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IDE­OL­O­GISMO ATRA­VANCA O BRASIL.

Escrito por Abdon Mar­inho

IDE­OL­O­GISMO ATRA­VANCA O BRASIL.

SOU CON­TRA a PEC 241, a chamada PEC do teto. Não é que seja con­tra a existên­cia do teto dos gestos públi­cos – essa é uma causa que defendo há mais de vinte anos. Sou con­tra que o país tenha que colo­car no seu texto con­sti­tu­cional algo que até uma cri­ança de 08 anos é capaz de saber: ninguém pode gas­tar além do que tem.

Eu, você, sabe­mos que não podemos gas­tar mais do que gan­hamos. Quando des­obe­de­ce­mos esta regra básica o resul­tado é que­brar­mos, ficar­mos insol­ventes, não con­seguirmos pagar as con­tas e per­der­mos o crédito na praça.

Ainda há um agra­vante, enquanto nós, pes­soas físi­cas, podemos fazer um “bico», arran­jar um tra­balho extra num momento de aperto ou mesmo nos socor­rer com um emprés­timo, em último caso, os gov­er­nos não podem.

O Estado não pro­duz riquezas, não «faz» din­heiro. Os recur­sos que usam são fruto dos impos­tos que pag­amos. Os cidadãos brasileiros já pas­samos quase seis meses do ano tra­bal­hando uni­ca­mente para pagar impos­tos. Ape­sar disso, esses impos­tos não têm sido sufi­cientes para fazer face aos gas­tos do gov­erno, como resul­tado, a pre­visão é que fechare­mos o ano com um déficit de 170 bil­hões de reais.

Aos gov­er­nos, para fechar as con­tas, restam duas alter­na­ti­vas: reduzir os gas­tos ou aumen­tar os impos­tos que pag­amos e que já são altos, sobre­tudo, se com­para­mos ao retorno que temos.

A PEC da dis­cór­dia sequer prega a redução de gas­tos: propõe que, pelos próx­i­mos vinte anos, os gas­tos públi­cos ten­ham por base o gasto do ano ante­rior, mais a cor­reção. A pro­posta, a longo prazo, visa o equi­líbrio das con­tas públi­cas. Não é isso que se faz as nações com econo­mias sól­i­das? Não é o desejável?

Os que hoje se batem con­tra a medida são, em grande parte, os que estavam no poder até ontem e não apre­sen­taram qual­quer solução, exceto o aumento de impos­tos a uma classe pro­du­tiva já asfix­i­ada por tan­tos trib­u­tos. Na oposição bradam por out­ras alter­na­ti­vas que em treze anos de poder não tiveram condições ou com­petên­cia para imple­men­tar. Até porque, não existe mila­gre em econo­mia, din­heiro não brota em árvore (não em sen­tido lit­eral). Solução só nos moldes delin­ea­dos: redução de gas­tos ou aumento de tributos.

São muitos os que repetem o dis­curso con­tra os ban­cos, os ricos, não ques­tiono a neces­si­dade de pagarem mais impos­tos, entre­tanto nada disso terá qual­quer sen­tido se os gov­er­nos con­tin­uarem gas­tando como se tirassem din­heiro de um saco sem fundo. Neste con­texto, colo­car ricos con­tra pobres, como sem­pre fiz­eram, não passa de uma fuga pela tan­gente ou, como se diz na minha terra, con­versa mole para boi dormir.

