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Minha amiga, D. Creüsa.

Escrito por Abdon Mar­inho

MINHA AMIGA, D. CREUSA.

Por Abdon Marinho.

ENCER­RADO em meu sítio há mais de um mês por conta da pan­demia – como tive poliomielite sou do grupo de risco –, ape­nas pelos meios de comu­ni­cação tenho tomado con­hec­i­mento do que se passa no mundo exte­rior.

As notí­cias, infe­liz­mente, não são boas. Um dia o perec­i­mento de um, outro dia o perec­i­mento de outro. São autori­dades que não con­seguem um con­senso mín­imo sobre o que fazer para cuidar da pop­u­lação.

Em meio a tan­tas noti­cias ruins, uma, em espe­cial, abalou-​me mais, o perec­i­mento da minha amiga D. Creüsa Braga, ex-​prefeita de Luis Domingues.

A con­heci por mea­dos dos anos noventa, através do dep­utado estad­ual Ader­son Lago, que tinha grande amizade por todos da família. Foi apoiado pelo esposo de D. Creüsa, Seu Didi Queiróz, na eleição de 1990 e o apoiara com todo afinco quando, na “farra das inter­venções”, dec­re­taram a inter­venção em Luís Domingues.

Ader­son Lago mobi­li­zou os mel­hores advo­ga­dos até que con­seguiram resti­tuir Seu Didi no cargo, através de decisão do Supremo Tri­bunal Fed­eral — STF. Registre-​se que foi um dos poucos municí­pios sob inter­venção que os gestores legí­ti­mos con­seguiu retornar. Quem cuidou do caso, se não me falha a memória, foi o val­oroso colega Car­los Macêdo Couto.

Nos momen­tos de difi­cul­dades os ver­dadeiros ami­gos apare­cem e as amizades se solidificam.

Con­hecia Ader­son desde o iní­cio de 1991 quando fui tra­bal­har com asses­sor do dep­utado Juarez Medeiros na Assem­bleia Leg­isla­tiva, como ambos eram de oposição ao gov­erno de Edi­son Lobão e Juarez sendo dep­utado de segundo mandato e segundo secretário, sem­pre pas­sava por lá antes ou depois das sessões.

Em 1994, quando tra­bal­hamos jun­tos na cam­panha de Cafeteira, estre­ita­mos ainda mais a amizade. Foi naquele ano, aliás, que Ader­son, ape­sar da tris­teza da der­rota externou-​me a sua pro­funda feli­ci­dade com o resul­tado da sua votação em Luis Domingues.

– – – Olha aqui, Abdon, que tra­balho bem feito em Luis Domingues, olha minha votação lá.

Dizia isso pro­fun­da­mente agrade­cido a D. Creüsa, a Seu Didi, a Serejo, etc. Mas, espe­cial­mente, a D. Creüsa, a quem atribuía toda a artic­u­lação polit­ica e a con­quista dos votos.

Foi a mesma coisa em 1998, está­va­mos na sede do comitê, na Praça Gonçalves Dias, con­ferindo o resul­tado da votação. A der­rota de Cafeteira já era certa, mas nos voltá­va­mos para a votação de Ader­son, que cor­ria riscos. Mais uma vez os votos con­segui­dos pelos ami­gos de Luis Domingues, D. Creüsa à frente, chegaram em boa hora.

Entre estes dois pleitos, em 1996, D. Creüsa perdeu, por uma difer­ença de poucos votos, a eleição munic­i­pal.

Foi por esse período, não me recordo se antes ou depois das eleições, que fui apre­sen­ta­dos a eles, Seu Didi, D. Creüsa e Serejo, lá mesmo no gabi­nete de Aderson.

O primeiro tra­balho, já como advo­gado, que tive com eles foi, acred­ito que em mea­dos de 1999. Era uma con­fusão envol­vendo atraso no paga­mento de servi­dores, ten­ta­tiva de cas­sação do prefeito João Pinto de Lucena pela Câmara Munic­i­pal, algo do tipo.

O que sei e que Ader­son me pediu para ir lá. Não havia estradas que mere­cesse esse nome para Luís Domingues e tive que ir de avião. Foi assim diver­sas vezes, vez ou outra, tinha que ir lá de avião, quando dava sorte ia de bimo­tor, quando não, era um monomo­tor.

