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SON­HOS, ENGO­DOS E DECEPÇÕES.

SONHOS, ENGO­DOS E DECEPÇÕES.

Já con­tei aqui a história de um amigo muito querido que se tornou sím­bolo de toda a ban­dal­heira pro­movida pelo gov­erno da com­pan­heirada den­tro da Petro­bras. Deu-​se o seguinte: bus­cando um inves­ti­mento seguro para uma aposen­ta­do­ria con­fortável ele aten­deu ao apelo do gov­erno e usou suas econo­mias e, junto com parte do FGTS, com­prou ações da empresa.

Ele, assim como tan­tos out­ros, lamen­taram não poder usar mais recur­sos do Fundo de Garan­tia e assim com­prar mais ações da empresa pois estaria, não só garan­ti­ndo uma aposen­ta­do­ria tran­quila, como aju­dando o país e evi­tando que as ações da empresa sím­bolo da nação caíssem nas mãos dos espec­u­ladores internacionais.

As últi­mas notí­cias dão conta que ele, por con­fiar nas palavras do gov­erno, está amar­gando, em din­heiro de hoje, um pre­juízo de quase 80% (oitenta por cento) do cap­i­tal investido, se con­sid­er­ar­mos a desval­oriza­ção dos títu­los e o que pode­ria ter auferido com a cor­reção do saldo do fundo.

Lem­brava deste episó­dio ao refle­tir sobre o comu­ni­cado ofi­cial feito pela Petro­bras de que decidira can­ce­lar em defin­i­tivo a con­strução das refi­nar­ias Pre­mium I e II, a primeira no Maran­hão e a segunda no Ceará, depois das mes­mas terem con­sum­ido quase 3 bil­hões de reais, dos quais, mais de 2 bil­hões na planta do municí­pio maran­hense de Bacabeira.

A Refi­naria Pre­mium I de Bacabeira foi apre­sen­tada como a redenção do Maran­hão. Um inves­ti­mento que serviria para catal­isar diver­sos out­ros e reti­rar o estado das últi­mas posições em tudo que é indi­cador já inven­tado. Só empre­gos, seriam mais de meio mil­hão. Os mais ufanistas diziam que o desen­volvi­mento no entorno do empreendi­mento ofus­caria até a cap­i­tal do estado.

Rev­elei inúmeras vezes, desde a inau­gu­ração da pedra fun­da­men­tal – um ato politico feito com o claro propósito de turbinar a cam­panha da ex-​governadora Roseana Sar­ney e seus ali­a­dos no estado e, ainda, da então can­di­data Dilma Rouss­eff –, min­has descon­fi­anças com o projeto.

Sem­pre torci para está errado, que de fato con­struíssem a dita refi­naria e aju­dassem o Maran­hão como um todo, e prin­ci­pal­mente, as regiões do seu entorno do atraso de uma vida.

Não eram descon­fi­anças infun­dadas. Me per­gun­tava como iriam con­struir três refi­nar­ias de uma vez no nordeste. Primeiro que a Abreu e Lima, em Pernabuco, com obras mais avançadas já con­sumia muitos recur­sos, saltando de uma pre­visão de gas­tos ini­ci­ais de US$ 2 bil­hões de dólares para quase US$ 30 bil­hões de dólares. Segundo, onde iriam achar tanto petróleo para refi­nar. Ainda mais quando os venezue­lanos, que se com­pro­m­e­teram entrar de sócios no negó­cio e que arcariam com metade dos inves­ti­men­tos, o aban­donaram. Esper­tos esses ali­a­dos, viram mais rápido que os brasileiros que se tratavam de um negó­cio des­ti­nado a enricar a muitos espertalhões.

Outra par­tic­u­lar­i­dade do empreendi­mento que des­per­tava min­has reser­vas era o fato de tais pro­je­tos: as duas refi­nar­ias, Maran­hão e Ceará, não faz­erem parte de plane­ja­men­tos mais anti­gos. Uma refi­naria, ao menos em qual­quer lugar sério do mundo, demanda anos e anos de estu­dos e planejamento.

