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BRASIL: UMA NAÇÃO DE COVARDES.

Escrito por Abdon Mar­inho

BRASIL: UMA NAÇÃO DE COVARDES.
Certa feita estava no Tri­bunal Regional Eleitoral – ocu­pando a mesma cadeira que cos­tumo ocu­par quando par­ticipo das sessões daquela corte e que os mais gaiatos cos­tu­mam chamar de a cadeira do decano –, por ocasião dos debates em torno do ref­er­endo que iria decidir sobre a com­er­cial­iza­ção de armas de fogo no Brasil, cor­ria o ano de 2005, quando sou abor­dado pelo jor­nal­ista Décio Sá com uma per­gunta provo­cadora: – Abdon, o que achas da pro­posta de lim­i­tar a venda de armas no Brasil? Respondi-​lhe de pronto: – Décio, mel­hor seria que o gov­erno usasse esse din­heiro ensi­nando o povo a usar armas ao invés de desar­mar a pop­u­lação. Ele arrema­tou: – daqui a pouco vou det­onar no blogue. Até hoje não sei se pub­li­cou ou não essa con­versa.
Quem ver, pensa que sou favorável à vio­lên­cia, a lei do mais forte, que as pes­soas resolvam seus lití­gios com base na Lei de Tal­ião. Não sou. Muito pelo con­trário, sou inca­paz de fazer mal a um inseto, defendo o diál­ogo como forma de solução de todos os con­fli­tos.
Só que isso não quer dizer que descon­heça a real­i­dade do Brasil. Fui con­tra as pro­postas do gov­erno brasileiro desar­mar a pop­u­lação, votei con­tra a restrição de venda de armas e munições no país.
A expli­cação para esse posi­ciona­mento é muito sim­ples: sem­pre soube que o cidadão de bem aten­de­ria aos ape­los do gov­erno para entre­gar suas armas mas o mesmo não acon­te­ceria com os ban­di­dos. Resul­tado: os cidadãos de bem estão acua­dos den­tro de casa, sobres­salta­dos nas ruas, enquanto os ban­di­dos estão todos lépi­dos e fagueiros, come­tendo toda a sorte de desatino.
Não resta dúvida que por vias trans­ver­sas, a política gov­er­na­men­tal de desamar os cidadãos, prestou um serviço aos ban­di­dos pois diminuiu o risco que tin­ham ao invadir qual­quer casa.
Antiga­mente se inva­diam tin­ham receio de pen­sar que o pro­pri­etário estaria ou não armado, se era uma oper­ação de risco ou não. Claro, somos sabedores que na larga maio­ria das vezes o ban­dido conta com o fator sur­presa na ativi­dade crim­i­nosa e que o fato do cidadão está armado traria um risco adi­cional à sua vida. Acon­tece que isso não mudou, com difer­ença que o risco agora é só para cidadão de bem. O ban­dido entra na casa do cidadão sem o temor de qual­quer reação.
Por outro lado, para o Estado qual­quer cidadão que tenha um arma man­tida em casa para a sua defesa ou de sua família é tido por fora da lei.
Quando na época dizia ser um tolice o Estado desar­mar a pop­u­lação defendia o dire­ito do cidadão se defender de uma ameaça real que rep­re­senta a crim­i­nal­i­dade no país.
Desde que foram feitas as cam­pan­has de desar­ma­mento e se aumen­tou a restrição à posse e porte armas não tenho noti­cia de redução no número de homicí­dios, pelo con­trário, a cada ano só aumenta. São mais de 55 mil homicí­dios todos os anos. Estes são números de guerra. E não é toda guerra que se mata tanto em um ano.
Ape­nas para efeito de com­para­ção nos EUA, com uma pop­u­lação uma vez e meia a do Brasil, o numero de homicí­dios não chegam a 15 mil. Um país onde o porte e a posse de armas são prati­ca­mente lib­er­a­dos à pop­u­lação e que con­sta na própria con­sti­tu­ição o dire­ito de autode­fesa. São crit­i­ca­dos por isso e por pos­suir a maior pop­u­lação carcerária do mundo. Ora, é prefer­ível pos­suir a maior numero de pre­sos que de cidadãos assas­si­na­dos.