Na ver­dade, o que se fez foi estim­u­lar o descon­t­role dos gas­tos públi­cos inclu­sive afrontando a Lei de Respon­s­abil­i­dade Fis­cal (LC 1012000). O des­perdí­cio dos recur­sos públi­cos, quer dizer, dos nos­sos recur­sos, alcança, indis­tin­ta­mente, todos os poderes. Qual­quer desav­isado fica per­plexo com a sun­tu­osi­dade dos pré­dios públi­cos, prin­ci­pal­mente daque­les des­ti­na­dos à Justiça e ao Min­istério Público – logo os dois que dev­e­riam ser mais parci­mo­niosos. E o des­perdí­cio não se mate­ri­al­iza ape­nas na sun­tu­osi­dade de suas insta­lações, passa tam­bém pelas infini­tas regalias, inclu­sive aquela imoral­i­dade do afas­ta­mento pelo come­ti­mento de «malfeitos», onde o afas­tado – pro­visório ou defin­i­ti­va­mente – per­manece recebendo proven­tos inte­grais. Tem muitos que faz é torcer por tal punição.

O des­perdí­cio é gen­er­al­izado no estado paquidér­mico. São serviços médi­cos e odon­tológi­cos exclu­sivos – que pas­sam a maior parte do tempo ociosos –, car­ros ofi­ci­ais, motoris­tas, segu­ranças, residên­cias ofi­ci­ais ou auxílios mora­dias, sem con­tar os diver­sos out­ros mimos pagos com recur­sos públi­cos e inacessíveis a quem os paga.

Certa vez li que teve/​tem órgão man­tendo, às expen­sas do con­tribuinte, até serviços de depilação íntima. É isso mesmo, pag­amos até a depilação dos fundil­hos de suas excelên­cias. Claro, que devo des­cul­pas pelo termo chulo, mas é necessário para que enten­der­mos o país sur­real em que vivemos.

São mor­do­mias incom­patíveis com a real­i­dade do país e da decên­cia. Isso, sem con­tar que car­gos públi­cos – nos três poderes e em todas as esferas –, estão entre os mais bem pagos em todo mundo.

Basta ver quanto custa um juiz brasileiro, um dep­utado, um vereador e com­parar com seus con­gêneres noutros países. Vejam os pen­duri­cal­hos dos car­gos; quanto custa o fun­ciona­mento da máquina.

Qual­quer um que não enx­er­gue a neces­si­dade de acabar­mos com esse tipo de coisa só pode está acometido por alguma cegueira ide­ológ­ica. Não faz sen­tido que um gov­erno, qual­quer gov­erno, não pos­sua lim­ites de gas­tos, não sofra com rig­orosas ver­i­fi­cações e controles.

Os críti­cos ao con­t­role ou estão sendo engana­dos ou não vivem no Brasil real. Temos uma edu­cação pública na rabeira do mundo, uma saúde onde as pes­soas mor­rem de molés­tia que já deviam ter sido errad­i­cadas desde o século pas­sado, onde mul­heres mor­rem de parto porque não lhes dis­pen­sam o atendi­mento ade­quado, onde os pacientes mor­rem enquanto aguardam o atendi­mento ou uma cirur­gia. E, noutra quadra vemos o din­heiro público sendo gasto com supér­fluos, com mor­do­mias ou sim­ples­mente sendo desvi­a­dos dev­ido à falta de controle.

A PEC do teto de gas­tos é tímida e só terá alguma eficá­cia se vier com diver­sas out­ras refor­mas. Emb­ora seja con­tra esse ates­tado de irra­cional­i­dade, já é um começo.

O que pre­cisamos enten­der é que o Brasil clama – para fun­cionar como se deve –, por uma reforma do Estado (já dis­se­mos isso noutras opor­tu­nidades), com redução da máquina pública, com redução da rep­re­sen­tação política, dos car­gos comis­sion­a­dos e funções grat­i­fi­cadas, com o fim das mor­do­mias, da sun­tu­osi­dade faraônica.

A análise sen­sata da situ­ação em que o país se encon­tra clama por estes enfrenta­men­tos. A menos que acred­ite­mos em mila­gres, que alguém com uma var­inha mág­ica fará os nos­sos prob­le­mas desa­pare­cerem, ter­e­mos, sim, que tomar medi­das drás­ti­cas de con­tenção de gas­tos, de zelo com o din­heiro público (nosso), de enfrenta­mento das cor­po­rações que não querem perder priv­ilé­gios vergonhosos.