A primeira vez que falaram nas duas refi­nar­ias foi em 2009. Já em 2010 estavam, às vésperas da eleição que reelegeu Roseana Sar­ney e elegeu Dilma Rouss­eff, os grandes da República, reunidos em Bacabeira, para o lança­mento da pedra fun­da­men­tal. Em resumo, o empreendi­mento tinha todas as car­ac­terís­ti­cas de um golpe eleitor­eiro. O que o tempo acabou por confirmar.

Infe­liz­mente, mais uma vez, escol­heram a pop­u­lação de Rosário e Bacabeira como suas víti­mas mais dire­tas. A mesma região que ainda con­serva, próx­imo ao can­teiro da refi­naria, os escom­bros do um dia foi chamado do Pólo de Con­fecções de Rosário, tam­bém chamado, à época, de a primeira redenção da região e não pas­sou de um golpe que tomou din­heiro público e deixou inúmeras famílias endi­vi­das. Hoje os escom­bros da refi­naria olha para os escom­bros do pólo de confecções.

Movido por essas descon­fi­anças e pela falta de din­heiro declinei dos vários con­vites que me fiz­eram para com­prar ter­renos, vender alguma coisa e inve­stir, etc.

Difer­ente de mim – que descon­fiei do dis­curso sal­va­cionista do então pres­i­dente Lula e seus próceres, pois via que os empreendi­men­tos não tin­ham sus­ten­tação, que o Brasil não era essa nova Arábia Sau­dita, que ven­diam –, muitos brasileiros acred­i­taram no gov­erno e inve­sti­ram parte de seu patrimônio, senão todo, em pro­je­tos no entorno da refi­naria, muitos brasileiros, aban­donaram seus esta­dos de ori­gens, suas famílias e cor­reram para a nova fron­teira econômica que se descorti­nava no Maran­hão. Muitas famílias colo­caram seus fil­hos para faz­erem cur­sos volta­dos para área com a certeza de emprego garan­tido. Essas famílias, perderam din­heiro, esses jovens perderam um tempo precioso.

Um amigo me dizia, outro dia, que sem­pre descon­fiou, assim como eu, do pro­jeto, mas que tinha um fio de esper­ança de que o mesmo fosse em frente, prin­ci­pal­mente depois de todo o din­heiro gasto.

O fim da refi­naria, é com certeza o fim do sonho e das econo­mias de muitos cidadãos.

Os políti­cos do Maran­hão, uns com cin­ismo, uns com opor­tunismo, out­ros como inocentes inúteis, falam em cer­rar a fileira pela refi­naria. Muitos destes que falam em protestos sabiam que as reais chances do pro­jeto ir em frente eram nulas, que não pas­sava de bil­ionário golpe com fins políticos-​eleitorais e ten­tam fugir do lin­chamento moral. Os demais querem mesmo é ter algum discurso.

Acred­ito que suas excelên­cias dev­e­riam gas­tar suas ener­gias neste começo de leg­is­latura para bus­car pro­je­tos de com­pen­sação ou para dis­cu­tir algum mod­elo de desenvolvimento.

Emb­ora a ban­deira da refi­naria possa ren­der muitos dis­cur­sos, o debate deve ser travado com um mín­imo de realismo.

A situ­ação Petro­bras, em que pese a mel­hora momen­tânea, por conta da demis­são de sua dire­to­ria, está longe de ser con­fortável: o roubo de seus ativos por empresários, políti­cos e fun­cionários, alcança uma cifra ainda longe de ser cal­cu­lada, mas que se sabe, alcança mais de uma cen­tena de bil­hões de dólares; o valor de mer­cado da reduzido a metade; a infinidade de ações de cidadãos que sofr­eram pre­juí­zos dev­ido aos des­falques que todos con­hecem. A isso, some-​se o cenário inter­na­cional: o bar­ril de petróleo que ameaçava chegar a US$ 150 dólares, hoje, chega a pouco mais de US$ 40 dólares; a retração da econo­mia mundial; a explo­ração por diver­sos países de out­ras fontes de ener­gia. Tudo isso con­tribui para mostrar que a empresa brasileira, se a par­tir daqui fizer tudo certo, ainda levará um tempo con­sid­erável, para se recu­perar. A explo­ração do pré-​sal, com os preços do petróleo no mer­cado inter­na­cional, não será um negó­cio muito vantajoso.

