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A democ­ra­cia do tacape.

Escrito por Abdon Mar­inho

A DEMOC­RA­CIA DO TACAPE.

Por Abdon Marinho.

ALGUÉM chega me conta uma coisa a propósito do quadro político neste segundo turno; e mais um e mais outro.

Depois me per­gun­tam o que acho.

Con­fesso que resisto em acred­i­tar na maio­ria das coisas que me con­tam.

As mais ele­vadas autori­dades do estado, seguindo ori­en­tação expressa do gov­er­nador, escol­heram um dos can­didatos e o gov­erno estad­ual inteiro virou uma exten­são da cam­panha. Não posso acred­i­tar.

Secretário de estado ameaçando com o inferno de Dante aque­les que não seguirem a ori­en­tação do gov­er­nador e apoiar o seu can­didato. Um absurdo!

Dis­tribuição de cen­te­nas de mil­hares de ces­tas bási­cas nas esco­las da rede estad­ual ou na per­ife­ria da cidade, com o propósito de cap­tar votos. Um crime!

Ameaças e chan­ta­gens aos servi­dores ocu­pantes de car­gos comis­sion­a­dos, de chefia ou con­trata­dos, caso estes não plotem seus car­ros ou declarem voto no can­didato chapa-​branca. Inaceitável!

Reuniões e mais reuniões, com ver­i­fi­cação de fre­quên­cia dos servi­dores, em lou­vação ao can­didato. Uma vergonha!

Paga­mento dos servi­dores públi­cos coin­cidindo com a véspera das eleições municipais;

O gov­er­nador do estado, em pes­soa, passe­ando e posando “sen­tad­inho” no banco da praça com o can­didato ofi­cial. Nojento!

O gov­er­nador “investido” no papel de “cabo eleitoral” arreg­i­men­tando apoios e nego­ciando vare­jos as expen­sas do cargo e do gov­erno com vereadores e ex-​candidatos der­ro­ta­dos no primeiro turno em apoio ao “seu” can­didato. Degradante!

O vice-​governador, tam­bém investido no papel de cabo eleitoral, ameaçando pub­li­ca­mente lid­er­anças polit­i­cas do estado e as chamando de “deser­tores”. Viva Vitorino!

O próprio can­didato em áudio que não sei recente – mas que con­traria o dis­curso da nova política –, pedindo que se desco­brisse de quem seria a indi­cação do ter­ce­i­rizado que vigia a repar­tição pública ou do zelador do pré­dio para poder “cobrar” depois. Asqueroso!

O próprio can­didato, segundo denún­cias, teria feito cam­panha sabendo-​se con­t­a­m­i­nado pelo vírus da covid-​19, por 05 (cinco) dias, con­t­a­m­i­nando ou colo­cando em risco de con­t­a­m­i­nação dezenas, cen­te­nas ou mil­hares de pes­soas, isso em plena pan­demia. Hediondo!

O secretário de estado da saúde e o próprio gov­er­nador que deter­mi­nou o “con­fi­na­mento” de toda a pop­u­lação por meses, omis­sos diante de tal crime con­tra a saude pública e, pior, apoiando e pedindo votos para quem foi capaz de um crime tão hediondo. Inacreditável!

Ainda em plena pan­demia e quando a mesma volta a gan­har força, o próprio gov­er­nador se reju­bi­lando com as aglom­er­ações pro­movi­das pelo “seu” can­didato. Inaceitável!

Infor­mação de con­tratação de cem mil “bocas de urnas” para atuar no dia pleito – um dis­farce para a com­pra de votos explicita. Chamem a poli­cia!

A minha resistên­cia em acred­i­tar neste tipo de coisa – e nisso reside minha ingenuidade –, é que não me recordo de ter visto aque­les a quem com­bat­e­mos politi­ca­mente durante tan­tos anos serem capazes de gestos tão tor­pes e em tamanho vol­ume quanto aos que somos apre­sen­ta­dos agora.

E, lá atrás, lembro-​me muito bem, dizíamos que queríamos uma mudança de com­por­ta­mento das autori­dades.

