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EXCELÊN­CIAS, AO TRABALHO!

EXCELÊN­CIAS, AO TRABALHO!

Meu pai cos­tu­mava dizer que cabeça vazia era ofic­ina do Diabo. Acho que estava acober­tado de razão. Só o ócio jus­ti­fica que os dep­uta­dos estad­u­ais e toda a classe política do Maran­hão se ocupe de uma dis­cussão tão inócua quanto essa em torno da sucessão da gov­er­nadora, caso venha a renunciar.

A primeira coisa que deve­mos nos per­gun­tar sobre o assunto é: Qual a neces­si­dade da gov­er­nadora renun­ciar fal­tando menos de um mês para o tér­mino do mandato? Nen­huma. Até onde se sabe, a gov­er­nadora, graças a Deus, esbanja saúde – ao menos foi assim que a vi nas ima­gens difun­di­das pelos veícu­los de comunicação.

Não faz nen­hum sen­tido que queira renun­ciar para não pas­sar a faixa ao gov­er­nador eleito. Vive­mos numa democ­ra­cia e o suces­sor foi ungido pela inques­tionável von­tade maio­ria dos eleitores do Maran­hão, logo, ela, como primeira servi­dora do povo e da democ­ra­cia, dev­e­ria quedar-​se à essa von­tade e hom­e­nagear a democ­ra­cia pas­sando, civ­i­lizada­mente, o gov­erno, ao sucessor.

A outra hipótese é que seria uma hom­e­nagem ao pres­i­dente da Assem­bléia. devo lem­brar que os nos­sos dias não com­por­tam mais essas hom­e­na­gens, que em último caso resvalará em algum tipo de despesa ao con­tribuinte. Esse tempo de priv­ilé­gios e abu­sos já pas­sou. Não é aceitável, nem do ponto de vista da legal­i­dade, nem da moralidade.

Não se dis­cute aqui se a gov­er­nadora pode ou não renun­ciar. A renún­cia é ato uni­lat­eral de von­tade. Entre­tanto não deixa de ser mesquinho que ocorra essa mudança sem uma moti­vação con­sis­tente. Servi­dores públi­cos devem sope­sar suas ações den­tro dos inter­esses maiores da cole­tivi­dade. Não tem sen­tido uma mudança vol­un­tária no comando do Estado do Maran­hão para aten­der meros capri­chos pessoais.

Se não tem razão legal ou moral para renún­cia da gov­er­nadora, menos razão existe para esse clima de con­spir­ação e debates que tomou conta da Assem­bleia Legislativa.

Vamos aos fatos. Vá que a gov­er­nadora renun­cie ao man­dado, con­forme alardeado. O pres­i­dente Assem­bleia assume o mandato interi­na­mente. Fal­tando menos de trinta dias não neces­si­dade de uma nova eleição ou que venha a ser investido dire­ta­mente no cargo de gov­er­nador em caráter defin­i­tivo, como propõe um dos pro­je­tos de emen­das à Con­sti­tu­ição. Perderem tempo com esse tipo de debate não é ape­nas risível é ver­gonhoso aos olhos da pop­u­lação, do Maran­hão e do Brasil.

No começo do ano, com a pos­si­bil­i­dade da gov­er­nadora renun­ciar para dis­putar um novo mandato ele­tivo, mudaram a Con­sti­tu­ição para colo­car que eleição indi­reta seria feita depois de trinta dias. Naquele momento dis­seram que era uma lacuna ina­ceitável. Agora falam nova­mente em mudar para per­mi­tir uma investidura direta ou uma eleição dez dias após a vacância.

Caso isso ocorra, o gov­er­nador eleito pelo par­la­mento ficará pouco mais de dez ou vinte dias. É de se per­gun­tar o que falta aos nos­sos par­la­mentares é o que fazer? Se estão acometi­dos por tanto ócio, se não tem nada acon­te­cendo no Maran­hão? Talvez não tenho sabido dos mil­hares de cadáveres, dos quais, quase mil, na região met­ro­pol­i­tana de São Luís que os per­mi­tam perder tempo com isso.

