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A CAUSA DA LIBERDADE.

Escrito por Abdon Mar­inho

A CAUSA DA LIBERDADE.

QUEM pretender-​se livre, não tem que está preparando para uma batalha. Pre­cisa está pronto para uma guerra diária. A frase não parece muito orig­i­nal, mas é minha.

Mesmo a liber­dade de expressão, a mais comez­inha das liber­dades, sofre todo tipo de retal­i­ação dos donos do poder, até mesmo daque­les eleitos enver­gando a a ban­deira da liber­dade, da tol­erân­cia e dos direitos.

Logo ela — talvez deva­mos dizer: mesmo ela –, que encontra-​se sob o alber­gue con­sti­tu­cional: «IV — é livre a man­i­fes­tação do pen­sa­mento, sendo vedado o anon­i­mato;” sofre vio­lenta reprimenda.

Os donatários do poder – até mesmo os mais ilustra­dos –, ao chegarem ao poder, entendem-​se pre­des­ti­na­dos por her­ança div­ina e, por isso mesmo, insuscetíveis de quais­quer ques­tion­a­men­tos e críticas.

Nas suas tolas elu­cubrações imag­i­nam que qual­quer um que ouse apontar-​lhe os erros é um inimigo em poten­cial ou está a serviço de causa diversa da sua.

Como os ami­gos devem ter tomado con­hec­i­mento, por estes dias vi-​me, invol­un­tari­a­mente, envolvido numa polêmica desta natureza. Falo do texto “O Gov­er­nador e o Con­de­nado: O Con­vescote do Absurdo”, que você encon­tra aqui mesmo neste site.

O texto, depois da polêmica, bem mere­cia o título de “O Con­vescote da Discórdia”.

A inter­pre­tação dada ao texto, sobre­tudo, a reação vir­u­lenta dos mem­bros do gov­erno e de seus adu­ladores rev­e­lam bem a intol­erân­cia dos mes­mos em relação à liber­dade de expressão, bem como, uma leitura desconec­tada da real­i­dade, con­forme demostrarei a seguir, fazendo isso por amor à ver­dade e ao debate e não para me jus­ti­ficar diante de ninguém, pois como dizia meu velho pai: «O que está errado é da conta de todo mundo”. Ou, noutras palavras: Cala a boca já mor­reu, quem manda na minha boca sou eu.

Entre­tanto é impor­tante recom­por a nar­ra­tiva de sorte a garan­tir mel­hor clareza daque­les que pegaram o «bonde andando» ou que se man­i­fes­taram ape­nas no afã de adu­lar ou fazer o serviço sujo.

O primeiro con­hec­i­mento que tive sobre a pro­gra­mação da visita do ex-​presidente Lula ao Maran­hão foi através de uma matéria de “O Impar­cial”, de quinta ou sexta-​feira. Li-​a e entendi que a pro­gra­mação era inad­e­quada e, mesmo, que pode­ria con­fig­u­rar impro­bidade admin­is­tra­tiva e/​ou out­ros ilícitos.

Assim, na manhã de domingo escrevi e externei minha opinião sobre os fatos, rogando para que não fizessem o que era infor­mado na pro­gra­mação. Aler­tando para os riscos que cor­ria o próprio gov­er­nador que, segundo dizem, será candidato.

Ora, isso tudo, no domingo, quando a dita car­a­vana do ex-​presidente ainda estava no Piauí.

Logo, difer­ente do afir­maram os detra­tores, o texto teve mais a intenção de aux­il­iar o gov­erno que fustigá-​lo.

Se assim não o fosse teria escrito o texto depois do encer­ra­mento da car­a­vana e não antes.

Pela lóg­ica tor­tu­osas destes valentes, se você viaja por uma estrada e alguém o avisa de um pre­cipí­cio, e, ainda assim, você insiste no cam­inho e caí no infortúnio, a culpa é de quem o avisou.

Vai enten­der essa turma, né?

