dos por conta da oper­ação de “hack­ea­mento” dos celu­lares de diver­sas autori­dades brasileiras, do pres­i­dente da República, min­istros de Estado, senadores, dep­uta­dos, min­istros do STF, além de out­ras pessoas.

Pois bem, feita a denún­cia, foi a vez dos movi­men­tos orquestra­dos, sem lê-​la, mas com opiniões for­madas – ape­sar disso –, lançar acusações con­tra o Min­istério Público Fed­eral e, até con­tra o gov­erno brasileiro. Mesmo no estrangeiro o assunto gan­hou reper­cussão, seja através de arti­gos “encomen­da­dos” por brasileiros em órgãos de imprensa inter­na­cional, como por exem­plo, o suposto artigo do ex-​presidente Lula no The New York Times, seja pela man­i­fes­tação de políti­cos nas redes soci­ais, como por exem­plo, as man­i­fes­tações de Bernie Sanders e Eliz­a­beth War­ren, pré-​candidatos à presidên­cia amer­i­cana no pleito de novem­bro.

A senadora e pré-​candidata chegou a escr­ever: “O gov­erno Bol­sonaro está bus­cando retal­i­ação estatal con­tra Glenn Green­wald por causa de seu tra­balho como jor­nal­ista para expor abu­sos e cor­rupção públi­cos. O Brasil deve sus­pender as acusações ime­di­ata­mente e inter­romper seus ataques con­tra a imprensa livre e aberta.”

Acho que a senadora deve ser a Gleisi Hoff­man ou a Dilma Rouss­eff de lá. Nunca vi tanta tolices em tão pou­cas palavras.

O Brasil – que parece não con­seguir descer do palanque –, vive um clima de tamanho acir­ra­mento político que mesmo as pes­soas que se apre­sen­tam como “inteligentes” não con­seguem fazer uma leitura ou trans­mi­tir uma infor­mação com um mín­imo de isenção. Tudo gira em torno dos inter­esses políti­cos de cada qual.

A primeira aleivosia que se diz a respeito do fato é que a liber­dade de imprensa no país foi colo­cada em risco.

Ao meu sen­tir isso não cor­re­sponde à ver­dade. Desde que veio a público o teor dos diál­o­gos entre autori­dades, obti­dos de forma abso­lu­ta­mente ilícita, não tomamos con­hec­i­mento de nen­huma medida por parte das víti­mas para impedir a divul­gação dos mes­mos. Tanto assim que foi divul­gado em todos os meios de comu­ni­cação que quis­eram, den­tre eles os maiores do país, como a Folha de São Paulo, a revista Veja, a rede Globo, etc., além do site do próprio jor­nal­ista, o The Inter­cept Brasil.

Ora, os hack­ers inter­cep­taram con­ver­sas do pres­i­dente da República, dos pres­i­dentes da Câmara, do Senado, dos min­istros do Supremo e nen­huma pub­li­cação foi cen­surada, nen­hum jor­nal foi apreen­dido ou proibido de cir­cu­lar, logo, há de se per­gun­tar que raios de riscos a liber­dade de imprensa existe no Brasil?

Não vi, sequer, ale­gações de risco à segu­rança nacional, para impedir a cir­cu­lação de qual­quer reportagem.

A sociedade perdeu inter­esse pelo assunto porque perce­beu que os tais diál­o­gos – que diziam bom­bás­ti­cos –, não tin­ham nada capaz de com­pro­m­e­ter as insti­tu­ições repub­li­canas.

Outro motivo pelo qual se perdeu o inter­esse na divul­gação das inter­cep­tações crim­i­nosas, foi a per­cepção que os crim­i­nosos estavam a serviço de uma causa: soltar os crim­i­nosos que saltearam a nação brasileira.

Dito isso, não passa de balela essa tolice de que a liber­dade de imprensa se encon­tra em risco no Brasil a par­tir da posse do atual gov­erno, como se tivésse­mos inau­gu­rado uma ditadura.

Sim, é ver­dade que temos um pres­i­dente que dia sim, e no outro tam­bém, fala bobagens e fustiga a imprensa, mas é ver­dade, tam­bém, que nunca tive­mos um pres­i­dente tão sub­metido aos humores dos demais poderes.