Não con­sigo enten­der que razão teria o pres­i­dente da Assem­bleia Leg­isla­tiva para renun­ciar ao mandato de dep­utado para ocu­par o gov­erno por menos de trinta dias, se pode­ria fazer isso e voltar para com­ple­tar seu mandato de dep­utado que ter­mina em 31 de janeiro de 2015. Vaidade em dizer que foi gov­er­nador? Almeja alguma pen­são com isso? Não creio. Ele mesmo já disse que não.

Pois bem, se o pres­i­dente da Assem­bleia Leg­isla­tiva não gan­hará, dire­ta­mente, nada com sua investidura defin­i­tiva no cargo de gov­er­nador, o mesmo não podemos dizer do seu suplente. Este, na hora que o tit­u­lar sair do mandato, dev­erá ser empos­sado para ficar trinta dias, durante o recesso, como dep­utado, por esse “tra­balho” fará jus a salários, verba ind­eniza­tória e out­ros pen­duri­cal­hos do cargo. Uma pequena conta a ser pen­durada na costa do contribuinte.

Não faz muito tempo, ainda esta­mos com as palavras na memória, ouvi­mos dezenas de can­didatos falarem que defend­e­riam os cidadãos, os inter­esses da sociedade. Den­tre eles, muitos que estão no mandato. O que fazem agora? Uma coisa este­jam cer­tos. Podem fazer tudo, menos defend­erem os inter­esses da sociedade. Essa guerra toda não deve está ocor­rendo sem alguma razão e esta, cer­ta­mente, está muito longe dos inter­esses dos cidadãos.

Ao povo do Maran­hão não inter­essa que a gov­er­nadora renun­cie ao seu mandato, prin­ci­pal­mente, que a renún­cia ocorra sem uma razão ou motivo a lhe jus­ti­ficar que não o capri­cho de ordem pes­soal. Ao povo do Maran­hão não inter­essa que a Assem­bleia gaste o tempo que pode­ria ser gasto com os temas que afligem a todos os maran­henses, com esse tipo de debate, tolo, inócuo e desprovido de razão.

Suas excelên­cias pre­cisam ouvir as ruas. Esta­mos cansa­dos de pagar fábu­las em salários e van­ta­gens para teste­munhamos esse tipo de bobagem. Suas excelên­cias pre­cisam se ocu­par dos inter­esses do Maran­hão e aos invés de seus próprios inter­esses. Suas excelên­cias foram eleitas para para tra­bal­harem a favor do povo e não para con­fab­u­lar con­tra o povo.

Pensem nisso!

Abdon Mar­inho é advogado.

A VIO­LÊN­CIA NÃO BATE NA PORTA, ARROMBA.

A VIO­LÊN­CIA NÃO BATE NA PORTA, ARROMBA.

A cidade foi des­per­tada no domingo, 9/​11, com a notí­cia do latrocínio que viti­mou o médico Luís Alfredo Guter­res, dire­tor no Hos­pi­tal do Câncer da capital.

Neste ano que finda, não foram pou­cas as vezes que tratei do tema vio­lên­cia. Todas elas aler­tando para o seu cresci­mento expo­nen­cial e a inefi­ciên­cia do Estado em combatê-​la, sobre­tudo, pela palpável ausên­cia de uma política de segu­rança sól­ida e exequível.

Segundo dados apu­ra­dos pelo Jor­nal Pequeno, o mês de out­ubro fechou com 850 assas­si­natos na região met­ro­pol­i­tana de São Luis, o primeiro final de sem­ana de novem­bro, se não me falha a memória, reg­istrou mais de uma dúzia de homicí­dios. O assas­si­nato do médico, junto com mais 23 homicí­dios, no fim de sem­ana, vêm robuste­cer as estatís­ti­cas que assom­bram todos os cidadãos de bem.

A medida que falta gov­erno sobram cadáveres nas ruas. A tragé­dia reg­istrada com o médico, soma-​se, aos demais 900 casos ocor­ri­dos esse ano (até aqui), só na região met­ro­pol­i­tana. A justa indig­nação que assis­ti­mos hoje é con­se­quên­cia dos anos de aco­modação que tive­mos em relação à vio­lên­cia sem­pre pre­sente e crescente.