O que gan­hamos foi isso? Foi para isso que ficamos, por quase cinquenta anos com­bat­endo o sarneísmo? Para ter­mos um gov­erno com práti­cas mais arcaicas ainda?

Até agora não con­segui assim­i­lar, por exem­plo, como o gov­er­nador e seus aux­il­iares dire­tos, prin­ci­pal­mente da área da saúde – que pas­saram os últi­mos meses na can­tilena do “fique em casa”, «man­tenha dis­tan­ci­a­mento”, “não faça aglom­er­ação”, etcetera –, saú­dem as aglom­er­ações do seu can­didato e, pior, apoiem um can­didato acu­sado de haver, sabendo-​se, infec­tado, man­tido uma cam­panha por dias segui­dos, igno­rando a saúde dos cidadãos.

Será que estas autori­dades não dev­e­riam explicar essa situ­ação dire­it­inho? Inclu­sive se acon­te­ceu ou não, ape­sar das provas abundantes.

Calam-​se por ver­gonha ou por indifer­ença aos que con­fi­aram nas autoridades?

Como é que fica isso? Nada têm a dizer a pop­u­lação que se tran­cou em casa? Aos empresários que perderam seu patrimônio – e con­tin­uam per­dendo –, por conta da pandemia?

Como com­preen­der que autori­dades, gov­er­nador, vice-​governador, secretários e tan­tas out­ras, ameacem e chan­tageiem cidadãos livres por estes não aceitarem a votar em um can­didato que não reúné as condições mín­i­mas para o exer­cí­cio de qual­quer cargo, porque este foi imposto pelo capri­cho pes­soal de ape­nas uma pessoa?

Como que estes apoiadores nada dizem diante de áudios e vídeos em que rev­e­lam o can­didato exter­nando, em lin­gua­jar chulo, toda sorte de pre­con­ceitos e indigên­cia moral?

Uma outra infor­mação de extrema gravi­dade é a que narra a pos­sível con­tratação de 100 mil “bocas de urnas”, ou no lin­gua­jar comum, com­pra explícita de votos.

Acred­ito que as autori­dades lig­adas à Justiça Eleitoral, ao Min­istério Público Fed­eral e a Polí­cia Fed­eral, devem ficar aten­tas e apu­rarem se tal infor­mação é ver­dadeira ou não.

Trata-​se de algo muito grave e com poten­cial para dese­qui­li­brar o pleito.

Mais grave ainda, por sug­erir a par­tic­i­pação de ele­vadas autori­dades públi­cas do estado no delito.

E esse é ape­nas um pos­sível abuso, diante de out­ros que já estão em curso.

Como aceitar como nor­mal que o gov­erno estad­ual use as forças de segu­rança do estado para fazer dis­tribuição, a rodo, de ces­tas bási­cas para as pes­soas car­entes até na véspera do pleito eleitoral, em ato que car­ac­ter­iza de forma cristalina, o abuso de poder, a com­pra de votos, e prin­ci­pal­mente, a falta de lim­ites dos donatários do poder, enquanto, às escân­caras, pedem votos?

Vejam, ainda que digam que se trata de pro­grama reg­u­lar, não é ver­dade.

Estão dis­tribuindo mil­hares ces­tas bási­cas, explo­rando a mis­éria do povo, para coop­tar a sim­pa­tia do povo para o gov­erno e, por exten­são, ao can­didato oficial.

Uma ver­gonha que usem, inclu­sive, a ali­men­tação esco­lar das cri­anças car­entes.

A escala de serviços da cor­po­ração esta­b­elece como datas para a dis­tribuição das ces­tas bási­cas os dias 25, 26 e 27 de novem­bro.

Qual a razão de não terem dis­tribuído antes?

Qual o motivo para não deixarem para dis­tribuir depois do pleito?

A mesma dis­tribuição está ocor­rendo noutros municí­pios inclu­sive naque­les onde a mis­éria, infe­liz­mente, é mais premente?

A explo­ração da mis­éria como bar­ganha polit­ica é uma ver­gonha, é uma ignomí­nia, dev­e­ria ser algo para aque­les que a prati­cam se enver­gonharem de se olharem no espelho.

