AbdonMarinho - RSS

4934 Irv­ing Place
Pond, MO 63040

+1 (555) 456 3890
info@​company.​com

MERA COIN­CIDÊN­CIA – A OPOSIÇÃO ENCENA A SUA GUERRA DE SECESSÃO.

Escrito por Abdon Mar­inho

MERA COIN­CIDÊN­CIA – A OPOSIÇÃO ENCENA A SUA GUERRA DE SECESSÃO*.

Por Abdon Marinho.

COR­RIA o ano de 1998. Um dia o então dep­utado estad­ual Ader­son Lago – com quem tra­bal­hava na cam­panha a gov­erno do senador Cafeteira –, tendo chegado um pouco mais tarde que de cos­tume, indaguei-​lhe o motivo. Ele, então, me disse que ficara acor­dado até bem mais tarde e – além da insô­nia –, assi­s­tira uma comé­dia muito boa, que me recomen­dava: “Mera Coin­cidên­cia”. Com pré­cisão de engen­heiro – e de bom con­ta­dor de cau­sos –, contou-​me o enredo quase todo.

O filme estre­lado por mon­stros do cin­ema, como Dustin Hoff­man, Robert De Niro, Denis Leary, Michael Bel­son e grande elenco, dirigido por Barry Levin­son, tem a seguinte sinopse: O pres­i­dente dos Esta­dos Unidos (Michael Bel­son), a poucos dias da eleição, se vê envolvido em um escân­dalo sex­ual e, diante deste quadro, não vê muita chance de ser reeleito. Assim, um dos seus asses­sores entra em con­tato com um pro­du­tor de Hol­ly­wood (Dustin Hoff­man) para que este «invente» uma guerra na Albâ­nia, na qual o pres­i­dente pode­ria aju­dar a ter­mi­nar, além de desviar a atenção pública para outro fato bem mais apro­pri­ado para inter­esses eleitoreiros.

Não con­sid­erem o “spolier”, a película é muito mais que isso e, com mais de vinte anos de lança­mento, ainda nos ensina muito sobre os nos­sos hábitos e sobre a política.

No sábado, escrevia o texto de domingo sobre a reforma da pre­v­idên­cia (texto que pub­li­carei ainda esta sem­ana) quando começou a “chover” men­sagens no celu­lar, What­sApp e out­ras redes soci­ais, sobre uma suposta declar­ação do pres­i­dente da República ofen­siva aos nordes­ti­nos. Algu­mas das men­sagens, inclu­sive, chegavam com a man­i­fes­tação da autori­dade com a leg­enda do que dizia.

Out­ras, com as reações e algu­mas com o protesto da can­tora maran­hense rad­i­cada no Rio de Janeiro, Alcione Nazaré, dizendo-​se “indig­nada” com o pres­i­dente e cobrando respeito aos nordes­ti­nos.

Acabei o texto sobre a reforma da pre­v­idên­cia e pus-​me a pen­sar e a escr­ever sobre o assunto. O texto que publiquei no domingo, no lugar daquele ante­ri­or­mente pre­visto.

Tendo aque­las infor­mações e o vídeo rece­bido, expus meus pon­tos de vis­tas, com­par­til­ha­dos por alguns e crit­i­ca­dos por out­ros, sobre a questão dos pre­con­ceitos – posição, aliás, já exposta em tex­tos ante­ri­ores.

Recomendo a leitura de “PARAÍBA, SIM, SEN­HOR. PRE­CON­CEITOS E FAL­SAS VÍTI­MAS” e “INSIN­U­AÇÃO DEVIADAGEMAFLORA PRE­CON­CEITOS ATÉ NO SUPREMO”.

Emb­ora enten­dendo e jus­ti­f­i­cando não tratar-​se de pre­con­ceito do pres­i­dente – pelas razões que expus nos tex­tos acima referi­dos –, dei crédito de ver­dade ao mate­r­ial que chegaram a mão, tran­screvendo lit­eral­mente as leg­en­das atribuí­das.

Pesou nesta con­duta o meu próprio “pre­con­ceito” em relação ao pres­i­dente pela enx­ur­rada de enormi­dades que diz e tam­bém o fato dele ou alguém com sua senha de rede social ter con­fir­mado aquilo que ele não disse.

Ape­nas no final do domingo alguém me aler­tou e fui atrás do link com a fala com­pleta do pres­i­dente no polêmico café da manhã, em que, suposta­mente, teria des­en­cadeado toda a con­fusão.

Encon­trei o vídeo na Tv Uol e, con­trar­iando a explo­ração da oposição e a própria rede social do pres­i­dente, lá não tem nada do que quase cul­mi­nou a “guerra da secessão” ence­nado pela oposição.

