AbdonMarinho - O ABRIGO DA DISCÓRDIA.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sexta-​feira, 22 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

O ABRIGO DA DISCÓRDIA.

O ABRIGO DA DISCÓRDIA.

Por Abdon Marinho.

A CAP­I­TAL do Maran­hão, São Luís, vive um momento de raro esplen­dor. Desde o final da década de oitenta, com a implan­tação do Pro­jeto Reviver, pelo saudoso gov­er­nador Epitá­cio Cafeteira, não víamos tan­tas obras de revi­tal­iza­ção do cen­tro histórico.

Já tratei deste assunto lá atrás, por ocasião da entrega do Com­plexo Deodoro, no texto de “Cafeteira a Kátia Bogéa”, elo­giando o que fora feito pelo então gov­er­nador Cafeteira, há mais de três décadas, e o que estava ocor­rendo no momento, com a revi­tal­iza­ção de diver­sos logradouros, primeiro, o com­plexo da praça Deodoro; depois Rua Grande; agora Praça João Lis­boa, Largo do Carmo, ruas do Sol, da Paz, Mer­cado das Tul­has e tan­tos out­ros logradouros impor­tantes his­tori­ca­mente para a cap­i­tal do estado e para a memória do nosso povo.

O atual alcaide à frente desta impor­tante revi­tal­iza­ção – sem deixar de recon­hecer o esforços de tan­tas out­ras pes­soas que muito fiz­eram, desde o gov­erno da ex-​presidente Dilma Rouss­eff, e talvez antes, para con­seguir os recur­sos para tais obras –, sai, assim como foi com Cafeteira, for­t­ale­cido e recon­hecido por todos os maran­henses que amam a nossa cap­i­tal e só querem o seu bem.

O prefeito Edvaldo Holanda Júnior – e tam­bém a cidade, e tam­bém o estado –, talvez por sua fé, tan­tas vezes demon­strada, rece­beu essa graça.

A graça de, na sua gestão, a nossa cap­i­tal rece­ber como pre­sentes estas obras de revi­tal­iza­ção.

O prefeito que já rece­beu essa benção pode­ria aproveitar e fazer o “serviço com­pleto”, devol­vendo à Praça João Lisboa/​Largo do Carmo seu aspecto orig­i­nal do começo do século pas­sado. Deter­mi­nando, como fez Cafeteira, que os espaços urbanos voltassem ao seu aspecto orig­i­nal, antes das “des­fig­u­rações” de que foram víti­mas por décadas de admin­is­trações descom­pro­meti­das.

Quando Cafeteira implan­tou o Pro­jeto Reviver, deter­mi­nou que fos­sem devolvi­das àque­les espaços, pré­dios e mon­u­men­tos históri­cos, as suas car­ac­terís­ti­cas orig­i­nais.

Para isso não mediu esforços, até tel­has man­dou impor­tar de out­ros lugares para que os pré­dios voltassem a ser o que eram.

Por isso mesmo o nome do pro­jeto: Reviver. Para que os espaços os pré­dios revivessem seus mel­hores tem­pos, seus tem­pos áureos.

No livro que lançou sobre o Pro­jeto Reviver con­sta uma relação com os nomes dos vários pesquisadores, his­to­ri­adores e profis­sion­ais diver­sas áreas que con­cor­reram com aquele inesquecível pro­jeto.

Hoje, como dito ante­ri­or­mente, revive­mos alguma coisa de semel­hante ao vivido há três décadas.

Em meio a esse momento de rara feli­ci­dade para a nossa cidade, para o nosso estado, o prefeito per­mite uma polêmica que não teria qual­quer razão de existir.

Falo da polêmica em torno do tris­te­mente famoso “abrigo da João Lis­boa”.

Há algu­mas sem­anas tenho acom­pan­hado, sobre­tudo, nas redes soci­ais, essa falsa polêmica.

Por que digo falsa polêmica?

Sim­ples­mente porque não have­ria qual­quer motivo para exi­s­tir a par­tir da con­cepção do pro­jeto de revi­tal­iza­ção do men­cionado logradouro.