Entre­tanto, isso parece não enver­gonhar as autori­dades suposta­mente envolvi­das, e, pelo con­trário, parece ser motivo de orgulho.

As pes­soas de bem não podem – e não devem –, aceitar esse tipo de coisa, não foi pelo que esta­mos viven­ciando que entreg­amos os mel­hores anos de nos­sas vidas.

Ouvi um áudio em que o can­didato “ofi­cial” do gov­erno procura saber de quem é a indi­cação de um ter­ce­i­rizado da segu­rança ou da zelado­ria para “cobrar depois” e fico imag­i­nando se esse tipo de coisa que ocor­ria ou ocorre em um órgão de ter­ceiro ou quarto escalão, não acon­tece nos demais órgãos ou sec­re­tarias de gov­erno.

De um gov­erno que quando assumiu, frise-​se, tinha como com­pro­misso primeiro a não uti­liza­ção do apar­elho estatal para perseguir os mais fra­cos e os menos favore­ci­dos.

Foi isso que o gov­er­nador prom­e­teu no seu dis­curso de posse.

Esse áudio e tan­tos out­ros, até onde sei nunca foram des­men­ti­dos e ainda assim, nunca ouvi­mos do gov­er­nador ou de out­ras autori­dades, se aquele tipo de cobrança e pro­ced­i­mento era “padrão” do gov­erno que tinha como mote a liber­dade pre­gada no dis­curso de posse.

Acred­ito que ao dizer aque­las tão belas palavras – que con­trasta com tudo que esta­mos assistindo –, sua excelên­cia, as pro­feriu ao vento, para serem lev­adas e sem qual­quer ser­ven­tia.

As palavras, assim como o gov­erno, nada mais eram do que uma triste car­i­catura da ver­dade real, o retrato final de Dorian Gray, que o gênio de Oscar Wilde tão bem exprimiu.

Não deve­mos desan­i­mar, a liber­dade ainda não chegou ao Maran­hão, nosso povo con­tinua escrav­izado por capri­chos pes­soais e sendo humil­ha­dos, mas, cer­ta­mente, algum dia ela vai chegar. Tudo chega.

O cam­inho para isso é o repú­dio vee­mente aos abu­sos, aos crimes e ao vale-​tudo eleitoral.

É diz­er­mos que não aceita­mos e que esta­mos cansa­dos de manip­u­lação, men­ti­ras e engodos.

Abdon Mar­inho é advogado.

Um pres­i­dente inimputável.

Escrito por Abdon Mar­inho

UM PRES­I­DENTE INIM­PUTÁVEL.

Por Abdon Mar­inho.

ESTE texto foi pen­sado nas primeiras horas do dia 10/​11, logo após saber de uma troca de uma postagem do pres­i­dente da República em resposta a um dos seus mil­hares de seguidores, na qual “comem­o­rava” – a palavra cor­reta é essa –, a deter­mi­nação de sus­pen­são, pela Anvisa, dos testes/​estudos da vacina Coro­n­avac, que é uma pare­ce­ria entre uma far­ma­cêu­tica chi­nesa Sino­vac e o Insti­tuto Butantã.

Ainda não sabia maiores detal­hes do ocor­rido, mas pen­sei, que tipo de pes­soa é capaz de vibrar com a sus­pen­são, inter­rupção de estu­dos de uma vacina que tornou-​se hoje a maior meta da humanidade diante de uma pan­demia que já ceifou mais de 1,300 mil vidas em todo mundo e, só no Brasil, mais de 160 mil vidas?

Aí veio-​me a ideia do texto e do primeiro título: “Um pres­i­dente na con­tramão da decên­cia”. Me pare­ceu ade­quado, pois quem é capaz de colo­car um inter­esse pes­soal – no caso a quizila con­tra o gov­er­nador de São Paulo –, à frente dos inter­esse da humanidade só pode “se lixar” para a decên­cia.

