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NOTAS DA GUERRA 1.

Escrito por Abdon Mar­inho

O CIDADÃO de bem já deve ter perce­bido que a cam­panha eleitoral de São Luís tornou-​se uma guerra, um vale-​tudo, onde qual­quer soco abaixo do pescoço está val­endo. O com­por­ta­mento das duas cam­pan­has – ao meu sen­tir, com mais ênfase agres­siva para a cam­panha do prefeito/​candidato –, reforça o meu desalento com o futuro da cidade para os próx­i­mos qua­tro anos.

Mas vamos as notas.

INTOL­ERÂN­CIA NA UEMA

Se alguém vai a um debate ou evento o que se espera é que está pes­soa seja respeitada e possa expor seus pon­tos de vista, bem como ser ques­tion­ado sobre os mes­mos e, sobre suas posições com relação a deter­mi­na­dos temas.

As uni­ver­si­dades dev­e­riam, mais que qual­quer outro lugar, ser o espaço ded­i­cado a isso, ao plu­ral­ismo das ideias. Não é o que se ver nas uni­ver­si­dades brasileiras, maran­henses inclusas, isso jus­ti­fica a falta de edu­cação e com­pos­tura com as quais diver­sos mil­i­tantes rece­beram um dos candidatos.

SANE­Y­SISTA ENRUSTIDO.

Os dois can­didatos negam que ten­ham apoio do antigo régime (grupo Sar­ney). Ali­a­dos do prefeito can­didato espal­ham aos qua­tros ven­tos que o candidato/​deputado é sar­ne­y­sista enrustido. Ele nega. O neto de Sar­ney afirma que sim: o can­didato dep­utado esteve pedindo apoio do grupo de da ex-​governadora Roseana Sarney.

A infor­mação do neto de Sar­ney ajuda jus­ta­mente aquele que afirma não ter o apoio do grupo Sar­ney, o prefeito/​candidato e prej­u­dica jus­ta­mente aquele a quem imputam a pecha de Sar­ne­y­sista enrustido.

Então ficamos assim: O neto de Sar­ney dar uma ajud­inha ao prefeito/​candidato anti-​Sarney con­tra aquele que é o ver­dadeiro can­didato do grupo Sarney.

O Maran­hão não é para amadores.

NEU­TRAL­I­DADE SUIÇA.

Leio que o gov­er­nador do estado que prom­e­tera envolver-​se na cam­panha como mil­i­tante resolveu ficar neu­tro na disputa.

Noutra quadra, não são poucos os aux­il­iares que dia e noite se envolvem a não mais poder na cam­panha do atual prefeito. A mídia ofi­cial do gov­erno e a pro­pa­ganda eleitoral do can­didato até pare­cem pro­duzi­das pelos mes­mos mar­queteiros, tal a semel­hança dos bene­fí­cios que anun­ciam a respeito da parce­ria governo/​prefeitura. Mais que pro­pa­ganda são as obras par­ceiras ocor­rendo e sendo explo­radas na campanha.

Per­gun­tar não ofende: Não seria mais pru­dente um gov­er­nador empun­hando a ban­deira de seu can­didato nas ruas e o gov­erno neu­tro ao invés do contrário?

SAÍDA? QUE SAÍDA?

Con­tinua sem resposta a seguinte pergunta:

A mel­hor saída para São Luís é:

  1. Estre­ito dos Mosquitos;
  2. Ter­mi­nal da Ponta da Espera;
  3. Aero­porto Cunha Machado;
  4. Prefeito/​candidato;
  5. Deputado/​candidato;
  6. Nen­huma das alter­na­ti­vas anteriores.

MARAN­HÃO VER­MELHO: CARTA A WAL­TER RODRIGUES.

Escrito por Abdon Mar­inho

MARAN­HÃO VER­MELHO: CARTA A WAL­TER RODRIGUES.

São José de Riba­mar, 13 de out­ubro de 2016.

Carís­simo Walter,

Desde a última vez que te escrevi, em 2014, muitas coisas acon­te­ce­ram, no Brasil e no Maran­hão. Para começar, o PT, do ex-​presidente Lula, tornou-​se, defin­i­ti­va­mente, um par­tido de políti­cos pre­sos. No curso da oper­ação da inti­t­u­lada «Lava Jato», os mais escabrosos escân­da­los de cor­rupção foram rev­e­la­dos à pat­uleia e, com seus efeitos, jun­ta­mente com os desac­er­tos na econo­mia e na política, cul­mi­nou com o impeach­ment da pres­i­dente Dilma Rouss­eff, reeleita nas eleições de 2012, afas­tada defin­i­ti­va­mente no último dia de agosto deste ano – reforçando a ideia do agosto do desgosto.

