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SERÁ QUE O BRASIL TEM JEITO?

Escrito por Abdon Mar­inho

SERÁ QUE O BRASIL TEM JEITO?

ASSIS­TIA a uma reportagem sobre vio­lên­cia no Japão. Pelas tan­tas recebi a infor­mação de que durante todo o ano de 2015, em todo o país, cinco pes­soas foram assas­si­nadas a tiros. No Brasil, ano pas­sado, assas­si­natos, por armas de fogo ou por armas bran­cas foram quase 60 mil. Em São Luís, cidade com pouco mais de um mil­hão de habi­tantes, em um único dia – e isso se repete quase todos os dias, com mais ênfase nos fins de sem­ana – foram dez assassinatos.

No nosso país, infe­liz­mente, a vida humana não tem qual­quer valor, emb­ora seja o bem mais valioso que se tem, vale menos que um tostão furado.

A cor­rupção é mal que assola o mundo inteiro, em maior ou menor grau, por aqui, tem-​se a impressão que ela é endêmica. Vai desde o eleitor que cobra 20 ou 50 reais para votar em deter­mi­nado can­didato aos gov­er­nantes, que mon­tam máquinas de cor­rupção de den­tro dos palá­cios e se tor­nam sócios dos esque­mas crim­i­nosos que drenam os cofres da nação e com isso matam mil­hares de brasileiros todos anos. Seja o atendi­mento médico que não chega, seja as rodovias mal feitas que matam mais que guer­ras (só no ano pas­sado foram mais de 50 mil mortes em aci­dentes de trân­sito, mais de mil mor­tos por sem­ana, não são todos, mas grande parte deles, cau­sa­dos pelas pés­si­mas condições das rodovias), seja os entraves econômi­cos que levam mil­hares de pais de famílias à falta de expec­ta­tiva, ao desem­prego e ao deses­pero, seja através de uma edu­cação que mata os son­hos de cri­anças e jovens um pouco por dia.

Os males do Brasil são inúmeros, mas grande parte deles tem origem no estado alta­mente cor­rupto, onde aque­les que não ten­tam tirar van­tagem em tudo são tidos por «otários», onde os políti­cos fazem for­tu­nas da noite para o dia, no exer­cí­cio dos mandatos, fazendo advo­ca­cia para par­tic­u­lares ou con­glom­er­a­dos econômi­cos ou sim­ples­mente expro­priando o estado com a «venda» de emen­das a quem ofer­e­cer a maior van­tagem (propina); exe­cu­tando eles próprios as obras públi­cas, dire­ta­mente ou através de prepostos.

Os assaltos aos cofres públi­cos ocor­rem em todas as esferas, em todos os níveis. Esta é uma real­i­dade de todos conhecida.

Poucos podem ale­gar descon­hecer isso, ainda que quase ninguém se ocupe de inves­ti­gar ou punir.

Os dois poderes, leg­isla­tivo e exec­u­tivo, em todas as esferas, estão con­fla­gra­dos pelo lamaçal da cor­rupção, basta ver os noti­ciários, poucos, quase ninguém escapa das delações já feitas e das que virão.

A cor­rupção sem­pre foi (e ainda é) a força motriz da política brasileira. Agora mesmo, nes­tas eleições de 2016, com toda vig­ilân­cia e lim­i­tação finan­ceira imposta aos can­didatos a prefeitos e vereadores, se tem noti­cia de cam­pan­has que teriam cus­tado mil­hões, dois, três, até 10 mil­hões de reais. Val­ores que superam, em muito, o valor que o eleito rece­berá a título de venci­men­tos. Será que alguém tem alguma dúvida de como essa conta será fechada? Estes val­ores acima de mil­hões não se ref­ere ape­nas aos car­gos majoritários, vereadores aqui da cap­i­tal, segundo dizem, fiz­eram gas­tos vul­tu­osos, incom­patíveis com o que vão rece­ber ao longo do quadriênio.

Infe­liz­mente, o Brasil pos­sui uma classe política hor­ro­rosa, elit­ista, per­dulária e insen­sível aos prob­le­mas da nação, com as hon­radas exceções de sem­pre. Mas, para o nosso des­gosto maior, foi eleita de forma livre e sober­ana pelo con­junto do eleitorado.