Quero acred­i­tar que só tomaram con­hec­i­mento do que escrevi na terça-​feira, quando a opinião que escrevi e publiquei nas redes soci­ais e no meu site, no domingo, foi divul­gada pelo jor­nal O Estado do Maranhão.

Um amigo até chegou a sug­erir que só desco­bri­ram o sig­nifi­cado de con­vescote na terça-​feira, mas não acreditei.

Aí foi um pan­demônio, como se tivesse dito qual­quer coisa demais. Além do que era ape­nas minha opinião. A opinião de alguém que não é “nada”, “ninguém”, só um cidadão.

Será que acharam con­ve­niente a recepção feita em palá­cio ao cidadão cujo o sta­tus é con­de­nado? O comí­cio, com música de cam­panha, ban­deiras, palavras de ordens e ataques as insti­tu­ições da República com a Polí­cia Fed­eral, Min­istério Público e a própria Justiça?

Pois é, não só não ouvi­ram os con­sel­hos que lhes dei “de graça”, como soube, deram um “plus» na lou­cura. Tomei con­hec­i­mento que fiz­eram a trans­mis­são do comí­cio “ao vivo” pela emis­sora de rádio ofi­cial do estado, a Rádio Tim­bi­ras. Inclu­sive, recebi a pro­pa­ganda pelo What­sApp e depois li que come­teram o desatino.

A ini­cia­tiva fez com que o Maran­hão entrasse para o seleto grupo dos lugares onde comí­cios são trans­mi­ti­dos através das emis­so­ras ofi­ci­ais (fora do período de cam­panha), os out­ros (mais con­heci­dos, pelo menos) são: Cor­eia do Norte, Cuba e Venezuela.

Não con­sigo com­preen­der, pes­soas tão estu­dadas, tão inteligentes – o gov­er­nador mesmo foi aprova­dos em primeiro lugar em diver­sos con­cur­sos –, acharem cor­reto esse tipo de coisa. Não ape­nas não é cor­reto. Chaga a ser medieval que os inter­esses do gov­er­nante se con­funda com os inter­esses do Estado.

O pior é que essa não foi a primeira vez que usaram uma estru­tura de patrul­hamento con­tra qual­quer um que ousa diver­gir do governo.

Outro dia fiz uma analo­gia crit­i­cando o quando achava prim­i­tivo o fato de, em pleno século 21, faz­erem pros­elit­ismo político na con­cessão de dire­itos bási­cos dos cidadãos. No caso, com­par­ava o ex-​secretário Ricardo Murad que pas­sou “em revista” carro-​pipas numa crise de abastec­i­mento, na cap­i­tal e o atual gov­er­nador aplaudindo um poço arte­siano, em Santo Amaro.

Não crit­i­cava o poço ou os carro-​pipas – que sabe­mos ser uma neces­si­dade pre­mente da sociedade –, e sim o fato disso ainda acon­te­cer. Crit­i­cava o fato de ser­mos um estado tão car­ente, a ponto do próprio gov­er­nador, em pes­soa, aplaudir a inau­gu­ração de um poço.

A mim, pelo menos, soa como se estivesse aplaudindo a nossa própria des­graça. Mas acham nor­mal. Vi que fes­te­jaram, com bolo e tudo mais, que um hos­pi­tal do inte­rior tenha reg­istrado mil atendimentos/​dia. Isso é bom? Ter­mos mil pes­soas sendo atendidas/​dia numa unidade de saúde? Não seria mel­hor que as pes­soas não pre­cisas­sem de atendimento?

Até parece o Maran­hão virou uma grande Sucu­pira do Norte (a fic­tí­cia) onde o prefeito Odorico Paraguaçu «tor­cia» por um morto para inau­gu­rar o cemitério.

O per­tur­bador não é nem esse pen­sa­mento tor­tu­oso. O que per­turba é par­tirem para o ataque con­tra quem ousa apon­tar o quanto é tor­tu­oso esse modo de pensar.

Na atual quadra, no Maran­hão, não se pode pen­sar diferente?