O que está em jogo é o des­tino do Brasil. A pop­u­lação pre­cisa repu­diar de forma vee­mente esse ide­ol­o­gismo que só atra­palha o país e que chega ao absurdo de se rejeitar medi­das que foram apre­sen­tadas até pelo gov­erno que acabou de sair.

Um exem­plo foi o que acon­te­ceu, outro dia, com a votação do FIES. Mil­hares de estu­dantes depen­dem do finan­cia­mento estu­dan­til. O gov­erno ante­rior usou e explorou esta ban­deira a não mais poder, inclu­sive dizendo que o gov­erno que os sucedeu iria acabar com ele.

Pois bem, o gov­erno sem orça­mento, encam­in­hou pro­posta de 700 mil­hões para o finan­cia­mento estu­dan­til e os chama­dos defen­sores da con­quista não só obstruíram a votação como votaram contra.

O com­por­ta­mento desumano nos leva a pen­sar que o FIES, antes de ser um bem para os estu­dantes, na ver­dade, nunca foi além de uma ban­deira para ser explo­rada politi­ca­mente. Se não estão mais no poder, os estu­dantes poderão pas­sar sem o finan­cia­mento. É isso que provam com o com­por­ta­mento que tiveram.

Acred­ito que já passa da hora de pen­sarem no Brasil e nos brasileiros. Já passa da hora de acabarem com esse bolorento dis­curso de que só eles são bons e têm a solução. Já mostraram que não têm solução para nada.

O Brasil pre­cisa alcançar o século vinte um. Os debates são os mes­mos do século dezen­ove, com esse ide­ol­o­gismo tosco e tolo que ignora as reais neces­si­dades do povo.

Abdon Mar­inho é advogado.

NOTAS DA GUERRA 1.

Escrito por Abdon Mar­inho

O CIDADÃO de bem já deve ter perce­bido que a cam­panha eleitoral de São Luís tornou-​se uma guerra, um vale-​tudo, onde qual­quer soco abaixo do pescoço está val­endo. O com­por­ta­mento das duas cam­pan­has – ao meu sen­tir, com mais ênfase agres­siva para a cam­panha do prefeito/​candidato –, reforça o meu desalento com o futuro da cidade para os próx­i­mos qua­tro anos.

Mas vamos as notas.

INTOL­ERÂN­CIA NA UEMA

Se alguém vai a um debate ou evento o que se espera é que está pes­soa seja respeitada e possa expor seus pon­tos de vista, bem como ser ques­tion­ado sobre os mes­mos e, sobre suas posições com relação a deter­mi­na­dos temas.

As uni­ver­si­dades dev­e­riam, mais que qual­quer outro lugar, ser o espaço ded­i­cado a isso, ao plu­ral­ismo das ideias. Não é o que se ver nas uni­ver­si­dades brasileiras, maran­henses inclusas, isso jus­ti­fica a falta de edu­cação e com­pos­tura com as quais diver­sos mil­i­tantes rece­beram um dos candidatos.

SANE­Y­SISTA ENRUSTIDO.

Os dois can­didatos negam que ten­ham apoio do antigo régime (grupo Sar­ney). Ali­a­dos do prefeito can­didato espal­ham aos qua­tros ven­tos que o candidato/​deputado é sar­ne­y­sista enrustido. Ele nega. O neto de Sar­ney afirma que sim: o can­didato dep­utado esteve pedindo apoio do grupo de da ex-​governadora Roseana Sarney.

A infor­mação do neto de Sar­ney ajuda jus­ta­mente aquele que afirma não ter o apoio do grupo Sar­ney, o prefeito/​candidato e prej­u­dica jus­ta­mente aquele a quem imputam a pecha de Sar­ne­y­sista enrustido.

Então ficamos assim: O neto de Sar­ney dar uma ajud­inha ao prefeito/​candidato anti-​Sarney con­tra aquele que é o ver­dadeiro can­didato do grupo Sarney.

