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OREL­HAS E CONTRADIÇÕES

Escrito por Abdon Mar­inho

OREL­HAS E CON­TRADIÇÕES.
Por Abdon Mar­inho.
ABDON, tenha cuidado com as orel­has.
Quando ouvi tal recomen­dação pen­sei tratar-​se de uma refer­ên­cia as min­has próprias orel­has, que a natureza fê-​las tão gen­erosas ou as da pes­soa que recomen­dava, igual­mente bem servido das con­chas pro­te­toras do apar­elho audi­tivo.
Tomar cuidado com as orel­has foi um dos con­sel­hos que me deu o ex-​deputado Juarez Medeiros quando pas­sei a pub­licar min­has ideias.
Cuidar das orel­has é não deixar margem para con­testarem o que escreve­mos.
Um amigo, espe­cial­ista em segu­rança pública, disse que fui gen­eroso ao me referir à vio­lên­cia urbana no Maran­hão, pois, segundo seus estu­dos, seria bem maior. Disse-​lhe que como não podia provar, prefe­ria colo­car os números ofi­ci­ais.
Acred­ito que falta aos atu­ais inquili­nos dos Leões cuidado com as “orel­has”. Quase tudo que dizem ou dizem deles pode ser ques­tion­ado.
Vejam o caso do rank­ing do G1. A crítica que fiz foi, pri­or­i­tari­a­mente, à metodolo­gia empre­gada. Que critérios uti­lizaram para escol­herem 37 pro­postas de um e sessenta de outro; vinte e cinco ou trinta de um outro? E por que escol­her aque­las pro­posta em detri­mento de out­ras? Como con­sid­erar que alguém que real­i­zou dois por cento de deter­mi­nada promessa a cumpriu par­cial­mente? Mesmo que seja dez ou vinte por cento, a parte não cumprida é bem supe­rior ao cumprido, logo, não faz sen­tido se dizer que a promessa “foi par­cial­mente cumprida”. Isso não é implicân­cia, é lóg­ica.
Vou além, o referido rank­ing fez pare­cer com­pe­tentes aque­les que fiz­eram promes­sas de baixa expec­ta­tiva com efeitos nefas­tos para os próx­i­mos pleitos. Os can­didatos, para pare­cerem bem fita, vão prom­e­ter coisas sim­plórias, afi­nal o que importa é o cumpri­mento da promessa e não o nível das mes­mas.
Ao faz­erem tanto alarde diante de um rank­ing tão incon­sis­tente, deram margem a diver­sos ques­tion­a­men­tos, como, por exem­plo, a ver­i­fi­cação se aquilo apon­tado como cumprido o foi, efe­ti­va­mente e, até mesmo, se fez ou se ape­nas inau­gurou o que foi feito pelo gov­erno ante­rior.
A questão da segu­rança pública, para citar outro exem­plo, o gov­er­nador prom­e­teu dobrar o efe­tivo da poli­cia, até agora, não chegou nem a um terço do prometido e, assim mesmo, chamando os aprova­dos no con­curso real­izado pela gestão ante­rior.
Estes detal­hes são orel­has que os adver­sários podem “puxar” pois estão à vista de todos.
Agora mesmo, o próprio gov­er­nador, deixa uma “orelha” à descoberto ao acusar o ex-​presidente Sar­ney de man­dar no Maran­hão há 62 anos e sê-​lo, por­tanto, respon­sável pela mis­éria do povo.
No mesmo dia que fez a afir­mação, foi admoes­tado por um jor­nal­ista, que, noutras palavras, disse que o gov­er­nador não con­hecia a história política do Maran­hão e que, pelo seu raciocínio, ele, o gov­er­nador, já estaria a man­dar no estado desde que assumiu o mandato de dep­utado fed­eral em 2007.
Podia pas­sar sem essa, até porque, durante a cam­panha de 2014 dizia que os Sar­ney não fariam jubileu de ouro no poder. Três anos depois, 49 viram 62 anos? Não enx­ergam a tolice?
Além do mais, não fica bem o gov­er­nador, ou qual­quer outro mem­bro do seu par­tido, recla­marem da longev­i­dade de poder do ex-​presidente Sar­ney e sua respon­s­abil­i­dade pela mis­éria.