Outro que se encon­tra em maus lençóis é o próprio ex-​presidente Lula – ele, famil­iares e pes­soas bem próx­i­mas e ainda parte da antiga cúpula do PT já viraram réus em algu­mas ações penais – e, segundo os mais diver­sos espe­cial­is­tas, não demoram a con­hecer o sis­tema penal brasileiro a par­tir da per­spec­tiva interna. Uma lás­tima, meu amigo, para quem foi depositário de tan­tas esper­anças. Lás­tima maior para nós que acred­itá­va­mos tanto.

Das muitas coisas que acon­te­ce­ram e estão acon­te­cendo neste Brasil velho cansado de guerra tratare­mos noutra opor­tu­nidade, hoje falare­mos das novi­dades do Maran­hão. O Maran­hão ver­melho para usar uma expressão em voga.

Aliás, quando toquei no impeach­ment da ex-​presidente Dilma foi jus­ta­mente para falar do Maran­hão, mais pre­cisa­mente da par­tic­i­pação, dig­amos, inusi­tada, dos nos­sos políti­cos e que teve o seu auge com o can­ce­la­mento do impeach­ment pelo dep­utado Waldir Maran­hão (PP) que ocu­pava interi­na­mente a presidên­cia da Câmara dos Dep­uta­dos após o afas­ta­mento imposto pelo STF ao pres­i­dente Eduardo Cunha (PMDB/​RJ). Este depois de afas­tado acabou cas­sado por seus pares pouco depois do afas­ta­mento defin­i­tivo de Dilma Rousseff.

Pois bem, segundo comen­tários cor­rentes em todo pais, o autor int­elec­tual da «quar­te­lada estu­dan­til”, como apelidei, que acabou virando piada de norte a sul, não foi o dep­utado Maran­hão, mas sim, o próprio gov­er­nador Flávio Dino (PC do B) que, no episó­dio, acabou envolvendo-​se além da conta. Primeiro, ten­tando cabalar votos a «todo custo» para um gov­erno que não tinha mais qual­quer pos­si­bil­i­dade de sus­ten­tação; segundo, como men­tor da patus­cada assum­ida pelo dep­utado Maran­hão. O certo é que o dep­utado além de virar uma piada no Brasil e no estrangeiro – inúmeras foram as ideias de coisas que ele pode­ria revogar: chegaram a sug­erir que o dep­utado maran­hense revo­gasse a Lei da Gravi­dade –, teve a vida devas­sada, a dele e de famil­iares. E, como é de se esperar da maio­ria dos nos­sos rep­re­sen­tantes, desco­bri­ram seus malfeitos quando gestor da UEMA e rejeitaram suas con­tas apon­tando uma devolução de mais de dez mil­hões de reais; desco­bri­ram que seu filho era servi­dor fan­tasma do TCE (parece piada pronta: o órgão que vigia os demais pos­suía um fan­tasma diante das bar­bas e bigodes de suas excelên­cias) desde tem­pos imemo­ri­ais; acredita-​se que o con­tribuinte maran­hense pagou todos os seus estu­dos fora do estado; sem con­tar os pen­duri­cal­hos do dep­utado Maran­hão aqui e ali.

Suspeita-​se que a repentina noto­riedade ainda traga out­ros abor­rec­i­men­tos no campo da per­se­cução penal.

Até hoje, além da ilação de que o dep­utado teria tomado uma cachaça forte, não se sabe o que o levou a ser «con­ven­cido» pelo gov­er­nador comu­nista a fazer tamanha bobagem. Dizem – repito, dizem –, que entre out­ros mimos, teria exis­tido a promessa de lhe fazer senador nas eleições de 2018. Não se assuste com a ideia de ter­mos um senador como o dep­utado Waldir Maran­hão, o outro pos­tu­lante das hostes gov­ernistas ao mesmo cargo – que já disse não abrir para ninguém –, é o igual­mente notório dep­utado Wew­er­ton Rocha. Pois é, meu amigo, ele mesmo. Cer­ta­mente o estado estará bem rep­re­sen­tado com um ou com outro.

