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O fenô­meno Bol­sonaro — Parte 1.

Escrito por Abdon Mar­inho


O FENÔ­MENO BOL­SONARO — Parte 1.

Por Abdon Marinho.

UMA das razões pelas quais deixei para escr­ever o pre­sente texto nesta manhã de domingo foi aguardar o resul­tado da man­i­fes­tação pop­u­lar chamada pelo pres­i­dente da República, e seus ali­a­dos, para acon­te­cer na cap­i­tal fed­eral no sábado, dia 15 de maio.

Se não me falha a memória já vai pelo ter­ceiro fim de sem­ana que elas ocor­rem, sem con­tar as man­i­fes­tações ocor­ri­das na inau­gu­ração da ponte do Abunã, sobre o Rio Madeira, em Rondô­nia e em Maceió, Alagoas.

As man­i­fes­tações de apoio ao chefe da nação – a despeito de tudo que vem ocor­rendo no Brasil –, coloca-​o na condição de “fenô­meno”, que na acepção da palavra, em sen­tido fig­u­rado, sig­nifica: “pes­soa, ani­mal ou coisa com algo de extra­ordinário, que provoca admi­ração ou espanto”.

O sen­hor Bol­sonaro, segundo as últi­mas pesquisas, conta com um apoio pop­u­lar que não chega ou que oscila em torno dos 30% (trinta por cento) da pop­u­lação, e, segundo essas mes­mas pesquisas, 54% (cinquenta e qua­tro por cento) dos eleitores já cravaram que “não votarão nele de forma alguma”.

Registre-​se, ainda, que ape­nas 14% (qua­torze por cento) da pop­u­lação acred­ita pia­mente no que diz o pres­i­dente e que 58% (cinquenta e oito por cento) da pop­u­lação acham que ele não pos­sui capaci­dade para diri­gir o país.

Em tal con­texto, a não ser pela ótica do “fenô­meno” con­seguimos explicar ou com­preen­der as man­i­fes­tações de apoio que o sen­hor Bol­sonaro recebe de um segui­mento sig­ni­fica­tivo da população.

Merece relevo que os apoios rece­bidos pelo pres­i­dente não vêm dos cidadãos menos afor­tu­na­dos, menos esclare­ci­dos – não do ponto de vista for­mal –, não esta­mos diante de um Antônio Con­sel­heiro, que, de Canudos, com sua tropa de mal­trapil­hos, rebelou-​se con­tra a jovem República, na Guerra de Canudos (18961897).

As ima­gens rev­e­lam um público de classe média, empresários, estu­dantes, profis­sion­ais lib­erais, etc. Muitos vin­cu­la­dos a denom­i­nações reli­giosas, mas nem todos, provando que existe um “movi­mento bol­sonar­ista”, daí ter aguardado o último ato tendo em vista que con­vo­cado como “ato político”, por pes­soas que apoiam, inde­pen­dente de qual­quer coisa que diga ou faça – ele ou seu gov­erno. Até porque, os efeitos do que dizem ou fazem atinge a todos.

O prin­ci­pal min­istro do gov­erno, sen­hor Guedes, que con­trola a econo­mia, ao jus­ti­ficar a ele­vação do dólar face ao real disse o dólar alto fazia bem a econo­mia e aproveitou para recla­mar que “até as domés­ti­cas estavam indo para a Disneylândia”.

Outra vez reclamou que brasileiros estão vivendo “demais” – saiu-​se até com uma frase: “todo mundo quer viver mais de cem anos”.

No iní­cio da pan­demia, saiu a notí­cia (que até hoje me recuso a ter como ver­dadeira) de que alguém deste min­istério teria “fes­te­jado” a pan­demia sob o argu­mento de que mor­re­riam muitos idosos e que isso desafog­a­ria a pre­v­idên­cia social, um dos gar­ga­los do atual gov­erno.

Por último, reclamou do fato do FIES ter finan­ciado a for­mação do filho do porteiro.