Ape­sar do áudio ser ruim e do pres­i­dente falar mal, pude “pescar” que ele disse para o min­istro Onyx Loren­zoni: “este gov­er­nador ‘de’ Paraíba é pior que o “de” Maran­hão”. Aí o pres­i­dente diz outra coisa e o min­istro diz algo, que entendi como “Ben­jamin” e o pres­i­dente retruca: “Não tem que ter nada com esse cara”.

Deve­mos con­sid­erar, agora sem pre­con­ceitos, que o pres­i­dente tem vícios de lin­guagem graves, cor­tando inde­v­i­da­mente palavras. Mas, o con­teúdo, pelo que pude perce­ber, é o tran­scrito acima. Ou seja, o gov­er­nador do Maran­hão é ape­nas “prata” no rank­ing de piores do pres­i­dente e não teve uma refer­ên­cia aos nordes­ti­nos como “paraíbas”, emb­ora este seja um region­al­ismo dicionar­izado desde mea­dos do século pas­sado no Rio de Janeiro.

Recomendo que pro­curem o link com o áudio real – até para saberem se estou certo.

Foi aí que lem­brei o filme “Mera Coin­cidên­cia”, referido acima.

Aproveitando-​se do “truque”, de uma edição de áudio – que as autori­dades, prin­ci­pal­mente a Polí­cia Fed­eral, pre­cisam inves­ti­gar para saber quem são os respon­sáveis –, a oposição vestiu-​se para guerra. Armou suas trincheiras em todas as frentes, ressus­ci­tando todos os pre­con­ceitos exis­tentes – e fomen­ta­dos ao longo de anos –, do Sul e Sud­este con­tra o Norte e Nordeste.

Notas ofi­ci­ais de dep­uta­dos e senadores; man­i­fes­tações indi­vid­u­ais de par­la­mentares, cidadãos e dos adu­ladores de plan­tão. Todos imbuí­dos do ver­gonhoso propósito de dividir ainda mais o país, provo­car protestos, repú­dios, atiçar ódios.

Uma ver­gonha para quem prega a paz e o amor.

Reitera-​se que con­taram para isso, com a própria biografia do pres­i­dente e com um desastrado endosso do que “não disse” no áudio, em sua rede social.

Vive­mos tem­pos estran­hos e de coin­cidên­cias mais estra­nhas ainda.

Não faz muito tempo o gov­er­nador do Maran­hão encontrou-​se com o ex-​presidente José Sar­ney, con­forme tratei nos tex­tos: “Dino Enterra os 50 Anos de Atraso” e “Sar­ney & Dino e o Acordo que Não Ousa Dizer o Nome”.

Desde então as coin­cidên­cias se avolumam.

Outro dia me chama­ram a atenção para o fato da tele­visão Mirante agora ser só gen­tilezas com o gov­erno e o gov­er­nador e, na ausên­cia de fatos lev­antes, noti­ciar até uma sin­gela doação de bate­ria musi­cal.

Logo mais pas­sarão para os aniver­sários de bonecas.

O jor­nal O Estado do Maran­hão e blogueiros do “sis­tema”, com­praram como abso­luta ver­dade os queix­umes do gov­er­nador, como se o pres­i­dente tivesse declar­ado “guerra” aos maran­henses.

No domingo, como disse, recebi o vídeo da can­tora Alcione Nazaré, vestida na ban­deira do Maran­hão, admoe­s­tando o pres­i­dente da República e cobrando respeito ao Nordeste, suposta­mente, pelo fato dele ter se referido aos nordes­ti­nos como “paraíba” – que o vídeo/​áudio orig­i­nal rev­e­lam não ser ver­dade.

Logo ela que está rad­i­cada no Rio de Janeiro há décadas e tendo, inclu­sive, feito uma música inti­t­u­lada “Paraíba do Norte Maran­hão”. Com boa von­tade dirão: — Ah, ela pode. Pode? Não é preconceito?

Mas, não foi só isso. Todos assis­ti­mos a “nossa Mar­rom”, dev­i­da­mente “far­dada”, em passeata junto com o notório ex-​governador Sér­gio Cabral (con­de­nado a mais de um século de cana por “malfeitos” diver­sos) e do ex-​prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, defend­endo que os roy­al­ties do petróleo ficas­sem para os esta­dos pro­du­tores, em detri­mento dos pobres e mis­eráveis do Norte e do Nordeste pelos quais, agora, cobra respeito.

