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Lula “fechado” com Bolsonaro.

Escrito por Abdon Mar­inho

LULA «FECHADO» COM BOLSONARO.

Por Abdon Marinho.

ALGUM brasileiro moti­vado pela inveja ou pelo ciúmes ou por ambos, inven­tou a troça de que nos­sos irmãos por­tugue­ses seriam “bur­ros”. Durante anos, décadas, os mais imag­i­na­tivos se puseram a criar piadas envol­vendo nos­sos patrí­cios, colocando-​os sem­pre na condição de desprovi­dos de inteligência.

Um amigo, que vez por outra vai à ter­rinha, e que tem muitos par­entes por lá, diz que os por­tugue­ses riem dessa nossa estultice.

Falo de Por­tu­gal e de por­tugue­ses porque de lá, e deles, me socorre a lem­brança de um ditado muito antigo que eu – na minha sagrada ignorân­cia nunca tinha com­preen­dido –, somente agora, começo a enten­der o seu real alcance e valia.

O dito pop­u­lar antigo de Por­tu­gal afirma que dire­ita e esquerda se encon­tram.

Quando digo que o ex-​presidente Luís Iná­cio Lula da Silva está “fechado” com o atual pres­i­dente Jair Bol­sonaro não estou dizendo que os dois se encon­traram e à sor­relfa fiz­eram um acordo espúrio.

Não é isso, em abso­luto. É que a forma de agir de ambos con­vergem para a comunhão de inter­esses que atende aos dois. Noutras palavras, existe um acordo, de ideias e é espúrio, sim.

Podemos lis­tar uma série de fatos e cir­cun­stân­cias que acabam por dar razão ao antigo dito por­tuguês: dire­ita e esquerda se encon­tram e, acres­cen­taria, no Brasil, não ape­nas se encon­tram como estão mais jun­tas do que nunca.

O Brasil atrav­essa a pior crise san­itária da sua história. Não há reg­istro de que uma molés­tia ou qual­quer outra tragé­dia que tenha cau­sado tan­tas per­das humanas, em tão pouco tempo, quanto esta pan­demia do coro­n­avírus.

Aí, vejo que o sen­hor Bol­sonaro investido na condição de pres­i­dente da República, ao invés de assumir o comando dos esforços de com­bate a tragé­dia – como fez todos os demais pres­i­dentes do mundo civ­i­lizado –, fez (e faz) foi min­i­mizar a tragé­dia, dizendo tratar-​se de uma gripez­inha, antes dos mil mor­tos; e, daí?, quando o número de mor­tos pas­sou dos cinco mil; con­vite para chur­rasco, quando pas­sou dos dez mil; ‘lamento, é assim mesmo”, quando pas­sou dos vinte mil; indifer­ença quando pas­sou dos trinta mil; “a globo não vai ter mais manchete”, quando a soma de per­das humanas, pas­sou dos trinta e cinco mil.

Disse isso jus­ti­f­i­cando a “estraté­gia” do gov­erno de só divul­gar os números de con­tá­gios e óbitos altas horas da noite, sem tempo dos mes­mos serem veic­u­la­dos nos tele­jor­nais noturnos.

O Brasil encon­trou a forma pecu­liar de com­bater a pan­demia: ocul­tar o número de mor­tos da pat­uleia.

Devem pen­sar: se o jor­nal não divul­gar o povo vai pen­sar que nada acon­te­ceu. Maneiro.

Pois bem, além de não assumir o comando da situ­ação, o pres­i­dente, sem­pre que teve chance, sabotou todas as estraté­gias de iso­la­mento social, pre­gou o enfrenta­mento da pan­demia “de peito aberto” – aquilo que Trump disse, nos crit­i­cando, que se tivesse feito, teria provo­cado a morte de dois mil­hões e meio de amer­i­canos –, e, estim­u­lou, inclu­sive com a par­tic­i­pação osten­siva de atos de aglom­er­ação em apoio ao seu gov­erno e con­trários aos out­ros poderes da República.

Out­ros chefes de estado, vendo o que acon­tece no Brasil, não con­seguem com­preen­der como o chefe de uma nação estim­ula que os seus rep­re­sen­ta­dos, em plena pan­demia, arrisquem a própria vida num enfrenta­mento político que o próprio pres­i­dente provocou.

Bol­sonaro fez e faz isso, e agora não está sozinho.