O pior é que não enfrentam os argu­men­tos da divergên­cia optam pela desqual­i­fi­cação dos críti­cos. E aí, descon­hecem quais­quer regras de boas maneiras e partem para a ten­ta­tiva da ofensa pes­soal. Assim, acham-​se no dire­ito de atacarem minha defi­ciên­cia física. Ora, sou defi­ciente, e daí? (esse, aliás, é o título de um dos meus tex­tos). Ao ex-​deputado Joaquim Haickel chamam-​o de gordo, e por aí vai.

E isso, vem de longe. Lem­bro que, ainda em 2012, fui ata­cado pela malta intol­er­ante por uma entre­vista que dei em um blogue onde dizia alguma coisa que não gostaram (escrevi sobre isso o texto “Onde estavam?”); depois em 2013, vieram com a acusação recor­rente: seria eu um Sar­ne­y­sista. Adoro essa. Logo eu que já escrevi e tomei tan­tas medi­das con­tra o grupo Sar­ney (escrevi sobre isso no texto “Sar­ne­y­sista, eu?”).

Já escrevi diver­sas vezes sobre essa tendên­cia autoritária do atual gov­erno. Logo eles que sem­pre dis­seram vestir o manto da liber­dade, da tol­erân­cia, do politi­ca­mente cor­reto, partem para o ataque à primeira opinião diver­gente. Pior, não con­tra a opinião, con­tra o opinante.

Emb­ora já tendo me habit­u­ado a estes sur­tos stal­in­istas, assisto, com per­plex­i­dade, os ataques, inclu­sive de cunho pes­soal dis­pen­sa­dos ao pro­pri­etário de um insti­tuto de pesquisa, cuja a empresa fez uma con­sulta pop­u­lar onde o resul­tado desagradou ao governo.

Chega a ser curioso – e patético – que, mais que con­frontarem os resul­ta­dos, ata­cam de forma impiedosa, através dos diver­sos meios que pos­suem, o dono da empresa. Uma coisa hor­ro­rosa, cruel. Logo mais matarão o carteiro quando não gostarem do con­teúdo da missiva.

Alto lá, cama­radas! O Maran­hão não pos­sui Gulag. Ainda.

Abdon Mar­inho é advogado.

O GOV­ER­NADOR E O CON­DE­NADO: O CON­VESCOTE DO ABSURDO.

Escrito por Abdon Mar­inho

O GOV­ER­NADOR E O CON­DE­NADO: O CON­VESCOTE DO ABSURDO.

O EX-​PRESIDENTE Lula resolveu fazer uma pere­gri­nação pelo Nordeste. Segundo dizem, na intenção de ser ova­cionado por mil­hões de brasileiros. As notí­cias que nos chegam é que, ape­sar do esforço, o público dos comí­cios fora de época e em frontal oposição a leg­is­lação brasileira, tem sido bem aquém do esper­ado – ainda a mil­itân­cia paga não tem se mostrado tão empol­gada em empun­har as ban­deiras partidárias.

O ápice da caravana-​comitê do ex-​presidente dev­erá acon­te­cer no Maran­hão onde, pelo que noti­cia a mídia, as autori­dades con­sti­tuí­das, dev­erão pro­mover uma recepção digna de um chefe de Estado, igno­rando a condição de con­de­nado pela Justiça do homenageado.

Segundo li, o próprio gov­er­nador vestirá a camiseta encar­dida dos tem­pos de mil­i­tante e par­tic­i­pará do atro­pelo à leg­is­lação eleitoral fazendo-​se pre­sente ao comí­cio do ex-​presidente na Praça D. Pedro II, em frente à Matriz da Sé, con­forme informa os con­vites dis­tribuí­dos pela militância.

Não sat­is­feito – ainda segundo infor­mações da mídia e não des­men­tida –, o gov­er­nador Flávio Dino rece­berá o ex-​presidente (e sua troupe) para um jan­tar no Palá­cio dos Leões.

Não sei se me causa mais per­plex­i­dade o fato do gov­er­nador render-​se a uma pro­gra­mação política fora de época ou o fato de nen­hum – den­tre seus mil­hares de asses­sores –, enx­er­garem e o avis­arem do desatino da empreitada.