Na segunda-​feira recebo um outro vídeo da “nossa Mar­rom”, vestida com os mes­mos tra­jes em um ani­mado colóquio com o ex-​presidente Sar­ney.

Não é por nada, e per­gun­tar não ofende:

Sar­ney e Alcione par­tic­i­param da fake news?

Eles (Sar­ney e Alcione) estavam jun­tos quando a artista se fan­ta­siou de ban­deira maran­hense e fez o vídeo admoe­s­tando o pres­i­dente ou o colóquio deu-​se noutro momento?

A fake fez parte do “acordo que não ousa dizer o nome”?

A Mar­rom, fiel escud­eira dos Sar­ney, entrou no “pacote”?

Sar­ney estaria por trás desta ten­ta­tiva de deses­ta­bi­lizar o país?

Sar­ney e Dino, jun­tos e mis­tu­ra­dos – como sem­pre estiveram –, seriam os respon­sáveis por esta articulação?

O ex-​presidente Sar­ney – ninguém duvida –, é o político mais astuto do país, capaz das artic­u­lações mais mirabolantes.

Neste mundo arti­man­has é uma espé­cie de “avô” do que hoje se chama “fake news”.

Que Trump, que nada! Basta lem­brar que em 1994, para deses­ta­bi­lizar a cam­panha a gov­er­nador de Epitá­cio Cafeteira, denun­ciou em sua col­una sem­anal que o senador seria o respon­sável pelo “desa­parec­i­mento” do cidadão José Raimundo Reis Pacheco, sug­erindo que o teria man­dado matar em represália à um aci­dente de trân­sito que viti­mou o sogro, Con­sel­heiro Hilton Rodrigues.

Dias antes, já tin­ham for­jado a existên­cia de um irmão por nome de Ana­cleto Reis Pacheco – o primeiro irmão “fake” que se tem notí­cia –, que, através de um advo­gado do Ceará, denun­ciou o senador da República per­ante o Supremo Tri­bunal Fed­eral.

Cafeteira e sua equipe, den­tre eles Ader­son Lago, Juarez Medeiros, Bened­ito Ter­ceiro e out­ros, só con­seguiram des­fazer a patranha nas vésperas da eleição, quando já não havia mais tempo para des­fazer a men­tira espal­hada por todo o Maran­hão.

Vamos recon­hecer que exper­iên­cia para arti­man­has, sobra.

Mas, talvez, tudo seja mera coin­cidên­cia, como no filme homôn­imo.

Até a con­clusão deste texto, a equipe do pres­i­dente da República, não con­seguira des­fazer a men­tira da “guerra da secessão” semeada pela oposição, tendo o sen­hor Dino como prin­ci­pal ben­efi­ciário, vendendo-​se como vítima e se vestindo como o anti-​Bolsonaro.

A edição e explo­ração crim­i­nosa de uma fala do pres­i­dente é algo muito grave. O país por pouco não entrou em uma con­vul­são.

Algo tão grave que me sus­cita um der­radeiro questionamento:

Se ousaram edi­tar e explo­rar exaus­ti­va­mente uma falsa fala do pres­i­dente da República, não pode­riam edi­tar as con­ver­sas de Moro, Deltan, etc.?

Recor­dando uma frase emblemática do saudoso ex-​governador Leonel Brizola: — Algo há!

Abdon Mar­inho é advo­gado.

(*) Refer­ên­cia à Guerra Civil Amer­i­cana ocor­rida entre abril de 1861 e abril de 1865, que opôs os esta­dos do norte aos do sul.

P.S. Um atento leitor diz que o colóquio entre a Mar­rom e o ex-​presidente que cir­cula nas redes soci­ais, deu-​se noutro momento. Coin­cidên­cias acontecem.

PARAÍBA, SIM, SEN­HOR. PRE­CON­CEITOS E FAL­SAS VÍTIMAS.

Escrito por Abdon Mar­inho

PARAÍBA, SIM, SEN­HOR. PRE­CON­CEITOS E FAL­SAS VÍTI­MAS.

Por Abdon Marinho.

VEZ OU OUTRA me assom­bra uma per­gunta: quando nos tor­namos arremata­dos idio­tas manip­uláveis?

O fim de sem­ana que dev­e­ria ser ded­i­cado ao lazer foi tomado por um falso escân­dalo de pre­con­ceito envol­vendo o pres­i­dente da República e fal­sas víti­mas rep­re­sen­tadas pelo gov­er­nadores do Nordeste.

Estes, sobre­tudo, o do Maran­hão, valendo-​se dos recur­sos públi­cos, seja dire­ta­mente ou por meio da mídia dev­i­da­mente remu­ner­ada, tem aproveitado para “se vender” de vítima ao tempo em que reforça deter­mi­na­dos pre­con­ceitos.

