O MARANHÃO EM MOMENTO ÚNICO.
Por Abdon C. Marinho.
ENQUANTO lia, com desusado interesse, a coluna do ex-governador José Reinaldo Tavares, no Jornal Pequeno, da última terça-feira, 11 de outubro, onde tratava sobre as potencialidades do nordeste e, principalmente, do Maranhão, na geração de combustíveis sustentáveis, notadamente na produção de hidrogênio verde, o combustível do futuro, pensava no extraordinário momento que passa e sobre o futuro que aguarda o nosso estado.
A coluna do ex-governador nos informa que o atual governador, Carlos Brandão, que participou da reunião com cientistas e representantes de outros estados nordestinos ficou encantado com as perspectivas que se abrem para o estado nesse setor.
Anteriormente, um dia após a reeleição, em primeiro turno, o governador declarou ao Jornal Nacional, que um dos focos para o mandato a iniciar-se em primeiro de janeiro de 2023 é o investimento em educação.
Trata-se de uma notícia auspiciosa. É um imperativo para qualquer êxito da sua gestão, uma vez que a despeito de tudo que já foi feito até aqui – e é dever reconhecer que se investiu muito em educação nos últimos anos –, o Maranhão continua na “rabeira” da fila dos indicadores que medem conhecimento.
O estado, para poder aproveitar as grandes oportunidades que se apresentam para o futuro precisará de uma educação vigorosa que prepare os maranhenses para ocupar os empregos que surgirão em um futuro próximo.
Conforme trataremos em um texto específico, educação é investimento de longo prazo e que os insucessos presentes não são motivos para desistência, mas estímulos às novas abordagens e tecnologias educacionais. Mas, como dito, este é um assunto para tratarmos em separado.
Além do potencial do estado para a produção do hidrogênio verde – chamado assim por ser produzido a partir da eletrólise da água através de energia limpa –, uma vez que ainda possui água em abundância e tem extraordinário potencial para a produção de energia éolica e solar, temos ainda, o projeto da construção do Terminal Portuário de Alcântara — TPA, que servirá de escoadouro da produção vinda através de ferrovia e rodovia das regiões produtoras de grãos do sul do estado e da região centro oeste do país; a exploração comercial do Centro de Lançamento de Alcântara.
Do outro lado da baía de São Marcos, se impõe a necessidade de ampliação do Terminal Portuário do Itaqui para que receba a produção vinda de outras regiões do país, através da ferrovia do nordeste.
Um outro projeto que não podemos perder de vista – ou deixar se perder –, é o que cria a Zona de Exportação do Maranhão – ZEMA, conforme dito em alguns textos anteriores este, é um projeto que tem tudo para tirar o estado do atraso estrutural em que foi colocado ao longo das décadas.
É perfeitamente possível imaginarmos o Maranhão como um grande entreposto comercial mundial, com centenas de navios cargueiros dos dois lados da Baía de São Marcos trazendo e levando riquezas que serão usufruídas pelos maranhenses e por todos os brasileiros.
Por que não? Hong Kong conseguiu, Singapura conseguiu, tantos outros conseguiram.
Por que não conseguiríamos também com tantas condições favoráveis?
Não menos importante é a bancada do estado se mobilizar para tirar do papel a rodovia translitorânea, a BR 308, ligando por terra, pelo litoral norte, a capital do Maranhão a Belém, capital do Pará, acabando com a ideia de que aqui é o “fim do mundo”.
Tal rodovia implica na solução de um outro problema de mobilidade: a dependência única do sistema de ferry-boat.
A nova rodovia implicaria na construção de pontes ligando São Luís à baixada via Ilha dos Caranguejos, Cajapió.
Chegando a tal município ter-se-ia duas alternativas: o acesso para o litoral norte por Bacurituba, São Bento, Peri-Mirim e Bequimão – que já diminuiu muito a distância com a construção da ponte Bequimão/Central do Maranhão e o asfaltamento da MA/BR 308, no trecho –, e o acesso para os demais municípios da baixada via São João Batista, através do qual se chegará a São Vicente Ferrer, Olinda Nova, Matinha, Viana, Penalva, Cajari, etc.
Uma outra forma de melhorar a mobilidade no estado e colocarmos composições para o transporte de passageiros, aproveitando a estrada de ferro São Luís/Teresina, pelo menos de Bacabaira para capital, mas podendo ter um percurso ainda maior, quem sabe até Itapecuru-Mirim.
A ferrovia encontra-se subutilizada enquanto a BR 135 experimenta longos trechos de “engarrafamentos”, sobretudo, nos horários de pico.
São proposições que somadas a tantas outras, têm o condão de desenvolver o estado como um todo, de norte a sul, de leste a oeste, rompendo, repito, com o ciclo de atraso estrutural que sempre nos perseguiu.
O atual governo acertou em cheio quando criou uma Secretaria de Estado voltada para os projetos especiais e marcou um gol de placa quando entregou ao ex-governador José Reinaldo Tavares a missão de comandá-la.
Conforme venho dizendo há mais de uma década, o ex-governador é, dos políticos vivos do Maranhão, o que possui maior conhecimento e visão de conjunto para desenvolver o estado.
Isso é facilmente comprovado com a leitura dos seus textos publicados às terças-feiras no Jornal Pequeno.
Zé Reinaldo possui, como poucos, uma visão geral do estado e, a despeito de já ter cruzado a fronteira dos oitenta anos, possui uma mente maravilhosamente antenada com o futuro.
Essa é a razão de haver dito do título do texto que o Maranhão se encontra em um momento único.
Temos diversas potencialidades em plena gestação, um governador que declara-se comprometido com a educação e no comando da secretaria de projetos especiais uma pessoa extremamente preparada e visionária sobre conjunto de medidas que precisamos empreender para o estado ocupar seu verdadeiro lugar no cenário econômico nacional e mundial.
Claro que isso não acontece da noite para o dia; claro que precisaremos contar com recursos, investimentos, ampliação da secretaria de projetos especiais com novos técnicos que também possuam uma visão geral do estado; claro que precisaremos contar com o comprometimento da classe política local e dos representantes do estado no Congresso Nacional.
São todas variantes que precisam ser trabalhadas pelo governo que se instalará a partir de 2023. Faz-se necessário que tenhamos foco nas medidas macro de desenvolvimento.
Como disse anteriormente, vislumbro que estamos no caminho certo.
O Maranhão, dizia este que vos fala, há quase uma década, é, dos estados da federação, o que possui maior potencial de desenvolvimento econômico, dependendo do que façamos tal desenvolvimento chegará para nós, nossos filhos, netos ou para as gerações futuras, mas estou certo que virá.
O Maranhão encontra-se condenado ao desenvolvimento, se agora ou no futuro, depende de nós e do que faremos nos próximos meses.
Abdon C. Marinho é advogado.