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NO FIM, TRAGÉ­DIA E MELANCOLIA.

Escrito por Abdon Mar­inho

NO FIM, TRAGÉ­DIA E MELANCOLIA.

DECERTO que a Era petista chegou ao fim. Ainda que o par­tido con­tinue – talvez com outro nome como alguns sug­erem –, já não terá mais o pro­tag­o­nismo que teve nos últi­mos treze anos. Nor­mal que isso ocorra, faz parte do cír­culo da política, o que não se esper­ava era um fim tão trágico e melancólico.

No seu maio dramático, o par­tido foi com­pelido a deixar o Planalto pela porta lat­eral – sair pelos fun­dos seria humil­hante demais. Mas, não ape­nas isso, só uma sem­ana se pas­sou entre o apea­mento do poder (ainda em caráter pro­visório) e a con­de­nação de José Dirceu – ex-​presidente do par­tido, ex-​ministro da Casa Civil, ex-​possível suces­sor de Lula, ex-​capitão do time, como nos foi apre­sen­tado pelo ex-​presidente em 2003 – a mais de 23 anos de prisão. Se, ape­nas para efeitos con­tábeis, com­putar­mos a pena que rece­beu do Supremo Tri­bunal Fed­eral, em 2010, na ação penal 470 (o famoso processo do men­salão), 07 (sete) anos – após embar­gos infrin­gentes que reduziu a pena orig­i­nal de mais de dez anos – temos, o ex-​homem mais poderoso da República entre 2003 e 2005, con­de­nado a mais de 30 anos de cadeia. Uma pena de mais de 23 anos – e ape­nas a primeira, neste escân­dalo denom­i­nado “petrolão” – , equiv­ale a uma con­de­nação per­pé­tua a Dirceu, que já passa dos setenta anos, como bem asseverou um dos seus defensores.

O par­tido ainda foi con­de­nado, neste mesmo período, ao ressarci­mento de mais de R$ 3 mil­hões, numa ação de impro­bidade por cor­rupção na prefeitura de Santo André (SP), no começo dos anos 2000, na gestão do ex-​prefeito assas­si­nado, Celso Daniel. No mesmo processo tam­bém foi con­de­nado o ex-​ministro Gilberto Car­valho, uma das pes­soas mais influ­entes do partido.

Afas­ta­dos do poder – o que faz ces­sar o foro por pre­rrog­a­tiva de função a muitas das ex-​autoridades petis­tas –, é capaz dos diss­a­bores estarem ape­nas no começo.

Esta não é uma situ­ação agradável a ninguém. Jamais dese­jaria esse tipo de prob­lema ao meu pior inimigo, se tivesse algum. Entre­tanto, ape­nas col­hem o que plantaram.

Difer­ente da primeira con­de­nação de Dirceu, no caso do men­salão, em que mil­i­tantes do par­tido foram às ruas procla­marem o con­de­nado, pela mais alta corte do país, como um pri­sioneiro político, desta vez, ao que parece, não deram lá muita importân­cia, parece que não vão brigar con­tra as provas dos autos que moti­varam a con­de­nação pelo juízo de primeira instân­cia. Limitar-​se-​ão aos recur­sos ordinários nas esferas judiciárias.

Ape­nas um dia depois da divul­gação da pena, os órgãos de comu­ni­cação dos par­tidos que davam sustenção ao gov­erno afas­tado, já colo­cavam a notí­cia no rodapé ou a escon­dia em meio às demais notí­cias do dia a dia.

Quem diria, José Dirceu, que já foi o con­destável da República e dos par­tidos que chegaram ao poder em 2002 – ape­sar da gravi­dade da pena que rece­beu – tornou-​se uma nota de rodapé, uma notí­cia secundária, a quem, mes­mos seus ali­a­dos de primeira hora, pare­cem não dar importância.

Não foram necessários mais que dois escân­da­los – men­salão e petrolão –, para rev­e­larem o pro­fundo envolvi­mento de diver­sas lid­er­anças do par­tido com mon­u­men­tais esque­mas de corrupção.