A falsa polêmica tem iní­cio com uma frase do pres­i­dente da República, Jair Bol­sonaro, que disse para um min­istro em um áudio cap­tado durante um café da manhã: “Daque­les gov­er­nadores de ‘Paraíba’ o pior é o do Maran­hão. Não tem que ter nada com esse cara”.

O sen­hor Bol­sonaro – já disse diver­sas vezes –, é o maior “inimigo” de seu gov­erno, prin­ci­pal­mente pela falta de freios na lín­gua, que, como se dizia lá no sertão nordes­tino, “é o cas­tigo do corpo”. O gov­erno iria até bem se não fosse as colo­cações ou inter­venções intem­pes­ti­vas de seu coman­dante.

Mas, em relação a última frase do pres­i­dente, a quem imputam xeno­fo­bia e/​ou pre­con­ceitos, acred­ito que ambos os sen­ti­men­tos revelam-​se inseri­dos mais nas fal­sas víti­mas do que no presidente.

Expli­carei de outro modo e com um exem­plo prático.

Sem­pre que escrevo algo que o Palá­cio dos Leões não gosta aparece algum xerim­babo para ten­tar me ofender (até senti falta de ler alguma ten­ta­tiva de ofensa sobre um dos últi­mos tex­tos: “Sar­ney & Dino e o acordo que não ousa dizer o nome”), ora me chamam de alei­jado, pato manco, ora insin­uando que não tive pleitos aten­di­dos; ora que seria “viado”, etc.

Vejam que são pes­soas que, direta ou indi­re­ta­mente, recebem dos cofres públi­cos, do meu, do seu, do nosso din­heiro para “tentarem” assacar con­tra a honra alheia.

E digo “tentarem” porque em relação a minha pes­soa nada do dizem me atinge. Não vejo demérito em ser defi­ciente físico, até porque sê-​lo não depen­deu de escolha minha; com relação a supos­tos pleitos não aten­di­dos trata-​se ape­nas de uma men­tira e a insin­u­ação de “viadagem” não me atinge porque não me acho mel­hor que nen­huma pes­soa, tenha ela a situ­ação sex­ual que tenha.

Pois bem, voltando a fala do pres­i­dente, existe algo demais em ser­mos chama­dos de “paraíbas”? A caso somos mel­hores que nos­sos irmãos paraibanos, per­nam­bu­canos, cearenses, potiguares, baianos ou os ori­un­dos ou nativos de quais­quer out­ros esta­dos da fed­er­ação? O pre­con­ceito ou xeno­fo­bia é do pres­i­dente ou de quem se con­sid­era ofen­dido por ser chamado de “paraíba”?

Ade­mais há que se con­sid­erar que o termo “paraíba” encontra-​se dicionar­izado desde mea­dos do século pas­sado, servindo para des­ig­nar, em suas diver­sas acepções, de forma colo­quial o operário não qual­i­fi­cado da con­strução civil; ou, como region­al­ismo, fin­cado no Rio de Janeiro (ainda que pejo­ra­tivo), para des­ig­nação de quais­quer pes­soas ori­un­das dos esta­dos do Nordeste; ou nordes­tino.

Os “politi­ca­mente cor­re­tos” vão cen­surar os dicionários?

Assim, emb­ora, o pres­i­dente da República tente “con­ser­tar” para dizer que fez uma crítica aos dois gov­er­nadores do Nordeste (da Paraíba e do Maran­hão), acred­ito mesmo que tenha usado do region­al­ismo do seu estado para se referir a todos os gov­er­nadores.

Não foi ele que criou o termo ou o único a uti­lizar para se referir aos nordes­ti­nos em todo o Brasil, emb­ora não fique bem a um pres­i­dente da República ser “apan­hado” com este tipo de colo­cação – ainda que numa “con­versa pri­vada”.

O pres­i­dente é de todos os brasileiros jamais devendo referir-​se às pes­soas por suas ori­gens.

Por outro lado, o pre­con­ceito, ao meu sen­tir, não é dele, mas sim daque­les que se acham “ofen­di­dos” por serem referi­dos como habi­tantes de um dos esta­dos do Nordeste de povo mais aguer­rido.

Fico pen­sando o que passa pela cabeça de um paraibano: Quer dizer que ser chamado de “paraíba” é uma ofensa para os meus irmãos nordes­ti­nos?