Ainda hoje me per­gunto de onde tirava tanta cor­agem para pegar um aviãoz­inho que mais pare­cia uma casca de ovo. E quando pegá­va­mos chuva, que o aviãoz­inho bal­ançava todo?

Em 2000 D. Creüsa se elegeu e, a par­tir de 2001. Fui a posse e desde então pas­samos a tra­bal­har jun­tos e não nos larg­amos mais.

Durante os oito anos de suas gestões, foram incon­táveis as vezes que tive fui a Luís Domingues, muitas vezes de avião, muita mais vezes de carro.

As via­gens de carro, logo nos primeiros anos da gestão, pela falta de estradas era aven­tura. Por vezes, gastá­va­mos, só do local chamado Qua­tro Bocas a sede do municí­pio, três ou qua­tro horas.

Sem­pre que pos­sível lev­á­va­mos a con­ta­dora, D. Vânia Matos, que sabedora da minha mania de não via­jar “tirando reisado”, lev­ava um far­nel para matar­mos a fome na longa estrada. Íamos sem­pre, eu, o sen­hor Afrânio, meu motorista, e D. Vânia. Out­ras vezes ia ou lev­ava algum amigo.

Como não havia pou­sadas ou hotéis na cidade ficá­va­mos todos na casa de D. Creüsa, como inte­grantes da família, já tín­hamos quar­tos reser­va­dos.

Quando chegá­va­mos, e pelos dias que lá ficá­va­mos, era uma festa. Muitas con­ver­sas, desde o café da manhã, até à noite, depois do jan­tar, nas rodadas de bate papo na porta de casa, com Seu Didi, D. Creüsa, os muitos ami­gos, os filhos.

As refeições sem­pre far­tas, ver­dadeiros ban­quetes. Antes e depois das via­gens D. Vânia ren­dia assunto por um motivo, pecu­liar: no café da manhã, já com­bi­nava o que dese­java comer no almoço; no almoço já dizia os dese­jos de comer no jan­tar; e neste o que esper­ava para o dia seguinte.

E lá vin­ham as pescadas fres­cas, as gal­in­has caipi­ras com pirão de descaída – esse prato, aliás ficou famoso, meus ami­gos ainda hoje falam do pirão de descaída, cuja a receita peguei com a querida Del­ica e vez por outra ensaie fazer em minha casa.

Nestes anos teste­munhei o amadurec­i­mento dos fil­hos e o cresci­mento dos netos que, em 2000/​2001, eram cri­anças.

Sem­pre tive espe­cial admi­ração pelo respeito dos fil­hos e netos por seus pais e avós, tanto Seu Didi, quanto D. Creüsa. Na hora que qual­quer um chegava, estivesse quem estivesse com eles na coz­inha (nosso local de reunião favorito), tomavam a benção a eles.

Com relação a parte da gestão não existe um cliente (ou ex-​cliente), cole­gas advo­ga­dos ou de out­ras áreas, com quem tra­bal­hei, que não tenha con­hecido, pelo menos, “de nome”, D. Creüsa.

Durante os anos em que tra­bal­hamos jun­tos e nos seguintes, sem­pre que reu­nia com um cliente e suas equipes falava de D. Creüsa a eles.

Dizia (e ainda digo) que D. Creüsa, ape­sar de ter sido uma mul­her sim­ples, sem muitos estu­dos, pos­suía qual­i­dades exce­lentes como gestora. E dava os exem­p­los: nos oito anos de mandato nunca deixou que o marido ou fil­hos tomassem de conta ou se introm­etessem na admin­is­tração, tudo era feito e deci­dido por ela; car­regava uma agenda onde ano­tava tudo que falá­va­mos ou recomendá­va­mos; e tudo que ia fazer, se tinha alguma dúvida, lig­ava para mim.

Vez ou outra lig­ava: –– Dr. Abdon, estou pen­sando em fazer isso, o que o sen­hor acha? Ou, como posso fazer isso?

Foram os oito anos assim. Quando não me pedia para ir lá, se era muito urgente, con­seguia um avião com algum amigo dep­uta­dos lá ia eu saber do que se tratava.