No primeiro, diver­sas pes­soas da cúpula foram con­de­nadas, com destaque para o mesmo José Dirceu, o ex-​presidente José Genoíno, o ex-​tesoureiro Delúbio Soares, ape­nas para ficar nestes.

No segundo escân­dalo – ainda em curso –, mais uma vez, o ex-​ministro José Dirceu, já con­de­nado, o ex-​tesoureiro José Vac­cari Neto, tam­bém já con­de­nado, e tam­bém, inúmeras out­ras pes­soas impor­tantes, com e sem foro privilegiado.

Ao cabo de tudo, poucos – entre os líderes par­tidários e seus ali­a­dos –, restarão inocentados.

O grande vol­ume de provas de cor­rupção envol­vendo quase todos os negó­cios do Estado, suas empre­sas, ban­cos ofi­ci­ais e até fun­dos de pen­são dos servi­dores, não deixam dúvi­das da estru­tura mon­tada para espo­liar a nação. Auda­ciosos, usaram até a Justiça Eleitoral para lavagem de din­heiro. Qual­quer pes­soa que detenha um mín­imo de infor­mação sabe disso.

O que se rev­ela ao grande público, parece ser um mis­tério para o Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT e suas lideranças.

Leio uma res­olução sobre con­jun­tura, onde o par­tido, parece igno­rar tudo o que fiz­eram, todos os esque­mas de cor­rupção e crimes que praticaram e pelos quais, alguns já foram con­de­na­dos, para atribuir o processo de impeach­ment da pres­i­dente Dilma Rouss­eff a um golpe par­la­men­tar (sic), per­pe­trado pelas vel­has oli­gar­quias nacionais – como se igno­rassem as mul­ti­dões nas ruas pedindo a saída da pres­i­dente e do partido.

Não con­tentes com a patranha, acusam a Oper­ação Lava Jato de ser um instru­mento cru­cial para «escal­ada golpista». Mais adi­ante, diz que o processo de impeach­ment «facilita políti­cas de cerco e deses­ta­bi­liza­ção em proces­sos pro­gres­sis­tas de out­ros países – como a Venezuela, Equador e Bolívia». Fico imag­i­nando o formidável pro­gresso exper­i­men­tado por estes países, prin­ci­pal­mente, pela Venezuela, nação pre­cur­sora do mod­elo boli­var­i­ano e que, a exem­plo do que começou a acon­te­cer no Brasil, amarga os piores indi­cadores sul-​americanos e empo­bre­ceu sua pop­u­lação a índices inimag­ináveis fazendo com que não gan­hem o sufi­ciente para se ali­men­tar dig­na­mente. Isso, sem con­tar a cor­rupção, a inflação, a vio­lên­cia, os abu­sos con­tra a oposição e con­tra qual­quer um que ouse se opor.

Em dez pági­nas o doc­u­mento que anal­isa a con­jun­tura nacional, é repleto destas, e out­ras, bison­hices, porém, inca­paz de fazer uma autocrítica. Ainda quando ten­tam, é fazendo uso de um con­tor­cionismo que mais con­funde do que esclarece.

O que não cessa é a insistên­cia no lenga-​lenga do golpe e que o Poder Judi­ciário faz parte de um com­plô da dire­ita con­tra o pro­jeto pop­u­lar do par­tido e para criminalizá-​lo.

Que o PT e seus seguidores padeçam de um sec­tarismo que os façam enx­er­gar ou a viven­cia­rem outra real­i­dade, como se estivessem numa alu­ci­nação cole­tiva, emb­ora ridícula, é até com­preen­sível, pior mesmo é saber que alguns supos­tos int­elec­tu­ais aceitam este tipo de argumentação.

Desde 2005, quando do escân­dalo do men­salão, diver­sos destes «int­elec­tu­ais» e tam­bém «artis­tas», vêm o PT como vítima de alianças «com pes­soas do mal», alianças estratég­i­cas para gov­ernar. Eles, os petis­tas, pobrez­in­hos, se deixaram levar por estes mal­va­dos e quando se deram conta, estavam ato­la­dos até o pescoço. São teses patéticas.