No novo Maran­hão, é bom que saibas, os homens fortes do gov­erno são, além do próprio gov­er­nador, o secretário Már­cio Jerry, que acu­mula a presidên­cia estad­ual do PC do B e dep­utado fed­eral Wew­er­ton Rocha que virou o coman­dante em chefe do PDT. O dep­utado fed­eral Waldir Maran­hão, a ter­ceira força do gov­erno, caiu em des­graça após o bisonho episó­dio do impeach­ment e depois de ter per­dido a presidên­cia do PP no estado.

Se me per­gun­tas o que acho do gov­erno? Com estas proem­i­nentes fig­uras, não tem risco de dar certo, não achas? Trata-​se de um gov­erno “pequeno”, de reg­u­lar para medíocre. A maior parte das obras que exe­cuta – e já se vão quase dois anos –, são fru­tos da her­ança rece­bida do gov­erno ante­rior, inclu­sive, com recur­sos vul­tu­osos con­segui­dos junto ao BNDES. Sem con­tar que rece­beu (e não tem sabido con­ser­var) uma folha de pes­soal equi­li­brada, o que tem afas­tado o risco (ime­di­ato) de não poder pagar os servi­dores em dias.

Sobre as obras não tenho como deixar de destacar a dupli­cação da Avenida dos Holan­deses. Uma obra de três quilômet­ros ini­ci­ada no gov­erno Roseana Sar­ney, em 2014, ao custo de cerca de 30 mil­hões, antes de ser entregue, o gov­erno enten­deu (com razão) que dev­e­ria pas­sar por uma «requal­i­fi­cação» para isso fiz­eram mais um aporte vul­tu­oso de recur­sos, como o gov­erno não colo­cou a placa infor­mando o valor é o prazo de duração, vou pelos boatos que apon­tam mais de 50 mil­hões. A obra ao que parece será bem útil, mas, cer­ta­mente, estare­mos diante dos três quilômet­ros mais caros de toda a história da engen­haria. Uma prova de que por aqui as obras con­tin­uam demasi­ada­mente caras.

E pen­sar o quanto recla­mamos da implan­tação da MA 008,a famosa Paulo Ramos — Arame que, no primeiro gov­erno Roseana Sar­ney cus­tou US$ 30 mil­hões de dólares.

O gov­erno tem pon­tos pos­i­tivos, por exem­plo, salvo uma denún­cia de favorec­i­mento aqui ou ali, uma nomeação de par­ente ou apaniguado, não se tem noti­cias de cor­rupção, pelo menos, não nos níveis que está­va­mos acos­tu­ma­dos a ouvir.

Já com relação a com­petên­cia geren­cial, ainda estão a dever. Não acred­ito que avancem muito.

Mas o prin­ci­pal ques­tion­a­mento feito pelos opos­i­tores ao gov­erno e até por pes­soas esclare­ci­das da sociedade maran­hense diz respeito ao estilo autocrático. Já vi muitos com­para­ndo o gov­er­nador a Hitler ou a Stalin. Ou aos dois. Ao que parece o gov­er­nador faz questão de cul­ti­var essa imagem. Seja proces­sando indis­tin­ta­mente qual­quer um que escreva ou lhe faça crit­i­cas na imprensa, seja reba­tendo aque­les que o com­bate nas redes sociais.

Se fos­ses vivo decerto estarias respon­dendo a ações na justiça. Os jor­nal­is­tas e blogueiros que não “rezam” na car­tilha, segundo dizem, sofrem, além dos pro­ced­i­men­tos judi­ci­ais, referi­dos e as con­heci­das ten­ta­ti­vas de Coop­tações – que muitos ado­ram –, perseguições do apar­elho estatal. Segundo estes mes­mos críti­cos o gov­er­nador ao invés de democ­rata tem se rev­e­lado um ditador.