Uma vez se zan­gou com uns servi­dores con­trata­dos. Me ligou zan­gada dizendo que ia demiti-​los porque estes, na sua ideia a havia desacatado. Não quis acordo. Deter­mi­nou o encer­ra­mento dos con­tratos.

Os servi­dores foram as bar­ras da Justiça, recla­ma­ram em todos os órgãos pos­síveis e imagináveis.

Em oito anos de mandato foram as úni­cas coisas de importân­cia que respon­deu.

E, sem­pre que chegava uma inti­mação sobre o fato, eu dizia com o car­inho e a liber­dade que só os ami­gos ver­dadeiros pos­suem: –– eu não lhe disse?!

E ela respon­dia: –– lá vem o sen­hor de novo.

Fiz muito isso. Sem­pre que apare­cia alguma coisa, dizia.

E con­tava, como exem­plo, para os out­ros clientes e ami­gos.

Vejam que coisa espetac­u­lar, uma sen­hora, sem muitos estu­dos, dona de casa, mãe, avó, mas extrema­mente “empoder­ada”, para usar uma palavra da moda. Acho que muito mais do que muitas fem­i­nistas por aí.

Em todos esses anos, mesmo depois da sua gestão, con­tin­u­amos a man­ter con­tato e a for­t­ale­cer a amizade. E mais, con­tin­uou a me ligar e a pedir minha opinião sobre qual­quer coisa impor­tante que ia fazer, mesmo depois do tér­mino do mandato. Sem­pre que vinha a São Luís, com Seu Didi ou alguns dos fil­hos, não deix­ava de me fazer uma visita e tomar um cafez­inho no escritório. Se tinha algum cliente, colega ou profis­sional de outra área, a apre­sen­tava: –– essa é D. Creüsa, de quem falo tanto.

Ape­sar de não pos­suir for­mação polit­ica, D. Creüsa foi uma polit­ica arguta. Se con­trari­ada com algum ali­ado, evi­tava bater de frente ou fazer movi­men­tos brus­cos. Muitas vezes, através de lig­ação ou pes­soal­mente, me con­tava de suas con­trariedades, pedia opiniões.

Quase sem­pre dizia que tinha agido certo ou que tivesse paciên­cia que lá na frente tudo se acer­taria.

Foram assim os últi­mos vinte anos. Nunca tive­mos uma relação só de cliente/​advogado, mas sim de amizade sin­cera e ver­dadeira.

Ano pas­sado fui a sua belís­sima festa de setenta anos. Está­va­mos todos tão felizes que não poderíamos imag­i­nar que o câncer traiçoeiro a levaria tão pouco tempo depois.

Logo após a con­fir­mação do triste fato me ligou Sér­gio Car­val­hal: — doutor quer­e­mos que o sen­hor pre­pare o decreto de luto ofi­cial. Disse-​lhe: — sabes a dor me causa ao pedires isso? Ele se des­culpou e disse que com­preen­dia.

E lá estava eu, tomado pela dor, lem­brando que todos os atos que fiz desde o primeiro dia do seu mandato, em 2001, agora fazendo o decreto de luto ofi­cial em sua hom­e­nagem. Cada palavra uma dor e uma lembrança.

A minha amiga par­tiu. E par­tiu nesta con­tingên­cia em que nem me des­pedir da forma cor­reta me foi permitido.

Mas con­sidero este fato, tam­bém, um capri­cho do Cri­ador. Quis Ele que dela não guardasse a imagem da morte, mas sim, da vida, dos mel­hores momen­tos que estive­mos jun­tos.

Por isso segue o teste­munho do amigo,

Abdon Mar­inho.

AS GUER­RAS DO BRASIL

Escrito por Abdon Mar­inho

AS GUER­RAS DO BRASIL.

Por Abdon Marinho.

O MUNDO trava uma guerra con­tra um inimigo oculto: o novo coro­n­avírus surgindo na China a par­tir de setem­bro ou out­ubro de 2019, e que vem cau­sando pânico em todos os países, já tendo tendo con­t­a­m­i­nado mais de dois mil­hões de pes­soas, e ceifado mais de cento e setenta mil vidas.

E pode­ria ser muito mais, se os maiores cen­tros pop­u­la­cionais não decidis­sem por “fechar as por­tas” e con­fi­nar seus cidadãos den­tro das suas residên­cias, só per­mitindo a saída para ativi­dades essen­ci­ais e nada mais.