Noutras palavras, a presidên­cia da República que sem­pre teve pre­pon­derân­cia em relação aos demais poderes repub­li­canos, no atual, se encon­tra em igual­dade de condições e até “dimin­uída” em relação aos demais.

Ah, o jor­nal­ista amer­i­cano Glenn Green­wald foi denun­ci­ado! Foi, e daí? Quem o denun­ciou foi Min­istério Público Fed­eral, que pos­sui autono­mia nos ter­mos da con­sti­tu­ição fed­eral. Pode (e denun­cia) quando entende haver motivo, qual­quer um cidadão.

Atribuir uma denún­cia do MPF, como fez a senadora amer­i­cana a uma perseguição estatal do gov­erno brasileiro ao jor­nal­ista é a prova defin­i­tiva de que os amer­i­canos con­tin­uam sem con­hecer o Brasil e a solidez das insti­tu­ições brasileiras.

Os inte­grantes do Par­tido Democ­ratas, sobre­tudo, dev­e­riam parar de falar bobagens e de faz­erem pros­elit­ismos tolos.

Em qual­quer lugar do mundo o “hack­ea­mento” de dados é crime.

O jor­nal­ista não foi denun­ci­ado por escr­ever uma matéria que con­tinha mate­r­ial hack­eado – como não o seria se tivesse divul­gado uma invasão e roubo de uma residên­cia –, mas sim, porque, no entendi­mento do MPF, a par­tir de diál­o­gos por ele man­tido com crim­i­nosos, have­ria indí­cios da par­tic­i­pação dele nos crimes prat­i­ca­dos.

Para o procu­rador autor da denún­cia “o jor­nal­ista Glenn Green­wald, de forma livre, con­sciente e vol­un­taria, aux­il­iou, incen­tivou e ori­en­tou, de maneira direta, o grupo crim­i­noso durante a prática deli­tiva, agindo como garan­ti­dor do grupo, obtendo van­tagem finan­ceira com a con­duta aqui descrita”.

Ora, se o procu­rador encon­trou ele­men­tos que o induzi­ram a tirar tal con­clusão, crime come­te­ria se não denun­ci­asse o suposto jor­nal­ista.

Caberá ao Poder Judi­ciário, nos ter­mos do orde­na­mento jurídico nacional, aceitar ou não a denún­cia à luz das provas apre­sen­tadas. Caso aceite, ao denun­ciante, caberá, durante a instrução proces­sual, com­pro­var o ale­gado.

O jor­nal­ista foi denun­ci­ado com base ape­nas nos ele­men­tos col­hi­dos a par­tir da inves­ti­gação dos crim­i­nosos, uma vez que pos­sui uma lim­i­nar do min­istro do STF, Gilmar Mendes, impedindo que fosse objeto de inves­ti­gação – acho que um fato inédito e impen­sável no seu país de origem: alguém não poder ser inves­ti­gado –, imag­inem o que mais de ele­men­tos não se teria para fun­da­men­tar a denún­cia.

O fato de alguma pes­soa ser denun­ci­ada não sig­nifica que ela seja cul­pada ou que será con­de­nada. Isso só se dará se, no curso do processo, aque­les indí­cios, sufi­cientes para embasar denún­cia, forem sufi­cientes para a con­de­nação.

Não será o sen­hor Glenn Green­wald que vai provar sua inocên­cia, caberá ao MPF provar a sua culpa, isso com todas as garan­tias do processo judi­cial brasileiro.

Difer­ente do afir­mado por muitos, a denún­cia con­tra o jor­nal­ista amer­i­cano não é absurda. Já vi pes­soas sendo denun­ci­adas e a Justiça recebendo a denún­cia, por bem menos que isso. Absurdo seria a “não denún­cia” diante das provas que o MPF rep­uta de que ele teria aux­il­i­ado o grupo crim­i­noso acu­sado de come­ter mais de uma cen­tena de crimes.

Como disse, a liber­dade de imprensa não pode servir de bio­mbo para ocul­tar o come­ti­mento de crimes.