As insat­is­fações no que tocam ao estilo autoritário de gov­ernar, a intol­erân­cia aos pen­sa­men­tos dis­so­nantes é, equiv­o­cada­mente, atribuído ao par­tido comu­nista ao qual se encon­tra fil­i­ado. Emb­ora exista o mito do chamado cen­tral­ismo democrático mais pre­sente no PC do B que em qual­quer outro par­tido, a intol­erân­cia à crítica pre­cede em muito a fil­i­ação par­tidária. Se lem­brares bem, ainda no tempo de mag­istrado o agora gov­er­nador proces­sou deter­mi­nado jor­nal­ista por conta de uma matéria. E, na audiên­cia de con­cil­i­ação, para por fim ao processo, as condições impostas eram de tal sorte dra­co­ni­anas que sig­nifi­cavam, prati­ca­mente, o com­pleto cercea­mento à liber­dade de imprensa. No episó­dio, deves lem­brar, somente a sua prov­i­den­cial inter­venção, minorou o grave aten­tado. Você mesmo me rela­tou o fato anos depois, lembras?

Então, o pendão autoritário, não vem de hoje, o poder, talvez ape­nas tenha rev­e­lado com maior agudeza. Assim como a inca­paci­dade de ouvir qual­quer um. Diver­sos ali­a­dos políti­cos rev­e­lam o descon­forto e a difi­cul­dade de con­ver­sar com «alguém que sabe tudo», o ver­dadeiro pro­fes­sor de Deus.

Pois bem, como sabes a casa é o reflexo do dono. Se alguém, em um grupo público ou fechado faz qual­quer crítica ao gov­erno ou algu­mas de suas ideias – muitas delas, toscas – já aparece um mem­bro do gov­erno, não para con­tes­tar, mas para desqual­i­ficar a crítica e/​ou o crítico. Trata-​se de algo ter­rível, absur­da­mente antidemocrático.

Pas­sa­dos quase dois anos da insta­lação do gov­erno, a ideia que tenho é que piora a cada dia, sobre­tudo neste viés autoritário, refratário a qual­quer ques­tion­a­mento, ainda os mais legí­ti­mos. Se per­guntares uma definição ade­quada para o gov­erno, acho que se assemelha, em muito, as Matrioskas – as bonecas rus­sas rec­headas de out­ras bonecas iguais. O gov­er­nador seria a boneca maior e os aux­il­iares as bonequin­has, iguais ao chefe, como pequenos dita­dores em seus nichos de poder. Ressal­vando, claro, as exceções que exis­tem em todas as regras.

Vejamos as últi­mas eleições: vi diver­sas lid­er­anças, prefeitos, can­didatos, dep­uta­dos, recla­mando de inter­venções ilegí­ti­mas do Palá­cio dos Leões, do gov­er­nador e/​ou de seus secretários nas dis­putas munic­i­pais. As acusações feitas em pleno século 21, são idên­ti­cas, as acusações feitas ao oli­garca Sar­ney nos seus primeiros anos. Vi prefeitos dizendo que o gov­er­nador orde­nou obras e serviços em seus municí­pios às vésperas das eleições para ben­e­fi­ciar seus adver­sários. Um outro dizendo que fez o lança­mento de deter­mi­nada obra, prom­e­teu empre­gos (os seus ali­a­dos na base chegaram a recol­her doc­u­men­tos na promessa que era para con­seguir tra­balho) e as máquinas serem reti­radas logo depois do pleito. Um autên­tico este­lion­ato eleitoral tão crit­i­cado out­rora. Vamos com­bi­nar que fica desigual o gov­erno estad­ual asfal­tar ruas enquanto seus ali­a­dos pregam a con­tinuidade dos serviços caso gan­hem as eleições, as tais das parcerias.

Uma acusação, das mais grave (senão a mais grave), foi feita pelo prefeito de Mir­in­zal que acu­sou o apar­elho estatal de prendê-​lo sob falsa acusação para alija-​lo da disputa.

Em sendo ver­dade, não me recordo de pres­en­ciar con­duta tão reprovável em tem­pos recentes. Algo assim, só durante o régime militar.

São tan­tas as denún­cias de fatos semel­hantes que receio serem ver­dadeiras. Digo isso com pesar e para o nosso des­gosto. Ver­dade ou não, aqui e ali já ouvi­mos pes­soas dizendo temerem o gov­erno, rev­e­larem receio de uma retal­i­ação, uma represália por diz­erem o que pensa ou por declarem con­trários a cer­tas práti­cas do gov­erno. O mesmo receio dos tem­pos obscuros: de um fla­grante preparado; uma prisão arbi­trária, etc. São coisas tristes, incom­patíveis com uma nação democrática. O sim­ples fato dos cidadãos temerem o gov­erno já é algo aterrador.