Quando o número de brasileiros mor­tos – pais e mães de famílias, avós, fil­hos, par­entes ami­gos –, avança para a casa dos quarenta mil, tanto o atual pres­i­dente, quanto o ex-​presidente Lula, inflam seus lid­er­a­dos para irem às ruas protes­tar con­tra e a favor do governo.

Eis a prova cabal de que vive­mos em uma nação na qual líderes pouco ou nada de respeito pela vida das pes­soas demon­stram.

Essa estraté­gia comum de bol­sonar­is­tas e lulis­tas não é a única a dar razão ao ditado lusitano.

Outro dia dezenas de políti­cos, artis­tas, int­elec­tu­ais e out­ros que os val­ham, assi­naram um man­i­festo, segundo eles, em favor da democ­ra­cia brasileira e con­tra o gov­erno Bolsonaro.

Pelo que li a única força política que se eximiu de assi­nar foi o Par­tido dos Tra­bal­hadores– PT, e seus líderes e lid­er­a­dos.

A jus­ti­fica­tiva do próprio ex-​presidente Lula, seria que muitos dos que assi­naram o tal man­i­festo não seriam democ­ratas e/​ou out­ras des­cul­pas equivalentes.

Sabe­mos que o ex-​presidente e seu par­tido nunca foram de muito pudores em relação aos cos­tumes.

No poder, fiz­eram da cor­rupção uma estraté­gia, se uni­ram com todos os políti­cos cor­rup­tos do Brasil e do mundo; nunca viram nada demais em apoiar os dita­dores mais hor­ren­dos da história da civ­i­liza­ção.

Ah, Lula, conta outra!

Aliás, a “coisa” anda tão sem rumo no Brasil que acabamos esque­cendo que Lula é um con­de­nado por cor­rupção e lavagem de din­heiro que só está solto dev­ido a leniên­cia da Justiça brasileira com crim­i­nosos de “colarinho-​branco”.

Na ver­dade, Lula e o PT, não assi­naram o tal man­i­festo pois, como fiz­erem ao longo de suas histórias, acham que só eles têm a legit­im­i­dade para gov­ernarem ou para serem opos­i­tores aos gov­er­nos.

É assim desde o começo dos anos oitenta: Colé­gio Eleitoral, Con­sti­tu­inte; Plano Real, etc.

Na eleição de Bol­sonaro, Lula e o PT, foram deci­sivos.

Bol­sonaro escol­heu o PT como adver­sário e o PT escol­heu Bol­sonaro. Tanto assim, que quando ter­mi­nou o primeiro turno das eleições escrevi um texto: “Deu PT, e agora?”. Decidi ficar em casa no dia da eleição.

E con­tin­uam com a mesma estraté­gia para as próx­i­mas eleições. Lulis­tas e bol­sonar­is­tas enx­ergam que o con­fronto entre os dois gru­pos, a divisão abissal do país é a solução ideal para a ganân­cia e son­hos de poder de ambos.

Firmes nesse pen­sa­mento jus­ti­fi­cam os maiores absur­dos que os seus líderes digam ou façam.

Os mais recentes foram as jus­ti­fica­ti­vas dadas pelos bol­sonar­is­tas para o “E, daí?”, de Bol­sonaro, para mon­tanha de mor­tos pela pan­demia; e para o “Ainda bem”, de Lula, quando a mon­tanha de mor­tos alçava ao número de dez mil pela mesma pan­demia.

Difer­ente de Bol­sonaro que nunca se arrepen­deu por nen­hum dos absur­dos que vocif­era dia após dia, con­de­nando seus apoiadores a se desumanizarem para jus­ti­ficar o injus­ti­ficável, o próprio Lula, vendo o tamanho da besteira que disse, tomou a ini­cia­tiva de se des­cul­par deixando ape­nas os bobos que cor­reram para defender o absurdo de suas palavras com cara de tolo.

Exis­tem diver­sos out­ros fatos que jus­ti­fi­cam o acerto do dito por­tuguês em relação à sua apli­cação prática na quadra política nacional, cito por der­radeiro, o “encon­tro” da chamada “esquerda” do Brasil, rep­re­sen­tada por petis­tas, comu­nistas, lulis­tas, com a chamada “dire­ita”, rep­re­sen­tada por bol­sonar­is­tas, ter­ra­planistas, olav­is­tas, etc., a união em torno do propósito único de destruírem o ex-​juiz e ex-​ministro Sér­gio Moro.