Vejam: será que alguém tem dúvi­das de que o sen­hor Lula anda na ver­dade ante­ci­pando o pleito eleitoral de 2018, lançando-​se can­didato por onde passa?

Ora, é bem provável até que não saia can­didato (sob os motivos mais diver­sos) inclu­sive, por conta da sen­tença penal onde foi con­de­nado a nove anos e seis meses de cadeia, caso seja con­fir­mada em segunda instância.

Já o sen­hor Flávio Dino – a não ser que o impon­derável ocorra –, será, sim, can­didato. Ë de perguntar-​se vai muni­ciar os adver­sários par­tic­i­pando de comí­cios eleitorais antes da hora per­mi­tida pela leg­is­lação eleitoral?

Ao que parece, não se deram conta da lei ou a questão legal pouco pre­ocupa aos atu­ais inquili­nos do poder no Maran­hão. Entre­tanto, ape­sar disso, não devem perder de vista o fato de que não estão soz­in­hos no mundo. Existe um Min­istério Público Eleitoral que talvez não con­corde com um comí­cio à vis­tas de todos em pleno berço da capital.

Mas isso, talvez nem seja o mais grave.

O que acho ver­dadeira­mente ofen­sivo aos cidadãos de bem do Maran­hão é o gov­er­nador do estado – ainda, segundo dizem –, pro­mover um “rega-​bofe” nas dependên­cias do Palá­cio a um cidadão cujo o sta­tus é: con­de­nado a nove anos e meio de prisão por cor­rupção e lavagem de din­heiro. E mais, que responde a out­ros cinco out­ros pro­ced­i­men­tos crim­i­nais por mal­trato ao patrimônio público, nos anos em que foi pres­i­dente e nos seguintes.

Sin­ce­ra­mente torço para que a mídia que divul­gou isso esteja errada.

Digo isso pelo bem do próprio governador.

Não é, sob qual­quer aspecto, aceitável que o gov­er­nador receba e pro­mova um ban­quete – ainda que na ala res­i­den­cial – a um cidadão con­de­nado pela Justiça e que com ele confraternize.

Já seria absurdo que fizesse isso numa chur­ras­caria de beira de estrada com cada um pagando sua conta, imag­ine pro­mover um con­vescote como este – e para quem – nas dependên­cias do palá­cio do gov­erno e custeado pelo contribuinte.

Pois é, a mídia tem dito isso e, repito, não vejo ninguém do gov­erno do Maran­hão des­men­tir. Será que acham razoável os cidadãos maran­henses, cuja a maio­ria (ou ainda que fosse a mino­ria ínfima) pague o ban­quete ofer­e­cido ao candidato/​condenado?

Ainda que cada um lev­asse a sua “quentinha”, não vejo sen­tido que se use as dependên­cias do palá­cio para tal ativi­dade de cunho pura­mente político eleitoral.

O palá­cio – e toda sua estru­tura – só deve usado para aten­der ao inter­esse público, reuniões e recepções de cunho insti­tu­cional e não para o deleite pri­vado, muito menos de con­de­na­dos pela Justiça.

Como quem avisa amigo é, a se con­fir­mar o tal con­vescote, estare­mos bem próx­imo do que a lei tip­i­fica como impro­bidade administrativa.

A ousa­dia, caso acon­teça, talvez esteja pau­tada no sen­ti­mento equiv­o­cado, de lon­gas datas, de que na provín­cia, nem mesmo a lei alcança os donatários do poder. Con­fiam na leniên­cia do Min­istério Público Estad­ual? Quem nen­hum pro­mo­tor terá a audá­cia de importuná-​los pelo acinte?

O que mídia estad­ual vem noti­ciando sobre a pre­sença do candidato/​condenado Lula no Maran­hão e a pro­gra­mação ensa­iada pelas autori­dades não é ape­nas inad­e­quada é algo, repito, que se aprox­ima muito das tip­i­fi­cações penais e das con­ti­das na leg­is­lação extrav­a­gante, como a lei de impro­bidade administrativa.