À mín­gua de qual­quer trata­mento ou vacina, foi o que lhes restou, para, ao menos neste primeiro momento, tornar menos dramática a per­das de vidas humanas.

Mes­mos nações poderosas como os Esta­dos Unidos, que já reg­is­tra mais 40 mil mor­tos; Reino Unido, que se aprox­ima de 20 mil mor­tos; Itália e Espanha que já pas­saram de tal pata­mar, quedaram-​se à força do inimigo oculto.

Lá atrás, diante da gravi­dade da situ­ação, a Orga­ni­za­ção Mundial da Saúde — OMS, declarou situ­ação de pan­demia global.

Uma situ­ação de pan­demia não com­porta dis­cussão sobre quais­quer out­ras pau­tas que não o com­bate ao inimigo comum.

Com um ou outro encam­in­hamento dis­tinto, uma ou outra crítica aos encam­in­hamen­tos pro­pos­tos pela OMS, é isso que tem feito o resto do mundo – pelo menos a parte do mundo que aprendeu-​se a recon­hecer como sendo civilizado.

No momento em que o resto mundo trava uma luta uni­forme con­tra o inimigo da humanidade, o Brasil resolveu que é a hora de travar diver­sas “guer­ras” para­le­las, inclu­sive, ante­ci­par o debate sobre uma eleição que vai ocor­rer daqui a três anos.

O gov­erno fed­eral guer­reia entre si, ora por espaço ou para se tornar majoritária no “comando” da nação.

O pres­i­dente da República ora, sim e na outra tam­bém – fato sabido desde o iní­cio do gov­erno –, sab­ota e estim­ula “frit­uras” de seus próprios min­istros e até os ameaça ou os demite, na even­tu­al­i­dade de um ou outro se sobres­saírem mais do que ele nas suas pastas.

Os exem­p­los estão aí à vista de todos. Foi assim com o Paulo Guedes, quando este propôs as refor­mas estru­tu­rais necessárias ao país.

A reforma da pre­v­idên­cia social que todos sabiam ser necessária e urgente saiu um arremedo do pode­ria (e dev­e­ria) ter sido, por culpa da ingerên­cia do chefe do governo.

Foi assim com o Sér­gio Moro – a quem foi prometido ampla liber­dade para con­tin­uar e ampliar o com­bate à cor­rupção no país ou não lem­bram que o pres­i­dente disse que enquanto o ex-​juiz com­ba­tia a cor­rupção com uma vara de pesca no seu gov­erno iria com­bater com uma rede? –, que foi ceceado, desautor­izado, humil­hado, dimin­uído e sab­o­tado quando ten­tou aprovar seu pacote “anti­crime” ou mesmo diver­sas out­ras medidas.

O pacote até saiu. Mas bem menor e, apre­sen­tando, em alguns casos, diver­sos retrocessos.

A des­culpa do pres­i­dente era que estava pre­ocu­pado com a gov­ern­abil­i­dade e não que­ria criar atri­tos com os out­ros poderes.

Foi assim com o Luís Hen­rique Man­detta quando este começou a “apare­cer” mais do que o pres­i­dente da República por conta do com­bate à pan­demia do coro­n­avírus.

Está sendo assim com a min­is­tra da agri­cul­tura Teresa Cristina – que começa a sofrer um processo de frit­ura –, por conta do sucesso à frente da pasta.

Essa “sab­o­tagem” interna, essa des­fun­cional­i­dade do gov­erno, rev­ela a falta de capaci­dade de gov­ernar o país e tem cau­sado enormes pre­juí­zos para o Brasil, que está ver­gonhosa­mente sendo saque­ado por par­la­mentares e/​ou por gov­er­nadores ao argu­mento de com­bate à pan­demia.

Serão bil­hões e bil­hões dos quais nunca mais ter­e­mos notí­cias. Isso porque o gov­erno cen­tral tem se mostrado inca­paz de con­duzir o processo.

O Brasil vive um estranho para­doxo pois enquanto temos um pres­i­dente notada­mente inca­paz – ainda que pesquisas de opinião pública digam o con­trário – temos uma maio­ria de par­la­mentares – dep­uta­dos fed­erais e senadores –, que, notada­mente, se rev­e­lam capazes de tudo.