Ainda naquele dia, em ato solene em pleno Palá­cio do Planalto voltou à carga para dizer que o “Brasil não seria um país de ‘mar­i­cas’”, numa alusão às medi­das de dis­tan­ci­a­mento social e iso­la­mento para pre­venir a dis­sem­i­nação do novo coro­n­avírus.

Seriam “mar­i­cas” as mil­hares de víti­mas que sucumbi­ram à doença?

Foi nesta mesma fala que o pres­i­dente do Brasil, referindo-​se ao pres­i­dente eleito dos EUA, Joe Biden – a quem chamou de can­didato por não recon­hecer o resul­tado das eleições amer­i­canas, pois é fã de Don­ald Trump e sua fidel­i­dade a ele é supe­rior aos inter­esses do país –, “declarou guerra aos Esta­dos Unidos”, na céle­bre frase do cuspe e da pólvora: “se a diplo­ma­cia não resolver tem que ir para pólvora”, algo do tipo.

O palavrório desconec­tado da real­i­dade, além de não ser lev­ado a sério por ninguém – exceto por uma legião de bol­so­min­ios, tão alu­a­dos quanto o líder –, desmor­al­iza a posição do Brasil no cenário político inter­na­cional, o Brasil virou uma piada plan­etária.

Veja que no mesmo dia, o pres­i­dente da República enquanto vai ao ban­heiro e fica tro­cando impressões com seus teóri­cos da con­spir­ação, que o seguem nas redes soci­ais, ofende a China que é o maior par­ceiro com­er­cial do Brasil e encerra o dia sendo escárnio global ao “declarar guerra” aos Esta­dos Unidos, jus­ta­mente o nosso segundo par­ceiro com­er­cial.

Enquanto isso escarneceu e vibrou com o “fake” insucesso da vacina, indifer­ente à morte de um cidadão – que mor­reu pelo come­ti­mento do ato extremo, sem qual­quer relação com o imu­nizante –, para, no mesmo dia chamar de “mar­i­cas” as mais de 160 mil víti­mas da COVID-​19, no nosso país, tam­bém, indifer­ente a dor das mil­hares de famílias e ami­gos das víti­mas.

Diante disso, pas­sei a achar que o pres­i­dente da República, não ape­nas é indifer­ente aos con­ceitos bási­cos de decên­cia, na ver­dade, como uma cri­ança de 5 anos que faz de tudo para chamar a atenção dos adul­tos de uma sala para si, o pres­i­dente faz o mesmo, pois enquanto isso se dis­trai do que de fato interessa.

Noutra palavras o pres­i­dente age, ante a semi falên­cia insti­tu­cional, como um ser inim­putável.

Depois de todas essas enormi­dades em ape­nas um dia, o pres­i­dente pas­sou a se ocu­par de ques­tionar o sis­tema eleitoral brasileiro, tal qual o seu ídolo do norte-​americano.

Já no dia da eleição tanto o pres­i­dente da República, a quem com­pete o zelo pela ordem insti­tu­cional, jun­ta­mente com legião de seguidores que vivem do ócio, pas­saram a sus­ci­tar dúvi­das sobre a segu­rança do voto eletrônico brasileiro.

A urna eletrônica, que existe no Brasil desde 1996, sem qual­quer ques­tion­a­mento, que vá além da a incon­for­mação pela falta de votos, é o novo “cav­alo de batalha” do pres­i­dente e sua troupe.

Esque­cem que todo o processo de votação do Brasil pode ser audi­tado.

No iní­cio da votação se emite um relatório ate­s­tando o que tem na urna eletrônica e ao final um bole­tim de urna com o resul­tado: o número de votantes, número de votos em branco ou nulos e os votos nom­i­nais ou em leg­en­das; urnas aleatórias são sorteadas para audi­to­rias.

Em 24 anos, repito, exceto pelo incon­formismo de alguns der­ro­ta­dos, nunca tive­mos notí­cias de fraudes nas urnas eletrôni­cas.

Agora, por obra e graça do pres­i­dente da República, repito, a quem caberia o zelo pela reg­u­lar­i­dade insti­tu­cional, passou-​se a ques­tionar o resul­tado do pleito e a se pre­gar o retorno do voto impresso.