Qual­quer outro pode, eles não. E é fácil explicar.
Como podem recla­mar de longev­i­dade no poder ou da mis­éria do nosso povo se, em 19 de novem­bro de 2017, aprovaram, no 14º Con­gresso do Par­tido Comu­nista do Brasil, uma Res­olução com moção de apoio e sol­i­dariedade aos regimes comu­nistas da China, Cuba, Cor­eia do Norte, Laos e Vietnã?
Isso, sem con­tar toda lou­vação ao régime dita­to­r­ial que mas­sacra o povo venezue­lano, lhes negando, até mesmo, comida e medica­men­tos bási­cos ou ao régime dos aia­tolás ira­ni­anos, que levou a nação persa a regredir no tempo e nos cos­tumes.
O sen­hor Dino não pode igno­rar isso pois fazia parte da mesa de honra do Con­gresso par­tidário, foi, inclu­sive, citado no doc­u­mento onde con­sta, den­tre out­ras coisas, que:
“Em cinco países, onde vivem mais de 20% da pop­u­lação do plan­eta, par­tidos comu­nistas dirigem exper­iên­cias de con­strução e de tran­sição ao social­ismo. China, Vietnã, Cuba, República Pop­u­lar Democrática da Cor­eia e Laos, cada um com suas pecu­liari­dades e com difer­entes níveis de resul­ta­dos, empenham-​se na luta por uma nova sociedade, em meio a situ­ações nacionais com­plexas e a um quadro mundial hos­til. O seu for­t­alec­i­mento como nações sober­anas, os esforços que fazem os seus povos, sob a direção dos par­tidos comu­nistas diri­gentes do Estado, para via­bi­lizar as estraté­gias de desen­volvi­mento e a tran­sição ao social­ismo, as ações de coop­er­ação inter­na­cional e em prol da paz, têm o apoio e a sol­i­dariedade do PCdoB”.
Falar dos males que o sar­ne­y­sismo cau­sou ao Maran­hão – que já tratei por diver­sas vezes –, e ao mesmo tempo hipote­car “apoio e sol­i­dariedade” a regimes dita­to­ri­ais que oprimem e matam seus cidadãos é uma con­tradição em si. É algo abso­lu­ta­mente sem sen­tido e muito próx­imo da patolo­gia.
Na Cor­eia do Norte, desde o final da Segunda Guerra Mundial, o poder tem pas­sado de pai para filho, uma espé­cie de dinas­tia famil­iar comu­nista.
A mis­éria humana defen­dida pelo régime – e cau­sada pela fome –, reduziu a estatura daquele povo; lá, as penas pas­sam da pes­soa do suposto “crim­i­noso” – pois, crim­i­noso é qual­quer um que ousa diver­gir –, para seus famil­iares.
São famílias inteiras postas em Cam­pos de Con­cen­tração com tra­bal­hos força­dos para serem “reed­u­cadas”, ger­ações nascem, vivem e mor­rem em tais cam­pos.
O restante da pop­u­lação não tem, sequer, o dire­ito de pen­sar livre­mente, quando mais se man­i­fes­tar. Aliás, se tivessem esse dire­ito, talvez, não tivessem o que pen­sar ou o que man­i­fes­tar, tal o nível de “domes­ti­cação” a que foram sub­meti­dos durante estas décadas todas.
Por fim, e graças ao apoio do régime autoritário chinês e ao rig­oroso con­t­role de fron­teiras no sul, man­tém a pop­u­lação apri­sion­ada. Menos de duas mil pes­soas con­seguiram fugir ano pas­sado, isso não se deu por uma mel­ho­ria nas condições de vida ou por não dese­jarem, mas em vir­tude do aumento da vig­ilân­cia sobre os cidadãos.
A tática de con­fi­nar pop­u­lações deve fazer parte do mod­elo “lumi­noso” que querem para humanidade, como é em Cuba, talvez o único lugar no mundo, onde pescadores não têm o dire­ito de pos­suírem bar­cos de pesca, e onde a mesma família con­trola o poder com mão de ferro desde 1959.