Não tenho qual­quer dúvida de que o pres­i­dente da Câmara e, tam­bém, o do Senado não tra­bal­ham com foco estrito no inter­esse público, tra­bal­ham, com certeza nos próprios inter­esses e para aumen­tar o seu poder na nação.

E, fazem isso “avançando”, de todas as for­mas, sobre as com­petên­cias con­sti­tu­cionais do Poder Executivo.

Existe um clima de chan­tagem explícita con­forme bem assen­tou o gen­eral Augusto Heleno em um áudio indisc­re­ta­mente cap­turado de uma con­versa pri­vada.

Ape­sar de restar claro que o con­flito exis­tente entre os poderes ocorre pela ganân­cia desen­f­reada de muitos par­la­mentares por pedaços do orça­mento, con­forme já trata­mos aqui diver­sas vezes, o pres­i­dente da República está longe ser inocente nesta história.

Ele, com sua atu­ação errática, fal­ado três bobagens a cada duas palavras, favore­ceu esse tipo de coisas e frag­ili­zou sua gestão.

Deixou-​a tão frágil que hoje exerce o poder sob a tutela dos mil­itares.

E, pior, atra­palha até os mil­itares quando estes querem fazer um tra­balho sério, téc­nico e voltado aos inter­esses da nação.

Outra coisa, não temos qual­quer dúvi­das de que muitos gov­er­nadores, desde que o atual gov­erno assumiu, tra­bal­ham de forma incan­sável e explo­rando as frag­ili­dades do atual pres­i­dente, para “crescerem” em cima dele.

A tragé­dia oca­sion­ada por este novo coro­n­avírus ao invés de arrefe­cer estes com­por­ta­men­tos belig­er­antes e de inter­esses escu­sos, fez foi acirrá-​los ainda mais.

Exem­p­los deste despu­dor, para nossa ver­gonha, foram – e ainda são –, pro­tag­on­i­za­dos pelo gov­er­nador do Maran­hão.

Até bem pouco tempo, sua excelên­cia se ocu­pava – indifer­ente a tanto sofri­mento cau­sado pelas mortes e por suas próprias cir­cun­stân­cias –, em con­tar os óbitos ocor­ri­dos por conta da covid-​19 e atribuí-​los ao pres­i­dente da República.

Fez isso, pes­soal­mente, através de suas redes soci­ais, até o dia em que um sen­horz­inho de mais setenta anos, o gen­eral Augusto Heleno, lhe fez uma durís­sima admoes­tação, disse-​lhe o gen­eral: “sem­pre acred­itei, pelo pas­sado histórico, que comu­nistas são seres alien­ados, son­sos, insen­síveis e insen­satos. Ati­tudes como essa con­fir­mam esse perfil”.

Depois disso, emb­ora con­tinue “aprontando” todas, a última foi espal­har que a capaci­dade dos hos­pi­tais pri­va­dos para aten­der às víti­mas da covid-​19 havia se exau­rido – o que foi pronta­mente des­men­tido pelos três prin­ci­pais hos­pi­tais da cap­i­tal –, sua excelên­cia pas­sou o ofí­cio de “con­ta­dor de óbitos” para algum adu­lador de plan­tão e deixou de atribuí-​los ao presidente.

Por der­radeiro, ten­tou mais uma pro­moção pes­soal – dizendo ter driblado Trump e Bol­sonaro –, numa neb­u­losa impor­tação de mate­r­ial hos­pi­ta­lar da China.

Havia alguma ameaça real da carga ser pirateada pelo gov­erno amer­i­cano ou brasileiro? Qual a razão para ence­nação deste filme de espi­onagem de quinta cat­e­go­ria?

Além da “guerra” travada den­tro do próprio gov­erno; da “guerra” travada entre poderes; da “guerra” travada entre o gov­erno e os gov­er­nadores que querem se pro­mover politi­ca­mente explo­rando a tragé­dia do vírus, a oposição enten­deu que é hora de der­rubar o governo.

Ao Brasil – e aos brasileiros –, já basta não lidar com tan­tos prob­le­mas, tan­tas vaidades, tan­tos inter­esses e tan­tas mortes, tem que lidar, tam­bém, com uma oposição que “entende” ser o mel­hor momento para der­rubar o gov­erno é durante uma pan­demia.