Ape­nas para efeitos de com­para­ção, quando o sen­hor José Dirceu, ex-​presidente do PT, ex-​ministro da Casa Civil deste mesmo sen­hor Lula, aqui esteve, já con­de­nado no escân­dalo do “men­salão” – a mídia noti­ciou e escrevi prati­ca­mente as mes­mas coisas que escrevo agora –, a gov­er­nadora e então princesa-​herdeira da cap­i­ta­nia do Maran­hão, deu um jeito de rece­ber o con­de­nado noutro lugar – acho que na sua casa –, longe, por­tanto, da sede do governo.

Agora temos um gov­er­nador, eleito sob a ban­deira do com­bate irrefreável à cor­rupção, dar-​se ao des­frute de rece­ber um cidadão con­de­nado por tal prática e out­ras mais, em praça pública (em comí­cio, que fique claro) e depois, com ele aden­trar pela porta da frente do palá­cio e ainda con­frat­er­nizar nas suas dependên­cias às cus­tas dos contribuintes.

Volto a dizer, quero acred­i­tar que isso não seja verdade.

Emb­ora a imprensa tenha noti­ci­ado o uso das dependên­cias do palá­cio como comitê eleitoral por cer­tos can­didatos, o con­vescote que agora noti­ciam me parece um pouco demais.

Além do mais, para nós, maran­henses, o sen­hor Lula tem é uma dívida impagável, inclu­sive de sangue. Tem suas nove dig­i­tais em todo “engen­dra­mento” que cul­mi­nou com a cas­sação do ex-​governador Jack­son Lago e que depois o levou a morte. Desde que chegou ao poder em 2002 aliou-​se com grupo politico do senador Sar­ney indifer­ente a todos os homens e mul­heres que se “mataram» fazendo suas campanhas.

Agora, que está tudo mis­tu­rado, talvez não perce­bam, mas o sen­hor Lula sem­pre foi grave entrave as causas dos cidadãos de bem do Maran­hão, sobre­tudo, depois que chegou ao poder.

Só falta a mil­itân­cia e as lid­er­anças que cresce­ram e flo­resce­ram graças ao ex-​governador estarem na praça e no palá­cio ren­dendo hom­e­na­gens ao seu algoz.

Até con­cordo que o cidadão e mil­i­tante Flávio Dino dis­corde da sen­tença atribuída pela Justiça de Primeira Instân­cia ao ex-​presidente. E ele, de fato, dis­corda, deixando isso claro pub­li­ca­mente, inclu­sive dizendo que a mesma con­tinha um triplex de equívocos.

Bem, isso é uma coisa. Outra coisa, bem difer­ente, quero acred­i­tar, é o gov­er­nador do estado par­tic­i­par de comí­cio eleitoral e de lou­vação ao con­de­nado e depois levá-​lo para jan­tar, no palá­cio (frise-​se) às cus­tas dos con­tribuintes maranhenses.

Sem­pre achei que o gov­er­nador se ressen­tia de solidão. Quando leio na mídia coisas como estas, tenho meu sen­ti­mento reforçado.

Não aparece entre tan­tos mil­hares de asses­sores, uma viva alma a dizer que o comí­cio, o con­vescote, não ape­nas são inad­e­qua­dos, mas são algo que, se não o são, flerta bem de per­t­inho com o crime e a improbidade?

Infe­liz­mente, parece que não. As ati­tudes mostram isso. Basta comparar!

CEN­TRO HISTÓRICO: UMA REFLEXÃO PARA O FUTURO.

Escrito por Abdon Mar­inho

UMA ini­cia­tiva do secretário munic­i­pal de abastec­i­mento de São Luís, Ivaldo Rodrigues, tem agi­tado a ilha. Falo da feir­inha do pro­du­tor que acon­tece aos domin­gos na Praça Bened­ito Leite, no Cen­tro Histórico da capital.

Quase todos os dias ouço elo­gios a ini­cia­tiva e con­vites: – a feir­inha é ótima; – vamos à feirinha.