No Brasil acon­te­ceu o que qual­quer pes­soa de bom senso sabia que iria acon­te­cer: o gov­erno desar­mou a pop­u­lação, man­teve os ban­di­dos arma­dos, as fron­teiras do país pare­cendo um queijo Suíço por onde se entra armas por terra, mar e ar. Enten­dam: quando o gov­erno nos pediu que entregásse­mos as armas, prometeu-​nos uma diminuição na vio­lên­cia só ele (gov­erno) não cumpriu a sua parte: não desar­mou os mar­gin­ais, não vigiou as fron­teiras, não con­trolou o trá­fico de dro­gas.
Não bas­tasse isso, as leis brasileiras são absur­da­mente favoráveis a crim­i­nal­i­dade, fazendo com que os crim­i­nosos na soma dos pós e con­tras, fique com a certeza que o crime com­pensa.
O Brasil, aos poucos e a cada dia que passa, tem se tor­nado uma nação de covardes, onde os cidadãos não são edu­ca­dos ou prepara­dos pare exercer o mais sagra­dos dos dire­itos: o de defender a própria vida. Esta­mos preparando cidadãos sem honra, tendo que assi­s­tir seus lares serem inva­di­dos, suas esposas ou fil­has serem estupradas e mor­tas, sem que pos­sam ao menos levar con­sigo a certeza que ten­taram defendê-​las. O Estado, além de não nos preparar para rea­gir, faz é repe­tir como um mantra: não reaja, assista cal­ado. Se o ban­dido é um menor de 18 anos e você lhe fizer alguma coisa, de vítima você vira réu, na maio­ria das vezes.
Agora se dis­cute a redução da maior­i­dade penal de 18 para 16 anos. Acho que não vai resolver muita coisa. Não que não seja favorável que se reduza. Sou favorável, só acho que a redução dev­e­ria se dar pela natureza do delito, alcançando a todos os maiores de 12 anos, com capaci­dade de dis­cern­i­mento. Num mundo onde todos têm acesso a infor­mações, acho que não serve, nem como piada, se dizer que alguém menor de 18 anos não tem con­sciên­cia que errado matar alguém, estuprar.
Fiquem cer­tos que sou con­tra o encar­ce­ra­mento de menores. Acon­tece que sou ainda mais con­tra ainda que eles matem, estuprem, façam o que quis­erem e sim­ples­mente não lhes acon­teçam nada, nen­huma medida que os façam com­preen­der que seus atos têm con­se­quên­cias.
Tenho visto pes­soas respeitáveis diz­erem que a redução da maior­i­dade penal não resolve. Não se trata de resolver ou não. A questão fazer com que esses temam a mão do Estado, colo­car um freio na des­or­dem. A grande maio­ria de del­e­ga­dos, pro­mo­tores que lidam com a questão do menor infrator, sabem disso, sabem que os menores gozam da lei na certeza da impunidade.
Entendo não ser com­preen­sível é dizer para um pai, uma mãe ou irmão que ele nunca mais verá seu ente querido e que aquela pes­soa que tirou a vida vai seguir sua vida como se nada tivesse feito. E mais. que eles não podem fazer nada em relação a isso, sequer divul­gar o nome do mata­dor (no caso do menor) pois isso con­sti­tui infração. Isso não pode está certo.
No que­sito segu­rança pública, o Brasil admin­is­tra a receita do caos. Não tem como a situ­ação em vive­mos fun­cionar. Vejamos: o Estado não nos garante segu­rança, a pop­u­lação não pode se defender, as armas e dro­gas estão acessíveis aos crim­i­nosos, nossa leg­is­lação penal é um con­vite para crime, prin­ci­pal­mente aos menores de idade, temos um sis­tema carcerário falido, sem vagas, salu­bri­dade, que garanta o cumpri­mento das penas. Não tem como isso dar certo.