O pres­i­dente e seus seguidores dizem que fazem esses ques­tion­a­men­tos para tornar o sis­tema de votação “mais seguro”. Seria muito bom se fosse essa a intenção – ainda que neste quarto de século, com a urna eletrônica sendo sub­metida a todo tipo de teste de segu­rança, nada tenha colo­cado em dúvida a lisura dos pleitos –, mas sabe­mos que não é essa a razão.

O que move o pres­i­dente – e os seus alu­a­dos seguidores, teóri­cos da con­spir­ação –, é desle­git­i­mar a democ­ra­cia brasileira e as suas insti­tu­ições.

Não me sur­preen­de­ria se ao cabo das inves­ti­gações se desco­bris­sem envolvi­mento de inter­esses políti­cos no ataque de hack­ers ao Tri­bunal Supe­rior Eleitoral – TSE, ocor­rido no dia das eleições.

Caso não seja aten­dido na sua von­tade, quer chegar em 2022 e dizer que não sai do poder, caso perca a eleição, como agora tenta fazer o seu ídolo dos Esta­dos Unidos.

O pres­i­dente revela-​se sem freio e sem qual­quer apreço ou respeito pelo que seja democ­ra­cia, sep­a­ração de poderes con­sti­tuí­dos.

Agora mesmo, con­vi­dou para uma audiên­cia, em palá­cio, o cor­rege­dor do Tri­bunal de Justiça do Rio de Janeiro, por coin­cidên­cia – e nada além disso –, um dos encar­rega­dos de jul­gar o rece­bi­mento ou não da denún­cia ofer­tada pelo Min­istério Público Estad­ual con­tra seu filho e out­ros por envolvi­mento no escân­dalo das “rachad­in­has” na Assem­bleia Leg­isla­tiva daquele estado, quando o dito cujo, hoje senador da República, era dep­utado estadual.

A audiên­cia, a pedido da Presidên­cia, durou duas horas.

Imag­ino que o pres­i­dente, tão cioso da lisura e pal­adino da hon­esti­dade, solic­i­tou tal audiên­cia para tratar de assun­tos que pas­sam ao largo dos inter­esses proces­suais do filho, muito emb­ora, seja difí­cil divisar que assunto teria o pres­i­dente para tratar com o corregedor.

Será que alguém acha “nor­mal” esse tipo de audiên­cia? Cer­ta­mente que não.

Logo saber­e­mos o obje­tivo da audiên­cia. É só acom­pan­har o jul­ga­mento do rece­bi­mento da denún­cia con­tra o senador/​filho do pres­i­dente e ver­i­ficar depois quem mudará de tri­bunal.

Não me recordo de fato tão grave assim em tem­pos recentes.

Cer­ta­mente, para o pres­i­dente e seus ali­a­dos, isso nada tem demais, berrarão: “e cor­rupção do PT”?

Como se os peca­dos dos que os ante­ced­eram no poder expi­assem os seus próprios peca­dos.

Ora, por tudo que diz e faz, tem-​se que pres­i­dente é inim­putável, sem noção do alcance de suas palavras ou atos. Ou alguém acha nor­mal esse tipo de coisa?

A falta de con­hec­i­mento e aptidão faz com que busquem pau­tas para­le­las para desviar a atenção para prob­le­mas reais, como a destru­ição do meio ambi­ente, o aque­c­i­mento global, o desem­prego cres­cente, a estag­nação econômica, pan­demia, os prob­le­mas estru­tu­rais do país e tan­tos out­ros.

Essas pau­tas não impor­tam. Para o pres­i­dente o impor­tante é gerar polêmica. Agora mesmo, por conta de um assas­si­nato bru­tal den­tro de um super­me­r­cado, na pan­cada, como se fosse a coisa mais nor­mal do mundo, o pres­i­dente, além de não se sol­i­darizar com os famil­iares da vítima (e por exten­são a todos os negros víti­mas diárias de pre­con­ceitos) – o que não é novi­dade, já que nunca se sol­i­dari­zou com as 170 mil famílias que perderam seus entes para a COVID, nas suas palavras, coisa de “mar­i­cas” –, abriu nova polêmica ao dizer que no Brasil não existe racismo.