Os esquerdis­tas não per­doam o ex-​juiz por ele ter sido o respon­sável pelo desmonte do maior esquema de cor­rupção já mon­tado em qual­quer tempo da história do mundo para desviar din­heiro público e colo­car na cadeia diver­sos mem­bros de seus par­tidos, empresários “ami­gos”, e até o ex-​presidente Lula.

Aos esquerdis­tas pouco – ou nada –, importa se as con­de­nações vieram tam­bém de out­ros juízes, desem­bar­gadores ou min­istros, o Moro é a encar­nação do demônio.

Os dire­itis­tas, leiam, bol­sonar­is­tas, não per­doam o ex-​ministro por ele não ter “baix­ado” a cabeça a um pro­jeto de gov­erno que vai ao encon­tro do eles próprios com­ba­t­iam há bem pouco tempo: o apar­el­hamento das insti­tu­ições repub­li­canas, no caso, a Polí­cia Fed­eral, e a leniên­cia com a cor­rupção, o acordão guloso por ver­bas públi­cas que une o gov­erno aos políti­cos do centrão.

Ambos, “dire­itis­tas” e “esquerdis­tas” se unem – e até têm e tra­bal­ham uma estraté­gia comum –, con­tra o ex-​juiz e ex-​ministro, dev­ido ao receio que têm dele enveredar com afinco pelo cam­inho da política e con­seguir romper com essa política extrem­ista que está levando o país à ruína, à destru­ição e à morte.

No fundo as duas cor­rentes dese­jam – e tra­bal­ham por isso –, aumen­tar o sen­ti­mento “anti”, antipetista, anties­querdismo, anti-​bolsonarista, anti-​direita, para, a par­tir do ódio que con­seguirem infundir nos cidadãos con­quistarem ou man­terem o poder.

Nunca na história vimos – e ver­e­mos muito mais –, uma cam­panha de destru­ição de imagem tão sór­dida, mas tão ajus­tada quanto está que estão fazendo con­tra o ex-​ministro Moro.

Esquerda e direta nunca estiveram tão afi­nadas e unidas num propósito quanto este de destruir aquele que enx­ergam com o prin­ci­pal e real adversário.

Essa mesma “união” não mira ape­nas Moro, ela vai se man­ter con­tra qual­quer outro que tente romper com esse mod­elo de ódio que implan­taram no Brasil.

Qual­quer um que tente ousar romper com isso enfrentará o ódio mil­i­tante, as redes de fake news, dos dois grupos.

Não ten­ham dúvi­das: Lula está “fechado” com Bolsonaro.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

Bol­sonaro ensaia para o impeach­ment – ou para o golpe.

Escrito por Abdon Mar­inho


BOLSONARO ENSAIA PARA O IMPEACH­MENTOU PARA O GOLPE.

Por Abdon Marinho.

EMB­ORA todas as atenções estivessem ded­i­cadas à divul­gação do con­teúdo do vídeo da reunião min­is­te­r­ial ocor­rida no dia 22 de abril – que inte­gra o acervo pro­batório do inquérito que apura suposta ten­ta­tiva de inter­fer­ên­cia do pres­i­dente da República na Polí­cia Fed­eral –, por decisão do ministro-​decano do Supremo Tri­bunal Fed­eral — STF, Celso de Melo, que sus­pendeu o sig­ilo daquela prova, no dia 22 de maio, os fatos mais del­i­ca­dos e graves ocor­ri­dos naquele mesmo dia, foram uma nota do min­istro do gabi­nete segu­rança insti­tu­cional, Augusto Heleno e uma entrevista/​declaração, sem pé nem cabeça, do pres­i­dente da República.

As duas coisas, naquela ocasião eram fru­tos da ignorân­cia do gov­erno – pres­i­dente e seu general/​ministro –, que descon­heciam ou fin­giam descon­hecer o fun­ciona­mento das insti­tu­ições repub­li­canas – mesmo as mais elevadas.

Depois, a ignorân­cia, con­fir­mando aquele ditado de um querido amigo de que “até perna que­brada pega”, tomou de conta de todo o gov­erno e dos seus ali­a­dos e adu­ladores.

Todos repetindo a tolice que o min­istro Celso de Mello iria req­ui­si­tar o tele­fone celu­lar do pres­i­dente da República.

Ora, o que acon­te­ceu foi que os par­tidos de oposição solic­i­taram ao ministro/​relator do processo, Celso de Mello a apreen­são do celu­lar do pres­i­dente e de um dos fil­hos. Os par­tidos não são parte do tal processo, mas o rela­tor, do ponto de vista proces­sual, não pode sim­ples­mente igno­rar uma petição sem ouvir o Min­istério Público, este, sim, parte do processo. Foi o que deu.