Noutra quadra, parece-​nos con­tra­ditório e hipócrita a ten­ta­tiva de, primeiro, rep­utar como aten­tado à liber­dade de imprensa, a denún­cia reg­u­lar for­mu­lada pelo MPF con­tra o jor­nal­ista; e, segundo, imputar isso ao gov­erno fed­eral ou ao sen­hor Bol­sonaro, como tem feito a esquerda nacional e inter­na­cional, o ex-​presidente Luís Iná­cio Lula da Silva, inclu­sive, em jor­nais estrangeiros, e os senadores e pré-​candidatos nas eleições Bernie Sanders e Eliz­a­beth War­ren.

A liber­dade de imprensa é pre­ceito con­sti­tu­cional reafir­mado na Carta Magna de 1988, há mais de trinta anos, por­tanto, e em nen­hum momento, no pre­sente episó­dio, foi mac­u­lada, pelo con­trário, foi exer­cida com o máx­imo de aber­tura.

Agora, se crimes foram cometi­dos, como a vio­lação dos princí­pios, tam­bém, con­sti­tu­cionais, da intim­i­dade e do sig­ilo de comu­ni­cação, esses crimes pre­cisam ser apu­ra­dos e os crim­i­nosos punidos.

Quando não se sep­ara o que é crime do que é liber­dade de imprensa, danam-​se a falar bobagens ou a faz­erem um pros­elit­ismo tosco e desrespeitoso.

A mesma con­sti­tu­ição que garan­tiu a liber­dade de imprensa e de expressão, o sig­ilo da fonte, o dire­ito à intim­i­dade, e todos os demais dire­itos e garan­tias, esta­b­ele­ceu no Art. 127: que “o Min­istério Público é insti­tu­ição per­ma­nente, essen­cial à função juris­di­cional do Estado, incumbindo-​lhe a defesa da ordem jurídica, do régime democrático e dos inter­esses soci­ais e indi­vid­u­ais indisponíveis”.

E mais que “ao Min­istério Público é asse­gu­rada autono­mia fun­cional e admin­is­tra­tiva …”.

Difer­ente do que propagam o Brasil não é uma republi­queta de bananas com as insti­tu­ições e poderes da nação sub­or­di­na­dos ao pres­i­dente da República. Pelo con­trário, o pres­i­dente, atual­mente, é quem menos manda – e isso não é de todo o ruim.

O próprio denun­ci­ado invo­cou na sua defesa que mesmo a Polí­cia Fed­eral, que “teori­ca­mente” estaria sub­or­di­nada ao Min­istério da Justiça e Segu­rança Pública, não encon­trou ele­men­tos para indiciá-​lo, mas o MPF o denun­ciou.

Vejam como é tosca a nar­ra­tiva: usam como defesa o fato da PF não o tê-​lo denun­ci­ado mais acusam o MPF que pos­sui autono­mia fun­cional e admin­is­tra­tiva de estar a serviço do pres­i­dente da República e “perseguir” o jor­nal­ista. Quanta contradição.

São hipócritas porque no gov­erno do democ­rata Barack Obama não se viu nen­hum deles defend­endo, em nome da liber­dade de imprensa, o anal­ista de sis­temas Edward Snow­den quando este rev­elou ao mundo, através dos jor­nais The Guardian e The Wash­ing­ton Post, que o gov­erno amer­i­cano estaria bis­bil­hotando diver­sos cidadãos. Há anos o amer­i­cano está exi­lado na Rús­sia e sem poder retornar ao seu país de origem.

Lá – como aqui –, o teor dos seg­re­dos vio­la­dos foram divul­ga­dos pelos veícu­los de comu­ni­cação. Mas lá os que come­teram os crimes ou con­cor­reram com eles, estão pre­sos ou exi­la­dos. E não se viu ninguém recla­mando de mac­u­lação à liber­dade de imprensa.

Aqui não deve ser difer­ente.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

A NOVA JABOT­I­CABA BRASILEIRA: O PAR­TIDO MELANCIA.

Escrito por Abdon Mar­inho


A NOVA JABOT­I­CABA BRASILEIRA: O PAR­TIDO MELAN­CIA.