Acred­ito que estas «víti­mas», na ver­dade, foram os ver­dadeiros pro­fes­sores das anti­gas oli­gar­quias na arte de levarem van­tagem nos negó­cios com o din­heiro público. Não é à toa que cri­aram a cor­rupção inter­con­ti­nen­tal, a propina retroa­t­iva e ainda ousaram usar a justiça eleitoral como lavan­de­ria de recur­sos sujos.

Como disse, os con­tratem­pos do par­tido, suas lid­er­anças e ali­a­dos, não são motivos de ale­gria para ninguém, pelo con­trário, deve causar tris­teza, por ver­mos aque­las pes­soas que nos prom­e­teram tan­tas coisas, ficarem sat­is­feitas por diz­erem que não piores, mas, ape­nas iguais, ao que de pior já pro­duziu a política brasileira.

Nas tragé­dias indi­vid­u­ais de cada um dos con­de­na­dos a melan­co­lia do pode­ria ter sido e não foi.

Abdon Mar­inho é advogado.

REVIS­I­TANDO TAUÁ-​MIRIM.

Escrito por Abdon Mar­inho

REVIS­I­TANDO TAUÁ-​MIRIM.

O PRIMEIRO TURNO das eleições munic­i­pais de 1992, já se aprox­i­mava do fim, quando, no último debate com os pos­tu­lantes, o can­didato Evan­dro Bessa (PDC) per­gunta à can­di­data Con­ceição Andrade do PSB: – can­di­data, como a sen­hora pre­tende resolver o grave prob­lema do trans­porte esco­lar da comu­nidade de Tauá-​Mirim? Responde Con­ceição Andrade: – vamos colo­car uma linha de ônibus para lá. Tré­plica de Evan­dro Bessa: – mas, can­di­data, lá é uma ilha.

Vinte e qua­tro anos depois não sei se sou fiel aos diál­o­gos, peço perdão, mas o sen­tido foi este. Nos dias pos­te­ri­ores ao debate e vésperas da eleição que levaria Con­ceição Andrade e, o hoje, senador João Alberto, ao segundo turno, o vac­ilo geográ­fico da can­di­data social­ista foi explo­rado à exaustão. Não tín­hamos, ainda, inter­net ou redes soci­ais, porém os char­gis­tas pro­duzi­ram inúmeras peças com ônibus aquáti­cos e out­ras situ­ações de humor com o tema, as matérias jor­nalís­ti­cas, tam­bém, não deixaram por menos.

A per­gunta de Evan­dro Bessa não foi uma «pegad­inha» – tanto assim que pas­sado o primeiro turno das eleições, ele e seu par­tido, emprestaram apoio à can­di­datura da social­ista e, tendo ela ven­cido o pleito, em segundo turno, ele tornou-​se um dos mais desta­ca­dos colab­o­radores de sua admin­is­tração –, aler­tava, já aquela época, para a dramática situ­ação de iso­la­mento e trans­porte precário daque­las famílias, prin­ci­pal­mente das cri­anças que tin­ham que se deslo­car da ilha para estudar.

A repentina noto­riedade da Ilha de Tauá-​Mirim, garantiu-​lhe, ao menos durante o quadriênio do mandato de Con­ceição Andrade, uma atenção espe­cial neste que­sito. Logo no iní­cio do man­dado, a sec­re­taria de edu­cação, sob o comando da pro­fes­sora Maria Eugê­nia Salles de Almeida, adquiriu uma lan­cha voadora com capaci­dade sufi­ciente para trans­portar as cri­anças na trav­es­sia do canal.

Um curto alento.