Ainda me val­endo das aulas de inter­pre­tação de texto do ensino primário e recon­hecendo que pres­i­dente pos­sui um vício de lin­guagem: fala de forma “cor­tada”. Ainda mais numa con­versa pri­vada, seja na ver­são dele, ao dizer que refe­ria uni­ca­mente aos dois gov­er­nadores (da Paraíba e do Maran­hão), ou na inter­pre­tação da ver­são “esten­dida”, se referindo a todos os gov­er­nadores da região Nordeste, não cabe dizer – até por uma questão de hon­esti­dade int­elec­tual –, que houve uma refer­ên­cia ou “ofensa” aos mil­hões de irmãos nordes­ti­nos.

Em um ou noutro caso – dê-​se a César o que é de César –, a refer­ên­cia é feita aos gov­er­nadores: da Paraíba e do Maran­hão – ou de todos os esta­dos do Nordeste –, mas não ao povo nordestino.

A situ­ação posta, com suas inter­pre­tações apaixon­adas, faz muito pare­cer aque­las brigas infan­tis em que o menino fica provo­cando os out­ros maiores e quando leva um safanão corre para chorar debaixo da saia da mãe.

Os gov­er­nadores do Nordeste, prin­ci­pal­mente o do Maran­hão, todo dia, o dia todo, ao invés de gov­ernar, se ocupa em ten­tar “apare­cer” aí ao gan­har “atenção” corre para se vitimizar usando, covarde­mente, toda a pop­u­lação do estado como “escudo humano”.

Veja, emb­ora o pres­i­dente da República tenha dito “não tem que ter nada com esse cara”, não temos notí­cias, nestes seis meses de gov­erno, de nen­hum ato dis­crim­i­natório da parte do gov­erno fed­eral con­tra o nosso estado. Pelo con­trário, o que sabe­mos é que o pro­jeto do senador Roberto Rocha de implan­tar a Zona de Expor­tação do Maran­hão — ZEMA, avança; sabe­mos, tam­bém, que depois de anos par­al­isado, fina­mente começa a deslan­char o pro­jeto de explo­rar com­er­cial­mente o Cen­tro de Lança­mento de Alcân­tara; sabe­mos que se encon­tra em estu­dos um ramal fer­roviário lig­ando Bal­sas à fer­rovia Norte-​sul e a con­clusão desta até o Porto do Itaqui e, ainda se tem notí­cias de diver­sos out­ros pro­je­tos em anda­mento para o estado, como BR 308, indo de São Luís a Belém pelo litoral; a com­ple­men­tação da BR 402, de Bar­reir­in­has até Par­naíba – e de lá para o restante da região.

Mas há um ditado pop­u­lar – muito dito no nosso sertão –, que diz: “quem disso usa, disso cuida”, que serve muito bem para jus­ti­ficar todo esse escar­céu ence­nado pelo gov­er­nador e seus ali­a­dos, nas diver­sas mídias e redes soci­ais – além, claro, do extra­ordinário desejo de aparecer.

Não sei dos demais esta­dos do Nordeste, mas nós maran­henses acom­pan­hamos como o gov­er­nador e seus asse­clas tratam a oposição do estado (e mesmo alguns ali­a­dos), não lhes dando qual­quer “refresco”. Quem é o prefeito oposição –ou mesmo de situ­ação –, que é bem tratado pelo gov­erno? Que dep­utado de oposição tem emen­das par­la­mentares lib­er­adas? Quem não lem­bra a forma como os can­didatos de oposição nos municí­pios foram trata­dos pelo gov­erno estad­ual nas eleições de 2016? Quem não con­hece (ou já ouviu falar) na “máquina” de destruir rep­utações sob ori­en­tação do governo?

Em data recente, no Con­gresso Nacional, dois del­e­ga­dos (ou ex-​delegados) foram ouvi­dos e denun­cia­ram inves­ti­gações clan­des­ti­nas con­tra alvos escol­hi­dos pelo gov­erno, fos­sem de oposição ou mesmo ali­a­dos.

Os del­e­ga­dos con­fir­maram o que é voz cor­rente no estado.

A situ­ação da oposição no estado é tão vex­atória que na Assem­bleia Leg­isla­tiva a base gov­ernista não os deixa aprovar um requer­i­mento de infor­mação, um con­vite para um secretário ou qual­quer autori­dade, prestar algum esclarecimento.

Vejam que belo exem­plo de democ­ra­cia e republicanismo!

Mas não fica só nisso, as ações con­tra jor­nal­is­tas e blogueiros pro­postas pelo gov­er­nador e por seus secretários e adu­ladores são con­tadas às cen­te­nas, como forma de calar ou de coa­gir estes profis­sion­ais a aderirem ao gov­erno.