Devo pen­sar, então, que as pes­soas que estavam nas ruas em favor do pres­i­dente – que nada disse sobre as falas do seu min­istro –, são con­tras que as domés­ti­cas pos­sam pagar uma pas­sagem para con­hecer a Dis­neylân­dia? Com­prar um iPhone?

São con­trários ao fato dos brasileiros, depois de muita luta, terem mel­ho­rado sua expec­ta­tiva de vida – que ainda é uma das baixas entre os países civilizados?

São con­tra o FIES finan­ciar a fac­ul­dade do filho do porteiro, do açougueiro, do pedreiro, do agricul­tor ou de qual­quer um que se enquadre no programa?

Cer­ta­mente que os cidadãos “de bem” que se vestem de verde-​amarelo, que são esclare­ci­dos não defen­dem tais ideias? Ou defen­dem? Por que nada dis­seram?

Quando o sen­hor Bol­sonaro assumiu o gov­erno, em janeiro de 2019, 1 dólar cus­tava R$ 3,75 reais, a cotação do dólar hoje é de R$ 5,56, ou seja, a moeda brasileira “perdeu”, no inter­valo de dois anos, quase R$ 2,00.

Já ouvi, de pes­soas igno­rantes, a assertiva de que “não viviam em dólar e sim, em real”.

Mas esse não é o público que estava nas man­i­fes­tações de apoio ao gov­erno. Exceto pelo pequeno nicho do agronegó­cio expor­ta­dor, a ele­vação do dólar em face da nossa moeda nos empo­brece, vez que a moeda amer­i­cana é o padrão de riqueza do mundo.

Imag­ine que você tem um pro­priedade, um bem, ou mesmo uma poupança no Brasil e em pouco mais de dois anos, isso esteja val­endo trinta ou quarenta por cento menos.

Sem con­tar que a cotação do dólar tem influên­cia no preço de tudo que con­sum­i­mos aqui no nosso país.

A ele­vação do preço do bar­ril de petróleo (que é cotado em dólar) ou da própria moeda, encar­ece tudo aqui den­tro: o preço do diesel, que em janeiro de 2019, estava abaixo de R$ 3,50, hoje já chega aos R$ 4,00 e até passa desse valor, trazendo, com isso a ele­vação de tudo que con­sum­i­mos.

Mais. A desval­oriza­ção da moeda nacional estim­ula as expor­tações de ali­men­tos.

Ah, isso é muito bom, dirão, nossa bal­ança com­er­cial terá superávit.

É ver­dade, mas de outro lado, o preço da carne, do frango, porco e de tudo que con­sum­i­mos sofr­erá aumento, levando o empo­brec­i­mento das famílias.

Uma das prin­ci­pais funções das autori­dades fed­erais é a pro­teção da moeda e o gov­erno brasileiro tem fra­cas­sado mis­er­av­el­mente neste ponto.

Não tudo, mais uma grande parte da desval­oriza­ção da nossa moeda tem a ver com man­i­fes­tações intem­pes­ti­vas, incom­petên­cia, falta de plane­ja­mento e de visão do mundo do pres­i­dente e da sua equipe.

O enfraque­c­i­mento do real frente ao dólar traz con­se­quên­cias nefas­tas para as pes­soas: não con­seguem se ali­men­tar como antes, não con­segue, sequer, coz­in­har com gás, nem se fale em con­sumir algum “luxo”.

Entre­tanto, para o gov­erno, o dólar alto é bom, onde já se viu domés­tica querer passear na Dis­neylân­dia.

Cer­ta­mente as pes­soas que saem às ruas para man­i­fes­tações de apoio ao sen­hor Bol­sonaro, que não são igno­rantes, sabem do efeito danoso que essa política econômica tem cau­sado a nossa econo­mia – e a apoia.

Um dos maiores ativos políti­cos do Brasil per­ante a comu­nidade inter­na­cional é o rela­cionado ao meio ambi­ente.