O Maran­hão não é para amadores.

NEU­TRAL­I­DADE SUIÇA.

Leio que o gov­er­nador do estado que prom­e­tera envolver-​se na cam­panha como mil­i­tante resolveu ficar neu­tro na disputa.

Noutra quadra, não são poucos os aux­il­iares que dia e noite se envolvem a não mais poder na cam­panha do atual prefeito. A mídia ofi­cial do gov­erno e a pro­pa­ganda eleitoral do can­didato até pare­cem pro­duzi­das pelos mes­mos mar­queteiros, tal a semel­hança dos bene­fí­cios que anun­ciam a respeito da parce­ria governo/​prefeitura. Mais que pro­pa­ganda são as obras par­ceiras ocor­rendo e sendo explo­radas na campanha.

Per­gun­tar não ofende: Não seria mais pru­dente um gov­er­nador empun­hando a ban­deira de seu can­didato nas ruas e o gov­erno neu­tro ao invés do contrário?

SAÍDA? QUE SAÍDA?

Con­tinua sem resposta a seguinte pergunta:

A mel­hor saída para São Luís é:

  1. Estre­ito dos Mosquitos;
  2. Ter­mi­nal da Ponta da Espera;
  3. Aero­porto Cunha Machado;
  4. Prefeito/​candidato;
  5. Deputado/​candidato;
  6. Nen­huma das alter­na­ti­vas anteriores.

MARAN­HÃO VER­MELHO: CARTA A WAL­TER RODRIGUES.

Escrito por Abdon Mar­inho

MARAN­HÃO VER­MELHO: CARTA A WAL­TER RODRIGUES.

São José de Riba­mar, 13 de out­ubro de 2016.

Carís­simo Walter,

Desde a última vez que te escrevi, em 2014, muitas coisas acon­te­ce­ram, no Brasil e no Maran­hão. Para começar, o PT, do ex-​presidente Lula, tornou-​se, defin­i­ti­va­mente, um par­tido de políti­cos pre­sos. No curso da oper­ação da inti­t­u­lada «Lava Jato», os mais escabrosos escân­da­los de cor­rupção foram rev­e­la­dos à pat­uleia e, com seus efeitos, jun­ta­mente com os desac­er­tos na econo­mia e na política, cul­mi­nou com o impeach­ment da pres­i­dente Dilma Rouss­eff, reeleita nas eleições de 2012, afas­tada defin­i­ti­va­mente no último dia de agosto deste ano – reforçando a ideia do agosto do desgosto.

Outro que se encon­tra em maus lençóis é o próprio ex-​presidente Lula – ele, famil­iares e pes­soas bem próx­i­mas e ainda parte da antiga cúpula do PT já viraram réus em algu­mas ações penais – e, segundo os mais diver­sos espe­cial­is­tas, não demoram a con­hecer o sis­tema penal brasileiro a par­tir da per­spec­tiva interna. Uma lás­tima, meu amigo, para quem foi depositário de tan­tas esper­anças. Lás­tima maior para nós que acred­itá­va­mos tanto.

Das muitas coisas que acon­te­ce­ram e estão acon­te­cendo neste Brasil velho cansado de guerra tratare­mos noutra opor­tu­nidade, hoje falare­mos das novi­dades do Maran­hão. O Maran­hão ver­melho para usar uma expressão em voga.

Aliás, quando toquei no impeach­ment da ex-​presidente Dilma foi jus­ta­mente para falar do Maran­hão, mais pre­cisa­mente da par­tic­i­pação, dig­amos, inusi­tada, dos nos­sos políti­cos e que teve o seu auge com o can­ce­la­mento do impeach­ment pelo dep­utado Waldir Maran­hão (PP) que ocu­pava interi­na­mente a presidên­cia da Câmara dos Dep­uta­dos após o afas­ta­mento imposto pelo STF ao pres­i­dente Eduardo Cunha (PMDB/​RJ). Este depois de afas­tado acabou cas­sado por seus pares pouco depois do afas­ta­mento defin­i­tivo de Dilma Rousseff.