Noutra quadra, não é seg­redo para ninguém que sua excelên­cia, trans­for­mou o Estado do Maran­hão em “bunker” con­tra o gov­erno fed­eral, em espe­cial con­tra o pres­i­dente Bol­sonaro, não lhe recon­hecendo a vitória nas urnas, fustigando-​o dia sim e no outro tam­bém, e não per­mitindo, sequer, que foto ofi­cial do pres­i­dente da República cruze os umbrais do Palá­cio dos Leões. Que­ria ser tratado com flo­res?

Emb­ora não me cause sur­presa, o que acho em dema­sia é o fato do gov­er­nador do estado, demonstrar-​se tão valente quando se trata dos mais fra­cos, ten­tar usar, com men­ti­ras e meias ver­dades, a pop­u­lação do estado – e do Nordeste –, como escudo humano nos seus enfrenta­men­tos políticos.

Isso, sim, é uma vergonha!

No sábado, enquanto esta falsa polêmica atin­gia o seu pináculo, ouvia músi­cas diver­sas – nem pre­tendia escr­ever sobre isso –, e den­tre os artis­tas estava Alcione Nazaré, maran­hense, rad­i­cada há muito tempo no Rio de Janeiro, que tam­bém vestiu-​se de ofen­dida com o fato do pres­i­dente da República ter se referido aos nordes­ti­nos como “paraíbas”. Lembrei-​me de uma de suas músi­cas: “A Loba”, que numa de suas pas­sagens diz que “chumbo tro­cado não dói”.

A falsa polêmica é ali­men­tada pelos pre­con­ceitos dos fal­sos ofen­di­dos que acred­i­tam ser uma ofensa ser com­parado a alguém de um estado-​irmão e do próprio inter­esse de apare­cer.

No mais, somos todos “paraíbas” e nordes­ti­nos, com muito muito orgulho! Viva o Nordeste! Viva o povo brasileiro!

Abdon Mar­inho é advogado.

SAR­NEY & DINO E O ACORDO QUE NÃO OUSA DIZER O NOME.

Escrito por Abdon Mar­inho

SARNEY & DINO E O ACORDO QUE NÃO OUSA DIZER O NOME.

Por Abdon Marinho.

CON­TINUA reper­cutindo – até mais do que dev­ido –, a tertúlia do ex-​presidente Sar­ney com o gov­er­nador Flávio Dino.

Após alardear o “feito” em suas redes soci­ais, o gov­er­nador, talvez, diante da “baixa audiên­cia” do fato e das cobranças por coerên­cia, já no final de sem­ana que se seguiu tra­tou de dizer que não ocor­reu qual­quer acordo rela­cionado à política local.

Disse que só tra­tou da política nacional, do “risco” que corre a democ­ra­cia brasileira e, no mais, trataram de assun­tos rela­ciona­dos à cul­tura, autores maran­henses e out­ras coisas triviais.

Bened­ito Buzar, respeitado int­elec­tual do nosso estado e que priva da amizade do ex-​presidente, em sua col­una sem­anal em “O Estado Maran­hão”, datada de 07 de julho, disse ter con­fir­mado, em lin­has gerais, o teor da con­versa entre o gov­er­nador e o ex-​presidente, sendo que este último ao ini­ciar a con­versa teria deix­ado claro à visita que não trataria de qual­quer assunto rela­cionado à política local, ale­gando para isso a idade avançada e o fato de ter pas­sado tal “mis­são” aos fil­hos Roseana e José Sar­ney Filho e ao neto Adriano.

Da col­una de Buzar extrai-​se, tam­bém, a infor­mação que a con­versa entre os líderes ocor­reu em ambi­ente reser­vado, sem a pre­sença de mais ninguém: nem do filho Zequinha Sar­ney, que o aju­dou na recepção da visita, nem do dep­utado Orlando Silva, que acom­pan­hava o gov­er­nador.

O que, para a pat­uleia, será sem­pre a palavra de um con­tra o outro (em caso de dis­cordân­cia) ou a palavra de ambos no mesmo sen­tido (o que rev­e­laria a comunhão de vontades).

Se assim o foi, sua excelên­cia acabou por reed­i­tar um clás­sico do cin­ema mundial: “Uma Linda Mul­her”, no qual a atriz Júlia Roberts inter­pre­tou uma garota de pro­grama que, a despeito de transar com o clientes, não os bei­java.

Ou, tam­bém dos anos noventa, reed­i­tou a famosa frase de Bill Clin­ton que inda­gado se já fumara maconha saiu-​se com essa: — fumei mais não traguei.