Diante toda essa crise não vejo como ter­mos sucesso na luta retomar as obras da refi­naria de Bacabeira. Nem agora, nem num futuro breve. Talvez daqui a 20 anos. Se o empreendi­mento ense­java descon­fi­anças, com o preço do bar­ril do petróleo nas alturas, a ideia do pré-​sal era apre­sen­tada como a nova fron­teira e as ações da empresa “bom­bavam” nas bol­sas de val­ores do mundo, chegando a alcançar um pico de até R$ 70 reais isso quando o litro da gasolina era pouco mais de um real.

A real­i­dade hoje é total­mente diversa. Ape­nas para citar um exem­plo, ainda com o aumento das ações da empresa, o valor de uma ação com­pra pouco mais de dois litros de gasolina.

Como sug­estão aos nos­sos par­la­mentares, talvez devessem bus­car uma expli­cação, plausível, para o fato de uma ação da empresa não ser sufi­ciente para com­prar três litros de gasolina enquanto o bar­ril de petróleo, que alcançou mais de 100 dólares, não valer a metade do que valia.

Talvez devessem se per­gun­tar que auto-​suficiência é essa.

Abdon Mar­inho é advogado.

VALE A PENA VER DE NOVO: DEGRADAÇÃO MORAL E ENGODO.