Por Abdon Marinho.

COMEÇO por repe­tir uma história já con­tada há algum tempo neste site. Como sabem, mil­ito na área jurídica há muito tempo, mais de duas décadas e, na área política desde a infân­cia. Tam­bém por conta disso o nosso escritório sem­pre tra­bal­hou com muita ênfase nos ramos do dire­ito eleitoral, admin­is­tra­tivo e munic­i­pal.

Além de tra­balho, estes anos todos nos pos­si­bil­i­tou fazer inúmeras amizades e a con­hecer a real­i­dade e a con­jun­tura política, as vezes, mel­hor que os habi­tantes de algu­mas local­i­dades.

Aí, vem a his­tor­inha. Certa vez ao vis­i­tar um dos municí­pios, logo no iní­cio do ano pos­te­rior as eleições, pus-​me a con­ver­sar com um velho amigo sobre o pleito, inda­gando sobre a cor­re­lação de forças e sobre o posi­ciona­mento de diver­sas pes­soas. Lá pelas “tan­tas” per­gun­tei ao amigo com quem con­ver­sava: — e fulano de tal – um amigo comum, muito ativo na política local –, com quem ficou nas eleições?

O meu amigo então respon­deu: — ah, doutor, fulano de tal ficou do outro lado. Desco­b­ri­mos que ele era melancia.

—Melan­cia?!? Como assim, meu amigo velho? Indaguei.

— Ah, doutor, ele era verde por fora e ver­melho por den­tro.

Estas eram as cores dos dois gru­pos políti­cos daquele municí­pio. Ri muito da história do “amigo melan­cia” e a man­tenho viva até hoje.

Pois bem, recordo a história acima a propósito do que tenho lido e ouvido sobre estar um curso uma espé­cie de “trans­mu­tação” do Par­tido Comu­nista do Brasil — PCdoB. Pelo que li, dora­vante, já para as próx­i­mas eleições, o par­tido con­tin­uaria “comu­nista”, mas não daria ênfase a isso e, sim, a um tal “movi­mento 65” ou “movi­mento dos comuns”; o encar­nado da ban­deira do par­tido daria lugar ao verde/​amarelo do pavil­hão nacional.

Como se trata ape­nas de uma nova “roupagem”, vez que o par­tido não mudará de nome, mas ape­nas ado­tará um “nome de fan­ta­sia”, e o man­i­festo e pro­grama con­tin­uarão a defender a mudança do cap­i­tal­ismo para o social­ismo, a expro­pri­ação dos meios de pro­dução e o fim da pro­priedade pri­vada, temos que PCdoB “inau­gura” uma nova era na orga­ni­za­ção par­tidária nacional: o “par­tido melan­cia”, como bem disse meu amigo: verde por fora e ver­melho por dentro.

Ape­sar de tal pauta não pare­cer impor­tante, ela tem sua relevân­cia. Pelo que tomei con­hec­i­mento, o PCdoB já é o maior par­tido do estado, emb­ora saibamos que, mis­er­av­el­mente, pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) não saibam o que isso sig­nifica o comu­nismo e, os 5% (cinco por cento) que, suposta­mente, sabem, passem longe de querer colocá-​lo em prática na vida real.

É de se ano­tar que não tomamos con­hec­i­mento de nen­hum deles abrindo mão de seu patrimônio ou cedendo-​o ao Estado para viver con­forme suas neces­si­dades. Muito pelo con­trário, o que sabe é que apre­ciam, como poucos, os con­for­tos e exces­sos que o “vil metal” pode pro­por­cionar: os bons aparta­men­tos ou man­sões; os bons car­ros; os mel­hores recur­sos tec­nológi­cos, iPhones, iPads, iMac; as mel­hores via­gens, de prefer­ên­cia para os maiores cen­tros cap­i­tal­is­tas do mundo, nos Esta­dos Unidos da América ou para mel­hores cap­i­tais europeias – de Cara­cas, Havana ou Pyongyang, querem dis­tân­cia; os mel­hores vin­hos, etcetera.