Ora, até hoje não tem um des­men­tido de que «ali­cia­ram» dezenas de blogueiros e até jor­nal­is­tas (destes que dev­e­riam hon­rar a profis­são) para descon­struir deter­mi­na­dos can­didatos, bem como custearem grá­fi­cas para para impressão de jor­nale­cos e pasquins con­tra os adver­sários. Não houve um des­men­tido, até pare­cem sen­tir orgulho da con­duta crim­i­nosa. Segundo denún­cia antiga, até as sen­has de deter­mi­na­dos «profis­sion­ais» ficavam ou ficam à dis­posição de cer­tas autori­dades para que as próprias, em nome de out­rem, exe­cutem o serviço sujo.

O senador Roberto Rocha (PSB) disse – e até onde sei não foi con­tes­tado – que para inter­venção dos Leões ser maior, só fal­tou pintarem o palá­cio de vermelho.

Fica difí­cil não dar crédito a tais acusações quando lem­bramos o que fiz­eram até com ali­a­dos de primeira hora, como o foi com Léo Costa em Barreirinhas.

Um sim­u­lacro de Tratado de Torde­sil­has que dividiu o estado em áreas de influên­cia desde ou daquele par­tido da chamada base ali­ada. Por tal acordo – cos­tu­rado à rev­elia da decên­cia – o Municí­pio de Bar­reir­in­has ficaria na cota do PC do B e Léo Costa, o prefeito com dire­ito à reeleição, não dev­e­ria ser candidato.

Pois bem, meu amigo, como a ousa­dia não con­hece lim­ites, direção estad­ual do PDT inter­viu no par­tido naquele municí­pio, obri­g­ando que se col­i­gasse com o can­didato comu­nista. A vio­lên­cia con­tra alguém que fun­dou o par­tido, o desre­speito a toda uma história de luta foi tamanho que cul­mi­nou com a der­rota do can­didato da prefer­ên­cia dos novos líderes do estado, o gov­er­nador à frente.

Ape­sar de todos esses per­calços – e a menos que acon­teça algo inusi­tado – a Matrioska que se tornou o grupo que se assen­hora do estado, ainda desponta como a força mais poderosa para as próx­i­mas eleições. Claro que não tem nada com número de prefeitos eleitos pelo par­tido do gov­erno, pelas con­tas, 46 – que levou o gov­er­nador, tola­mente, a dizer que o Maran­hão, em número de comu­nistas, só perde para a China –, a assertiva, nem como figura de retórica serve.

Os comu­nistas do gov­er­nador, são na ver­dade comu­nistas do gov­erno, de qual­quer gov­erno, de qual­quer par­tido. A larga maio­ria não sabe nem o que é comu­nismo, ou o que sig­nifica, nunca ouvi­ram a Inter­na­cional Social­ista, se ouvi­ram não sabiam do que se tratava.

Noutra quadra, em ver­dade, grupo do gov­er­nador ainda desponta como mais forte. Mas isso se deve pelo com­pleto deserto de lid­er­anças políti­cas no estado.

Ninguém cogita um retorno do grupo Sar­ney, a menos que o atual gov­erno faça uma bobagem sem medida, repito. Já a dis­sidên­cia ensa­iada pelo senador Roberto Rocha, ainda se mostra insip­i­ente, em parte dev­ido ao próprio senador, que ape­sar das boas ideias, parece fazer questão de cul­ti­var a má fama de que não é cumpri­dor de seus com­pro­mis­sos, de que só pensa nele, na família e em uns poucos que estão ao seu redor, isso sem con­tar os desac­er­tos da vida empre­sar­ial da família. Por tudo isso, terá que remar muito para se tornar uma alter­na­tiva viável já em 2018.

Out­ros líderes, infe­liz­mente, não temos. A maior des­graça da oli­gar­quia Sar­ney – impedir a pro­jeção de novas e plu­rais lid­er­anças no estado –, é o maior com­bustível a ali­men­tar o gov­erno do sen­hor Flávio Dino. Não deixa de ser uma nota irônica.

Estas, meu caro amigo, são as notí­cias que tinha a relatar no momento.