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O líder do gov­erno, a imprensa e a oposição maran­hense estão mentindo ao afir­marem que a petro­bras, par­al­isou as obras da refi­naria pre­mium de Bacabeira. Mentem, mentem deslavada­mente. Não digo isso com desapreço por eles não, sequer conheço-​os em pro­fun­di­dade. Entre­tanto eles mentem.
Sou obri­gado a acred­i­tar e a dizer isso porque senão sou obri­gado a denun­ciar o maior este­lion­ato eleitoral da história do Brasil, senão serei obri­gado denun­ciar que o Brasil se tornou uma republi­queta de bananas, senão serei obri­gado a denun­ciar que as maiores autori­dades deste país e deste estado são uns degen­er­a­dos morais indifer­entes a quais­quer con­ceitos éti­cos.
Vejam a foto. Nela temos um Pres­i­dente da República, o Sr. Lula, temos uma can­di­data a Pres­i­dente da República e min­is­tra de estado, a Sra. Dilma, uma gov­er­nadora e can­di­data a reeleição, a Sra. Roseana, o pres­i­dente do Con­gresso Nacional, o Sr. Sar­ney, min­istros de esta­dos, senadores, dep­uta­dos fed­erais e estad­u­ais e diver­sas out­ras autori­dades, se olhar­mos bem até a ex-​prefeita de Paço do Lumiar, Sra. Bia Venân­cio se fez pre­sente.
Naquele evento essas autori­dades, as maiores do país anun­cia­ram com hon­ras e pom­pas a con­strução da refi­naria. Anun­cia­ram mil­hares de empre­gos para a juven­tude maran­hense, anun­cia­ram a redenção do Maran­hão, o fim da mis­éria, uma nova era de desen­volvi­mento e pros­peri­dade.
Pois bem, agora apare­cem \«esses mer­cadores de pes­simismo\» dizendo que estão desmon­tando o can­teiro de obras, que a refi­naria não mais acon­te­cerá. Como é pos­sível? Que dizer que um Pres­i­dente da República anun­cia uma obra, um pro­jeto e tudo não pas­sava de uma farsa? Um teatro com vis­tas as eleições? Estavam ali todos ensa­ia­dos para enga­nar o povo? É isso?
Uma refi­naria exige-​se estu­dos imen­sos, tanto de via­bil­i­dade quando téc­nico. Não é pos­sível que não ten­ham pre­ce­dido disso. Não tinha estudo? Não tinha pro­jeto? Como então ini­cia­ram as obras? Ah, fazia parte do teatro para enga­nar os bestas? Mais se investiu mil­hões e mil­hões de reais, quem arcará com esse pre­juízo?
Me custa acred­i­tar nisso. Que as autori­dades estavam fazendo teatro para enga­nar o povo e fat­u­rar uma eleição. Me custa porque será o retrato fiel e acabado que atingi­mos o fundo do poço insti­tu­cional. Uma ver­gonha sem parâmetro, uma fraude sem prece­dentes. Autori­dades da República não podem par­tic­i­par deste tipo de engodo. O insin­uam, entre lin­has, é que o Sr. Sar­ney teria chegado para o Sr. Lula e dito: \«Meu irmão de alma, a coisa \“tá\» feia lá no Maran­hão para a Roseana, \«vamo lá\», rúné aí seu povo, e vamos dizer que ire­mos con­struir uma grande refi­naria no Maran­hão, tão grande que será chamada pre­mium, latin sem­pre impres­siona, lev­a­mos todos os nos­sos can­didatos, tu leva a Dilma e aí a gente ganha a eleição\». Insin­uam que o Sr. Lula nem pes­tane­jou, foi logo dizendo: \«É isso mesmo com­pan­heiro, Sar­ney, vamos pegar um destes pro­je­tos emprestado do Eike Batista e vamos lá, o povo do Maran­hão acred­ita mesmo em tudo, ainda mais se for dito por mim, enganamos os bestas e ainda sobra uns vot­in­hos para a Dilma\». Pois é, só fal­tam dizer que foi isso. Tudo com­bi­nado para enga­nar os incau­tos. Não acred­ito que ten­ham chegado a isso. Deve ser tudo invenção desses inimi­gos do Maran­hão, destes inimi­gos do país.
Caso isso fosse ver­dade, cer­ta­mente teríamos man­i­fes­tações públi­cas de repú­dio de enti­dades de classe, sindi­catos e da pop­u­lação em geral. Teríamos man­i­fes­tação de repú­dio e cobrança de expli­cações dos nos­sos rep­re­sen­tantes na Assem­bleia e no Con­gresso Nacional. Caso fosse ver­dade que desmon­taram o can­teiro de obras, cer­ta­mente o Min­istério Público Fed­eral, tão dili­gente, já teria pedido infor­mações aos min­istros da área, à presidên­cia da Petro­bras e a quem mais coubesse con­hecer do assunto. Será que já fiz­eram isso? O que dizem as autori­dades? Qual a razão do silên­cio de todos?
Tem algo que não canso de me per­gun­tar: Será que todos perderam a ver­gonha na cara? Fazem e acon­te­cem sem o mín­imo de con­strang­i­mento, fica o dito pelo não dito. É capaz de todos que apare­cem na foto do maior empreendi­mento do Maran­hão, ao virem aqui em seus roteiros de cam­pan­has, só apare­cem mesmo para isso, sequer serem inda­ga­dos sobre a razão da par­al­isação das obras, sobre o desmonte dos can­teiros, sobre o engodo. Pelo con­trário, serão todos fes­te­ja­dos, adu­la­dos, lou­va­dos, etc. Faz muito tempo que o povo maran­hense perdeu a com­pos­tura, não fiz­eram foi se dá conta disso.
Abdon Mar­inho é advo­gado (texto pub­li­cado em 6 de março de 2013).

A CUL­TURA DA DISCÓRDIA.

A CUL­TURA DA DISCÓRDIA.

A pasta da cul­tura, tanto Maran­hão quanto em São Luís, desde o tempo que minha memória alcança, nunca foi fácil. Sem­pre gerou con­fli­tos entre as mais diver­sas forças que vivem e fazem girar suas expressões. Ora, dizem que um tit­u­lar priv­i­le­gia um ou outro grupo e por aí vai.