A sociedade brasileira não dev­e­riam ficar abal­ada com o com­por­ta­mento da sua classe política. Nada que vem do par­la­mento brasileiro deve nos causar estranheza.

O brasileiro enlu­tado em face da última tragé­dia, acor­dou sobres­saltado ao saber que o par­la­mento, mas pre­cisa­mente a Câmara dos Dep­uta­dos, apre­sen­tou emen­das ten­dentes a mod­i­ficar de forma sub­stan­cial um pro­jeto de ini­cia­tiva pop­u­lar, cap­i­taneado pelo Min­istério Público, com medi­das de com­bate a corrupção.

A primeira obser­vação que tenho é que os autores das mod­i­fi­cações talvez não reunis­sem as condições morais – legais têm de sobra, posto que eleitos de forma reg­u­lar e pos­suem com­petên­cia leg­isla­tiva para tal –, para apre­sen­tar medi­das que, suposta­mente, os beneficiam.

A segunda obser­vação diz respeito à forma, durante um luto, na «cal­ada da noite», como se diz. Não ficou legal. Ainda que os inter­esses fos­sem legí­ti­mos, passou-​se uma pés­sima impressão.

Feitas estas ressal­vas, entendo que o momento que vive­mos, cobra pas­sar­mos o país a limpo. E isso envolve todas as insti­tu­ições repub­li­canas, incluindo aí o Min­istério Público e o Poder Judiciário.

Em 20(vinte anos) como advo­gado me orgulho de dizer que nunca con­heci um mag­istrado ou mem­bro do Min­istério Público cor­rupto. Não con­heço porque nunca nen­hum me pediu qual­quer van­tagem ou teve de minha parte qual­quer oferta. Vou além, tenho certeza que a larga maio­ria é for­mada por servi­dores sérios e ded­i­ca­dos ao seu min­istério. Entre­tanto, segundo dizem, estas insti­tu­ições, como todas as out­ras, não estão livres e têm den­tre seus mem­bros pes­soas sem com­pro­misso, cor­rup­tas, que agem por moti­vações subalternas.

Infe­liz­mente, essa mino­ria – que, ainda, segundo o que se ouve aqui e ali – não é tão insignif­i­cante assim, pre­cisa de bal­izas legais a impedir abu­sos con­tra o con­junto da sociedade.

Não se trata, aqui, de querer pro­te­ger o político ban­dido, ladrão do din­heiro público, mas o cidadão comum, que difer­ente dos políti­cos não tem qual­quer proteção.

Nós, brasileiros, temos o pés­simo hábito de enx­er­gar­mos o mundo em preto e branco. De compararmos.

Assim, se com­para­mos qual­quer seg­mento com a classe política, temos a impressão que os primeiros são anjos e os segun­dos demônios. Mas não é bem assim. Se anal­is­ar­mos indi­vid­ual­mente acabamos por perce­ber que as maze­las con­t­a­m­i­nam todas as insti­tu­ições brasileiras.

Se me per­guntarem se a classe política (Con­gresso Nacional) agiu ou age moti­vado por inter­esses mesquin­hos de retal­i­ação, con­tra o Min­istério Público e o Judi­ciário. Não tenho dúvi­das que sim. Diante dos fatos rev­e­la­dos até o momento, lit­eral­mente, leg­is­laram em causa própria. Prova maior disso foi o aço­da­mento do pres­i­dente do Senado – e do Con­gresso –, em querer o aprovar as alter­ações feitas pela Câmara dos Dep­uta­dos de afo­gadilho, sem qual­quer dis­cursão maior com os demais senadores ou com a sociedade.

Noutra quadra, como dito acima, entendo que pre­cisamos de bal­izas claras de respeito ao dire­ito dos cidadãos nas atu­ações do Min­istério Público e do Judiciário.

E isso, em bene­fí­cio das próprias insti­tu­ições, que têm pes­soas sérias con­fun­di­das com os muitos malfeitores que lá estão enfron­hados. Justiça é coisa séria, não sendo aceitável que se tire o dire­ito de um para dar a outro por qual­quer motivo, muito menos em troca de van­ta­gens pecu­niárias; ou que manda soltar traf­i­cantes pre­sos em fla­grante ou crim­i­nosos de out­ros matizes pelo mesmo motivo.

