CINISMO.
Vi por aí uma petição pública de uma entidade – provavelmente um dos braços do governo afastado – pedindo que o STF torne nulas as nomeações de ministros investigados pela operação Lava Jato.
Em princípio – embora entenda que investigação, mesmo denúncias, não faz ninguém culpado e numa democracia ninguém deva está imune a elas –, sou favorável que pessoas investigadas por crimes tão graves não façam parte de governo, mais ainda, de um governo que se pretende de salvação nacional.
Mas este é um problema do governante.
O que me chama atenção, no entanto, é o fato de não ter visto essa mesma disposição da mencionada entidade em exigir providência idêntica com relação ao governo da senhora Dilma Rousseff, que, se não me falha a memória, possuía quase duas dezenas de investigados na mesma operação.
Ah, antes podia, e agora não?
Não sou contra a iniciativa – nem esta nem outras que vierem no sentido de manter o governo sob severa vigilância –, o que me incomoda é o cinismo.
E ainda dizem: o Janot só viu irregularidade no caso de Lula. Trata-se de absurdo. O caso do ex-presidente foi escandaloso pois tratou-se de um claro caso de obstrução da Justiça. Nomeou-se, sobretudo para que não fosse importunado pelo juiz Moro. As interceptações telefônicas revelam isso.
Não é o que ocorre no presente caso, quando os nomeados já possuem o foro privilegiado por serem parlamentares.
Estranhamente a OAB, que através de seus membros, sabe mais que ninguém que investigação e/ou denúncia não faz ninguém culpado, embarca em mais este absurdo de adotar a «presunção de culpa».
É uma vergonha.