Mas se dizem comu­nistas. Comu­nismo para os out­ros. Aliás, a notí­cia que se tem é que os “nos­sos” comu­nistas gostam tanto do “vil metal” que certa vez a revista Época lançou uma edição com a capa chamando o par­tido de “PCdoBolso”.

Outro aspecto que torna a dis­cussão rel­e­vante é que o par­tido “insinua-​se” como pos­tu­lante ao lança­mento de uma can­di­datura própria à presidên­cia da República, no caso, a do sen­hor Flávio Dino que dorme e acorda pen­sando nisso, já tendo “se lançado”, prati­ca­mente, no mesmo dia que assumiu o segundo mandato de gov­er­nador do estado – rel­e­gado sua gestão frente ao gov­erno para um segundo plano.

Assim, essa “trans­mu­tação” par­tidária não vis­aria, ape­nas, “enga­belar” os incau­tos na eleição munic­i­pal deste ano, mas, sobre­tudo, focal­iza as eleições gerais (pres­i­den­ci­ais) de 2022.

Trata-​se de uma estraté­gia política de ocu­pação de espaços fazendo pare­cer aquilo que não é para con­quis­tar o poder. Uma espé­cie de este­lion­ato eleitoral de grande magnitude.

O comu­nismo é uma dout­rina econômica, polit­ica e social baseada no sis­tema de pro­priedade cole­tiva e na dis­tribuição de renda con­forme as neces­si­dades indi­vid­u­ais. Essa é uma definição dicionar­izada. Não é dizer que vem de comum; que vem de cole­tivo. Isso é engodo.

Respeito o dire­ito de cada um defender aquilo que acred­ita. O que não é admis­sível é igno­rar mais de duzen­tos anos de história para ten­tar enga­nar o povo.

Outro dia não con­tive o espanto ao saber que o PCdoB, estava con­sti­tuindo “núcleos evangéli­cos”.

Ora, um dos pilares do comu­nismo é o mate­ri­al­ismo dialético inspi­rado na dout­rina de Karl Marx (18181883) e Friedrich Engels (18201895), tam­bém por isso, mas não ape­nas – há de se con­sid­erar toda a história do comu­nismo ao redor do mundo –, o comu­nismo é uma dout­rina incom­patível com o cris­tian­ismo.

São frases de Marx e Lenin: “O primeiro req­ui­sito da feli­ci­dade dos povos é a abolição da religião”, “ A religião é o ópio do povo”, Marx; “O comu­nismo se esta­b­elece onde começa o ateísmo”, “Todo culto a uma divin­dade é uma necro­filia”, Lenin.

Quando ouvirem essas bobagens de que o comu­nismo é Cristão e que Jesus era comu­nista, este­jam cer­tos que estão querendo lhes enga­nar. Existe Encíclica (acred­ito que mais de uma) desmisti­f­i­cando tal argumentação.

Não é sem razão que todas as nações que ado­taram o comu­nismo lançaram medi­das para impedir a pop­u­lação de pro­fes­sar sua fé. Essa decisão tem como razão de ser os dog­mas do ideário comu­nista.

Uma das primeiras medi­das de Stálin, ao assumir o poder na União Soviética, foi demolir o sím­bolo máx­imo do cris­tian­ismo naquele país, a Igreja do Cristo Sal­vador, uma joia da arquite­tura, para, no seu lugar, erguer um sím­bolo do comu­nismo com uma está­tua de Lenin no topo. Ao invés de Cristo seria aquele líder a ser ado­rado pelo povo.

Quem se opôs à bar­bárie, foi exi­lado ou morto.

A cat­e­dral mais pre­ciosa do povo russo só foi recon­struída após a queda do régime comu­nista, no iní­cio dos anos noventa.

Quando vi a história de núcleos evangéli­cos den­tro de um par­tido comu­nista formei aquela con­clusão: “das duas, duas”. Ou estes evangéli­cos não são cristãos ou estes comu­nistas não são evangéli­cos ou ambos não são nen­huma coisa nem outra.

Aqui não faço qual­quer juízo de valor, tam­pouco sou eu que quero assim. É a história que já provou, mais de uma vez, que assim é.