Quando anal­isamos o fato de alguém investido de rel­e­vantes funções públi­cas com poderes sobre a vida é liber­dade dos cidadãos come­ter abu­sos por moti­vações finan­ceiras, políti­cas ou de cunho ide­ológico, chega a ser acin­toso que receba como penal­i­dade máx­ima uma aposen­ta­do­ria com­pul­sória com venci­men­tos integrais.

A «punição», na ver­dade, nada mais é que um prêmio ao crime. Quando assisto esse tipo de coisa, penso: o crime com­pensa no Brasil. Basta ver quan­tos foram afas­ta­dos nes­tas condições cujo os proces­sos, noutras esferas, nunca deram em nada. Garan­tias, sim, abu­sos, priv­ilé­gios, não.

As coisas estão de forma fora de ordem no país, que as pes­soas pas­saram a con­fundir as coisas, não con­seguem sep­a­rar o que é garan­tia para que preste seu serviço com dig­nidade à sociedade e o que se reveste de abuso, priv­ilé­gio e trata­mento que os torna acima dos demais cidadãos.

Faz-​se necessário, sim, cor­ri­gir esse tipo de coisa.

O Brasil pre­cisa pas­sar por uma pro­funda reforma que acabe com estes e com tan­tos out­ros priv­ilé­gios, seguir estri­ta­mente o man­da­mento con­sti­tu­cional, insculpido no caput do artigo 5º: «Todos são iguais per­ante a lei, sem dis­tinção de qual­quer natureza, garantindo-​se aos brasileiros e aos estrangeiros res­i­dentes no País a invi­o­la­bil­i­dade do dire­ito à vida, à liber­dade, à igual­dade, à segu­rança e à propriedade…».

Foge a minha com­preen­são a ideia que pos­samos ter «cas­tas» que brig­ando para ficar acima da lei. Não meus sen­hores, a lei sub­mete a todos. Se a lei não sub­me­ter a todos, cer­ta­mente, o Brasil não terá jeito.

Abdon Mar­inho é advogado.

Câmara de Bom Jardim é impe­dida de declarar vacân­cia na presidência

Escrito por Abdon Mar­inho

Logomarca da Câmara de Bom Jardim

Logo­marca da Câmara de Bom Jardim

Câmara de Bom Jardim é impe­dida de declarar vacân­cia na presidência

23
NOV
2016

08:42

Uma decisão pro­ferida pelo juiz Rapa­hel Leite Guedes deter­mina que os vereadores de Bom Jardim declarem vacân­cia de cargo de pres­i­dente da Câmara Munic­i­pal. O man­dado de segu­rança, com pedido de lim­i­nar, foi impe­trado por Manoel da Con­ceição, antes pres­i­dente da Câmara e agora prefeito por ordem judi­cial. A ação foi movida con­tra os vereadores Adri­ano de Aaújo, Ana Lídia Costa, Sônia Maria Brandão, Antônio Bar­bosa de Almeida, Hiate­an­der­son Leite, José Salazar, Mar­coni Mendes, Noeme Fer­nan­des, Roberty Pinto e San­dra Pereira.

Destaca o autor que tomou posse como Prefeito de Bom Jardim em razão de diver­sos afas­ta­men­tos ocor­ri­dos por decisão judi­cial. Alega ele que os impe­tra­dos sub­screveram requer­i­mento solic­i­tando a declar­ação de vacân­cia de cargo de Pres­i­dente da Câmara Munic­i­pal e, ao mesmo tempo, em sessão a ser real­izada nesta data, obje­ti­vam forçar uma nova eleição para a mesa e presidên­cia da Câmara Munic­i­pal de Bom Jardim, além de empos­sar um dos impe­tra­dos, con­se­quente­mente, como Prefeito de Bom Jardim. “O atual prefeito pugna pela lim­i­nar no sen­tido de que os impe­tra­dos deixem de praticar quais­quer atos no sen­tido de des­ti­tuir o impe­trante do cargo de Pres­i­dente da Câmara Munic­i­pal e de Chefe do Exec­u­tivo Municipal”.

A iminên­cia do ato vio­lador do dire­ito em tela, con­sis­tente na edição de ato pelo Poder Leg­isla­tivo munic­i­pal, com a real­iza­ção de evi­dente manobra trans­versa que obje­tiva declar­ação de vacân­cia do cargo de Pres­i­dente da Câmara Munic­i­pal de Bom Jardim, com o obje­tivo nítido de empos­sar um dos impe­tra­dos, con­se­quente­mente, como Prefeito de Bom Jardim, con­trar­iando a moral­i­dade e viciando o ato admin­is­tra­tivo”, dis­serta o juiz na decisão.