Quem somos nós para ques­tionar a palavra de sua excelên­cia ou a infor­mação prestada por Buzar, após ouvir Sar­ney?

Quem duvi­dou mesmo foi o neto do moru­bix­aba, dep­utado Adri­ano, que, em dis­curso na assem­bleia leg­isla­tiva, disse que teria ocor­rido, sim, um “acordo” entre os dois políti­cos.

Mas se sua excelên­cia e o escritor e político Sar­ney dizem que trataram de assun­tos literários e não políti­cos. Pela verve da lit­er­atura, se algum “acordo” ocor­reu naquela tertúlia solitária entre ambos, na tarde brasiliense, talvez o tenha sido nos moldes do que dis­sera o autor irlandês Oscar Wilder (18541900), que do cárcere, para onde foi man­dado, escreveu sobre um “certo amor que não ousa dizer o nome”.

Fes­te­jado por muitos dos ali­a­dos do gov­er­nador, porém, cau­sando con­strang­i­men­tos em alguns – chama­dos a diz­erem sobre os “cinquenta anos de atraso” –, o suposto “acordo” tem esse quê de ver­gonha, de “amor que não ousa dizer o nome”. Mas, registre-​se, menos por pudor e mais pelo prag­ma­tismo do “perde-​ganha” político.

O gov­er­nador do Maran­hão, que bem recen­te­mente, deixou em aberto três opções para o seu futuro político em 2022, tem con­sciên­cia da frag­ili­dade do seu pro­jeto político pres­i­den­cial.

O estado que dirige não é mod­elo para nada, faz uma admin­is­tração acan­hada – não ape­nas pela falta de recur­sos, mas pela falta de aptidão admin­is­tra­tiva –, com piora de todos os índices econômi­cos e soci­ais, sem uma obra de infraestru­tura para chamar de sua, sem nada para mostrar ao Brasil além de dizer que se opõe ao gov­erno Bol­sonaro e ao min­istro Sér­gio Moro – sua segunda obsessão.

Não bas­tasse tudo isso, sabe da imensa difi­cul­dade de se “vender” como um can­didato de “esquerda” fil­i­ado a um par­tido “comu­nista”. Tudo entre aspas mesmo.

Assim, nada mais óbvio para o gov­er­nador que “sonha” em ser o novo Sar­ney, copiar o Sar­ney com o próprio Sar­ney.

Ficou con­fuso? Eu tentarei explicar.

Quando Sar­ney ten­tou fazer de Roseana a pres­i­dente da República para suceder FHC uma das estraté­gias foi ten­tar unir o estado em torno do pro­jeto ace­nando para a oposição: Jack­son Lago seria apoiado para prefeito em 2000, na chapa com Tadeu Palá­cio, e depois seria o can­didato a gov­er­nador da “união” em 2002.

Este era o plano de Sar­ney – se com­bi­nado ou não com Jack­son Lago, não sei –, que não deu certo por conta da chamada “Oper­ação Lunus”, que levou ao naufrá­gio os planos pres­i­den­ci­ais de Sar­ney, através da filha, e o con­duziu aos braços do petismo, a ponto de virar o “mel­hor” amigo de Lula, como este mesmo fez questão de dizer mais de uma vez.

O que cus­taria a Dino repe­tir a estraté­gia, agora com o sinal tro­cado? Uma can­di­datura de “esquerda” e “comu­nista” pre­cis­aria de um “tem­pero” mais à dire­ita do espec­tro político.

Quem mel­hor rep­re­sen­taria isso que José Sar­ney, o último dos coro­néis do Brasil?

Se trataram de algum acordo político ou não, por enquanto, não saber­e­mos. Mas a intenção do sen­hor Dino, parece-​me bas­tante clara: na hora dos can­didatos “esquerdis­tas” mostrarem suas car­tas para se via­bi­lizarem, ele apre­sen­taria o Sar­ney como seu prin­ci­pal trunfo, seu ás na manga, o mel­hor amigo do Lula.

E ainda faria isso “paci­f­i­cando” toda a provín­cia do Maran­hão. Todos unidos em torno de sua excelên­cia rumo ao Planalto.

Devolve­riam o estado aos Sar­ney depois dizer que eles foram a maior des­graça do estado, do atraso, e de todos os males? Não ten­ham dúvi­das.

Não rep­re­sen­taria qual­quer difi­cul­dade para ele ou para o seu par­tido.