Mesmo a China, com seu cap­i­tal­ismo dis­farçado, man­tém sua pop­u­lação pri­vada de liber­dades bási­cas, sem poder par­tic­i­par, livre­mente, da vida política da nação. Lib­er­al­ismo econômico e opressão política. Este é o mote.
E os out­ros dois, com menor ou maior grau, as pop­u­lações enfrentam idên­ti­cos níveis de restrições às suas liber­dades bási­cas.
Pois é, estes mod­e­los de sociedade estão exal­ta­dos no doc­u­mento pro­duzido pelo 14º Con­gresso do PCdoB.
Querem ver outra con­tradição dos comu­nistas maran­henses?
Fiz­eram um escar­céu com o suposto veto ao dep­utado Pedro Fer­nan­des para o Min­istério do Tra­balho, onde, tenho certeza, faria um exce­lente tra­balho e seria uma espé­cie de pre­mi­ação a sua car­reira política – já que man­i­festa inter­esse em aposentar-​se.
Não entrando no mérito se foi ou não Sar­ney que vetou, qual­quer um maran­hense pode­ria recla­mar da não nomeação de Pedro Fer­nan­des para o min­istério, menos os inte­grantes do PCdoB e de out­ros par­tidos que comungam seus ideais.
No caso do par­tido do gov­er­nador, menos razão ainda para recla­mar, uma vez que a mesma res­olução, já referida, trata o gov­erno Temer como golpista, ilegí­timo e deten­tor de uma “agenda maldita” para o país, pro­pondo revo­gação de tudo que foi aprovado no atual gov­erno, inclu­sive a reforma tra­bal­hista.
Fiquei sem enten­der os protestos. Será que não gostam do Pedro Fer­nan­des? Será que não acham mais gov­erno golpista, ilegí­timo e com agenda maldita? Será que não sabem o que dizem? Será que não percebem a incon­gruên­cia de suas posições, com o que escrevem, com o que defen­dem, etc.?
Já sei, que­riam o Pedro Fer­nan­des para que tra­bal­hasse para der­rubar a reforma que ele aju­dou a aprovar. Era isso?
Sem querer colo­car guizo em ninguém, entendo que as pes­soas, sobre­tudo, as autori­dades, pre­cisam de um mín­imo de coerên­cia na exposição de suas ideias. Escrevem e difun­dem uma infinidade de tolices, que os mil­i­tantes e adu­ladores repro­duzem, curtem e com­par­til­ham sem, sequer, aten­tar para incon­gruên­cia histórica ou real das mes­mas.
Querem ver outra? Uma grande parte dos gov­er­nos “sar­ne­y­sis­tas” con­tou, ofi­cial­mente, com a par­tic­i­pação e colab­o­ração tanto do PCdoB quanto do PT. Isso, sem con­tar que desde 2003 então no con­sór­cio gov­ernista que dirigiu o Brasil e que levou o país à ban­car­rota, refletindo no aumento da mis­éria no Maran­hão a par­tir de 2015.
Em sua entre­vista no Jor­nal Pequeno, no iní­cio do ano, o gov­er­nador disse que o Maran­hão não era uma ilha, que sofria com situ­ação econômica do país. Pois é, esque­ceu de nom­i­nar os respon­sáveis pela des­graça. Aliás, con­tra­di­to­ri­a­mente, os defende com unhas e dentes.
Essa turma, tam­bém, pre­cisa ser chamada para dividir conta da mis­éria, seja por estarem nos gov­er­nos do “Sar­ney”, seja porque estiveram nos gov­er­nos lulopetis­tas, a par­tir de 2003, seja porque sem­pre foram sar­ne­y­sis­tas e agora con­ver­tidos ao comu­nismo de resul­ta­dos.
Como dizia meu pai: “se com por­cos estavam, com os por­cos fare­los com­eram”.
As autori­dades dev­e­riam seguir o sábio con­selho do ex-​deputado Juarez Medeiros e cuidarem de suas “orel­has” e suas con­tradições, estas, a cada dia, maiores.
Abdon Mar­inho é advogado.