E adverte: “Ora, con­forme decisão judi­cial deste juízo de dire­ito, foi dada posse ao impe­trante como Prefeito de Bom Jardim e, con­se­quente­mente, dada posse a vereadora Maria Sônia Brandão como Pres­i­dente da Câmara Munic­i­pal em sessão pública solene ocor­rida, inclu­sive, na sede da Câmara de Vereadores, razão pela qual não há motivo razoável e líc­ito a ense­jar qual­quer ato dos vereadores no sen­tido de declarar vago o referido cargo, pois o mesmo se encon­tra preenchido, em razão de decisão judi­cial deste juízo”.

Para o Judi­ciário, não há vacân­cia de qual­quer dos car­gos, haja vista que tanto o Prefeito impe­trante, quanto a Pres­i­dente em exer­cí­cio da Câmara Munic­i­pal estão nos referi­dos car­gos por deter­mi­nação judi­cial. Citou ainda que no momento do afas­ta­mento judi­cial da Vice-​Prefeita, Mal­rinete Matos, o impe­trante ocu­pava o cargo de Pres­i­dente da Câmara Munic­i­pal, cargo que foi preenchido, con­se­quente­mente, pela vereadora Sônia Brandão, razão pela qual devem per­manecer nos car­gos até o fim do mandato, ou ulte­rior decisão judi­cial em sen­tido contrário.

Logo, entendo que não há vacân­cia de qual­quer dos car­gos referi­dos, até porque, como de con­hec­i­mento público e notório, foi real­izada sessão solene e dada a posse aos gestores atu­ais em ambos os car­gos referi­dos. Em ver­dade, repito, trata-​se de manobra com intu­ito uni­ca­mente político a fim de criar insta­bil­i­dade neste Municí­pio tão car­ente de bons gestores, a menos de 40 (quarenta) dias do fim do mandato, oca­sio­n­ando mais pre­juí­zos para a pop­u­lação”, jus­ti­fi­cou o mag­istrado, enfa­ti­zando que o perigo na demora, do qual poderá decor­rer a inutil­i­dade da ação, tam­bém está pre­sente, espe­cial­mente porque a des­ig­nação de novo Prefeito e Pres­i­dente da Câmara, por vias trans­ver­sas e con­trária a decisão judi­cial em vigor, atenta con­tra a ordem pública e viola dire­ito líquido e certo do impe­trante de per­manecer no cargo, além de prej­u­dicar toda a pop­u­lação bom-​jardinense com vio­lação de ordem judi­cial em vigor.

Por fim, decidiu: “Ante o exposto, por estarem pre­sentes os req­ui­si­tos, defiro par­cial­mente o pedido lim­i­nar e deter­mino que os impe­tra­dos acima cita­dos se absten­ham de praticar qual­quer ato de declar­ação de vacân­cia de cargo de Pres­i­dente da Câmara Munic­i­pal de Bom Jardim, haja vista que o mesmo já se encon­tra preenchido em razão de decisão judi­cial”. E segue: “Caso os impe­tra­dos já ten­ham prat­i­cado o referido ato, sus­pendo os seus efeitos, devendo per­manecer na Presidên­cia da Câmara Munic­i­pal de Bom Jardim, a atual pres­i­dente, vereadora Sônia Brandão”.

Em caso de des­cumpri­mento da decisão judi­cial, foi fix­ada uma multa a cada um dos impe­tra­dos no valor de R$ 250.000,00 (duzen­tos e cinqüenta mil reais), além de pos­sível respon­s­abi­liza­ção cível e crim­i­nal pela des­obe­diên­cia à pre­sente ordem judi­cial. “Notifiquem-​se os impe­tra­dos enviando-​lhe a segunda via apre­sen­tada com as cópias dos doc­u­men­tos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, prestem as infor­mações. Oficie-​se ao Ger­ente do Banco do Brasil S/​A, com urgên­cia, para não pro­ceder qual­quer alter­ação nos cartões de autó­grafo das con­tas bancárias munic­i­pais sem ordem judi­cial deste juízo de dire­ito”, con­cluiu, expli­cando que esta decisão servirá como man­dado de noti­fi­cação para os dev­i­dos fins, em atenção aos princí­pios da econo­mia e celeri­dade processuais.


