SEIS POR MEIA DÚZIA.
TERMINADO o primeiro turno das eleições em São Luís e sagrados vencedores o prefeito Edivaldo Holanda e o deputado Eduardo Braide, alguém publicou qual seria a melhor saída para cidade: a) Edvaldo; b) Braide; c) Aeroporto Cunha Machado; d) Estreito dos Mosquitos; e) Porto do Itaqui; f) Terminal da Ponta da Espera.
O autor da brincadeira não poderia ter sido mais feliz ao retratar a situação (calamitosa) em que se encontra a capital do Maranhão. As opções que, já no primeiro turno não eram lá muito animadoras, ganhou ares de tragédia com os escolhidos pela população para o segundo turno.
O candidato/prefeito “ameaça» a população com a continuidade do seu governo, adoçando o amargor do que foi com “melhoria”. Já o candidato/deputado, consegue apresentar menos que isso. Um conjunto de propostas que mais se assemelham as nuvens, tal a consistência das mesmas.
Analiso o quadro e só sobra desalento. Fico vendo os profissionais que trabalham para os candidatos, sobretudo, os que dizem falar em nome da imprensa, tentarem apresentar um ou outro como o melhor, como o mais preparado, como o ideal para dirigir os destinos da cidade. Ao mesmo tempo em que tentam satanizar aquele que não não é da sua preferência.
Um olhar atento, sem muito esforço, constata que os dois candidatos possuem mais pontos em comum do que divergências.
Vejamos: ambos os candidatos estão na faixa dos 40 anos (Edivaldo, 30, Eduardo, 40); ambos os candidatos são políticos desde sempre, filhos de políticos “herdaram” o ofício dos pais que continuam com forte ascendência sobre os mesmos; os cargos que ocuparam sempre foram ou por indicação ou através do voto dos eleitores; ambos, diretamente, ou através dos pais sempre foram sustentados pelos contribuintes; não se tendo notícia se já foram aprovados em algum concurso público se algum dia trabalharam dentro da área das respectivas formações académicas; algo que se ignora é se algum deles sequer possui CTPS, carteira de trabalho, a “azulzinha”.
A dura verdade é que os postulantes ao cargo máximo da cidade sequer devem possuir Carteira de Trabalho. E isso, não se devem ao fato de terem sido empreendedores desde sempre, mas sim ao fato de, a vida inteira, terem sido sustentados pelos contribuintes, principalmente depois que mandato parlamentar foi incluído na bolsa do “primeiro emprego”.
O prefeito/candidato à frente dos destinos da cidade ficou devendo – e muito – em matéria de gestão. Embora tente atribuir o fraco desempenho às condições adversas que atravessa os municípios brasileiros – o que é uma verdade inconteste – a sua gestão poderia ter feito muitas coisas com poucos recursos os captando obras e serviços juto ao governo federal, já que não tinham muito acesso ao governo estadual nos dois primeiros anos. Temos prefeitos, em municípios infinitamente menores, como podemos citar o exemplo de Timon, que revolucionou a educação, construindo, reformando e climatizando escolas, mais de 26 mil alunos estudando em condições dignas a não dever nada a ninguém;
Aqui, na capital, e vi isso num direito de resposta, o prefeito apresentou como mérito a construção de uma ou duas escolas a licitação de uma terceira, que somadas não atendem mil alunos. Um vexame total. Das duas dezenas de creches, não se tem noticia que conseguiu erguer nenhuma; o novo hospital de urgência e emergência que até ganhou nome e maquete na campanha passada: Hospital Dr. Jackson Lago, ficou no esquecimento.
E assim tantas outras propostas. Quase nada saiu do papel. E até os recursos captados junto ao governo federal ou outras instituições não tiveram a capacidade de gastar. Quem não lembra da prometida drenagem da Vila Luizão, para qual o governo federal disponibilizou R$ 17 milhões, iniciaram, depois pararam e, por fim, ninguém sabe o que é feito da obra.
O governo municipal começou a mostrar o ar da graça apenas este ano, assim mesmo com o apoio massivo do governo estadual, ambos apresentando como suas essa ou aquela obra. O governo anuncia que fez centenas de ruas, o candidato/prefeito anuncia que fez as mesmas ruas; o governo inclui na sua mídia que fez a ponte fulana; o candidato/prefeito anuncia a mesma ponte como sendo seu mérito. E por aí vai.
O candidato/deputado na passagem que teve à frente de um cargo executivo, no caso a CAEMA, também não teve melhor sorte. Não consigo lembrar um feito benéfico a favor da população. Quem padecia da falta d’água continuou a padecer; quem sofria com os esgotos a céu aberto continuou a sofrer; não se conhece a ampliação que fez na rede água ou esgoto; e na melhoria da qualidade destes serviços.
Os dois candidatos – e falo sem qualquer critica de cunho pessoal – pelo que já mostraram, estão longe do que esperávamos para enfrentar os grandes desafios que a cidade possui e exigem enfrentamento. Ambos, sequer, conhecem ou dimensionam tais desafios.
A análise que fazemos dos candidatos chegamos à conclusão que sobram motivos para que não sejam votados. Motivos de ordem prática, bem distantes de uma malcriação cometida durante a infância/adolescência. Essas tolices, sem menosprezar a gravidade dos fatos pretéritos, aconteceram há décadas, não merece o ou os candidatos responderem por tais coisas depois de tanto tempo. Devem, sim, se envergonhar, causar constrangimentos e merecer desculpas, nada além disso.
O grave é o que não fizeram depois, no exercício dos cargos públicos que ocuparam é que não apresentaram resultados esperados.
Ainda assim os dois não têm culpa de suas fragilidades. Na verdade são apenas o fruto da deteriorização do quadro politico nacional. Aqui, no Maranhão, esse quadro se tornou ainda pior. São dezenas de vereadores que não fazem do mandato seu “primeiro emprego” que nunca “deram um prego numa barra de sabão”, que se vêm guindados à condição de representantes do povo.
A grande maioria dos assim chamados “representantes do povo”, se ficarem sem mandato não têm o que fazer, pois não possuem profissão os que possuem não sabem como trabalhar.
Os candidatos a prefeitos estão nas mesmas condições com a responsabilidade de resolver os problemas urgentes da população. Me perdoem a franqueza, mas essa equação não tem como funcionar. Não tem como isso dar certo.
A cidade de São Luís, com tais representantes, não tem como avançar. Serão mais quatro anos de desalento e desilusão, com perspectiva de que tudo pode piorar ainda mais.
Chegamos ao absurdo de dizer: – Que vença o menos pior!
Abdon Marinho é advogado.