Pois bem, segundo comen­tários cor­rentes em todo pais, o autor int­elec­tual da «quar­te­lada estu­dan­til”, como apelidei, que acabou virando piada de norte a sul, não foi o dep­utado Maran­hão, mas sim, o próprio gov­er­nador Flávio Dino (PC do B) que, no episó­dio, acabou envolvendo-​se além da conta. Primeiro, ten­tando cabalar votos a «todo custo» para um gov­erno que não tinha mais qual­quer pos­si­bil­i­dade de sus­ten­tação; segundo, como men­tor da patus­cada assum­ida pelo dep­utado Maran­hão. O certo é que o dep­utado além de virar uma piada no Brasil e no estrangeiro – inúmeras foram as ideias de coisas que ele pode­ria revogar: chegaram a sug­erir que o dep­utado maran­hense revo­gasse a Lei da Gravi­dade –, teve a vida devas­sada, a dele e de famil­iares. E, como é de se esperar da maio­ria dos nos­sos rep­re­sen­tantes, desco­bri­ram seus malfeitos quando gestor da UEMA e rejeitaram suas con­tas apon­tando uma devolução de mais de dez mil­hões de reais; desco­bri­ram que seu filho era servi­dor fan­tasma do TCE (parece piada pronta: o órgão que vigia os demais pos­suía um fan­tasma diante das bar­bas e bigodes de suas excelên­cias) desde tem­pos imemo­ri­ais; acredita-​se que o con­tribuinte maran­hense pagou todos os seus estu­dos fora do estado; sem con­tar os pen­duri­cal­hos do dep­utado Maran­hão aqui e ali.

Suspeita-​se que a repentina noto­riedade ainda traga out­ros abor­rec­i­men­tos no campo da per­se­cução penal.

Até hoje, além da ilação de que o dep­utado teria tomado uma cachaça forte, não se sabe o que o levou a ser «con­ven­cido» pelo gov­er­nador comu­nista a fazer tamanha bobagem. Dizem – repito, dizem –, que entre out­ros mimos, teria exis­tido a promessa de lhe fazer senador nas eleições de 2018. Não se assuste com a ideia de ter­mos um senador como o dep­utado Waldir Maran­hão, o outro pos­tu­lante das hostes gov­ernistas ao mesmo cargo – que já disse não abrir para ninguém –, é o igual­mente notório dep­utado Wew­er­ton Rocha. Pois é, meu amigo, ele mesmo. Cer­ta­mente o estado estará bem rep­re­sen­tado com um ou com outro.

No novo Maran­hão, é bom que saibas, os homens fortes do gov­erno são, além do próprio gov­er­nador, o secretário Már­cio Jerry, que acu­mula a presidên­cia estad­ual do PC do B e dep­utado fed­eral Wew­er­ton Rocha que virou o coman­dante em chefe do PDT. O dep­utado fed­eral Waldir Maran­hão, a ter­ceira força do gov­erno, caiu em des­graça após o bisonho episó­dio do impeach­ment e depois de ter per­dido a presidên­cia do PP no estado.

Se me per­gun­tas o que acho do gov­erno? Com estas proem­i­nentes fig­uras, não tem risco de dar certo, não achas? Trata-​se de um gov­erno “pequeno”, de reg­u­lar para medíocre. A maior parte das obras que exe­cuta – e já se vão quase dois anos –, são fru­tos da her­ança rece­bida do gov­erno ante­rior, inclu­sive, com recur­sos vul­tu­osos con­segui­dos junto ao BNDES. Sem con­tar que rece­beu (e não tem sabido con­ser­var) uma folha de pes­soal equi­li­brada, o que tem afas­tado o risco (ime­di­ato) de não poder pagar os servi­dores em dias.