Por morar do outro lado da ilha, na zona rural de Riba­mar, ainda não me dis­pus a conhecê-​la. Sei, entre­tanto, que tem sido muito bem fre­quen­tada pelas autori­dades munic­i­pais e mesmo estad­u­ais, além da sociedade como um todo.

Além de pro­du­tos fres­cos, direto do pro­du­tor, a pro­gra­mação – reli­giosa­mente disponi­bi­lizada pela sec­re­taria –, há uma vasta pro­gra­mação cul­tural, levando vida a um espaço normalmente

morto” fora do horário com­er­cial e, sobre­tudo, nos fins de sem­ana e feriados.

O sucesso é tamanho que dia desses li num veículo de comu­ni­cação qual­quer que tal tra­balho cre­den­cia o atual secretário a dis­putar o cargo maior do paço municipal.

A assertiva reflete duas coisas: o quanto o cen­tro histórico cativa nossa pop­u­lação e o quanto esta mesma pop­u­lação encontra-​se à mín­gua de perspectivas.

O secretário – a quem estimo muito –, pos­sui inúmeros tal­en­tos a credenciá-​lo e, cer­ta­mente, é mere­ce­dor do sufrá­gio dos seus con­ci­dadãos, pelo menos tem sido eleito em suces­sivos mandatos a vereador, entre­tanto, não é uma feira (na ver­dade, um feir­inha, no diminu­tivo), que cre­den­cia alguém a qual­quer coisa, muito menos ao cargo de prefeito.

O que, entre­tanto, se torna pre­sente na ideia que uma feir­inha cre­den­cia a can­di­datura de alguém a um cargo político é o desejo da nossa pop­u­lação em ver Cen­tro Histórico da cap­i­tal devolvido aos seus habitantes.

Infe­liz­mente nos­sas autori­dades não con­seguem enx­er­gar isso.

Outro dia li que um país do leste europeu estava retomando sua arquite­tura clás­sica – se não me falha a memória –, a Hun­gria, que estaria remod­e­lando seus caixotes de con­creto e ferro do tempo do comu­nismo e devolvendo-​os às cidades com sua arquite­tura histórica.

Leio e ouço de muitos cole­gas com­para­ções que que o nosso cen­tro é uma espé­cie de “pequena Lis­boa”. O que não deixa de ser verdade.

Ora, ape­sar disso de tanta riqueza histórica e cul­tural, este é um patrimônio que se esfacela a cada dia que passa, seja pela ação dos homens, seja por sua inação. Os pré­dios estão ruindo, as pedras de can­taria e azule­jos sendo rou­ba­dos e ven­di­dos “no quilo” nas ime­di­ações do Mer­cado Central.

Desde o gov­erno Cafeteira I1986-​1990), ou seja, há quase trinta anos que não se ver uma inter­venção séria no Cen­tro Histórico de São Luís – quando muito uma ação iso­lada aqui ou ali –, tal aban­dono tem sus­ci­tado ques­tion­a­men­tos se a cidade merece ou não osten­tar o título de Patrimônio da Humanidade con­ce­dido pela Unesco.

O pro­jeto Reviver pre­cisa ser retomado, recu­per­ado o que se perdeu e ampli­ado para as demais áreas do centro.

Lem­bro que quando foi entregue no gov­erno Cafeteira a revi­tal­iza­ção de parte do Cen­tro Histórico, mais pre­cisa­mente o setor da Praia Grande, a pop­u­lação voltou a ocu­par aquele espaço – e ainda hoje, ape­sar do aban­dono e vio­lên­cia que toma conta da região –, con­tinua fre­quen­tando, sobre­tudo quando lá é desen­volvida alguma pro­gra­mação artís­tica e cultural.

Entendo, entre­tanto, que isso é muito pouco.

O gov­erno estad­ual, – em con­junto com a prefeitura e com o apoio do gov­erno fed­eral –, pre­cisa traçar uma estraté­gia de ocu­pação do cen­tro da cidade, traçando um perímetro do Par­que Urbano San­tos à Praia Grande e da Praça Gonçalves Dias à Madre Deus.