Reg­istro – como já reg­istrei em out­ros tex­tos – que o número, ele­vado, de homicí­dios em 2002, há doze anos, foi de pouco mais de 200. Em doze anos, em que Brasil alcançou um ele­vado nível de desen­volvi­mento, em que se reduziu a mis­éria, em que a edu­cação e a saúde avançaram como nunca e que o desem­prego chegou a menos de 5% (tudo isso segundo o nosso gov­erno), a vio­lên­cia na região met­ro­pol­i­tana de São Luís, foi mul­ti­pli­cada por cinco, sinais da nosso riqueza, pon­dera a governadora.

Enquanto, não faz muito tempo, as pes­soas podiam sentar-​se às suas por­tas e con­ver­sar com os viz­in­hos, e os mais jovens, podiam ficar até altas horas, jogando con­versa fora com os cole­gas de patota, hoje esses pequenos praz­eres já não exis­tem mais na ilha que out­rora fora apel­i­dada de Ilha dos Amor. Os cidadãos de bem, pagadores de impos­tos, têm que chegar em casa ainda com a luz do dia e ficar de tocaia, pas­sando uma ou duas vezes na porta de casa, ver­i­f­i­cando se é seguro, para evi­tar a ação dos mar­gin­ais que ron­dam em busca de qual­quer descuido.

Durante a última cam­panha eleitoral uma peça pub­lic­itária – em que pese seu caráter pro­pa­gan­dista –, me chamou a atenção o com­er­cial onde uma sen­hora dizia que o seu desejo maior era poder abrir a janela. Parece algo tão sim­ples, tão básico: poder abrir a janela. Entre­tanto, ninguém mais pode abrir a janela ou porta de casa. Quando entramos ou saí­mos de nos­sas residên­cias esta­mos sobres­salta­dos, ten­sos, sem saber o que nos aguarda.

A vio­lên­cia na Ilha do Amor (que iro­nia dizer isso hoje), está de tal forma descon­tro­lada, que os repórteres poli­ci­ais, que fazem a cober­tura diária do assunto, dizem que nunca viram algo assim. Neste mesmo final de sem­ana em que cei­faram a vida do médico, mataram out­ras 23 pes­soas, só da noite de sexta-​feira a madru­gada de segunda-​feira. O repórter poli­cial, tarim­bado com a vio­lên­cia, disse nas ondas do rádio, que, em mais de vinte anos de tra­balho na área, nunca noti­ciou tamanha matança.

E, se não podemos man­ter uma porta ou janela aberta, com o justo receio de sofr­ermos qual­quer mal, deve­mos mantê-​las firme­mente fechadas. Os ban­di­dos já não respeitam os lares das pes­soas, estão invadindo as residên­cias e matando as pes­soas den­tro de casa. Den­tre os mor­tos deste último final de sem­ana, três (ao que me lem­bre), tiveram as casas inva­di­das e mor­reram den­tro das mes­mas. Isso me faz pen­sar que os ban­di­dos não con­hecem a expressão con­tida na Con­sti­tu­ição Fed­eral de que a residên­cia é o asilo invi­o­lável do cidadão. Aliás, da lei, só con­hecem os direitos.

O que dirão as autori­dades? Sem­pre que os fatos chocam a sociedade as autori­dades se reúnem, uns e out­ros, batem na mesa, e dizem que vão com­bater, com vigor, a crim­i­nal­i­dade. Parece um filme de “sessão da tarde”, de tão repet­i­tivo e sur­rado, o dis­curso. Sabem o que acon­tece depois? Nada. Se hou­vesse a resposta vig­orosa que prom­e­tem todas as vezes, as coisas não estariam assim, não viveríamos essa \«roleta russa”, sem descon­fi­ar­mos que será a próx­ima vítima. Quan­tas vezes as autori­dades estad­u­ais não se reuni­ram para prom­e­ter segu­rança só esse ano? Inúmeras vezes. Resul­tado prático, nen­hum, pelo con­trário, a matança, esse ano, pas­sará dos qua­tro dígi­tos na região met­ro­pol­i­tana, não só acertare­mos, mas pas­sare­mos a casa do milhar.