A cam­panha pela der­rubada do gov­erno é pro­tag­on­i­zada por diver­sos par­tidos de oposição, e tem, inclu­sive, à frente o ex-​presidente Lula, já con­de­nado em dois proces­sos por cor­rupção e lavagem de din­heiro e que só não está preso dev­ido leniên­cia da leg­is­lação penal brasileira.

A estraté­gia de der­rubar gov­er­nos em crises agu­das, his­tori­ca­mente, têm o condão de trazer o caos. Foi assim em todos os países que fiz­eram ou ten­taram fazer isso.

Vejo fal­tar bom senso e pos­tura ética aos opositores.

Por outro lado, o pres­i­dente Bol­sonaro, con­forme já dito ante­ri­or­mente, está muito longe de ser inocente nessa história toda.

Ele “cha­furda” nesta mesma lama fétida que cha­fur­dam os seus opositores.

Todas as ati­tudes do pres­i­dente, inclu­sive, as de inci­tar movi­men­tos con­tra a quar­entena, de apoiar man­i­fes­tantes que pedem por regimes de exceção, e tan­tas out­ras, fazem parte de cál­culo político para a sua pro­moção pes­soal fra­cio­nando a nação.

Quando o pres­i­dente se coloca, iso­lada­mente, con­tra o con­senso mundial de que neste primeiro momento é necessário esta­b­ele­cer uma política de dis­tan­ci­a­mento social para reduzir o con­tá­gio e garan­tir a capaci­dade de atendi­mento dos serviços de saúde, ele está ciente – como todos esta­mos –, da crise que aviz­inha, e quer jogar a respon­s­abil­i­dade para os gov­er­nadores, prin­ci­pal­mente aque­les que fig­u­ram como seus adver­sários no pleito de 2022.

Outro dia foi noti­ci­ado que o pres­i­dente se colo­cara con­tra uma pro­posta de reduzir, durante qua­tro meses dos servi­dores públi­cos no “esforço de guerra”, porque isso rep­re­sen­taria uma perda de mil­hões de votos.

Ora, a um gov­er­nante, pres­i­dente, gov­er­nador, prefeito – ou mesmo a qual­quer um que exerça um cargo público –, não é ético que tome ou se deixe tomar essa ou aquela medida partindo de um cál­culo eleitoral.

A razão de ser do Estado é a pro­moção do bem-​estar comum. Logo, sem­pre que pos­sível, não podemos pre­scindir de pes­soas, sobre­tu­dos, dos mais vel­hos, dos enfer­mos, para “sal­var” a econo­mia.

O Estado tem o dever moral de preser­var prin­ci­pal­mente os mais frágeis.

Essa é uma das razões de sua existên­cia.

Ainda com pre­juí­zos mate­ri­ais graves, o sen­tido da preser­vação da vida e da urgên­cia deve prevale­cer sobre os demais interesse.

Um gov­er­nante, fora das situ­ações extremas, não pode sim­ples­mente per­mi­tir que vidas sejam per­di­das quando, ainda que, com difi­cul­dades, pos­sam ser preser­vadas.

Essa falta de com­preen­são do pres­i­dente sobre o papel do Estado, em qual­quer situ­ação e, sobre­tudo, durante as crises, faz com que perca a capaci­dade de governança.

Capaci­dade de gov­er­nança não tem nada a ver com apoio pop­u­lar ou mesmo legit­im­i­dade, mas, sim, com a capaci­dade de con­duzir os des­ti­nos do país.

Isso se rev­ela claro quando ele não se mostra capaz de agre­gar a nação em busca de uma solução que seja menos danosa aos gov­er­na­dos. Não faz isso porque não sabe, vez que não pos­sui qual­quer “bala de prata” para der­ro­tar o mal que nos aflige.

Nós, brasileiros, não somos espe­ci­ais a ponto do vírus que mata mil­hares ao redor do mundo não nos cause mal algum.

Por conta disso pre­cisamos de gov­er­nantes que ajam com racional­i­dade, método e de acordo com os fun­da­men­tos do que seja Estado.

O com­por­ta­mento dos brasileiros – que se por­tam como se estivessem em guerra de tor­cida –, diante de uma pan­demia não é ape­nas tosco, é irra­cional.