Sobre as obras não tenho como deixar de destacar a dupli­cação da Avenida dos Holan­deses. Uma obra de três quilômet­ros ini­ci­ada no gov­erno Roseana Sar­ney, em 2014, ao custo de cerca de 30 mil­hões, antes de ser entregue, o gov­erno enten­deu (com razão) que dev­e­ria pas­sar por uma «requal­i­fi­cação» para isso fiz­eram mais um aporte vul­tu­oso de recur­sos, como o gov­erno não colo­cou a placa infor­mando o valor é o prazo de duração, vou pelos boatos que apon­tam mais de 50 mil­hões. A obra ao que parece será bem útil, mas, cer­ta­mente, estare­mos diante dos três quilômet­ros mais caros de toda a história da engen­haria. Uma prova de que por aqui as obras con­tin­uam demasi­ada­mente caras.

E pen­sar o quanto recla­mamos da implan­tação da MA 008,a famosa Paulo Ramos — Arame que, no primeiro gov­erno Roseana Sar­ney cus­tou US$ 30 mil­hões de dólares.

O gov­erno tem pon­tos pos­i­tivos, por exem­plo, salvo uma denún­cia de favorec­i­mento aqui ou ali, uma nomeação de par­ente ou apaniguado, não se tem noti­cias de cor­rupção, pelo menos, não nos níveis que está­va­mos acos­tu­ma­dos a ouvir.

Já com relação a com­petên­cia geren­cial, ainda estão a dever. Não acred­ito que avancem muito.

Mas o prin­ci­pal ques­tion­a­mento feito pelos opos­i­tores ao gov­erno e até por pes­soas esclare­ci­das da sociedade maran­hense diz respeito ao estilo autocrático. Já vi muitos com­para­ndo o gov­er­nador a Hitler ou a Stalin. Ou aos dois. Ao que parece o gov­er­nador faz questão de cul­ti­var essa imagem. Seja proces­sando indis­tin­ta­mente qual­quer um que escreva ou lhe faça crit­i­cas na imprensa, seja reba­tendo aque­les que o com­bate nas redes sociais.

Se fos­ses vivo decerto estarias respon­dendo a ações na justiça. Os jor­nal­is­tas e blogueiros que não “rezam” na car­tilha, segundo dizem, sofrem, além dos pro­ced­i­men­tos judi­ci­ais, referi­dos e as con­heci­das ten­ta­ti­vas de Coop­tações – que muitos ado­ram –, perseguições do apar­elho estatal. Segundo estes mes­mos críti­cos o gov­er­nador ao invés de democ­rata tem se rev­e­lado um ditador.

As insat­is­fações no que tocam ao estilo autoritário de gov­ernar, a intol­erân­cia aos pen­sa­men­tos dis­so­nantes é, equiv­o­cada­mente, atribuído ao par­tido comu­nista ao qual se encon­tra fil­i­ado. Emb­ora exista o mito do chamado cen­tral­ismo democrático mais pre­sente no PC do B que em qual­quer outro par­tido, a intol­erân­cia à crítica pre­cede em muito a fil­i­ação par­tidária. Se lem­brares bem, ainda no tempo de mag­istrado o agora gov­er­nador proces­sou deter­mi­nado jor­nal­ista por conta de uma matéria. E, na audiên­cia de con­cil­i­ação, para por fim ao processo, as condições impostas eram de tal sorte dra­co­ni­anas que sig­nifi­cavam, prati­ca­mente, o com­pleto cercea­mento à liber­dade de imprensa. No episó­dio, deves lem­brar, somente a sua prov­i­den­cial inter­venção, minorou o grave aten­tado. Você mesmo me rela­tou o fato anos depois, lembras?

Então, o pendão autoritário, não vem de hoje, o poder, talvez ape­nas tenha rev­e­lado com maior agudeza. Assim como a inca­paci­dade de ouvir qual­quer um. Diver­sos ali­a­dos políti­cos rev­e­lam o descon­forto e a difi­cul­dade de con­ver­sar com «alguém que sabe tudo», o ver­dadeiro pro­fes­sor de Deus.

