Ainda bem, não é, Lula?
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- Criado: Quarta, 20 Maio 2020 14:17
- Escrito por Abdon Marinho
AINDA BEM, NÃO É, LULA?
Abdon Marinho.
QUANDO a pandemia do novo coronavírus ceifou a vida de cinco mil irmãos brasileiros, o presidente da República, senhor Bolsonaro, indagado sobre o volume de mortos, saiu-se com a seguinte frase: “E, daí? Lamento, sou messias, mas não faço milagres”.
Pensei ter ouvido a maior boçalidades já dita por uma pessoa a respeito de tantas vidas perdidas – muitas delas por culpa do próprio governo –, e, assistido ao maior exemplo de falta de empatia e de respeito, não apenas pelos mortos – que já não lêem os epitáfios das manhãs –, como bem dizia o poeta e escritor Nauro Machado, mas por suas famílias restam sofrendo suas perdas.
Depois, claro, ainda tivemos o convite para churrasco – substituído pelo passeio de moto aquática –, quando o número de mortos chegou a dez mil; e, por último, com o número de óbitos diários passando dos mil e a mortandade total chegando a vinte mil, a piadinha infame e politizada de que “os de direita tomam cloroquina e os de esquerda, tomam tubaína”.
Isso é coisa que um presidente da República, em meio a uma tragédia de tamanha magnitude, faça? Alguém consegue imaginar um grande líder mundial, um estadista, que verdadeiramente mereça esse título, fazer tão pouco caso com a desgraça de seus governados? Com o desespero dos seus familiares ante a perda de um ente querido? Ou, mais de um, como temos visto acontecer?
Chego a dolorosa conclusão que, talvez, o caso de sua excelência, seja de internação.
Pois bem, como desgraça pouca é bobagem, no mesmo dia em o senhor presidente fazia a piadinha infame, foi a vez dos seus algozes da esquerda engolirem o cuspe e silenciarem diante de uma frase tão ou mais infamante quanto qualquer uma já dita pelo atual presidente da República, durante essa pandemia.
No mesmo dia em que o Brasil “cravava” o triste recorde de perder mais de mil brasileiros em um único dia — acredito que o maior número diário para uma nação, até mesmo para os Estados Unidos, com seu mais de um milhão de meio de infectados –, e “beirarmos” a assombrosa marca de 20 mil mortos para a pandemia, foi a vez do ex-presidente Lula da Silva, em entrevista ao jornalista Mino Carta da revista “Carta Capital”, saudar o surgimento do novo coronavírus.
A frase completa do ex-presidente, para que não digam que foi tirada do contexto é a seguinte: “Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus. Porque esse monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises”.
Ainda bem, “né”, Lula?
Como disse, a sociopatia do presidente é caso de internação. Mas, o que dizer de alguém que “se vende” – e é “comprado” por uma grande parcela da sociedade brasileira e mundial –, como um grande líder das multidões se sai com esse tipo de coisa?
Ainda que de forma inconsciente – dou esse desconto “indevido” por conta de sua baixa instrução –, o Lula, revelando sua total amoralidade, corrobora com o discurso das franjas “bolsonaristas” de que essa maldita moléstia, que está trazendo infortúnio a tantos lares no Brasil e no mundo, é uma arma política para ser usada ideologicamente a favor do seu partido e da sua causa.
Na visão do ex-presidente Lula, o baluarte da esquerda brasileira, o vírus é “bom” pois está trazendo luz ao seu discurso sobre a importância do Estado macro.
É isso que o Lula diz com todas a letras.
E, não duvido que internamente, a despeito de tanto sofrimento que o vírus está causando, deseje que ele mate muito mais brasileiros, talvez cem, cento e cinquenta, talvez duzentos mil.
Aí sim, o brasileiros vão “enxergar” a maravilha que é o estado macro, provedor de todas as necessidades da humanidade.
Veja que o Lula, malandramente, diz que o vírus é uma “conspiração” da natureza contra vontade da humanidade.
Qual o propósito disso? Simples, afirmar que a natureza “produziu” o vírus para que a humanidade passasse a enxergar que “apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises”, o macro estado, o estado comunista é, por outro lado, afastar a ideia – e suspeita de muitos –, de que o vírus seria uma arma biológica criada propositalmente pelo governo Chinês ou mesmo que, involuntariamente, tal experimento, “fugiu” do controle de seus laboratórios.
Essa tese de arma biológica já foi descartada por cientistas sérios, porém ainda alimenta os sonhos delirantes de certas franjas direitistas que querem buscar um culpado e de preferência que ele (o culpado) seja o inimigo ideológico principal.
O ex-presidente Lula na sua frase imoral e vergonhosa tenta construir narrativa – que não duvido seja assimilada e “comprada” por grande parte dos seus seguidores.
Mas, vendo de outro modo, se o vírus fosse uma criação humana e não natural, com o condão de levar a luz as pessoas para enxergarem as maravilhas do Estado macro, ele perderia o status de “ainda bem”?
Acompanhando a vida política brasileira há tantos, embora fique chocado – como agora –, com as enormidades ditas por Lula, elas já não me causam surpresas.
O que me causa estupor, verdadeiramente, é a hipocrisia dos seus aliados.
Há pouco mais de vinte dias, quando o presidente da República, proferiu o infamante “e, daí?”, diante dos milhares de mortos, páginas e páginas de jornais, bits e bits de internet foram gastos para para repudiar – com razão –, a sua colocação desastrada.
A frase do presidente da República, infame, infeliz, debochada, escrota, e tudo mais que se possa adjetivar, foi dita num contexto de situação posta. Isso está feito, e, daí?
Claro, dita por alguém que tem a responsabilidade de dirigir o país, o que a agrava substancialmente.
Mas, a frase do ex-presidente Lula, que dirigiu o país por oito anos, que elegeu sucessor e tudo mais – embora não tenha ele responsabilidade atual pelo rumos do país –, se reveste de muito mais gravidade.
O Lula, assim como o Bolsonaro, revela total indiferença pelo sofrimento das pessoas, a mesma falta de empatia e de respeito, e com uma agravante, ele “saúda” o vírus como uma coisa boa, como um “libertador” da cegueira coletiva.
E faz isso motivado pelo mais mesquinho dos interesses: o interesse politico/eleitoral, pela guerra pelo poder, pelo interesse ideológico.
Para Lula, o que significa milhares de vidas humanas diante do ganho político e ideológico?
O Lula não é pior que seus aliados, subalternos ou aduladores.
Todos colocam “a causa” à frente da vida, da ética ou da humanidade.
Não fizeram do roubo aos recursos públicos uma “causa de Estado”?
No fundo reproduzem a velha e horrenda frase de Stalin, para quem a morte de uma pessoa era uma tragédia, mas a morte de milhões era uma estatística.
Daí o silêncio obsequioso que fazem diante desta última enormidade de Lula. Cadê os “textões” de repulsa? Cadê os tuítes histéricos?
O silêncio. Só restou o silêncio.
No fundo a verdadeira doença que infesta e maltrata mais esse esse pais e a doença moral.
É a doença moral que faz com que não importe o que se diga, mas quem o diga.
Abdon Marinho é advogado.
PS. A ilustração é uma gentil colaboração do amigo Cordeiro Filho.