Foi pre­ciso que o próprio gabi­nete do min­istro viesse a esclare­cer o óbvio ao gov­erno e à sua “tor­cida”, que reit­er­ada­mente, pro­move atos con­tra o Supremo e o Con­gresso Nacional.

A nota do general/​ministro da segu­rança insti­tu­cional, que soube-​se depois, con­tou o endosso do min­istro da defesa, foi um claro sinal de uma rup­tura democrática, ainda mais porque pare­ceu induzir ao pres­i­dente que as Forças Armadas do país estão “com o pres­i­dente”, e não com a Con­sti­tu­ição e a ordem institucional.

Aquela not­inha infe­liz de não mais que três ou qua­tro pará­grafos induzi­ram o pres­i­dente a ir para a porta do palá­cio desafiar o STF e dizer que não entre­garia seu celu­lar ou nos dias seguintes dizer que “ordens judi­ci­ais absur­das não dev­e­riam ser cumpri­das”.

Mas, é o pres­i­dente que pos­sui a capaci­dade de dizer que essa ou aquela decisão judi­cial é absurda?

Mais, de onde saiu ou quem inven­tou essa tolice de que as Forças Armadas é o “poder mod­er­ador” da República?

Emb­ora o min­istro gen­eral Heleno, acred­ito que depois de ter perce­bido o estrago que provo­cou, tenha ido à porta do palá­cio dizer que ninguém está pen­sando em rup­tura insti­tu­cional, que isso é tolice, etc., a ver­dade é que a “gangue de alo­pra­dos” que cerca o pres­i­dente – e a quem ele ouve –, pensa, sim, em um golpe para mantê-​lo no poder. Um dos fil­hos, inclu­sive, já con­fes­sou isso de viva-​voz, disse que a rup­tura não é mais um se e sim quando.

Daí a questão que se coloca para o país em plena emergên­cia san­itária provo­cada pela pan­demia do novo coro­n­avírus: o Brasil terá um novo impeach­ment ou ter­e­mos um golpe com os mil­itares fechando o Con­gresso Nacional e órgãos do Poder Judiciário?

Qual ou quando se dará o estopim para uma ou outra coisa?

Tenho por mim que a rup­tura – com os dois cam­in­hos pos­síveis: impeach­ment ou golpe –, ocor­rerá com o des­cumpri­mento de alguma ordem judi­cial (absurda ou não), con­forme já demon­strado pelo próprio pres­i­dente da República, por algu­mas pes­soas do núcleo mil­i­tar e pelo núcleo ide­ológico do gov­erno.

Volte­mos à nota de ameaça do GSI e a declar­ação do pres­i­dente da República de que não entre­garia o celu­lar caso fosse req­ui­si­tado pela justiça.

Ora, a primeira coisa que deve­mos ter em mente é que a Con­sti­tu­ição Fed­eral, já no seu artigo 5º, assenta: “todos são iguais per­ante a lei”, lá não diz que pres­i­dente ou qual­quer outro é mais “igual” ou que está fora das mes­mas imposições às quais se impõe aos demais brasileiros.

Isso quer dizer se, diante de indí­cios ou provas, de que eu, você ou quem quer seja come­teu ou está come­tendo um ilíc­ito, a autori­dade judi­ciária, através de decisão fun­da­men­tada, pode deter­mi­nar que­bras de sig­i­los, ou mesmo req­ui­si­tar apreen­são de tele­fones ou computadores.

O pres­i­dente é o primeiro servi­dor da nação, ele deve zelar para que às insti­tu­ições repub­li­canas fun­cionem de forma reg­u­lar.

E se a Con­sti­tu­ição diz que todos nós, cidadãos, somos iguais, logo, todos podem/​devem rece­ber igual trata­mento.

Aliás, no artigo 78 da Carta, con­sta: “O Pres­i­dente e o Vice-​Presidente da República tomarão posse em sessão do Con­gresso Nacional, pre­stando o com­pro­misso de man­ter, defender e cumprir a Con­sti­tu­ição, obser­var as leis, pro­mover o bem geral do povo brasileiro, sus­ten­tar a união, a inte­gri­dade e a inde­pendên­cia do Brasil”.

Logo, é de se pre­sumir que pres­i­dente saiba que tem o dever de man­ter, defender e cumprir a Con­sti­tu­ição, obser­var as leis e pro­mover o bem geral do povo brasileiro, den­tre out­ras coisas.