Michael Mesquita
Asses­so­ria de Comu­ni­cação
Cor­rege­do­ria Geral da Justiça do Maran­hão
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www​.face​book​.com/​c​g​j​m​a
(98) 3198463631984624

NO ESCÂN­DALO DA SEFAZ QUEREM QUE O RABO BAL­ANCE O CACHORRO.

Escrito por Abdon Mar­inho

NO ESCÂN­DALO DA SEFAZ QUEREM QUE O RABO BAL­ANCE O CACHORRO.

MUITO tempo acom­panho a política maran­hense – mais de trinta anos –, e não lem­bro de ter visto ou ouvido fatos tão graves quanto os relata­dos agora, como tendo ocor­rido na SEFAZ.

Não que antes não hou­vesse cor­rupção. Esta sem­pre esteve pre­sente na vida cotid­i­ana dos maran­henses. Gov­er­nadores, sem qual­quer con­strang­i­mento já con­fundi­ram o público com o pri­vado; já usaram o patrimônio público se seu fosse; já roubaram para si e para as futuras ger­ações de seus clãs. Propina em obras, comis­sões em paga­men­tos, sem­pre fiz­eram parte da rotina dos gov­er­nos. Se há exceção – e não duvido que haja – é ape­nas para jus­ti­ficar a regra.

Em sendo ver­dade e com­pro­va­dos os fatos agora nar­ra­dos e denun­ci­a­dos pelo Min­istério Público Estad­ual, estare­mos diante de uma ousada estraté­gia de se assaltar os cofres públi­cos. Mas isso quem vai dizer é a instrução proces­sual com a pos­te­rior con­de­nação dos cul­pa­dos, se houverem.

Ainda em tese, o que mais me chama a atenção no pre­sente escân­dalo – caso o MPE con­siga provar o que escreveu (ou assi­nou embaixo, segundo os críti­cos) –, será a ousa­dia, tanto dos agentes públi­cos, quanto dos agentes privados/​beneficiados e seus cúm­plices inter­mediários. É pre­ciso muita cor­agem para ten­tar trans­for­mar em legal o que não o é. Mais ainda quanto se trata de uma ciên­cia exata. Talvez con­fi­antes de que ninguém nunca iriam checar os números, ver­i­ficar se as com­pen­sações efe­ti­va­mente exi­s­ti­ram, ou se podiam ser com­pen­sadas, na forma e nos moldes que foram. Talvez cer­tos da impunidade que sem­pre existiu.

Os agentes públi­cos sabiam, com certeza, que aquilo que estão dizendo que fiz­eram era crime. Assim como os empresários suposta­mente envolvi­dos sabem que não se pode trans­for­mar 17% (dezes­sete por cento) em 2% (dois por cento) ou em nada. Se fiz­eram isso, sabiam dos crimes que estavam desafiando.

Meu pai, se vivo fosse, cer­ta­mente diria: – Muitas vezes a sabedo­ria acaba por “comer” o sabido.

Pois bem, em que pese a sin­gu­lar gravi­dade dos fatos nar­ra­dos, segui­dos de denún­cia crim­i­nal do Min­istério Público Estad­ual, o que se viu nos dias e sem­anas seguintes foi a ten­ta­tiva de desqual­i­ficar o pro­mo­tor e o MPE, a juíza e o Poder Judi­ciário, a imprensa e o governo.

Pior, que isso, cada uma destas cor­po­rações agindo como seus inter­esses próprios fos­sem supe­ri­ores aos fatos em si. Numa visão de aquarela era como se o rabo estivesse bal­ançando o cachorro.

Assim é que as pes­soas de bem assi­s­ti­ram, muitas sem enten­der, a pro­fusão de notas, con­tra notas e noti­cias em todos os meios, cada uma na defesa de seus próprios inter­esses ou daque­les que estão lhes pagam.

Ora, o mais impor­tante de tudo é o tamanho do alcance e, mais adi­ante, a forma como esse pre­juízo aos cofres públi­cos será ressar­cido e a punição dos cul­pa­dos. O que se viu – e ainda se ver – é o des­file de vaidades daque­les que dev­e­riam zelar pelo inter­esse público, como se um alcance, que deve pas­sar da casa do bil­hão, fosse pouca coisa para um estado tão mal­tratado quanto o Maranhão.