Essa pro­funda divergên­cia talvez explique o fato de um estado com tanta diver­si­dade cul­tural não con­siga ser uma refer­ên­cia para o Brasil em nada. O car­naval não atrai quase ninguém para o estado, o fes­tejo junino, momento de maior da nossa cul­tura, perde espaço para out­ras praças do sertão nordes­tino, como Camp­ina Grande, Recife, For­t­aleza. Até o nosso Bumba-​meu-​boi, perdeu seu sta­tus para seus sim­i­lares no Amazonas.

Emb­ora fos­sem esper­adas reações a nomeação para a sec­re­taria de cul­tura – qual­quer que fosse o escol­hido ou escol­hida – acho que ninguém imag­i­nou uma cam­panha tão acir­rada e desproposi­tada à escolha do gov­er­nador. Até parece ser essa a mais impor­tante sec­re­taria do gov­erno, o que não é verdade.

Pas­tas como a da Saúde, Edu­cação, respon­sáveis pelos orça­men­tos mais vul­tosos e com uma atu­ação que alcança toda sociedade, pas­saram em bran­cas nuvens às críti­cas e vejam que é até pos­sível numa primeira chamada que ninguém lem­bre os nomes dos seus tit­u­lares. Não se ouviu um ques­tion­a­mento mais enfático ou qual­quer buchi­cho quanto à des­ti­nação dos seus coman­dos, se aten­de­ria a esse ou aquele inter­esse político.

Outra pasta de igual relevân­cia, a da infraestru­tura, tam­bém não des­per­tou inter­esse de críti­cos e até mesmo de adver­sários, ainda que quando se dizia o nome do tit­u­lar da pasta o inter­locu­tor vinha com uma invar­iável inter­ro­gação: quem??

A da Segu­rança que deixa a todos em sus­pense e é um ponto ner­voso em qual­quer gov­erno pas­sou indifer­ente ao crivo todos.

Já na pasta da cul­tura, impera a cul­tura da dis­cór­dia. Desde que o gov­er­nador anun­ciou a tit­u­lar, a pasta tornou-​se objeto de uma falsa polêmica. A secretária não teve um min­uto de sossego, seja para orga­ni­zar o plano que pre­tende exe­cu­tar, seja para com­por equipe, seja para plane­jar. Nem a famosa trégua dos cem dias, já tradi­cional e que em todo o mundo se con­cede aos novos gestores, lhe con­ce­dida. As cam­pan­has foram tan­tas que pen­sei que não iriam deixar a secretária tomar posse. Depois da posse, ainda sem com­ple­tar um mês de gestão, ten­tam criar todo tipo de desconforto.

Entre­tanto, como disse, trata-​se de uma falsa polêmica.

Pelo que tenho lido aqui e ali, ninguém ques­tio­nou, ao menos até aqui, a capaci­dade da escol­hida, sua con­duta pes­soal ou téc­nica, a via­bil­i­dade ou seriedade de suas ideias para reti­rar o Maran­hão do atraso no setor — até porque não lhe deram a chance de fazer nada, acho, nem for­mar a equipe ou nomear a pes­soa encar­regada de servir o cafez­inho da repar­tição lhe deixaram fazer.

As críti­cas foram, pela ordem que lem­bro, que seria lig­ada ao antigo régime (o estado é tão atrasado que muitos acham que qual­quer um serviu ou tra­bal­hou em gov­er­nos ante­ri­ores têm qual­quer ser­ven­tia); que estaria a tra­bal­har com as pes­soas que faziam parte da gestão ante­rior; man­te­ria os bene­fí­cios aos mes­mos gru­pos de sem­pre; chegou-​se até a dizer que a secretária era indi­cação de um dep­utado que está (?) em firme oposição ao atual gov­erno. Por fim, notas de mil­i­tantes e do próprio par­tido a quem a secretária faria parte da cota, o Par­tido Pop­u­lar Social­ista — PPS, com críti­cas e dizendo que não a apoia.