Outro mal que acomete o país é a cul­tura do ser \\\\\\\«bonz­inho\\\\\\\». Não faz muito tempo um min­istro do Supremo Tri­bunal Fed­eral dizer que a prisão não educa. Disse isso como se quisesse dizer o seguinte: – olha como a cadeia não educa, vamos deixar todos os ban­di­dos soltos.
A colo­cação, como tan­tas out­ras, são sofis­mas, a pena não tem caráter ape­nas educa­tivo, tem tam­bém o caráter coerci­tivo, tem o caráter repres­sivo. Serve para fazer com­preen­der que a cada ação cor­re­sponde a uma reação por parte da autori­dade. Serve tam­bém para evi­tar a vin­gança pri­vada. A impunidade é a pior solução.
Dizer, sim­ples­mente, não resolve, deixa como está, é levar o país à inse­gu­rança extrema, colo­car os cidadãos de bem, que sus­ten­tam a nação, na condição de escravos do Estado sem lhes per­mi­tir, sequer, o justo dire­ito de rebelar-​se.
Abdon Mar­inho é advogado.

O MILA­GRE DA MUL­TI­PLI­CAÇÃO DOS PEIXES, DAS CES­TAS, DOS OVOS

Escrito por Abdon Mar­inho

O MILA­GRE DA MUL­TI­PLI­CAÇÃO DOS PEIXES, DAS CES­TAS, DOS OVOS
Numa situ­ação só imag­i­nada por gênios como Albert Ein­stein, ocor­reu uma fusão do espaço e tempo para per­mi­tir que o mila­gre da mul­ti­pli­cação dos peixes se operasse no Maran­hão.
Pois é, dis­tante quase 10 mil quilômet­ros da Terra Santa (hoje Israel) e com mais de dois mil anos de difer­ença tem­po­ral, o Maran­hão exper­i­men­tou a a mul­ti­pli­cação dos peixes. Não só dos peixes, tive­mos tam­bém, ces­tas bási­cas, ovos de Pás­coa e diver­sos out­ros mimos. Aleluia, aleluia, aleluia.
Por esses dias can­sei de ver nos blogues, em out­ros veícu­los e comu­ni­cação e, prin­ci­pal­mente, na redes soci­ais, uma pro­fusão de políti­cos dis­tribuindo peixes, ces­tas e ovos de Pás­coa a pop­u­lação, sobre­tudo àque­las dos bair­ros mais pop­u­lares. Reg­istro que não sou con­tra nen­hum ato de gen­erosi­dade, por parte de quem que seja, acho até lou­vável, eu mesmo, no Natal, cos­tumo dis­tribuir ces­tas bási­cas e brin­que­dos no bairro onde moro. O que estranho é ver alguns políti­cos fazendo isso. O que os movem? A sol­i­dariedade? Sem­pre fiz­eram isso? Por que a opção em faz­erem essa dis­tribuição em municí­pios, onde, aqui e ali, insin­uam, os meios de comu­ni­cação, pre­ten­dem dis­putar eleições? Que gen­erosi­dade sele­tiva é essa?
Ora, a maio­ria dos que vi prat­i­cando a “sol­i­dariedade”, dis­tribuindo peixes, por exem­plo, decerto que pouco fre­quen­tam a coz­inha de suas próprias casas, segu­rar um peixe nas mãos e se ine­briar em seu cheiro, é coisa que passa longe, inclu­sive, de seus pen­sa­men­tos. E ali estavam todos, de vereador a senador da República par­tic­i­pando da dis­tribuição de peixes, out­ros dis­tribuindo ces­tas bási­cas, out­ros mais, dis­tribuindo ovos de Pás­coa. Todos movi­dos pela sol­i­dariedade cristã de par­til­har.