Infe­liz­mente, a irra­cional­i­dade é a tônica destes tem­pos – e vem de todos os lados.

Por isso mesmo, enganam-​se os que pen­sam que o sen­hor Bol­sonaro ou o bol­sonar­ismo sairão menores dessa crise, pelo con­trário – graças a oposição incom­pe­tente que pos­sui –, sairão mais for­t­ale­ci­dos, inclu­sive, com poten­cial de levar o país ao caos.

Mas esse é um assunto para ser tratado em um outro texto.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

O coro­n­avírus no Maranhão.

Escrito por Abdon Mar­inho


O CORO­N­AVÍRUS NO MARAN­HÃO.
Por Abdon Mar­inho.
, aprox­i­mada­mente, um mês, quando o gov­erno estad­ual começou a implan­tar as primeiras medi­das de restrições no Maran­hão cobrei transparên­cia no que se ref­ere ao trata­mento da pan­demia uma vez que ofi­cial­mente não se tinha, pelo menos ofi­cial­mente, nen­hum caso por aqui ou nos esta­dos viz­in­hos – Piauí, Pará e Tocan­tins.
Não enten­dia que se parasse tudo, fechasse prati­ca­mente toda a ativi­dade se não havia casos no estado ou nos esta­dos viz­in­hos.
Ape­sar disso, quedei-​me a cumprir as ori­en­tações do gov­erno.
Ontem, dia 17, um mês depois daque­les ques­tion­a­men­tos, o gov­erno estad­ual divul­gou já serem mais de mil casos de coro­n­avírus no Maran­hão.
A infor­mação, dita a assim, não sus­cita muitos ques­tion­a­men­tos uma vez que há um cresci­mento da doença em todos os esta­dos da fed­er­ação.
Vista no detalhe, entre­tanto, percebe­mos de duas uma: ou o gov­erno estad­ual, naquele momento não estava sendo sufi­cien­te­mente hon­esto e trans­par­ente no trata­mento da infor­mação disponi­bi­lizada aos cidadãos ou, neste período, fez um pés­simo tra­balho neste mês que pas­sou.
Digo isso porque quando ini­cia­ram com as medi­das de con­tenção não havia – segundo as autori­dades –, qual­quer caso por aqui ou nos esta­dos viz­in­hos.
Agora o Maran­hão aparece com 1040 casos e 44 mor­tos; o Pará só tem a metade dos casos (557) e 32 mor­tos; o Piauí, pos­sui um décimo dos casos do Maran­hão (123 casos) e ape­nas 8 mortes; A situ­ação do Tocan­tins é mais con­fortável ainda, pos­sui ape­nas 32 casos e só reg­is­tra um óbito.
Em casos, no nordeste, o Maran­hão só está atrás do Ceará(2.747 casos e 155 óbitos); Per­nan­buco (2006 casos 1 186 óbitos).
Estando numa situ­ação de quase empate téc­nico com a Bahia com 1059 casos e 36 óbitos).
Deve­mos con­sid­erar que estes esta­dos pos­suem uma pop­u­lação bem supe­rior a nossa.
Vejam que mesmo Minas Gerais que reg­istrou os primeiros caos bem antes do Maran­hão e pos­sui a segunda maior pop­u­lação do país até do bal­anço da última sexta-​feira, 17, pos­sui menos casos que o nosso estado (1021 casos com 35 mortes).
Em relação aos esta­dos com os quais faze­mos divisa a exceção do Tocan­tins, as pop­u­lações são quase idên­ti­cas.
Dessa análise, sobra a impressão, que o nosso gov­erno ou não agiu com a dev­ida transparên­cia ao longo deste período ou, infe­liz­mente, não tem sido tão efi­ciente quando a mídia e os adu­ladores regia­mente pagos, fazem questão de ressaltar.
Sobra mídia para a pro­moção às cus­tas da pan­demia e não demon­stram efe­ti­vas ações para min­i­mizar ou evi­tar o perec­i­mento de vidas dos cidadãos maran­henses.
Enquanto sua excelên­cia «brinca» com coisa séria, e parece con­duzir uma usina de «memes» vidas são per­di­das.
Talvez fosse o momento, de pelo menos durante a pan­demia, descer do palanque.
Abdon Mar­inho é advogado.