Como este é um assunto a exi­gir um texto especí­fico, basta dizer que o cidadão assas­si­nado na “por­rada” não o teria sido se fosse um cidadão branco, bem vestido, etc., ainda que tivesse cau­sado con­fusão no empreendi­mento.

São coisas ditas, acred­ito, por ignorân­cia, pois basta um raciocínio lógico para desmisti­ficar a falá­cia.

E aí, para jus­ti­ficar a tolice, ficam as falanges bol­sonar­is­tas ten­tando desqual­i­ficar a vítima, como se qual­quer delito que, por­ven­tura, tenha cometido no pas­sado ou mesmo no pre­sente, jus­ti­fi­casse o fato de tê-​lo o assas­si­nato a pan­cadas den­tro de um super­me­r­cado.

A estes, dev­eríamos lem­brar que o dire­ito brasileiro não com­ina pena de morte nem para os piores crim­i­nosos, nem mesmo para os mata­dores em série.

O pres­i­dente, infe­liz­mente, não con­segue fazer as dis­tinções necessárias e acaba por embar­car nestes argu­men­tos tacan­hos, além dele próprio, ser a fonte primária de inúmeras out­ras ignomínias.

A expli­cação para isso, não existe, é ape­nas a inim­putabil­i­dade.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

A arrogân­cia derrotada.

Escrito por Abdon Mar­inho

A ARROGÂN­CIA DER­RO­TADA.

Por Abdon Marinho.

APE­NAS na noite de domingo, 29/​11, tomare­mos con­hec­i­mento de quem será o novo prefeito da cap­i­tal, respon­sável por con­duzir os des­tino da cidade pelos próx­i­mos qua­tro anos.

Será bem antes, acred­ito, dos amer­i­canos saberem quem será o pres­i­dente que assumirá o comando dos EUA, a par­tir de 20 de janeiro de 2021, eleito no pleito ter­mi­nado em 3 de novem­bro último – essa infor­mação é ape­nas para “tirar sarro” da cara dos grin­gos. Rsrsrs.

Emb­ora não saibamos que será o vence­dor, em que pese haver uma tendên­cia em favor do can­didato Braide, cer­ta­mente, já sabe­mos que o grande der­ro­tado é o gov­er­nador do estado, sen­hor Flávio Dino, pois ainda que con­siga reverter o quadro e eleger o seu can­didato Duarte, rev­e­lando a sutileza de um rinoceronte numa loja de cristais, estraçal­hou a sua base “ali­ada” e mostrou que não é o líder que se ven­dia.

O TSE ainda não encer­rara a total­iza­ção da cap­i­tal e sua excelên­cia, sem con­sul­tar ninguém, sem falar com um pres­i­dente de par­tido, já anun­ci­ava o nome do seu ungido. Mel­hor dizendo, o ungido do gov­erno.

No dia seguinte, segundo dizem, fez espal­har que a par­tir daquele momento aquele que não seguisse com o seu can­didato seria con­sid­er­ado “inimigo do gov­erno”. Não sei se é ver­dade. Parece-​me uma dema­sia mesmo para os padrões autoritários dos regimes total­itários ocul­tos além da Cortina de Ferro, de triste memória.

O certo é que vi diver­sos inte­grantes do gov­erno – os fãs do gov­er­nador –, externando-​se fiéis ao sen­hor Dino e fazendo juras de “amor eterno” ao novo candidato.

Todos pas­sando “por cima” de cer­tos princí­pios, inclu­sive, do fato de que o can­didato fez cam­panha enquanto con­t­a­m­i­nado pelo vírus da covid-​19, colo­cando em risco a vida de dezenas de pes­soas.

Isso parece não ter qual­quer relevân­cia para o gov­er­nador e mesmo para as suas autori­dades de saúde.

Alguns, mais real­is­tas que o rei, até já ini­cia­ram uma espé­cie de “caça aos infiéis”, como se fazia antiga­mente com as bruxas. Tendo, até mesmo, secretário que “ameaçou” os que não mar­chas­sem unidos, com o fogo do inferno de Dante. Mas, acred­ito que tenha sido ape­nas por “força de expressão”.