O pres­i­dente deixar de cumprir uma decisão – ou mesmo inci­tar seus lid­er­a­dos para que façam isso –, viola esse com­pro­misso.

E não só é motivo para dec­re­tação do impeach­ment, nos ter­mos do que esta­b­elece o artigo 85: “São crimes de respon­s­abil­i­dade os atos do Pres­i­dente da República que aten­tem con­tra a Con­sti­tu­ição Fed­eral e, espe­cial­mente, con­tra: …VII — o cumpri­mento das leis e das decisões judiciais”.

Ele, nem ninguém, está acima da Con­sti­tu­ição, muito pelo con­trário, o pres­i­dente, mais do que qual­quer outro tem dever de lhe obser­var fiel­mente, ainda que seja para entre­gar ou celu­lar ou cumprir “decisões judi­ci­ais que con­sid­era absur­das”, porque não é ele que pode dizer se a ordem é absurda ou não.

O pres­i­dente e qual­quer outro cidadão, têm o dire­ito e o dever de recor­rerem de uma decisão judi­cial se dela discordam.

E se acha que um ou outro min­istro do Supremo Tri­bunal Fed­eral — STF, está come­tendo algum crime de respon­s­abil­i­dade, o cam­inho é pedir o seu impeach­ment ao Senado Federal.

O que quero dizer com isso, é que den­tro da lei e das bal­izas da Con­sti­tu­ição exis­tem os cam­in­hos e os remé­dios jurídi­cos para serem ado­ta­dos em qual­quer cir­cun­stân­cia.

O que não pode é gov­erno da República agir como uma gangue de alo­pra­dos.

Será que não basta a paranóia em torno do fan­tasma comu­nista? A defesa do ter­ra­planismo? A estética nazista e tan­tas out­ras lou­cura que rev­e­lam mais ignorân­cia do que qual­quer outra coisa?

Pes­soal­mente con­sidero o famoso inquérito da “Fakes News”, ile­gal, con­forme já assen­tei aqui, no texto “SUPREMO BAIXA SEU AI Nº. 5 E AÇULA OS CEN­SORES”, de abril de 2019, mas o cam­inho do pres­i­dente ou de quem quer seja não é con­frontar o tri­bunal e, sim, rep­re­sen­tar pelo impeach­ment do min­istro ou dos min­istros que ten­ham incor­ri­dos em falha, junto ao Senado da República, con­forme manda a Con­sti­tu­ição Fed­eral.

Já tive­mos ex-​presidente que já foi inves­ti­gado, con­de­nado e preso.

As insti­tu­ições exis­tem e são supe­ri­ores aos homens, sejam eles quem sejam.

Ao se pre­gar ou acred­i­tar que alguns estão acima dos demais, mesmo o pres­i­dente da República, esta­mos negando a mais ele­men­tar ideia de democ­ra­cia.

A imagem do Brasil no mundo piorou muito desde a posse do atual governo.

As suces­si­vas crises provo­cadas pelo pres­i­dente e pelo núcleo ide­ológico; as queimadas e o des­mata­mento da Amazô­nia, além da “gri­lagem”, quase insti­tu­cional­izada de ter­ras públi­cas; as reit­er­adas man­i­fes­tações con­trárias ao con­senso global têm cor­roído nosso cap­i­tal político per­ante out­ras nações.

Para com­ple­tar o gov­erno brasileiro deu a pior resposta que se pode­ria dar uma pan­demia global: negação, min­i­miza­ção e descon­hec­i­mento.

O resul­tado é que a grande mídia mundial, aquela que os “grandes” leem, apon­tam o Brasil como um risco imi­nente à esta­bil­i­dade global.

Os brasileiros já não podemos voar para os Esta­dos Unidos, ou mesmo, para a Gré­cia – que está reabrindo para o tur­ismo.

Como já disse reit­er­adas vezes, para se desafiar o con­senso global é necessário que se tenha uma bala de prata poderosa. O Brasil não tem isso.

Quando sair­mos da crise san­itária com um saldo de mor­tos de mais de 100 mil brasileiros, segundo estu­dos de reno­madas insti­tu­ições ao redor do mundo – que estimo estarem erradas por descon­sid­er­arem que a curva de curas no Brasil é muito boa ape­sar do número de infec­ta­dos ser ele­vado e con­tin­uar subindo –, enfrentare­mos uma crise econômica bru­tal cau­sada pela par­al­iza­ção da econo­mia e agravada pela falta de con­fi­ança no gov­erno.