Desde que o atual gov­erno assumiu que o INPE — Insti­tuto Nacional de Pesquisas Espa­ci­ais, órgão público, atesta ele­vação no des­mata­mento das nos­sas florestas.

O risco delas virem a desa­pare­cer, de tão real acen­deu o alerta na comu­nidade inter­na­cional a ponto do encar­regado para assun­tos rela­ciona­dos ao clima do gov­erno Joe Biden, John Kerry, man­i­fes­tar pub­li­ca­mente sobre o tema.

Tudo isso sem con­tar com a invasão de reser­vas indí­ge­nas para explo­ração de madeira e de minérios, a “gri­lagem” das ter­ras públi­cas, a legal­iza­ção de crimes ambi­en­tais, etc.

Sem con­tar com a própria vio­lên­cia prat­i­cadas con­tra os índios – os ver­dadeiros donos das ter­ras desde sem­pre.

Um dos fatos mais curiosos destes dias estran­hos que vive­mos, foi a notí­cia de a FUNAI — Fun­dação Nacional do Índio, que dev­e­ria tratar dos inter­esses dos indí­ge­nas, solic­i­tou a Polí­cia Fed­eral aber­tura de um inquérito.

Não con­tra os grileiros, não con­tra os garimpeiros, não con­tra os madeiros …

Pois é, a FUNAI, pas­mem! Solic­i­tou a PF que abrisse inquérito con­tra os índios, con­tra as lid­er­anças indí­ge­nas, jus­ta­mente por elas denun­cia­rem esse tipo de situ­ação.

Vejam, o gov­erno brasileiro, de forma delib­er­ada, por ignorân­cia ou inter­esses incon­fessáveis, não con­segue (ou não quer) pro­te­ger o maior patrimônio do país, muito emb­ora a comu­nidade inter­na­cional tenha ofer­e­cido recur­sos para aju­dar nessa empre­itada.

O que temos, entre­tanto, é um min­istro do meio ambi­ente – dos mais pres­ti­gia­dos pelo pres­i­dente –, sendo acu­sado pela Polí­cia Fed­eral, de atra­pal­har as inves­ti­gações de crimes ambi­en­tais e de “con­spirar” a favor dos des­mata­dores.

O que temos assis­tido, desde o iní­cio do gov­erno, é a “boiada” pas­sando, o IBAMA e o ICM­bio sem qual­quer estru­tura e recur­sos para cumprirem suas mis­sões insti­tu­cionais enquanto o Min­istério do Meio Ambi­ente edita por­tarias no sen­tido de inibir a atu­ação dos fis­cais.

Por der­radeiro, existe um esforço inco­mum dos ali­a­dos do gov­erno de faz­erem pas­sar no Con­gresso Nacional uma nova lei “con­tra” o licen­ci­a­mento ambiental.

Essa ini­cia­tiva é total­mente crit­i­cada por todos que entende do assunto e “gan­hou” uma carta con­trária de todos os ex-​ministros do meio ambi­ente, ainda vivos.

Será que todas essas pes­soas que criti­cam a con­dução ambi­en­tal do atual gov­erno estão erradas? Será que os órgãos do próprio gov­erno e do mundo estão erra­dos? Será que as pes­soas que defen­dem o meio ambi­ente no Brasil e mundo, e que nos aler­tam, estão erradas?

Pois bem, soube que na man­i­fes­tação de ontem a favor do pres­i­dente, do gov­erno e das suas pau­tas, um dos dos que se man­i­fes­taram foi o “nosso” anti-​ministro do meio ambiente.

Será que aque­les man­i­fes­tantes que estavam lá aplaudindo são con­trários ao meio ambi­ente? Acham que a política ambi­en­tal do atual gov­erno é digna de aplau­sos?

No (ou nos) texto seguinte con­tin­uare­mos a tratar do fenô­meno Bol­sonaro.

Abdon Mar­inho é advogado.