A regra ele­men­tar é que o acessório segue o prin­ci­pal. O caso em tela, o fato prin­ci­pal foi o alcance e suas con­se­quên­cias e não o disse-​me-​disse, a vaidade deste ou daquele mem­bro do MPE ou do Judi­ciário. Não se trata disso. As fal­has ou incon­sistên­cias – se hou­verem –, dev­erão e serão explo­rada pelos impli­ca­dos, com a com­petên­cia que, cer­ta­mente, são possuidores.

Em parte, a falsa polêmica pode ser cred­i­tada a forma como o gov­erno con­duz mas coisas, à sua já prover­bial inca­paci­dade de ouvir quem quer que seja.

Lem­bro que antes mesmo dos atu­ais inquili­nos dos Leões assumirem alertei-​os para a neces­si­dade de se audi­tar os “malfeitos”, por ven­tura, her­da­dos de gov­er­nos ante­ri­ores. Pos­te­ri­or­mente, reit­erei tal sug­estão no texto “Audi­tar é Uma Neces­si­dade”. Pon­derei, entre­tanto, que tal audi­to­ria fosse con­tratada exter­na­mente. Não fiz tal pon­der­ação por duvi­dar da com­petên­cia dos téc­ni­cos do estado, mas, já pre­vendo a explo­ração política que fariam quais­quer que fos­sem as con­statações: se nada fosse encon­trado, teriam o resul­tado como «ates­tado de hon­esti­dade” fornecido pelo novo gov­erno; caso fosse encon­trado algo – como parece ter ocor­rido –, estaríamos diante do mais absurdo “Estado de Exceção”.

A audi­to­ria externa livraria o atual gov­erno das duas situ­ações. Os audi­tores da mais ele­vada com­petên­cia fariam seus lev­an­ta­men­tos e os entre­gariam ao con­tratante já com cópia para órgãos do Min­istério Público, da Justiça e de con­t­role como TCE, TCU, CGU, etc. Grandes cor­po­rações e mesmo gov­er­nos já fazem uso de audi­to­rias independentes

Os resul­ta­dos, ampla­mente com­par­til­ha­dos com a sociedade e órgãos de con­t­role, per­mi­tiria a adoção das medi­das cabíveis, sem que as mes­mas sofressem quais­quer tipo de ques­tion­a­men­tos, isso, sem con­tar que os servi­dores públi­cos teriam mais tempo para tra­bal­har na ori­en­tação e pre­venis­sem os equívo­cos já do atual governo.

Como – mais uma vez –, fiz­eram ouvi­dos moucos, temos que con­viver com todo tipo de explo­ração política em relação a um dos escân­da­los mais graves da história do Maran­hão, repito.

Uns dizem que se trata de uma perseguição política con­tra a ex-​governadora Roseana Sar­ney, out­ros que o gov­erno estad­ual mon­tou uma polí­cia política nos porões do palá­cio (nem sabia que o Palá­cio dos Leões pos­suía porões), e por aí vai. Até o ex-​presidente da República, José Sar­ney, prega, na sua col­una domini­cal que o atual gov­erno utiliza-​se do medo como instru­mento para con­stranger os adver­sários (e tam­bém os aliados).

Claro que as mes­mas acusações ocor­re­riam de qual­quer jeito, mas, uma coisa é se acusar uma audi­to­ria externa de par­cial­i­dade, outra coisa é atribuir tal par­cial­i­dade a mem­bros do gov­erno nomea­dos pelo gov­er­nador que, suposta­mente, teria inter­esse em afas­tar a ex-​governadora da dis­puta em 2018.

Um dos mais anti­gos ensi­na­men­tos pre­ceitua que em política as aparên­cias têm mais relevân­cia que os próprios fatos. Ou, como suposta­mente teria dito César, o imper­ador romano: a mul­her de César não basta ser hon­esta, tem que pare­cer honesta.

Esque­ce­ram isso. Esque­ce­ram que gov­erno não é só forma ou con­teúdo. Gov­erno é o somatório de ambos: da forma e do conteúdo.

Abdon Mar­inho é advogado.