A ação integrada envol­vendo o Poder Exec­u­tivo (polí­cia e sis­tema pen­i­ten­ciário), MPE e Poder Judi­ciário, não tem ido muito além das boas intenções. De certo mesmo, temos que dos 24 homicí­dios ocor­ri­dos no fim de sem­ana, só para ficar no exem­plo mais recente, a grande maio­ria ficará nas estatís­ti­cas de crimes sem solução; os crim­i­nosos pre­sos não esquen­tarão os ban­cos da cadeia e os menores não sofr­erão qual­quer punição pelos seus atos. Punição mesmo, só para as vítimas.

Não adi­anta, sem uma política de segu­rança, só nos restará con­tar os mor­tos de todos os dias, sem­anas e meses, sem uma efe­tiva inte­gração dos órgãos estatais, com polí­cia inteligente, oper­a­tiva e que solu­cione os crimes, com o Min­istério Público célere nas denún­cias e no acom­pan­hamento dos casos, e com o Poder Judi­ciário não deixando proces­sos esque­ci­dos, não ire­mos muito longe. Os órgãos, o poder público, têm que fun­cionar de forma efi­ciente e integrada, sem isso os ban­di­dos sem­pre estarão um passo à frente, con­fi­antes que sairão impunes, que que con­seguirão sair logo da cadeia ou que rece­berá tan­tos bene­fí­cios da lei que seu delito terá valido a pena. E será ver­dade. As van­ta­gens para os crim­i­nosos são tan­tas, que, para eles (que nada têm a perder), o crime compensa.

Abdon Mar­inho é advogado.

EU ACRED­ITO EM SONHOS.

EU ACRED­ITO EM SONHOS.

Se existe algo da qual me orgulho, é ter nascido e vivido boa parte da vida em um tempo menos veloz, menos, dig­amos, acel­er­ado. Um período, em que podíamos nos dedicar, sem cul­pas, à con­tem­plação da vida, da natureza, dos pequenos praz­eres, den­tre os quais, o prazer do ócio, do nada fazer, além de refle­tir, além de pen­sar na nossa razão de ser.

Algu­mas vezes alguém per­gun­tava: – O que estás fazendo? Respon­dia: – Nada, só pen­sando na vida (vez ou outra com­ple­tava, \«enquanto a morte está parida”); ou, estou lendo, um livro, uma revista, uma coletânea de poe­sia; ou, estou vindo música, viste o último LP do Roberto? Vistes aquela banda nova, RPM?

Uma vida sem tanta pressa.

Houve um tempo – nem tão dis­tante assim – que tín­hamos son­hos e não ambições pes­soais. Son­há­va­mos com um mundo mel­hor para toda humanidade e não com nosso próprio sucesso finan­ceiro ou fama. Quando muito, imag­iná­va­mos que podíamos ser um astro­nauta, um via­jante do espaço, um ben­feitor da humanidade como Vital Brasil ou Oswaldo Cruz, um inven­tor como San­tos Dumont, um escritor como Érico Verís­simo, Josué Mon­tello ou Jorge Amado, um poeta como Olavo Bilac, Mário Quin­tana ou Car­los Drum­mond de Andrade…

Nos fins de tardes, nas noites ou madru­gadas, falá­va­mos de história, geografia, política nacional e inter­na­cional; dis­cutíamos os aspec­tos da filosofia, da psi­colo­gia e da ecologia.

Eram tem­pos em podíamos ter relações mais inten­sas e menos intencionais.

Quando dizíamos fulano é meu amigo era porque em suas mãos poderíamos deposi­tar a nossa vida sem nada temer; podíamos com­par­til­har as inqui­etações mais pro­fun­das, as dúvi­das mais insondáveis.

Eram tem­pos, em que as amizades duravam bem mais que uma, duas, três ou qua­tro estações.

Ao escr­ever esse texto, faço esse breve ret­ro­specto, não como uma ode ao saudo­sismo, uma nos­tal­gia de tem­pos que não voltam. Faço-​o, ape­nas, para dizer que aquilo que me pro­ponho no título: Eu acred­ito em sonhos.