Ocorre que fora estes fãs, a quem, se o gov­er­nador pedisse para deixar de res­pi­rar por meia hora, mor­re­riam, mas cumpririam a deter­mi­nação, o que se viu foi que ninguém mais – falo dos políti­cos com expressão –, deu “bola”, para a escolha do gov­er­nador e/​ou para as ameaças veladas ou explíc­i­tas de um ou outro xerim­babo.

Tanto assim que durante a sem­ana foram se declarando neu­tros ou que emprestariam apoio ao can­didato “inimigo”.

No Maran­hão evoluí­mos tanto que os adver­sários políti­cos voltaram ao sta­tus de inimi­gos.

Fal­tando pouco mais de dois anos para o tér­mino do man­dado, o gov­er­nador do estado, como se diz nos Esta­dos Unidos dos pres­i­dentes em fim de mandato, vira uma espé­cie de “pato manco” pre­coce.

Se brin­car vão começar a servir o cafez­inho dele frio.

Se o gov­er­nador do estado imag­i­nava que bas­tava ele declarar o seu apoio e todas as demais forças políti­cas que “gravi­tam” em torno dos Leões iriam aceitar sem qual­quer “senão”, curte um certo diss­a­bor.

Basta dizer que a escolha do gov­er­nador não encon­trou aceitação nem mesmo entre as lid­er­anças do seu próprio par­tido.

Aliás, boa parte da sem­ana – após a declar­ação de apoio do gov­er­nador ao seu can­didato –, a sociedade ludovi­cense “gas­tou” comen­tando a “humil­hação” a que fora sub­metido o can­didato do par­tido gov­er­nador, dep­utado Rubens Júnior, que tendo sido ofen­dido na sua honra e da sua família, quedou-​se e engoliu o “amor próprio” para apoiar o ofen­sor.

O mais que ouvi foram comen­tários sobre a humil­hação do ex-​candidato, mais, até, que o fato do can­didato ter ido para segundo turno.

Ao levar a dis­puta da eleição da cap­i­tal para den­tro do palá­cio – segundo denún­cias, lit­eral­mente –, o gov­er­nador se diminui politi­ca­mente, pois não con­segue sus­ten­tação entre seus prin­ci­pais ali­a­dos e faz a eleição, que pode­ria ser tran­quila, virar um “vale-​tudo” para qual só a vitória inter­essa.

Se a der­rota vier, ela não será mais do can­didato, será a der­rota do gov­er­nador. Já a vitória será do can­didato, do vice-​governador, do dep­utado fed­eral Maran­hãoz­inho, sim, dele também.

Sem con­tar que, com a vitória ou com der­rota, a ante­ci­pação do pleito de 2022, já está feita e ele, o gov­er­nador, sem qual­quer pos­si­bil­i­dade de influir no des­tino da sucessão e depen­dendo dos out­ros para uma even­tual dis­puta para o Senado ou aven­turas mais perigosas, frag­iliza este arco de apoios.

Ao decidir entrar “de cabeça” na eleição do seu ex-​aluno e ex-​auxiliar, sem con­ver­sar, pre­vi­a­mente, com ninguém, deixou de con­sid­erar algu­mas variáveis.

A primeira, que o can­didato que pas­sou para o segundo turno – e deve se elo­giar a tenaci­dade por haver con­seguido tal feito –, dig­amos, que não é a pes­soa mais querida entre seus pares. Desde que entrou na Assem­bleia Leg­isla­tiva, logo no primeiro dia, disse que lá era ele é mais 41 dep­uta­dos. A frase, se não me falha a memória foi: “eu cheguei”. Depois foram as reit­er­adas notí­cias de plá­gios e apro­pri­ação de pro­je­tos de leis alheios, e tan­tas out­ras polêmi­cas desnecessárias, fru­tos da ima­turi­dade.