Um dito bem pop­u­lar assev­era: “quando a esmola é grande o cego descon­fia”. Se o cego descon­fia do excesso de esmola, a Justiça Eleitoral e o Min­istério Público Eleitoral pas­sam longe de imag­i­nar que parcela destes gen­erosos políti­cos que fazem cari­dade em locais bem especí­fi­cos, estão de fato, bus­cando agradar os mais humildes e vul­neráveis com propósi­tos eleitorais.
Outro dia falei aqui do dep­utado estad­ual e de um pré-​candidato a prefeito – a matéria jor­nalís­tica com todas as letras que o cidadão estava lá na condição de pré-​candidato a prefeito – estarem dis­tribuindo água através de carro-​pipa em um povoado de Codó. Como vemos as pes­soas con­tin­uam, como no começo do século pas­sado, a fazer política com a manutenção de “cur­rais eleitorais”, agora sob o dis­farce de sus­peitas ações gen­erosas.
Em Cor­in­tios há o ensi­na­mento: \«II Cor 9:7. Cada um con­tribua segundo propôs no seu coração; não com tris­teza, ou por neces­si­dade; porque Deus ama ao que dá com alegria.\»

A IGUAL­DADE É VERMELHA?

Escrito por Abdon Mar­inho

A IGUAL­DADE É VER­MELHA?
Ado­les­cente travei con­tato com a obra do polonês Krzysztof Kieślowski (Não se pre­ocu­pem, tam­bém nunca aprendi a pro­nun­ciar. Rsrs.)(Varsóvia, 27 de junho de 1941 — Varsóvia, 13 de março de 1996). Den­tre tan­tas detive-​me na Trilo­gia das Cores (A liber­dade é azul, A Igual­dade é Branca e A Frater­nidade é Ver­melha). Não sei a razão que fez lem­brar essa trilo­gia, ape­nas um pal­pite.
As últi­mas notí­cias da polícia/​política dão conta da seguinte situ­ação: uma gangue apoderou-​se do poder estatal para repas­sar din­heiro a par­tidos políti­cos e aos seus líderes. O par­tido do gov­erno, prin­ci­pal envolvido no esquema, segundo depoi­men­tos usou o poder para sub­verter toda sua história. Um dos empresários, em curso de delação pre­mi­ada, entre­gou à justiça reci­bos que com­pro­vam a doação de propinas como se fos­sem ver­bas legí­ti­mas. Esse fato nos remete a outra situ­ação: o par­tido alega reit­er­ada­mente que as doações rece­bidas ocor­reram den­tro da lei e que suas con­tas foram aprovadas pela justiça eleitoral.
Temos empresários afirmando-​se víti­mas de achaques e con­fes­sando que a doação é fruto de propina, din­heiro sujo que sub­traído de obras públi­cas acabaram por ali­men­tar con­tas de cor­rup­tos e do par­tido através de doações faju­tas. Noutra ponta temos o par­tido afir­mando que suas con­tas foram aprovadas pela justiça.
A con­clusão desta equação me parece óbvia: o par­tido usou a instân­cia judi­ciária, no caso o TSE (Tri­bunal Supe­rior Eleitoral), para \\\\\\\«lavar\\\\\\\» o din­heiro sujo. Será que alguém tem notí­cia de maior ousa­dia?
Entre os argu­men­tos usado pelo Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, diante da avalanche de denún­cias, um me chamou mais a atenção: aquele que diz que ape­nas agem agora como todos os demais agi­ram no pas­sado. Não deixa de ser curiosa essa busca pela igual­dade extem­porânea.
Desde a sua origem o par­tido dizia ser difer­ente de tudo que estava ai, não se mis­tu­raria, nem abdi­caria da ética, da hon­esti­dade, do zelo com din­heiro público. Cri­ariam um jeito próprio de gov­ernar.