No último dia 18 de maio, logo cedo, enquanto atrav­es­sava a Baía de São Mar­cos rumo à baix­ada, pela tele­visão do ferry boat, matéria nacional do pro­grama «Bom Dia Brasil» que a situ­ação daquela comu­nidade, sobre­tudo, das cri­anças que pre­cisam estu­dar nas séries mais avançadas em esco­las com mel­hor estru­tura (??), é, ainda, muito grave. Dramática, até. A lan­cha com­prada em 1993, deve ter se acabado, o trans­porte esco­lar, adquirido pos­te­ri­or­mente, encontra-​se que­brado, não se sabe há quanto tempo.

Como resul­tado, as cri­anças têm que se virar em frágeis canoas, sem qual­quer equipa­mento de segu­rança, por vezes, aju­dando com o remo. Ven­cida a trav­es­sia, ainda têm que cam­in­har um bom tre­cho de estrada até a escola – uma vez que o trans­porte esco­lar, que dev­e­ria levá-​los no resto do per­curso, tam­bém se encon­tra que­brado e/​ou sem manutenção.

Situ­ação pior, só mesmo a enfrentada pelas cri­anças menores que – não podem fazer a trav­es­sia – estão sem estu­dar desde o começo do ano, por falta de condições da escol­inha da ilha que, às por­tas de junho, ainda não abriu as suas.

Esta­mos falando de um dire­ito con­sti­tu­cional fun­da­men­tal. Esta­mos falando do prin­ci­pal municí­pio maran­hense. Esta­mos falando de um ver­gonhoso vexame.

A edu­cação brasileira, emb­ora, ainda engat­in­hando, em relação ao resto do mundo, não temos dúvi­das que mel­horou a par­tir da cri­ação do FUN­DEF (depois FUN­DEB), na segunda metade dos anos noventa. As sec­re­tarias de edu­cação pas­saram a con­tar com uma verba especí­fica, muitas das vezes até maior que o FPM, para inve­stirem na val­oriza­ção dos pro­fes­sores – remu­nerando mel­hor e os qual­i­f­i­cando –, bem como, na mel­ho­ria da estru­tura das unidades esco­lares. Simul­tane­a­mente a isso, foram cri­a­dos pro­gra­mas como de ali­men­tação esco­lar, trans­porte esco­lar, din­heiro direto na escola, des­ti­nado a pequenos reparos; pro­gra­mas de con­strução de esco­las e creches, e tan­tos outros.

Chega a impres­sionar que a cap­i­tal do Maran­hão ainda esteja às voltas com os mes­mos prob­le­mas de 25, 30 anos atrás. Não tem dia que não assis­ta­mos à denún­cias de esco­las fechadas por falta de estru­tura: esco­las fun­cio­nando em casas alu­gadas e caindo aos pedaços; esco­las fun­cio­nando em asso­ci­ações; escol­in­has comu­nitárias; etc., sem con­tar a falta de trans­porte; ali­men­tação; creches e a própria qual­i­dade de ensino e com­pro­me­ti­mento dos pro­fes­sores, sabido por todos, como a desejar.

A cap­i­tal do Maran­hão não está muito dis­tante daquela real­i­dade mostrada nos noti­ciosos sobre as vex­atórias condições das esco­las nos rincões mais atrasa­dos do Maran­hão. Se Tauá-​Mirim volta a ser notí­cia, a sua real­i­dade, grave e triste real­i­dade, está bem dis­tante de ser a única.

Abdon Mar­inho é advogado.

NÓS QUE ODI­AMOS O MARANHÃO.

Escrito por Abdon Mar­inho

NÓS QUE ODI­AMOS O MARANHÃO.

MEU PAI que, como sabem, era anal­fa­beto por parte de pai, mãe e parteira, ensinou-​me, con­forme disse noutras opor­tu­nidades, que “aquilo que está errado é da conta de todo mundo”. Esta lição cos­tumo dis­sem­i­nar por onde passo.