O mundo hoje roda em tal veloci­dade que ninguém mais tempo tempo para refle­tir ou con­tem­plar nada. Recebem uma infor­mação e não sabem o que fazer com ela. Dizem que se infor­mam, mas não pas­sam muito tempo e se per­gun­tam: “Onde foi mesmo que vi ou ouvi isso?” ou ficam encuba­dos: Acho que já ouvi/​vi isso em algum lugar\».

Numa com­para­ção tec­nológ­ica, as infor­mações (e não o con­hec­i­mento), ficam armazenadas na memória RAM e não no HD.

Querem uma prati­ci­dade de vida que beira a paranóia e à própria ausên­cia de vida.

As pes­soas têm tanta presa em acu­mu­lar for­tu­nas em viver o maior números emoções e sen­sações que chego a duvi­dar que, efe­ti­va­mente, vivam algo.

Será que viver é se entor­pecer todos os dias (todas as sem­anas) de álcool, dro­gas ou sexo fácil? Será que é com­prar todas as mar­cas de sucesso – ainda que devam o que não tem –, ape­nas para apare­cer bem na tribo? Será que é se pros­ti­tuir para fre­quen­tar todas as bal­adas da moda? Será que é essa busca alu­ci­nante por din­heiro ou fama sem se impor­tar com o próprio nome ou amor próprio?

Por vezes, fico com a impressão que vive­mos em mundo de zumbis. Um mundo em que as pes­soas não pen­sam mais na razão de seus atos, ape­nas seguem o roteiro pre­vi­a­mente definido por uma sociedade que desis­tiu de ideais, que val­oriza o TER e não o SER. Um mundo onde as relações, até as mais próx­i­mas, ati­tudes até mais pes­soais, são ditadas ape­nas por inter­esses e não por sen­ti­men­tos. Um mundo onde as pes­soas não relu­tam em destruir um “amigo\» ou alguém próx­imo, se isso lhe rep­re­sen­tar algum ganho.

Vejam que não são inter­esses nobres, são inter­esses cal­ca­dos no tripé: Sucesso, Fama, For­tuna. Um tripé que me faz temer pelo futuro da humanidade.

Con­fesso lamen­tar pelas pes­soas exces­si­va­mente práti­cas, que se orgul­ham de um racional­ismo fanático, que tril­ham um cam­inho de forma tão obsti­nada pelo que acred­ita ser a razão da vida que acabam por esque­cerem de viver.

Lamento pelos que nunca choraram ouvindo uma música ou lendo um livro de con­tos ou de poesias;

Lamento pelos nunca sen­ti­ram a emoção da sol­i­dariedade ao próximo;

Lamento pelos que perderam a capaci­dade de amar ou de sofrer uma perda;

Lamento pelos que nunca son­haram um sonho cole­tivo ou que se perderam na ânsia do sucesso indi­vid­ual, da fama efêmera ou do din­heiro fácil.

Lamento pelos não param para pen­sar, refle­tir sobre a vida ou para con­tem­plar o que temos de mais belo na natureza ou nos seres humanos, mas seguem, como autô­matos, rumo àquilo que acred­i­tam ser um objetivo;

Descon­fio daque­les que não pos­suem ideais e sim metas e que estas não sejam con­se­quên­cias lóg­i­cas ou nat­u­rais daqueles;

Descon­fio daque­les que não con­seguem e não vêm sen­tido em ler um bom livro e emocionar-​se com ele;

Descon­fio daque­les que perderam a capaci­dade de son­har com um mundo mel­hor; son­har e praticar gestos grandiosos em favor do próx­imo, e ten­ham, na sat­is­fação do irmão e com­pan­heiro, a sua própria sat­is­fação e engrandecimento.

Há muito tempo – muito tempo mesmo – li que somos a medida dos nos­sos son­hos. Me per­gunto, como é pos­sível viver­mos em um mundo em que as pes­soas perderam essa capaci­dade? Como é pos­sível viver sem son­hos? Sem ideais?

Viver sem emoção, sem sen­ti­men­tos, decerto que não é, efe­ti­va­mente, viver.

Vejo a tudo isso e reafirmo: Não con­sigo viver sem acred­i­tar que somos maiores que a super­fí­cie mostra, pois somos tudo aquilo que podemos e ousamos sonhar.

Eu acred­ito em sonhos.

Abdon Mar­inho é advogado.