A segunda, que can­didato durante o pleito, indifer­ente ao fato de que pode­ria ir para o segundo turno e que pre­cis­aria de ali­a­dos, foi para cima de “todo mundo” com “a faca nos dentes”, como se não pre­cisasse de ninguém ou con­fiando que depois todos viriam pelo “beiço”, em obe­diên­cia ao gov­er­nador.

A ter­ceira, que emb­ora poder e espaço político “quanto mais mel­hor”, hoje os dep­uta­dos, prin­ci­pal­mente, os fed­erais, com o vol­ume de ver­bas ori­undo de emen­das par­la­mentares, pre­cisam muito pouco do gov­erno estad­ual, que, aliás, con­soli­dou a fama de ser como “terra de cemitério”.

A quarta, é o inter­esse, políti­cos como Wev­er­ton Rocha e Oth­e­lino Neto, além de diver­sos dep­uta­dos fed­erais, sabem que na prefeitura gov­er­nada por Duarte Júnior, quem “darão as car­tas” serão o dep­utado Maran­hãoz­inho e o vice-​governador Car­los Brandão, dois que querem jus­ta­mente o que os dois primeiros alme­jam.

Para este políti­cos, ainda que não con­tem com a prefeitura a “seu favor”, bem mel­hor que ela não esteja, lit­eral­mente, con­tra.

Daí saberem não ser do inter­esse de ambos a eleição do pro­te­gido do gov­er­nador. Trata-​se de cál­culo político.

A quinta e última var­iável – ao menos que estou lem­brando –, é que a lid­er­ança do gov­er­nador é “emprestada”, vale dizer, depende de out­ros líderes.

Não con­heço ninguém, prefeitos, dep­uta­dos, vereadores, lid­er­anças, que ten­ham apreço por sua excelên­cia, a imagem que têm dele é a pior pos­sível, o estilo pro­fes­so­ral e arro­gante deses­tim­ula qual­quer aprox­i­mação.

Longe das câmeras e dos ouvi­dos indis­cre­tos, dizem hor­rores. Se o tol­eram é pela força dos Leões.

Lá na frente, já sem essa força, o atual gov­er­nador é que vai pre­cisar deles.

Quem parece ter uma leitura mel­hor do quadro político é o atual prefeito, Edi­valdo Holanda Júnior.

Muito emb­ora tenha feito quase que dois mandatos “pífios”, agora, na reta final, parece ter “acor­dado para Jesus”, para encer­rar o man­dado com diver­sas obras feitas ou anda­mento, deu a sorte de con­seguir que as obras de revi­tal­iza­ção ocor­resse no seu mandato, o que por si é algo extra­ordinário, bem avali­ado pelos eleitores e “na boa” com a classe política, por não ter se envolvido na dis­puta pela sucessão.

Achou que ninguém sabe nem em quem votou.

É ver­dade que ele sem­pre teve uma avali­ação mel­hor que da sua gestão, com as pes­soas ainda que críti­cas do seu gov­erno, preser­vando sua imagem pes­soal, tanto assim, que nem mesmo os escân­da­los ou notí­cias de cor­rupção, chegaram perto de arran­har sua imagem.

Já o gov­er­nador do estado, ao trazer a dis­puta para o campo pes­soal, tra­bal­hando, inclu­sive para torná-​la nacional, ten­tando dizer que a dis­puta é entre o can­didato dele e o can­didato de Bol­sonaro – muito emb­ora seja o seu can­didato o fil­i­ado ao par­tido do fil­hos de pres­i­dente e que o pres­i­dente apoiou foram os can­didatos deste par­tido em vários esta­dos –, pode até gan­har, é bem pos­sível que ganhe, pois como dizia meu pai “gov­erno é gov­erno”, mas, mesmo vitória, não o fará vito­rioso.

Se vier a vitória, será uma vitória de Pirro, sem qual­quer mérito, com o abu­sos diver­sos, que já estão sendo denun­ci­a­dos diari­a­mente, um retorno à velha política dos tem­pos dos coro­néis – e para os fins que já trata­mos acima.

Não existe mérito no que vem acon­te­cendo na atual quadra política, muito pelo con­trário.

Abdon Mar­inho é advogado.