Se seus mil­i­tantes e lid­er­anças par­tic­i­param ati­va­mente da cam­panha pelas dire­tas em 1984, não tendo a emenda pas­sado (fal­taram 22 votos), colocaram-​se frontal­mente con­trários à par­tic­i­par da eleição de Tan­credo Neves que dis­putava con­tra Paulo Maluf no Colé­gio Eleitoral, pondo fim ao cír­culo mil­i­tar.
O argu­mento: não iriam legit­i­mar um instru­mento da ditadura.
Eleito Tan­credo Neves, com sua morte antes da posse, assumiu a presidên­cia o vice, José Sar­ney, a quem o par­tido fez oposição desde o começo. Tin­ham que man­ter a pureza do dis­curso. Em tem­pos de democ­ra­cia em con­sol­i­dação, orga­ni­zavam man­i­fes­tações con­tra o gov­erno. O líder máx­imo do par­tido, Sr. Lula, referia-​se ao pres­i­dente Sar­ney como o maior ladrão do Brasil, inclu­sive, em comí­cios.
O mesmo Sr. Lula, eleito em 1986, para o Con­gresso Nacional Con­sti­tu­inte, cun­hou a frase de que lá havia ao menos uns 300 picare­tas. Não duvido que estivesse com razão, nem nisso nem crit­i­cas ao gov­erno Sar­ney. Estranho foi ver Sar­ney e Lula fazendo juras de amor eterno vinte anos depois; ver o Sr. Sar­ney se tornar irmão de alma do líder petista, con­sel­heiro dos seus gov­erno e de sua suces­sora a ponto de, não sendo deten­tor de cargo algum na República, ocu­par posição de honra em poses e solenidades. Logo ele para qual, tan­tas vezes, foram feitas man­i­fes­tações de “Fora Sar­ney”.
O Con­gresso Nacional Con­sti­tu­inte empos­sado em 1987, em out­ubro de 1988, apre­sen­tou seu resul­tado: a Con­sti­tu­ição, apel­i­dada por Ulysses de Guimarães, Con­sti­tu­ição Cidadã. Em que pese os dep­uta­dos fil­i­a­dos ao Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, terem dado con­tribuições sig­ni­fica­tiva ao novel estatuto do Brasil, emb­ora criando inúmeras picuin­has durante todo processo, decidi­ram não assi­nar a Con­sti­tu­ição. Enten­deram que não rep­re­sen­tava o seu pen­sa­mento para o país, \\\\\\\«muito atrasada”, “dire­itista”, sín­tese do pen­sa­mento bur­guês. Em resumo: eram difer­entes, que­riam algo “mel­hor\\\\\\\».
O ano de 1989 foi espe­cial, pela primeira vez iríamos eleger um pres­i­dente da República dire­ta­mente. Den­tre os can­didatos, pes­soas com a história de Ulysses Guimarães, Mário Covas, Leonel Brizola. O povo brasileiro escol­heu para dis­putar o segundo turno os can­didatos Sr. Lula, líder do Par­tido dos Tra­bal­hadores e o obscuro ex-​governador de Alagoas Fer­nando Col­lor de Mello. Ven­cendo o segundo, como é do con­hec­i­mento de todos.
Remem­oro esse fato para reg­is­trar que o Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, que pre­tendia diri­gir o país, recu­sou o apoio de pes­soas como Ulysses Guimarães, dizia que não que­ria se mis­tu­rar.
O gov­erno Col­lor começou a cair no dia da posse, em março de 1990. Basta dizer que a primeira medida do novo gov­erno foi o con­fisco da poupança dos brasileiros. Mas não caiu por isso e sim pelos negó­cios escu­sos, cor­rupção. Claro que se olhar­mos com a per­spec­tiva dos atos de cor­rupção prat­i­ca­dos na atu­al­i­dade, Col­lor não pas­sou de um inocente trom­bad­inha com o seu tesoureiro de cam­panha PC Farias no papel de ladrão de gal­in­has. Além da mobi­liza­ção da sociedade pelo impeach­ment de Col­lor, dos movi­men­tos soci­ais, estu­dantes, destacou-​se na cam­panha o Par­tido dos Tra­bal­hadores, um dos primeiros a par­tic­i­par do movi­mento “Fora Col­lor”.