Outra lição que aprendi, esta, com a vida: gov­er­nantes – quase todos, há exceções para jus­ti­ficar a regra – têm ojer­iza à crítica. Fin­gem que aceitam, mas, no fundo, ficam inco­moda­dos. Acham que os críti­cos não enten­dem o que se passa na “com­plexa máquina admin­is­tra­tiva”, ou têm algum inter­esse sub­ter­râ­neo, ou, ainda, faz o jogo do adver­sário. Difi­cil­mente passa pela cabeça dos gov­er­nantes que, sem desprezar o que pensa, talvez o crítico só queira ajudar.

Sabedores que aos ouvi­dos do rei só são bem-​vindos elo­gios, toda sorte de opor­tunistas se escalam para tirar van­ta­gens. Gov­er­nos têm o mesmo atra­tivo para puxa-​sacos que deter­mi­na­dos ali­men­tos e lixo têm para as moscas. E, assim como estas, são igual­mente nefas­tas. Só sabem dizer coisas agradáveis, riem das piadas sem graça como se o gov­er­nante fosse o maior come­di­ante do uni­verso. Raros são os homens públi­cos que não se deixam con­t­a­m­i­nar pelos mimos e papari­cos dos aduladores.

Nos meus vinte anos de vida profis­sional já teste­munhei muito disso. Inúmeros são os casos de “ex alguma coisa” que chegam a me recla­mar por não terem ouvido a ver­dade quando estavam no poder. inúmeros são os que recla­mam do “sum­iço” dos “ami­gos”: – Abdon, quando estava no poder fulano era meu amigo, fal­tava me car­regar nos braços. Respondo: – A amizade não era por você. Era, sim, pelo poder.

Sem­pre que algum cliente reclama das difi­cul­dades do encargo, digo-​lhe: – Espera até ser «ex» para sen­tir o que é dificuldade.

Sobre a solidão do ex, um amigo, muito querido, contou-​me um episó­dio: “Um político muito influ­ente do Maran­hão sem­pre que ia a deter­mi­nado lugar, lá estava, no “campo de avi­ação» (Nota: antiga­mente, dev­ido a falta de estradas, a maior parte do trans­porte era feito por aviões, a maio­ria dos municí­pios maran­henses pos­suíam os chama­dos “cam­pos de avi­ação»), uma imensa comi­tiva a recepcioná-​lo, entre eles, um cidadão do povo chamado Rib­inha. Na medida que o poder dimin­uía, rareava a comi­tiva de recepção, mas sem­pre por lá estava o Rib­inha. O tempo foi e poder, tam­bém. Já sem poder retornou ao municí­pio. Quando o avião pousou e desceu, olhou para os lados, ninguém para recebê-​lo, campo de avi­ação deserto. Virou-​se para o piloto e prague­jou: – Nem Ribinha!?”.

Longe do poder, até os “Rib­in­has» somem. Já ouvi de muitos que se voltassem ao poder faria as coisas difer­entes e que, grande parte do seu padec­i­mento e per­rengues se devem ao fato de ter con­fi­ado nas “pes­soas erradas”, de ter ouvido só o que lhe era conveniente.

Alguns têm essa chance e con­fiam, outra vez, em out­ras “pes­soas erradas”, deve fazer parte do roteiro gostar de enganar-​se.

Esta con­versa toda tem um propósito: recomen­dar aos gov­er­nantes que pro­curem tirar o mel­hor proveito das críti­cas que recebem; despertá-​los para o fato de que não são donos da razão; que os aux­il­iares que só sabem dizer sim e que os endeusa, quase sem­pre estão erra­dos; serve, para, sobre­tudo, dizer-​lhes que o poder é tran­sitório. Logo mais todos descem à planí­cie e os que estarão ao lado do «ex» serão jus­ta­mente aque­les que estiveram antes do poder e não os que viraram «mel­hores ami­gos» durante o fausto do mando.

Outro dia, o mundo maran­hense quase veio abaixo por conta de uma nota escrita no Jor­nal Pequeno, na col­una do Dr. Pêta, alter ego do jor­nal­ista Louri­val Bogéa. Lá o jor­nal­ista crit­i­cava o aço­da­mento do gov­er­nador Flavio Dino na defesa do gov­erno da pres­i­dente afas­tada Dilma Rouss­eff, e con­cluía, dizendo que se o gov­er­nador estava pen­sando mais em si que nos inter­esses do Maran­hão, estaria sendo egoísta.