Pois bem, até onde me recordo, quando o gov­er­nador à apre­sen­tou a sociedade como a escol­hida para o setor, dis­cor­reu sobre as qual­i­dades que a cre­den­ci­ava para o cargo. Não a con­heço, não posso ates­tar. Mas as críti­cas que fazem, até onde sei, não colo­cam em xeque as cre­den­ci­ais que moti­varam o gov­er­nador na sua escolha. Ao menos, na minha per­cepção, tudo não passa de tem­pes­tade em copo d’ água, muito barulho por quase nada. Qual a razão do mundo vir abaixo? A secretária ainda não teve a chance nem de errar. Ainda não per­mi­ti­ram que errasse.

Pois bem, se não há nada na cul­tura, menos ainda há no gov­erno recém empossado.

Digo isso porque uns mais exager­a­dos ou mal inten­ciona­dos, até falam em crise no gov­erno ou entre este e os pop­u­lares social­is­tas. Não vejo assim. O gov­erno do Maran­hão, depois de muitos anos, pos­sui um cap­i­tal de legit­im­i­dade muito ele­vado, ouso dizer, que pou­cas vezes se viu algo assim. Tanto é ver­dade que na sociedade e na classe política, exceto por aque­les que estão tendo os inter­esses con­trari­a­dos e priv­ilé­gios tol­hi­dos, não se ouve o bur­bur­inho ou o coro do descontentamento.

O fato de um ou outro par­tido mostrar-​se insat­is­feito com a atu­ação de um deter­mi­nado secretário não é e não pode ser motivo para se dizer que existe uma crise no governo.

Acred­ito, e essa foi uma das pro­posta do gov­er­nador, que os car­gos públi­cos, aí inclu­sos os ocu­pa­dos pelos agentes políti­cos, não pos­sam e não devam ser obje­tos de troca ou de bar­ganha. Essa, aliás, uma prática que pre­cisamos extir­par da cul­tura política nacional.

O gov­er­nador, acred­ito, repito, está com­pro­metido com essa nova forma de pen­sar e fazer política. Os agentes políti­cos de livre nomeação e exon­er­ação devem ter como refer­ên­cia de poder e sub­or­di­nação o gov­er­nador e não o pres­i­dente de par­tido A, B ou C, o dep­utado ou quem quer que seja. Até para que o gov­er­nador sinta-​se à von­tade para fazer as mudanças que achar dev­i­das na hora que quiser.

Entendo que acabou o tempo em que havia lotea­mento de car­gos entre par­tidos, entre políti­cos e que cada um fazia do seu espaço um gov­erno paralelo.

Não faz muito tempo um prefeito me con­fi­den­ciou um fato no mín­imo curioso. Narrou-​me que estava pas­sando a pauta de reivin­di­cação de seu municí­pio à gov­er­nadora quando chegou a solic­i­tação a ser resolvida em deter­mi­nada sec­re­taria. A gov­er­nante o atal­hou e foi logo dizendo: – em sec­re­taria fulano de tal eu não me meto. Trate dire­ta­mente com ele. É isso mesmo, se tinha secretário que man­dava mais que os que foram legit­i­ma­mente eleitos. Daí vê-​se o quanto a coisa estava fora de ordem.

Espera-​se que o gov­er­nador rompa, em defin­i­tivo com esse tipo de prática.

Nos tempo de eu menino (gosto demais desta con­strução de Ban­deira), cos­tumá­va­mos dizer, quando um outro colega nos man­dava calar a boca: “cala boca já mor­reu, quem manda na minha boca sou”. Talvez seja a hora do gov­er­nador dizer que não adi­anta faz­erem biquinho ou servirem de bucha a ali­men­tar a cul­tura da dis­cór­dia e que quem manda no gov­erno é ele. Isso inibiria os que, de den­tro da equipe, ten­tam con­struir difi­cul­dades para man­terem espaços mesquin­hos de poder. O con­trário disso é seguir o exem­plo do prefeito da cap­i­tal que até hoje, decor­ri­dos dois anos da posse, ainda forma equipe.

Abdon Mar­inho é advogado.