Exis­tem doc­u­men­tos ofi­ci­ais do PCdoB apoiando as ditaduras san­guinárias de Cuba, Cam­boja, Vietnã, Cor­eia do Norte. Neste último, a sim­ples posse de uma Bíblia pode levar o cidadão a prisão por anos. No pas­sado, não muito dis­tante, o par­tido apoiou o stal­in­ismo, na antiga União Soviética – e seus satélites –, o maoísmo, na China, o cas­trismo, em Cuba, o “hox­hoísmo”, na Albâ­nia, e por aí vai. Todos regimes total­itários e de repressão às liber­dades, sobre­tudo, à liber­dade reli­giosa e de expressão. Todos estes regimes com mil­hões de mor­tos nos prontuários.

Até hoje o PCdoB nunca fez uma autocrítica, nunca mudou um milímetro seu modo de pen­sar e con­tinua a apoiar as ditaduras mais asquerosas ainda exis­tentes. E, pior, defend­endo, pro­gra­mati­ca­mente, os mes­mos ideários.

Dizer que o comu­nismo é com­patível com a fé cristã e que é abso­lu­ta­mente nat­ural a existên­cia de núcleos evangéli­cos den­tro do par­tido ou núcleos do par­tido comu­nista den­tro das igre­jas é um despautério ímpar.

Não é que “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Não! Esta­mos falando de coisas antagôni­cas, que não admitem qual­quer rel­a­tivismo, nem mesmo os morais.

Aliás, se puxar­mos pela memória, ire­mos ver­i­ficar que quando o sen­hor Dino ensaiou sua can­di­datura ao gov­erno, em 2014, alertei para as difi­cul­dades por conta da escolha par­tidária. Um par­tido com histórico (e pre­sente) de apoio às ditaduras; com incom­pat­i­bil­i­dades insolúveis com o ideário e a fé da maio­ria dos maran­henses; sem con­tar o excesso de prag­ma­tismo, vez que apoiou o grupo Sar­ney por cerca de uma década.

O sen­hor Dino deu sorte e venceu aque­las eleições porque o adver­sário era exces­si­va­mente fraco e sem cred­i­bil­i­dade, a ponto de osten­tar um numeral depois do prenome. Por isso que gan­hou e pode levar a cabo um pro­jeto hegemônico para a política estad­ual e se reelegeu, tam­bém, pela falta de opção política.

Mas, como a história já ensi­nou – que o diga a ex-​governadora Roseana Sar­ney, que ensaiou uma can­di­datura pres­i­den­cial em 2002, abatida logo que alçou voo –, o Brasil é não é o Maran­hão. Não dar para fingir-​se de esperto e “gan­har” no grito.

O ex-​presidente Lula, uma espé­cie de “padrasto” das esquer­das brasileira – que de besta não tem nada, tanto que ape­sar de con­de­nado duas vezes em segunda instân­cia e respon­der a quase uma dezenas de out­ros pro­ced­i­men­tos crim­i­nais, prin­ci­pal­mente por cor­rupção, ainda arrebanha mil­hões de seguidores –, percebendo a estraté­gia dos “cama­radas” comu­nistas já tra­tou de des­en­co­ra­jar o pro­jeto ale­gando jus­ta­mente partes do que pontuei há mais de seis anos.

O ex-​presidente Lula não quer ninguém fazendo som­bra ao seu pro­jeto de retornar ao poder, se não dire­ta­mente – por conta dos imped­i­men­tos legais –, por inter­mé­dio de algum “poste” a ser escol­hido den­tro do seu par­tido, o Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, na undécima hora a pre­ceder o prazo final para os reg­istros de can­di­dat­uras. Para ele, o PCdoB, quando muito, daria um coad­ju­vante, numa eleição para perder.

Como podemos perce­ber, ao PCdoB será necessário muito mais que a adoção de um “nome de fan­ta­sia” ou a uti­liza­ção da ban­deira nacional ou invés do estandarte ver­melho, será necessário vencer resistên­cias, primeiro, dos par­ceiros inter­nos e, depois, da própria sociedade, que rejeita os ideários total­itários que apoia e defende.

Abdon Mar­inho é advo­gado.