Isso será feita com a desapro­pri­ação dos pré­dios aban­don­a­dos e que estão ruindo ou virando esta­ciona­men­tos privados.

Acred­ito, até, que muitos pro­pri­etários não entregam estes pré­dios ao Estado por falta de incia­tiva deste em cobrar que os recu­pere ou lhes dêem um des­tino útil.

Acred­ito, inclu­sive, que se o gov­erno estad­ual pro­puser o paga­mento das ind­eniza­ções desapro­pri­atórias de forma parce­lada, poucos seriam os que recusariam.

Mas para isso, pre­cisamos de gov­er­nantes que vejam além das próx­ima eleições, que pensem o Estado para os próx­i­mos 30, 50 ou 100 anos.

O passo seguinte às desapro­pri­ações ou aquisições, seria o Estado trans­for­mar em aparta­men­tos e/​ou residên­cias mul­ti­fa­mil­iares, estes imóveis. Podendo des­ti­nar uns out­ros a escritórios ou empre­sas coletivas.

A ideia pro­posta é que ao invés dos gov­er­nos incen­ti­varem res­i­den­ci­ais no «meio do nada» na zona rural da ilha, tendo que gas­tar com infraestru­tura viária, de trans­porte, esco­las, etc., traria estas pes­soas para habitarem o Cen­tro, onde grande parte da infraestru­tura já está posta, bas­tando para tornar o Cen­tro bem mel­hor, inves­ti­men­tos em segu­rança, iluminação.

Quem não gostaria de morar a 10 ou 15 min­u­tos do serviço ao invés de morar a dezenas de quilômet­ros do mesmo, per­dendo, na maio­ria das vezes, uma ou duas horas (às vezes mais) ape­nas com deslocamentos?

Infe­liz­mente, até aqui, os gov­er­nos têm tra­bal­hado em sen­tido inverso: abrem ver­dadeiras “feri­das” em áreas rurais – que dev­eríamos preser­var –, e levam mul­ti­dões para locais com os quais estes não pos­suem quais­quer afinidades, levando junto, além da destru­ição ambi­en­tal, já referida, levam a vio­lên­cia, a inse­gu­rança às famílias, tan­tos as que estavam lá, quanto às que chegam.

A política de ocu­pação do solo urbano é caótica, desumana, onerosa e irre­spon­sável, demon­strando um claro descom­pro­misso com o futuro.

Mais, acabam cau­sando ônus finan­ceiros astronômi­cos nas finanças públi­cas para fazer chegar a estas áreas dis­tantes os serviços bási­cos essenciais.

A forma como a Ilha de São Luís vem sendo ocu­pada é crim­i­nosa, com esta e com as futuras ger­ações, ainda mais quando vemos na outra ponta da história, o maior patrimônio de todos os maran­henses se dis­solver pela água das chu­vas, ser dilap­i­dado, saque­ado e ven­dido por marginais.

Imag­ino em como seria um sonho se pos­suísse­mos autori­dades ver­dadeira­mente com­pro­meti­das com este patrimônio, que tivessem uma dimen­são do que tanta riqueza sig­nifica, e que tivessem um plano para ele.

A ver­dadeira riqueza do Maran­hão (de São Luís, prin­ci­pal­mente) é o seu patrimônio histórico. Este é o primeiro bem a ser preser­vado, mesmo porque, para recon­struir não é fácil. Não podemos andar na con­tramão da história.

As autori­dades não terão que rein­ven­tar a roda, basta olhar os exem­p­los de out­ras cap­i­tais com patrimônio histórico semel­hante ao redor do mundo. Só isso.

A cidade pre­cisa pul­sar de forma con­tínua e não ser fre­quen­tada por ocasião de um show, um fes­ti­val de reg­gae, uma feir­inha ou uma pro­gra­mação cul­tural qual­quer. A cidade pre­cisa estar viva. E quem lhe dar vida são seus habitantes.

Abdon Mar­inho é advogado.