Pois bem, como sabes a casa é o reflexo do dono. Se alguém, em um grupo público ou fechado faz qual­quer crítica ao gov­erno ou algu­mas de suas ideias – muitas delas, toscas – já aparece um mem­bro do gov­erno, não para con­tes­tar, mas para desqual­i­ficar a crítica e/​ou o crítico. Trata-​se de algo ter­rível, absur­da­mente antidemocrático.

Pas­sa­dos quase dois anos da insta­lação do gov­erno, a ideia que tenho é que piora a cada dia, sobre­tudo neste viés autoritário, refratário a qual­quer ques­tion­a­mento, ainda os mais legí­ti­mos. Se per­guntares uma definição ade­quada para o gov­erno, acho que se assemelha, em muito, as Matrioskas – as bonecas rus­sas rec­headas de out­ras bonecas iguais. O gov­er­nador seria a boneca maior e os aux­il­iares as bonequin­has, iguais ao chefe, como pequenos dita­dores em seus nichos de poder. Ressal­vando, claro, as exceções que exis­tem em todas as regras.

Vejamos as últi­mas eleições: vi diver­sas lid­er­anças, prefeitos, can­didatos, dep­uta­dos, recla­mando de inter­venções ilegí­ti­mas do Palá­cio dos Leões, do gov­er­nador e/​ou de seus secretários nas dis­putas munic­i­pais. As acusações feitas em pleno século 21, são idên­ti­cas, as acusações feitas ao oli­garca Sar­ney nos seus primeiros anos. Vi prefeitos dizendo que o gov­er­nador orde­nou obras e serviços em seus municí­pios às vésperas das eleições para ben­e­fi­ciar seus adver­sários. Um outro dizendo que fez o lança­mento de deter­mi­nada obra, prom­e­teu empre­gos (os seus ali­a­dos na base chegaram a recol­her doc­u­men­tos na promessa que era para con­seguir tra­balho) e as máquinas serem reti­radas logo depois do pleito. Um autên­tico este­lion­ato eleitoral tão crit­i­cado out­rora. Vamos com­bi­nar que fica desigual o gov­erno estad­ual asfal­tar ruas enquanto seus ali­a­dos pregam a con­tinuidade dos serviços caso gan­hem as eleições, as tais das parcerias.

Uma acusação, das mais grave (senão a mais grave), foi feita pelo prefeito de Mir­in­zal que acu­sou o apar­elho estatal de prendê-​lo sob falsa acusação para alija-​lo da disputa.

Em sendo ver­dade, não me recordo de pres­en­ciar con­duta tão reprovável em tem­pos recentes. Algo assim, só durante o régime militar.

São tan­tas as denún­cias de fatos semel­hantes que receio serem ver­dadeiras. Digo isso com pesar e para o nosso des­gosto. Ver­dade ou não, aqui e ali já ouvi­mos pes­soas dizendo temerem o gov­erno, rev­e­larem receio de uma retal­i­ação, uma represália por diz­erem o que pensa ou por declarem con­trários a cer­tas práti­cas do gov­erno. O mesmo receio dos tem­pos obscuros: de um fla­grante preparado; uma prisão arbi­trária, etc. São coisas tristes, incom­patíveis com uma nação democrática. O sim­ples fato dos cidadãos temerem o gov­erno já é algo aterrador.

Ora, até hoje não tem um des­men­tido de que «ali­cia­ram» dezenas de blogueiros e até jor­nal­is­tas (destes que dev­e­riam hon­rar a profis­são) para descon­struir deter­mi­na­dos can­didatos, bem como custearem grá­fi­cas para para impressão de jor­nale­cos e pasquins con­tra os adver­sários. Não houve um des­men­tido, até pare­cem sen­tir orgulho da con­duta crim­i­nosa. Segundo denún­cia antiga, até as sen­has de deter­mi­na­dos «profis­sion­ais» ficavam ou ficam à dis­posição de cer­tas autori­dades para que as próprias, em nome de out­rem, exe­cutem o serviço sujo.