Os investi­dores gostam de lucros, mas gostam, prin­ci­pal­mente, de esta­bil­i­dade.

Ninguém vai trazer seu din­heiro para o Brasil assistindo o pres­i­dente da República escul­ham­bar e dizer palavrões na porta do palá­cio con­tra min­istros da Suprema Corte.

Mesmo o apoio, com­prado a peso de ouro da parcela fisi­ológ­ica do Con­gresso Nacional, não se man­terá caso o gov­erno con­tinue fazendo o que vem fazendo.

O fato que vai pesar é que o gov­erno Bol­sonaro, com seu com­por­ta­mento tor­tu­oso e irra­cional coloca em risco a esta­bil­i­dade do país, a exem­plo do que fez a ex-​presidente Dilma Rouss­eff.

Não acred­ito que o pres­i­dente volte a recu­perar a gov­er­nança, restando ao país dois cam­in­hos: o impeach­ment ou o golpe.

A impressão que tenho é que a história do Brasil regrediu ao iní­cio dos anos oitenta.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

84 anos de Memórias do IBGE, segundo o IBGE.

Escrito por Abdon Mar­inho

84 anos de Memórias do IBGE, segundo o IBGE

“Faça o Brasil a estatís­tica que dever ter

e a estatís­tica fará o Brasil como ser.”

Teix­eira de Freitas

Por que memórias e não memória? Porque a história do IBGE é riquís­sima e mul­ti­fac­etada, rep­re­sen­tando cen­te­nas de ativi­dades nas mais diversa áreas de atu­ação dos brasileiros, e dos estu­dos geográ­fi­cos, car­tográ­fi­cos, geo­dési­cos, mare­grá­fi­cos, demográ­fi­cos, socioe­conômi­cos, etc, todos, vitais, necessários e indis­pen­sáveis para o cumpri­mento de sua mis­são insti­tu­cional, a saber:

“Retratar o Brasil com as infor­mações necessárias ao con­hec­i­mento de sua real­i­dade e ao exer­cí­cio da cidada­nia”.

Mis­são essa do IBGE, órgão de Estado, e tam­bém do seu corpo téc­nico– profissional.

É farta sua memória rep­re­sen­tada em pro­du­tos dis­sem­i­na­dos em pub­li­cações, no pas­sado, e, no pre­sente, eletron­i­ca­mente via inter­net. É o IBGE online 24 horas à dis­posição da sociedade.

O “segundo o IBGE é uma refer­ên­cia habit­ual e con­stante no dia a dia da imprensa, da mídia em geral e da rica e imensa rede de blogueiros do país, que lançam mão das estatís­ti­cas e infor­mações do órgão para alicerçar seus arti­gos, edi­to­rias, reporta­gens e porta­gens, e, fiéis à boa fonte, segura, con­fiável e farta, gratificam-​na, desta­cando: ”segundo o IBGE”. Há memória mel­hor do que essa?

Doc­u­men­tação da Memória Institucional

Feliz daquele que tem história pra contar”

Mil­ionário & José Rico, Levando a vida.

1. Cri­ação do IBGE no Con­texto da Cen­tral­iza­ção Política do Estado Novo, Eli Alves Penha, da Série doc­u­men­tos para dis­sem­i­nação. IBGE – Cen­tro de Doc­u­men­tação e Disseminação-​CDDI, 1993, 123 pp.

2.’História das Estatís­ti­cas Brasileiras’. Nel­son Cas­tro Senra– RJ. IBGE, 2006. V.1.– Estatís­ti­cas dese­jadas (1822-​c1889), v.2 — Estatís­tica legal­izadas (c1889-​c1936), v. 3. Estatís­ti­cas orga­ni­zadas (c1936-​c1972) – v.4.- Estatís­ti­cas formalizadas(c1972-2002).

2. Teix­eira de Fre­itas e a cri­ação do IBGE: cor­re­spondên­cia de um homem sin­gu­lar e plural. Nel­son de Cas­tro Senra, orga­ni­zador. IBGE-​CDDI, 2016, 536 p.

2. Teix­eira de Fre­itas, Um Cardeal da Edu­cação BrasileiraSua Atu­al­i­dade Int­elec­tual. História. IBGECDDI, 2008, 266 p.

Salve o IBGE pelos seus profícuos 83 anos!

São Luís-​MA, 28.05.2020

Guedêlha, raízes ibgeanas em solo maran­hense, de 19692008.