Aproveito o ensejo para desejar-​lhe um feliz aniver­sário, no próx­imo dia 1610. Aliás, tenho uma dúvida: tendo a vida eterna pela frente faz sen­tido fes­te­jar aniversário?

Um abraço fraterno de

Abdon Mar­inho.

PS. Prometo não demora tanto a escr­ever novamente.

SEIS POR MEIA DÚZIA.

Escrito por Abdon Mar­inho

SEIS POR MEIA DÚZIA.

TER­MI­NADO o primeiro turno das eleições em São Luís e sagra­dos vence­dores o prefeito Edi­valdo Holanda e o dep­utado Eduardo Braide, alguém pub­li­cou qual seria a mel­hor saída para cidade: a) Edvaldo; b) Braide; c) Aero­porto Cunha Machado; d) Estre­ito dos Mos­qui­tos; e) Porto do Itaqui; f) Ter­mi­nal da Ponta da Espera.

O autor da brin­cadeira não pode­ria ter sido mais feliz ao retratar a situ­ação (calami­tosa) em que se encon­tra a cap­i­tal do Maran­hão. As opções que, já no primeiro turno não eram lá muito ani­mado­ras, gan­hou ares de tragé­dia com os escol­hi­dos pela pop­u­lação para o segundo turno.

O candidato/​prefeito “ameaça» a pop­u­lação com a con­tinuidade do seu gov­erno, adoçando o amar­gor do que foi com “mel­ho­ria”. Já o candidato/​deputado, con­segue apre­sen­tar menos que isso. Um con­junto de pro­postas que mais se assemel­ham as nuvens, tal a con­sistên­cia das mesmas.

Anal­iso o quadro e só sobra desalento. Fico vendo os profis­sion­ais que tra­bal­ham para os can­didatos, sobre­tudo, os que dizem falar em nome da imprensa, tentarem apre­sen­tar um ou outro como o mel­hor, como o mais preparado, como o ideal para diri­gir os des­ti­nos da cidade. Ao mesmo tempo em que ten­tam satanizar aquele que não não é da sua preferência.

Um olhar atento, sem muito esforço, con­stata que os dois can­didatos pos­suem mais pon­tos em comum do que divergências.

Vejamos: ambos os can­didatos estão na faixa dos 40 anos (Edi­valdo, 38, Eduardo, 40); ambos os can­didatos são políti­cos desde sem­pre, fil­hos de políti­cos “her­daram” o ofí­cio dos pais que con­tin­uam com forte ascendên­cia sobre os mes­mos; os car­gos que ocu­param sem­pre foram, ou por indi­cação ou através do voto dos eleitores; ambos, dire­ta­mente, ou através dos pais; não se tendo notí­cia se já foram aprova­dos em algum con­curso público, se algum dia tra­bal­haram den­tro da área das respec­ti­vas for­mações académi­cas; algo que tam­bém se ignora é se algum deles sequer pos­sui CTPS, carteira de tra­balho, a “azulzinha”.

A dura ver­dade é que os pos­tu­lantes ao cargo máx­imo da cidade sequer devem pos­suir Carteira de Tra­balho. E isso, não se devem ao fato de terem sido empreende­dores desde sem­pre, mas sim ao fato de, a vida inteira, terem sido sus­ten­ta­dos pelos con­tribuintes, prin­ci­pal­mente depois que mandato par­la­men­tar foi incluído na bolsa do “primeiro emprego”.

O prefeito/​candidato à frente dos des­ti­nos da cidade ficou devendo – e muito – em matéria de gestão. Emb­ora tente atribuir o fraco desem­penho às condições adver­sas que atrav­essa os municí­pios brasileiros – o que é uma ver­dade incon­teste – a sua gestão pode­ria ter feito muitas coisas com poucos recur­sos ou cap­tando obras e serviços junto ao gov­erno fed­eral, já que não tin­ham muito acesso ao gov­erno estad­ual, nos dois primeiros anos. Temos prefeitos, em municí­pios infini­ta­mente menores, como podemos citar o exem­plo de Timon, que fez esse dever de casa. O municí­pio rev­olu­cio­nou a edu­cação, con­stru­indo, refor­mando e clima­ti­zando esco­las, mais de 26 mil alunos estu­dando em condições dig­nas a não dever nada a ninguém;

Aqui, na cap­i­tal, e vi isso num dire­ito de resposta, o prefeito apre­sen­tou como mérito a con­strução de uma ou duas esco­las, a lic­i­tação de uma ter­ceira, que somadas não aten­dem mil alunos. Um vex­ame total. Das duas dezenas de creches prometi­das em 2012, não se tem noti­cia que con­seguiu erguer uma; o novo hos­pi­tal de urgên­cia e emergên­cia, que até gan­hou nome e maquete na cam­panha pas­sada: Hos­pi­tal Dr. Jack­son Lago, ficou no esquecimento.