SUCESSÃO ESTAD­UAL: PRETERIDO, ROCHA REJEITA O DIVÓR­CIO, QUE SERÁ LITIGIOSO.

Escrito por Abdon Mar­inho


SUCESSÃO ESTAD­UAL: PRETERIDO, ROCHA REJEITA O DIVÓR­CIO, QUE SERÁ LITI­GIOSO.

Por Abdon Marinho.

ATRIBUI-​SE ao senador Vitorino Freire (19081977) a frase: “na política do Maran­hão até boi avoa”.

No primeiro texto que escrevi sobre a sucessão estad­ual tratei da cisão den­tro da base do gov­er­nador Flávio Dino em razão de ele já ter deix­ado clara a opção para a “sua” sucessão pelo atual vice-​governador, Car­los Brandão.

Expliquei que a rein­serção do ex-​presidente pres­i­dente Lula no jogo da sucessão pres­i­den­cial for­t­ale­ceu o gov­er­nador no cenário político local e nacional e que, para ele, diante da nova con­jun­tura e de suas pre­ten­sões, pare­ce­ria mais viável uma aliança com o grupo do ex-​presidente Sarney.

Disse que não inter­es­saria ao atual ocu­pante dos Leões fazer a chamada “tran­sição de ger­ações”, pois, ainda, com um mandato de senador, com Rocha no poder, jamais seria uma lid­er­ança política como foi Vitorino Freire ou mesmo o ex-​presidente José Sar­ney.

Pois bem, muito emb­ora tudo que já foi dito não esteja descar­tado, a “não opção” do sen­hor Dino pelo senador pede­tista Rocha, pode ser uma questão de sobre­vivên­cia política para o primeiro, con­forme ver­e­mos mais à frente.

Como assis­ti­mos durante o cor­rer da sem­ana o “preterido” fez de tudo para des­fazer ou mesmo mudar a decisão do gov­er­nador e voltar à condição de “preferido” para a dis­puta.

O “cerca Lourenço” envolveu juras de leal­dade ao grupo, unidade em torno de pro­jeto e até mesmo uma reunião com o ex-​presidente Lula com dire­ito a declar­ações de apoio de lid­er­anças petis­tas as pre­ten­sões de Rocha, bem como, a not­in­has plan­tadas na imprensa local e nacional de que o palanque dele teria espaço para dois can­didatos à presidên­cia da República: Lula e Ciro.

Mais adi­ante os ami­gos verão que haverá espaço para um ter­ceiro can­didato – este oculto.

O jogo bruto para ten­tar se impor como can­didato do grupo do gov­er­nador foi tamanho que liguei para um querido amigo e per­gun­tei: — fulano, como é mesmo aquela música de Adri­ana Cal­can­hoto que diz “… já arran­hei os seus discos”?.

A música, muito boa por sinal, é “Men­ti­ras” e começa assim:

Nada ficou no lugar

Eu quero que­brar essas xícaras

Eu vou enga­nar o diabo

Eu quero acor­dar sua família

Eu vou escr­ever no seu muro

E vio­len­tar o seu gosto

Eu quero roubar no seu jogo

Eu já arran­hei os seus discos

Que é pra ver se você volta

Que é pra ver se você vem

Que é pra ver se você olha

Pra mim

…”

Se o gov­er­nador não é o tolo que imag­ino que não seja, não dev­erá cair nes­tas juras de amor e par­tir, o quanto antes, para o divór­cio liti­gioso.

A revista Veja que se cir­cula esta sem­ana traz duas reporta­gens que têm influên­cia política sobre o Maranhão.

A maio­ria das pes­soas só devem ter enx­er­gado uma: a que diz que o Maran­hão está muito bem na fita de com­bate à pan­demia, apre­sen­tando índices com­paráveis à de países de primeiro mundo, citando como exem­plo a Ale­manha, afir­mando que o número de mortes no estado por 100 mil habi­tantes gira na casa de 101.