A TRAGÉ­DIA DA VIO­LÊN­CIA É MAIOR DO QUE REV­E­LAM OS NÚMEROS.

Escrito por Abdon Mar­inho

A TRAGÉ­DIA DA VIO­LÊN­CIA É MAIOR DO QUE REV­E­LAM OS NÚMEROS.
Por Abdon Mar­inho.
QUASE tão tradi­cional quanto à queima os fogos em Copaca­bana, no Rio de Janeiro, na virada do ano é saber­mos, nos dias seguintes de motins de pre­sos em algum presí­dio Brasil a fora, com seus bal­anços dig­nos de filme de ter­ror.
A bola da vez, na virada 2017/​18, foi o Estado de Goiás.
Os motins são oca­sion­a­dos, quase sem­pre, pela super­lotação, pela insalu­bri­dade, pela promis­cuidade entre autori­dades e pre­sos, pela cor­rupção, por uma com­bi­nação destes e vários out­ros fatores.
O certo é que as autori­dades brasileiras perderam o con­t­role da vida den­tro dos presí­dios e, se não têm capaci­dade de con­tro­lar, quem teori­ca­mente estaria preso, já temos como imag­i­nar a tragé­dia do lado de fora.
A vio­lên­cia no Brasil não alcança para­lelo no mundo.
São cerca de sessenta mil homicídios/​ano, outro tanto no trân­sito.
Isso é muito mais do se tem mor­tos em guer­ras ao redor do mundo.
Outro dia, no fim ano pas­sado, uma pesquisa rev­elou que o Brasil pos­sui a ter­ceira maior pop­u­lação carcerária do mundo com 726 mil pre­sos.
Só ficando atrás dos Esta­dos Unidos e da China.
Talvez alguém comem­ore por não esta­mos no topo da lista. Não dev­e­riam. Estes números servem para ates­tar o quanto é dramática a situ­ação nacional.
O primeiro colo­cado na lista, os EUA, têm uma leg­is­lação penal rig­orosa com penas lon­gas, não sendo raro apli­cação de pena per­pé­tua (às vezes mais de uma) o que leva a um acú­mulo muito grande de pre­sos, por anos a fio, no sis­tema carcerário.
Uma das críti­cas que enti­dades de dire­itos faz é jus­ta­mente sobre a manutenção desta pop­u­lação anciã atrás das grades, cumprindo penas até que lhes sobreven­ham a morte den­tro sis­tema.
Nem fale­mos nas con­de­nações à morte, uma vez que já faz algum tempo que não tomamos con­hec­i­mento de exe­cução por lá, ulti­ma­mente.
Além do mais, os EUA pos­suem uma pop­u­lação supe­rior à nossa, cerca de um terço supe­rior.
A pop­u­lação amer­i­cana hoje é esti­mada em 325 mil­hões de habi­tantes. Ape­sar disso, o número de homicí­dios por lá, por ano, não alcança 15 mil, menos de um quarto da nossa.
Ape­nas para se ter uma ideia, no apa­gar das luzes de 2017, fomos infor­ma­dos que a cidade de Nova Iorque, com seus, cerca de, 8 mil­hões de habi­tantes reg­istrou ape­nas 286 homicí­dios.
Só para efeitos de com­para­ção, a Ilha de São Luís, com uma pop­u­lação sete vezes menor, deve reg­is­trar o triplo deste número ou algo aprox­i­mado disso.
Assim, o número de amer­i­canos pre­sos, supe­rior a 2 mil­hões, feitas estas con­sid­er­ações, não pode ser con­sid­er­ado supe­rior em relação ao número brasileiro.
Em segundo lugar, com 1,650 mil (um mil­hão, seis­cen­tos e cinquenta mil) pre­sos, vem a China.
Por se tratar de uma ditadura não temos muitas infor­mações sobre o sis­tema de apli­cação da lei penal, exceto pelo que denun­ciam as enti­dades de dire­tos humanos sobre as exe­cuções em massa de pri­sioneiros, até por crimes con­sid­er­a­dos não vio­len­tos, são passíveis de punição com a morte – onde obrigam os famil­iares dos exe­cu­ta­dos a pagarem pela bala da exe­cução, registre-​se.