E assim tan­tas out­ras pro­postas. Quase nada saiu do papel. E, até os recur­sos cap­ta­dos junto ao gov­erno fed­eral ou out­ras insti­tu­ições não tiveram a capaci­dade de gas­tar. Quem não lem­bra da prometida drenagem da Vila Luizão, para qual o gov­erno fed­eral disponi­bi­li­zou R$ 17 mil­hões? Ini­cia­ram, depois pararam e, por fim, ninguém sabe o que é feito da obra.

O gov­erno munic­i­pal começou a mostrar o ar da graça ape­nas este ano, assim mesmo com o apoio mas­sivo do gov­erno estad­ual, ambos apre­sen­tando como suas essa ou aquela obra. O gov­erno anun­cia que fez cen­te­nas de ruas, o candidato/​prefeito anun­cia que fez as mes­mas ruas; o gov­erno inclui na sua mídia que fez a ponte fulana; o candidato/​prefeito anun­cia a mesma ponte como sendo seu mérito. E por aí vai.

O candidato/​deputado na pas­sagem que teve à frente de um cargo exec­u­tivo, no caso a CAEMA, tam­bém não teve mel­hor sorte. Não con­sigo lem­brar um feito bené­fico a favor da pop­u­lação. Quem pade­cia da falta d’água con­tin­uou a pade­cer; quem sofria com os esgo­tos a céu aberto con­tin­uou a sofrer; não se con­hece a ampli­ação que fez na rede água ou esgoto; e na mel­ho­ria da qual­i­dade destes serviços.

Os dois can­didatos – e falo sem qual­quer crit­ica de cunho pes­soal – pelo que já mostraram, estão longe do que esperá­va­mos para enfrentar os grandes desafios que a cidade pos­sui e exigem enfrenta­mento. Ambos, sequer, con­hecem ou dimen­sionam tais desafios.

Da análise que faze­mos dos can­didatos cheg­amos à con­clusão que sobram motivos para que não sejam vota­dos. Motivos de ordem prática, bem dis­tantes de uma mal­cri­ação cometida durante a infância/​adolescência. Essas tolices, sem menosprezar a gravi­dade dos fatos pretéri­tos, acon­te­ce­ram há décadas, não merece o ou os can­didatos respon­derem por tais coisas depois de tanto tempo. Devem, sim, se enver­gonhar, causar con­strang­i­men­tos e mere­cer des­cul­pas, nada além disso.

O grave é o que não fiz­eram depois, no exer­cí­cio dos car­gos públi­cos que ocu­param é que não apre­sen­taram resul­ta­dos esperados.

Ainda assim os dois não têm culpa de suas frag­ili­dades. Na ver­dade são ape­nas o fruto da dete­ri­or­iza­ção do quadro politico nacional. Aqui, no Maran­hão, esse quadro se tornou ainda pior. São dezenas de vereadores que fazem do mandato seu “primeiro emprego” que nunca “deram um prego numa barra de sabão”, que se vêm guin­da­dos à condição de rep­re­sen­tantes do povo.

A grande maio­ria dos assim chama­dos “rep­re­sen­tantes do povo”, se ficarem sem mandato não têm o que fazer, pois não pos­suem profis­são os que pos­suem não sabem como trabalhar.

Os can­didatos a prefeitos estão nas mes­mas condições com a respon­s­abil­i­dade de resolver os prob­le­mas urgentes da pop­u­lação. Me per­doem a fran­queza, mas essa equação não tem como fun­cionar. Não tem como isso dar certo.

A cidade de São Luís, com tais rep­re­sen­tantes, não tem como avançar. Serão mais qua­tro anos de desalento e desilusão, com per­spec­tiva de que tudo pode pio­rar ainda mais.

Cheg­amos ao absurdo de dizer: – Que vença o menos pior!

Abdon Mar­inho é advogado.