O senador Roberto Rocha (PSB) disse – e até onde sei não foi con­tes­tado – que para inter­venção dos Leões ser maior, só fal­tou pintarem o palá­cio de vermelho.

Fica difí­cil não dar crédito a tais acusações quando lem­bramos o que fiz­eram até com ali­a­dos de primeira hora, como o foi com Léo Costa em Barreirinhas.

Um sim­u­lacro de Tratado de Torde­sil­has que dividiu o estado em áreas de influên­cia desde ou daquele par­tido da chamada base ali­ada. Por tal acordo – cos­tu­rado à rev­elia da decên­cia – o Municí­pio de Bar­reir­in­has ficaria na cota do PC do B e Léo Costa, o prefeito com dire­ito à reeleição, não dev­e­ria ser candidato.

Pois bem, meu amigo, como a ousa­dia não con­hece lim­ites, direção estad­ual do PDT inter­viu no par­tido naquele municí­pio, obri­g­ando que se col­i­gasse com o can­didato comu­nista. A vio­lên­cia con­tra alguém que fun­dou o par­tido, o desre­speito a toda uma história de luta foi tamanho que cul­mi­nou com a der­rota do can­didato da prefer­ên­cia dos novos líderes do estado, o gov­er­nador à frente.

Ape­sar de todos esses per­calços – e a menos que acon­teça algo inusi­tado – a Matrioska que se tornou o grupo que se assen­hora do estado, ainda desponta como a força mais poderosa para as próx­i­mas eleições. Claro que não tem nada com número de prefeitos eleitos pelo par­tido do gov­erno, pelas con­tas, 46 – que levou o gov­er­nador, tola­mente, a dizer que o Maran­hão, em número de comu­nistas, só perde para a China –, a assertiva, nem como figura de retórica serve.

Os comu­nistas do gov­er­nador, são na ver­dade comu­nistas do gov­erno, de qual­quer gov­erno, de qual­quer par­tido. A larga maio­ria não sabe nem o que é comu­nismo, ou o que sig­nifica, nunca ouvi­ram a Inter­na­cional Social­ista, se ouvi­ram não sabiam do que se tratava.

Noutra quadra, em ver­dade, grupo do gov­er­nador ainda desponta como mais forte. Mas isso se deve pelo com­pleto deserto de lid­er­anças políti­cas no estado.

Ninguém cogita um retorno do grupo Sar­ney, a menos que o atual gov­erno faça uma bobagem sem medida, repito. Já a dis­sidên­cia ensa­iada pelo senador Roberto Rocha, ainda se mostra insip­i­ente, em parte dev­ido ao próprio senador, que ape­sar das boas ideias, parece fazer questão de cul­ti­var a má fama de que não é cumpri­dor de seus com­pro­mis­sos, de que só pensa nele, na família e em uns poucos que estão ao seu redor, isso sem con­tar os desac­er­tos da vida empre­sar­ial da família. Por tudo isso, terá que remar muito para se tornar uma alter­na­tiva viável já em 2018.

Out­ros líderes, infe­liz­mente, não temos. A maior des­graça da oli­gar­quia Sar­ney – impedir a pro­jeção de novas e plu­rais lid­er­anças no estado –, é o maior com­bustível a ali­men­tar o gov­erno do sen­hor Flávio Dino. Não deixa de ser uma nota irônica.

Estas, meu caro amigo, são as notí­cias que tinha a relatar no momento.

Aproveito o ensejo para desejar-​lhe um feliz aniver­sário, no próx­imo dia 1610. Aliás, tenho uma dúvida: tendo a vida eterna pela frente faz sen­tido fes­te­jar aniversário?

Um abraço fraterno de

Abdon Mar­inho.

PS. Prometo não demora tanto a escr­ever novamente.