Segundo organ­is­mos inter­na­cionais, a China é respon­sável por noventa por cento das exe­cuções de pre­sos no mundo. E já foi bem pior, até 2007, a taxa de exe­cução anual era de cerca de dez mil presos/​ano.
Além das exe­cuções, temos uma maior sev­eri­dade na apli­cação das penas, o que gera um acú­mulo de pre­sos ao longo dos anos.
Se crimes, como trá­fico de dro­gas, pode levar à morte, out­ros crimes menores – que aqui o juiz manda soltar na audiên­cia de custó­dia –, eleva a quan­ti­dade de pre­sos naquele país.
Outra situ­ação a mere­cer con­sid­er­ação, das já referi­das, é a pop­u­la­cional. A China pos­sui hoje uma pop­u­lação de cerca de 1,380 (um bil­hão e trezen­tos e oitenta mil­hões) de habi­tantes.
Isso é mais de seis vezes e meia a nossa pop­u­lação. Entre­tanto, pos­sui uma pop­u­lação carcerária que pouco mais que o dobro da nossa.
Aí cheg­amos ao nosso “injusto” ter­ceiro lugar em número de pre­sos. Digo injusto por que sabe­mos que o nosso número de pre­sos é arti­fi­cial.
E para com­pro­var que o digo faço as con­sid­er­ações abaixo:
O crime no Brasil com­pensa.
Se pegar­mos o número de homicí­dios ou out­ros crimes ocor­ri­dos aqui na ponta, no impacto direto ao cidadão, ver­e­mos que a grande parte dos crimes não são solu­ciona­dos. A taxa de res­olução da polí­cia brasileira é muito baixa.
O mar­ginal comete o crime certo que não será descoberto pela polí­cia, seja homicí­dio, seja trá­fico, seja invasão e rou­bos de residên­cias; sabem que só um azar muito grande o levará à cadeia ime­di­ata­mente.
Os poucos azara­dos, se não come­teu um crime muito grave, um homicí­dio, por exem­plo, será solto, se não foi descoberto antes, na audiên­cia de custó­dia, para con­tin­uar os crimes de onde foi inter­rompido pela ação da polí­cia. Já tive­mos notí­cias de ban­di­dos voltando a ativi­dade deli­tiva no esta­ciona­mento do fórum.
Dos poucos crimes solu­ciona­dos poucos viram denún­cias e destes muitos se per­dem nos escan­in­hos da buro­c­ra­cia, pre­screvem, levam a absolvição, por terem sido mal feitos os proces­sos, ou pelo fator – que não podemos deixar de recon­hecer –, da cor­rupção.
As penas no Brasil estim­u­lam o crime.
O ban­dido, ainda con­siderando a pos­si­bil­i­dade de ser apan­hado, denun­ci­ado, jul­gado e con­de­nado, avalia que o tempo que pas­sará na cadeia é com­pen­sado pelo proveito econômico auferido pela con­duta crim­i­nosa.
Não bas­tasse as penas não serem pesadas, se con­de­na­dos no mín­imo das penas nem chegam a con­hecer a real­i­dade do cárcere.
Fora isso, ainda temos as gen­erosas pro­gressões, as saí­das tem­porárias, a cor­rupção den­tro das cadeias que per­mite auferir algu­mas van­ta­gens (desde que possa pagar); e com sorte, ainda pode con­seguir um indulto natal­ino de algum pres­i­dente bon­doso.
A política imple­men­tada no país é de “cadeia zero”. Há um ver­dadeiro fre­n­esi para soltar pre­sos, abrir vagas, diminuir a pop­u­lação carcerária, etc.
É a famosa política do “solticí­dio”.
Agora mesmo, por ocasião do último motim – cau­sado pelos pre­sos e pela omis­são das autori­dades –, ale­gando falta de espaço, já que destruíram as celas, e segu­rança, a Justiça autor­i­zou que os pre­sos fiquem em casa até encon­trarem out­ras vagas para eles.