Vendo os fatos daque­les anos (1991÷1992), com os olhos de hoje, imag­ino o quanto foi traumático para a nossa democ­ra­cia: o primeiro pres­i­dente eleito pelo povo foi o primeiro a sofrer processo de impeach­ment.
O gov­erno Ita­mar Franco tinha a enorme respon­s­abil­i­dade de não tran­si­gir e de bus­car forças políti­cas que garan­tis­sem a nor­mal­i­dade democrática. Bus­cou a todos. O PT não quis par­tic­i­par, pelo con­trário, como no gov­erno ante­rior, fez-​lhe cer­rada oposição, denun­ciou min­istros (que difer­ente de agora, foram afas­ta­dos até que provassem suas inocên­cia), colocou-​se con­tra o Plano Real, dizia que era mais um plano con­de­nado ao fra­casso. Estavam erra­dos, e, prin­ci­pal­mente, graças ao Plano Real, FHC elegeu-​se duas vezes pres­i­dente da República con­tra o Sr. Lula, can­didato do Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT.
Como não pode­ria ser difer­ente, o PT fez oposição sem trégua aos gov­er­nos FHC, acusando-​os de tudo, cor­rupto, neolib­eral, entreguista, etc. Acho que os ade­sivos “Fora FHC”, sur­gi­ram ainda no primeiro gov­erno.
Após uma existên­cia inteira apon­tando os peca­dos dos out­ros, o Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, através do Sr. Lula con­quista o poder nas eleições de 2002, começando a gov­ernar em 2003. Não é seg­redo que para con­quis­tar a vitória, compromete-​se a man­ter as mes­mas políti­cas do gov­erno ante­rior. A mesma tan­tas vezes satanizadas, para eles uma leve con­cessão.
Ape­sar de man­tida as lin­has mes­tras da política econômica o par­tido tra­tou de implan­tar seu pro­jeto político e de poder para o país. Assim, temos, já a par­tir de 2003/​04, segundo o Sr. Pedro Bar­usco, que ameal­hou pelo menos US$ 97 mil­hões de dólares em propina e que era o sub do sub do Sr. Duque, homem do par­tido den­tro da Petro­bras, dizendo com todas as letras que neste período, entre 2003 e 2004, que a cor­rupção foi insti­tu­cional­izada den­tro da empresa.
Em out­ras palavras, tudo que qual­quer empre­it­eira, fizesse tinha que con­tribuir com o par­tido do pres­i­dente e mais alguns par­tidos da base ali­ada. A mesma prática – isso já foi con­fes­sado por quem par­ticipou do esquema – se esten­deu por todos os demais órgãos, min­istérios. Isso sem con­tar­mos os emprés­ti­mos gen­erosos do BNDES que ninguém quer mexer ou os fun­dos de pen­são dos tra­bal­hadores das estatais, cujo o patrimônio foi dilap­i­dado e querem que a sociedade brasileira pague por isso.
Lem­bro que em 2005, logo que ficou patente o envolvi­mento do par­tido no esquema apel­i­dado de Men­salão, muitos par­la­mentares e fil­i­a­dos do par­tido deixaram a leg­enda. Out­ros, mais cíni­cos – e digo isso por que ouvi da boca de alguns –, enten­deram que para fazer sua “rev­olução\\\\\\\» teriam que fazer uso das armas dos adver­sários. É isso que muitos dizem cini­ca­mente ainda hoje, que todos que chegam ao poder têm que fazer isso, tem que roubar o din­heiro público, têm que enricar suas lid­er­anças e seus apanigua­dos, pois estes darão sus­ten­tação ao pro­jeto rev­olu­cionário. Por isso que o Sr, Dirceu, o maior con­sul­tou da história da humanidade, capaz de fat­u­rar com suas con­sul­to­rias, até atrás das grades, é o herói do povo brasileiro, para eles; o Sr. Lulinha, que era empre­gado de um zoológico, se torna um empresário de sucesso e a ver­são dada pelo Sr. Lula, seu pai, para tanto tal­ento, surgido da noite para dia, mais pre­cisa­mente, depois da noite que o pai virara pres­i­dente, de que o rapaz é um “Ronald­inho\\\\\\\» dos negó­cios é aceita como um dogma de fé. E por aí vai. Estão quase todos ricos, mil­ionários. A cada oper­ação da Polí­cia Fed­eral se desco­bre o envolvi­mento direto ou indi­reto dos que juraram gov­ernar o Brasil de maneira difer­ente, ética, com zelo.