Emb­ora o gov­er­nador seja afeito a respon­der dire­ta­mente – ainda que por vias trans­ver­sas – tudo lhe é dito do gov­erno ou da sua con­duta, não tomei con­hec­i­mento de qual­quer man­i­fes­tação sua. Entre­tanto, os setores da imprensa que orbita em torno do palá­cio e até pes­soas bem próx­i­mas a ele, par­ti­ram “com tudo” para cima do jor­nal­ista do órgão das multidões.

Se não respon­deu, tão pouco deu a dev­ida importân­cia aos aler­tas que lhes foram feitos. Tanto isso é ver­dade, que junto com o ex-​advogado-​geral da União e do dep­utado Waldir Maran­hão, interino na presidên­cia da Câmara dos Dep­uta­dos, pro­tag­oni­zaram um dos mais patéti­cos momen­tos da política nacional: a ten­ta­tiva bisonha do dep­utado maran­hense de des­man­char a sessão da Câmara dos Dep­uta­dos que aprovou a aber­tura de processo de impeach­ment da pres­i­dente da República.

A ati­tude insólita e típica do movi­mento estu­dan­til – emb­ora tenha cau­sado pre­juí­zos – acabou por virar piada de norte a sul do país e até no estrangeiro.

Qual­quer que seja a análise que se faça a con­clusão é a mesma: foi uma lam­bança mon­u­men­tal, que teria sido evi­tada se os pro­tag­o­nistas tivessem dado atenção às pon­der­ações dos críti­cos. Fiz­eram ouvi­dos moucos. E, não ape­nas o dep­utado, mas, sobre­tudo, o gov­er­nador, pode­riam ter nos poupado deste tipo de con­strang­i­mento, do vex­ame que rompeu as fron­teiras do Brasil – e ao país, dos pre­juí­zos cau­sa­dos pela quar­te­lada estudantil.

Outra mon­u­men­tal lam­bança é atribuir-​se aos críti­cos do atual gov­erno um saudo­sismo tar­dio dos gov­er­nos ante­ri­ores, sobre­tudo, àque­les lig­a­dos ao sar­neysmo. Será que o Jor­nal Pequeno, com quase 65 anos, desde sem­pre na oposição, teria razão para, segundo os gov­ernistas de hoje, fazer «o jogo da oposição»? Lógico que não.

Nem o Jor­nal Pequeno, sua direção, ou qual­quer outro cidadão, que tenha uma visão crítica dos (des)acertos do gov­erno devem ser trata­dos como opos­i­tores. Antes, dev­e­riam ser trata­dos, como pes­soas, que tendo ficado e se ded­i­cado uma vida inteira à causa oposi­cionista são mere­ce­do­ras do respeito dev­ido, quando não, ser­mos ouvi­dos pelas críti­cas feitas na intenção de colab­o­rar com o gov­erno. Pois, o desejo maior é que ele dê certo, que prove ser pos­sível fazer uma admin­is­tração difer­ente daque­las que se pas­sou a vida inteira criticando.

Não há dis­curso mais cômodo que o dos gov­ernistas profis­sion­ais, até porque, raros são os gov­er­nantes que não se deixam seduzir pela adu­lação dos lacaios. Difí­cil é criticar com inde­pendên­cia e por conta disso sofrer as con­se­quên­cias que vêm das mais diver­sas for­mas, seja pela perseguição, seja pela desqual­i­fi­cação feitas por aque­les que só con­hecem um lado – o dos que estão no poder, seja quem for.

Noutra quadra, a crítica, quase sem­pre incom­preen­dida, é feita no inter­esse do Maran­hão. O que se dese­jamos é ver os inter­esses do estado e do povo maran­hense à frente de inter­esses pes­soais ou de par­tidos, quais­quer que sejam.

Abdon Mar­inho é advogado.