Ora, fosse o Brasil um país mais rígido com a crim­i­nal­i­dade, com penas duras, sem a farra de tan­tos bene­fí­cios, sem a pos­si­bil­i­dade do cidadão, roubar, estuprar, mesmo matar, sair “espal­i­tando” os dentes pela porta da frente dos fóruns e das cadeias, cer­ta­mente o “caneco” de campeão do rank­ing de pop­u­lação carcerária seria nosso.
Somos ape­nas campeões morais.
O Brasil, sua pop­u­lação, que vai às urnas logo mais, pre­cisa enten­der que não podemos ter­giver­sar com crim­i­nal­i­dade. Temos que ir para o enfrenta­mento. Aplicar penas, e fazê-​las cumprir, de modo que sir­vam para deses­tim­u­lar as práti­cas deli­ti­vas. Acabar com essa cul­tura de ter o ban­dido por coitad­inho.
Enquanto o crime con­tin­uar com­pen­sando a tendên­cia do mesmo é aumen­tar.
Outra coisa, pre­cisamos parar com o dis­curso hipócrita de que não deve­mos con­struir presí­dios e sim esco­las. Pre­cisamos dos dois dando aos “clientes” a pos­si­bil­i­dade da escolha.
O país com­pro­m­ete seu futuro, enquanto nação sober­ana, se con­tin­uar per­dendo mais de 120 mil cidadãos/​ano para a vio­lên­cia, e deixando outro tanto de inca­pac­i­ta­dos, enquanto ninguém na sociedade se sente livre nem para pôr os pés fora de casa.
Chega! Já passa da hora de enfrenta­mos essas questões.
Abdon Mar­inho é advogado.

UM CON­STRANG­I­MENTO DESNECESSÁRIO.

Escrito por Abdon Mar­inho

UM CON­STRANG­I­MENTO DESNECESSÁRIO.
Por Abdon Mar­inho.
ALGUÉM que inte­gre o gov­erno estad­ual, seja ali­ado ou sim­ples­mente adu­lador, desde que pos­sua um mín­imo de pudor deve estar con­strangido em ver suas maiores autori­dades apan­hadas numa situ­ação tão vex­atória e infan­til.
Falo do descabido fes­tejo a um suposto rank­ing do site G1, da rede globo, colo­cando o gov­er­nador Maran­hense como o maior cumpri­dor de promes­sas feitas em cam­pan­has eleitorais.
A infor­mação não era ver­dadeira. Os inte­grantes do gov­erno, seus ali­a­dos, mil­i­tantes e mes­mos jor­nal­is­tas sim­páti­cos a admin­is­tração comu­nista sabiam que a infor­mação era furada – se não sabiam, pior, pois rev­ela total falta de com­pro­misso com o que divul­gam.
Pois bem, emb­ora soubessem (ou dev­e­riam saber) que o rank­ing do G1 não cor­re­spon­dia a ver­dade trataram ele­var a última potên­cia a máx­ima de Rubens Ricu­pero – segundo a qual deve-​se escon­der as coisas ruins e ampliar as boas –, e par­ti­ram para a “ocu­pação” das redes soci­ais, mídias eletrôni­cas e impressa para difundir a infor­mação de que o sen­hor Dino seria o gov­er­nador mais real­izador do Brasil.
Não bas­tasse secretários, ali­a­dos ou adu­ladores, o próprio gov­er­nador entrou em campo para difundir a patranha. Um vex­ame. Não se deram o tra­balho sequer de exam­i­nar o con­teúdo do rank­ing divul­gado.
Se tivessem feito um exame, mesmo super­fi­cial, teriam perce­bido era baseado em ape­nas 37 pro­postas de cam­panha e não nas 65 reg­istradas per­ante a Justiça Eleitoral e que está à dis­posição de qual­quer um no site no Tri­bunal Supe­rior Eleitoral, na fer­ra­menta “Divul­ga­Cand”.
O equívoco do site, parece, vem sendo cometido desde a primeira ver­são da “pesquisa”.