Os campeões da ética e da pureza usaram o poder para enrique­cer.
Ape­sar disso, com doze anos de mandato o Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT, seus diri­gentes de fora e den­tro do gov­erno recla­mam da oposição. Logo eles que não deram um dia de trégua a qual­quer gov­erno os pre­ced­eram. Não deixa de ser irónico.
Outro dia ouvi um debate onde se ques­tion­ava o \\\\\\\«absurdo\\\\\\\» que seria o imped­i­mento da pres­i­dente Dilma Rouss­eff pois quem assumiria seria o vice, Michel Temer, do PMDB, e ainda, esten­deram a linha sucessória para o Cunha, pres­i­dente da Câmara dos Dep­uta­dos e para o Renan, pres­i­dente do Senado Fed­eral.
Quer dizer que a Dilma não pode sair por que cor­re­mos o risco de ser­mos gov­er­na­dos por eles? Mas não foi PT que os for­t­ale­ceu nos seus anos de gov­erno? Não são de sua inteira con­fi­ança? Não foi o par­tido que os con­vi­dou para serem seus ali­a­dos de primeira hora? Para serem sócios no poder?
Não é demais lem­brar que o PMDB, que acham um risco para o país, como o Sar­ney (ex-​maior ladrão do Brasil, alçado à condição de irmão de alma do Sr. Lula), como Maluf, como Col­lor (ex-​filhote da ditadura, ali­ado de primeira hora), como Renan, como Jucá, como Bar­balho, como a turma do PP, como tan­tos out­ros, são os par­ceiros e sócios de poder do Par­tido dos Tra­bal­hadores, são os dile­tos aux­il­iares do par­tido no con­domínio.
Antes que ven­ham dizer tiveram que fazer isso para poderem gov­ernar, para traz­erem os grandes bene­fí­cios ao povo brasileiro, afirmo que isso não é ver­dade. Quando chegaram ao poder em 2003, pode­riam ter cri­ado outra cor­re­lação de forças, com os tucanos, com os avul­sos, com os segui­men­tos mais respeitáveis da sociedade. Pode­riam fazer um gov­erno ver­dadeira­mente de união nacional, com as mel­hores cabeças do país. A sociedade dava condições para isso. A opção pela banda podre da política; a escolha de bus­car a com­pra de par­la­mentares; de aliar-​se aos mais atrasa­dos foi uma escolha con­sciente de quem que­ria se igualar ao pior.
O grande mantra do Par­tido dos Tra­bal­hadores, hoje, é querer ser igual aos demais par­tidos. Repetem aos qua­tro can­tos: só fize­mos os que os out­ros fazem, somos iguais aos out­ros. O prob­lema é que os out­ros dizem que jamais ousariam tanto, que são inocentes diante de tudo que já fiz­eram.
O par­tido que pas­sou a vida dizendo ser difer­ente dos demais, apela para ser igual aos demais, só que todos acham que é, de fato, difer­ente. Difer­ente para pior. Defin­i­ti­va­mente, a igual­dade não é ver­melha.
Abdon Mar­inho é advo­gado.
P.S. Os fatos estão com lem­brei nesta manhã de Pás­coa. Uma impro­priedade ou outra não tira seu mérito. Emb­ora acred­ite que não haja nenhuma.