Lem­bro que uma vez, lá pelos idos de 1986/​87, fui con­vi­dado para uma reunião da juven­tude do Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT. Eu era do movi­mento estu­dan­til, envolvido com a cri­ação de grêmios, etc. Naquela reunião, ocor­rida no sitio Pira­pora, sua excelên­cia, já na uni­ver­si­dade, era um dos palestrantes/​organizador e, já naquele momento, com todas as críti­cas que se fazia a Sar­ney por sua lig­ação com a ditadura e tudo mais, ele defendia que para chegar/​conquistar o poder não tinha nada demais em fazer uma aliança com o então pres­i­dente. Aliás, para nos impres­sionar – até porque pela idade dele (14÷15 anos) não sabe­mos ser pos­sível –, disse que estivera com Sar­ney por conta das Diretas.

Quanto ao seu par­tido, o PCdoB, já em 1994, enten­dia não haver nada demais em se “jun­tar” ao Sar­ney. Naquele ano, quando tive­mos, pela primeira vez a chance de der­ro­tar o grupo Sar­ney na política estad­ual, PCdoB, já no primeiro turno, rece­bia apoio de Roseana para suas cam­pan­has. No segundo turno, fechou de vez o apoio e só saiu do grupo quando este não os quis mais.

Logo, não há qual­quer difi­cul­dade em se cos­tu­rar uma aliança “prag­mática” em torno de inter­esses comuns, ainda que seja para negar tudo que se disse até aqui e pas­sarem a dizer que o mel­hor para o Maran­hão é o retorno de um Sar­ney ao comando do estado.

Quando sua excelên­cia, recu­sou ou não quis o apoio dos Sar­ney para os seus pro­je­tos políticos?

Sobre isso exis­tem dois episó­dios, que se con­fun­dem em um só.

O primeiro, em mea­dos de 2007, o processo de cas­sação de Jack­son Lago, cam­in­hava acel­er­ado e, por alguma razão de cunho pes­soal, seu advo­gado orig­inário não pode­ria com­pare­cer a uma deter­mi­nada audiên­cia. Eis que alguém sug­eriu o nome do então dep­utado fed­eral, para fazer às vezes de advo­gado do gov­er­nador. Com o prestí­gio do cargo de dep­utado e de ex-​juiz, seria de grande valia.

Con­cluído o ato proces­sual, acho que foram em palá­cio “prestar con­tas” ao cliente.

Um amigo me disse que ainda hoje lem­bra quando sua excelên­cia bateu em suas costas e disse: — agora quero saber o que vocês vão fazer por mim, pois me “queimei” com o outro lado.

O segundo episó­dio é um pouco menos edi­f­i­cante e só acred­itei porque quem me disse teste­munhou com os próprios olhos.

Disse ele que no dia em que o TSE, em abril de 2009, sacra­men­tou a cas­sação de Jack­son Lago, o seu advo­gado, o dep­utado fed­eral e ex-​juiz, ao invés de ir “con­so­lar” o cliente que acabara de ser der­ro­tado, foi a casa de Sar­ney felic­i­tar a vence­dora pela vitória.

O amigo, teste­munha ocu­lar de tal fato, confidenciou-​me: — Abdon, nunca tinha visto algo semel­hante até então.

Tudo bem, talvez tenha sido só um gesto de sol­i­dariedade pelo apoio “infor­mal” que rece­bera do grupo na eleição para prefeito da cap­i­tal em 2008.

Mas me parece que tenha sido ape­nas o velho prag­ma­tismo que tenha se feito pre­sente mais uma vez, como o foi antes e depois, quem não lem­bra do episó­dio Waldir Maranhão?

Quem ainda se sur­preende com tal prag­ma­tismo, talvez devesse olhar para o ex-​governador José Reinaldo Tavares.

Quem pode­ria imag­i­nar que depois de tudo que fez pelo pro­jeto político de sua excelên­cia, o ex-​governador seria sim­ples­mente “rifado”, como foi, do seu sonho de ser senador da República?

Todos tin­ham por certo que seria o seu primeiro can­didato, que não tivera mais força no gov­erno por visões dis­tin­tas de gov­erno, mas seria o senador garan­tido. Não foi. Sua excelên­cia preferiu como primeiro senador, o sen­hor Wev­er­ton Rocha e para segundo, a sen­hora Eliziane Gama. Ape­sar de José Reinaldo, ter dito que só sairia do grupo se não o quisessem, foi sim­ples­mente igno­rado e lançado ao ostracismo político ape­sar de tudo que fez – e do quando, ainda, pode­ria con­tribuir com o Maran­hão e o Brasil.

É assim mesmo, na nova política não há espaço para amizades sin­ceras, respeito ou gratidão, mas, sim, para os “acor­dos” que não ousam dizer o nome.

Abdon Mar­inho é advo­gado.