Ora, qual é a ideia para revi­tal­iza­ção do “com­plexo” João Lis­boa? É devolvê-​lo ao seu aspecto orig­i­nal do começo do século pas­sado?

Caso seja essa a ideia, não há que se falar em manutenção do “abrigo”, passa o tra­tor e devolve a praça o aspecto que tinha naquele momento.

Se, ao con­trário disso, a ideia é só devolver o espaço as car­ac­terís­ti­cas dos anos cinquenta do século pas­sado, deixa-​se o abrigo, recupera-​se o mesmo.

Ao meu sen­tir, entre­tanto, filiando-​me à cor­rente dos his­to­ri­adores de “raiz”, não existe qual­quer sen­tido para per­der­mos a opor­tu­nidade de devolver­mos à cidade o aspecto que a mesma tinha no começo do século pas­sado.

Seria, na ver­dade, de impe­riosa importân­cia para o tur­ismo que fizésse­mos isso.

Qual a razão para per­der­mos tal opor­tu­nidade se já esta­mos fazendo a revi­tal­iza­ção da área?

O abrigo, com ape­nas 68 anos não faz parte daquele lugar.

A única ser­ven­tia que tem é servir de mic­tório para os cidadãos que vivem nas ruas, para abri­gar o comér­cio de dro­gas, favore­cer a vio­lên­cia e out­ras coisas mais que só depõe con­tra a cidade.

Até onde sabe­mos, todos os anti­gos tra­bal­hadores que ocu­pavam seus boxes já não estão por lá, todos retornaram aos seus bair­ros. E, se tivessem, nada impediria que fos­sem alo­ca­dos em um ou dois dos diver­sos pré­dios históri­cos do seu entorno.

Seria muito mel­hor, inclu­sive, finan­ceira­mente pois o Largo, com seu aspecto orig­i­nal do começo do século pas­sado, atrairia a fre­quên­cia de tur­is­tas e mesmo dos cidadãos locais.

Noutro giro, tam­bém, até onde sabe­mos, o “abrigo”, com seus mais sessenta anos, encontra-​se com a sua estru­tura com­ple­ta­mente com­pro­metida. Ou seja, a munic­i­pal­i­dade, caso faça a opção errada pela sua manutenção, terá que reconstruí-​lo. Incor­rendo no mesmo equívoco dos gestores dos anos cinquenta.

As dezenas de fotos que exam­inei nos últi­mos dias mostrando com­plexo João Lis­boa, antes e depois do “abrigo”, mostram clara­mente que o momento ante­rior é muito mais belo, muito mais aprazível.

O apelo que se faz ao prefeito – que, parece-​me, ser o único empecilho ao pro­jeto que revi­tal­iza a área de colocá-​la no mesmo pata­mar do Pro­jeto Reviver –, é que dê uma opor­tu­nidade ao bom senso.

Con­forme dito ante­ri­or­mente não faz qual­quer sen­tido, repito, não aproveitar essa opor­tu­nidade de devolver à cidade o seu aspecto orig­i­nal do começo do século pas­sado e ao invés disso fazer uma revi­tal­iza­ção “meia-​boca” e onerosa com a recon­strução do tal “abrigo”, que “não cabe” naquele logradouro, man­tendo as mes­mas maze­las que sem­pre se quis extir­par.

— Sen­hor prefeito, não perca essa opor­tu­nidade. Inclua o “com­plexo João Lis­boa” no nosso Pro­jeto Reviver. Não existe um motivo real para que não faça isso. Coloque seu nome na história da cidade.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

Comen­tários

0 #1 Pedro Guedêlha 16-​08-​2020 22:30
Cor­retís­simo, meu cardo arti­c­ulista!
Não há mais que se falar em manutenção do velho, inad­e­quado e desnecessário«abrigo» no meio da praça João Lis­boa.
Foi inde­v­i­da­mente con­struído.
Há anos que muitos lutam pela urgente demolição do sujo, feio etc ocu­pante do espaço público.
Que nos per­doem os com­er­ciantes que ali ainda têm pequenos comér­cios de lanche.
Que o Prefeito Edi­valdo não ter­gi­verse no bom tra­balho de Reviver do Largo do Carmo!
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