Se tivessem exam­i­nado com cuidado teriam perce­bido que o G1 não ape­nas suprim­ira mais de um terço da avali­ação quanto deixara de fora pro­postas feitas em pro­gra­mas de rádio e tele­visão. Um exem­plo: o gov­er­nador prom­e­teu trans­for­mar a MA 006 na rodovia de inte­gração do Maran­hão. Quem não sabe essa rodovia vai de Apicum-​Açu, no norte, a Alto Par­naíba, no extremo sul do estado, algo em torno de 1.251 km.
Desta rodovia, salvo mel­hor juízo, asfal­taram o tre­cho entre Pedro do Rosário e Zé Doca. Não tenho con­hec­i­mento de quais­quer out­ras obras na MA no sen­tido torná-​la a rodovia de inte­gração do estado, por onde dev­e­ria cir­cu­lar toda nossa riqueza. Se tivesse tempo, e din­heiro, até ten­taria sair de Apicum-​Açu para ten­tar chegar a Alto Par­naíba usando a tal rodovia de inte­gração.
Aliás, de obra de infraestru­tura con­stante do rank­ing do G1, que é o que real­mente onera as con­tas públi­cas, ape­nas uma: garan­tir o abastec­i­mento de água a todos os maran­henses.
Mesmo esta única pro­posta na infraestru­tura não foi cumprida na total­i­dade. A falta de água é pre­sente em todo o estado, e mesmo cap­i­tal padece da falta d’água. Comu­nidades inteiras, em plena cap­i­tal, são abaste­ci­das em dias, às vezes em inter­va­los até maiores. Na cap­i­tal.
O que dizer dos longín­quos povoa­dos ou zona rural?
Nem deve­mos falar em sanea­mento básico. Este mesmo é que não existe.
Não entendo se por ingenuidade, má-​fé ou mesmo pela pura e sim­ples tolice, ten­ham dado ampli­tude e ten­tado fat­u­rar politi­ca­mente com o rank­ing fajuto do G1.
Vejam, quando digo que o rank­ing é fajuto, não o faço no sen­tido de desmere­cer, mas ape­nas e tão somente, por enten­der não tem qual­quer lóg­ica você com­parar situ­ações dis­tin­tas: pro­postas difer­entes, pesos difer­entes, quan­ti­dades difer­entes e colo­car num rank­ing. Não é razoável.
Um exem­plo: um gov­er­nador que prom­e­teu mais obras estru­tu­rantes e menos medi­das de fácil solução, cer­ta­mente este será mais mal avali­ado, pois as condições da econo­mia não tem per­mi­tido muitas obras assim, ainda que tenha feitos obras impor­tantes e impac­tantes para seu estado.
O gov­erno do Maran­hão foi avali­ado em 37 promes­sas, das quais segundo o rank­ing cumpriu 22 (que estão sendo ques­tion­adas pela oposição, que afirma que promes­sas como o “pro­mu­nicí­pio” ape­nas, para citar um exem­plo, não existe).
As promes­sas cumpri­das, con­tando com as ques­tion­adas e sem con­sid­erar as promes­sas de palanque, como a MA 006, rep­re­senta, ape­nas pouco mais de um terço do que foi reg­istrado no TSE.
Como vamos dizer que isso é mais que o real­izado pelo gov­erno de São Paulo, que das 68 promes­sas avali­adas, já cumpriu, inte­gral­mente, 34 promes­sas, ou seja, metade.
Nessa matemática um terço é mais que metade?
Sem con­tar que são real­iza­ções que estão bem dis­tantes da nossa real­i­dade pelos val­ores e impactos envolvi­dos.
E vão dizer: não podemos com­parar São Paulo com MARAN­HÃO. É certo.
Assim como não podemos com­parar out­ras situ­ações .
O que quero dizer com isso é que esse rank­ing é abso­lu­ta­mente arbi­trário e que não pode­ria ter sido lev­ado a sério por pes­soas com um mín­imo de dis­cern­i­mento. Pareceu-​me algo bem próx­imo de uma ten­ta­tiva de imbe­ciliza­ção das pes­soas.
Por fim, causa-​me estran­heza que as autori­dades maran­henses ten­ham ten­tado “fat­u­rar” politi­ca­mente com algo tão fácil de ser desmor­al­izado.
Um con­strang­i­mento desnecessário.
Abdon Mar­inho é advogado.