Muito emb­ora duvide de todos os números – sobre tudo –, apre­sen­tado pelo gov­erno maran­hense, não tenho ele­men­tos e provas para contestá-​los. Por outro lado, isso não é o assunto para esse texto.

O que importa para o texto sobre a sucessão estad­ual é que os números rev­e­la­dos for­t­alece o gov­er­nador comu­nista no cenário político brasileiro.

Não que tenha condições de vir a ser um can­didato a pres­i­dente da República, mas, cer­ta­mente um nome a ser con­sid­er­ado para vice-​presidente na chapa de Lula e sob as bênçãos do ex-​presidente Sarney.

O for­t­alec­i­mento do gov­er­nador comu­nista é reforçado, inclu­sive, pelo próprio pres­i­dente da República, sen­hor Bol­sonaro, que o elegeu como adver­sário político e alvo pref­er­en­cial.

Essa sem­ana mesmo disse para seus que “iria var­rer o comu­nismo do Maran­hão”.

Nunca “botei fé” em lid­er­ança política que “briga para baixo”, ou seja, pres­i­dente briga com gov­er­nador; gov­er­nador briga com prefeito; prefeito brigar com vereador, etc.

Toda vez que, quem está numa posição supe­rior, briga com quem está numa posição infe­rior, é ela que está “descendo” para a briga, se dimin­uindo e for­t­ale­cendo o adver­sário.

Fosse eu o pres­i­dente pode­ria ter a provo­cação que tivesse, não daria bola.

O pres­i­dente da República faz o con­trário, não só “dá bola” como “desce” para brigar.

Volte­mos ao texto.

Pois bem, como dizia, não creio que o “cerca Lourenço” ou mesmo as “juras de amor eterno” sur­tam os efeitos alme­ja­dos pelo senador pede­tista.

Vejamos o gesto mais sig­ni­fica­tivo da sem­ana, na minha opinião: a “reunião” com Lula.

Quando, lá pelos anos 2.000, ocor­reu uma breve aprox­i­mação do ex-​governador Jack­son Lago com o ex-​presidente Sar­ney, brin­cal­hão como só ele sabia ser, Cafeteira, saiu-​se com essa: – essa aprox­i­mação não é nada sério, diria que “só” estão “ficando”.

Pois bem, essa reunião de Rocha com Lula, as declar­ações de petis­tas em favor do pede­tista, são a mesma coisa, diria que foi ape­nas uma “ficada”.

A relação séria mesmo é a de Lula com Sar­ney. Há vinte anos, acho que desde 2001, após o “caso Lunus”, que estão jun­tos – já pode­riam até pedir pen­são mutu­a­mente –, com o par­tido do ex-​presidente Lula apoiando sem pes­tane­jar os can­didatos do Sar­ney no Maran­hão, não refu­garam nem mesmo para o notório Edinho, que antes lev­ava um numeral após o nome – pelo con­trário, foram com júbilo.

Isso para dizer que Lula can­didato a pres­i­dente da República estará vin­cu­lado ao pro­jeto político de Sar­ney e se este estiver com o Dino, será o mel­hor dos mun­dos para ele. Ou seja, não há chances do Lula subir no palanque do pede­tista, a não ser que este­jam todos jun­tos e mis­tu­ra­dos.

Como isso difi­cil­mente acon­te­cerá, o senador pede­tista “queimou o filme à toa” com o pré-​candidato do seu par­tido Ciro Gomes – que já disse cobras e lagar­tos e que não esque­cerá a desfeita.

Uma ilus­tração: enquanto Rocha divul­gou as fotografias de sua “ficada” com o Lula, esse, no dia seguinte, fez questão de “posar” e pub­licar a foto com Sar­ney, a relação séria.

A segunda reportagem de Veja com reflexos e influên­cia para a sucessão maran­hense é que fala de uma “República de Planaltina”, uma pro­priedade de um advo­gado brasiliense, onde as grandes decisões do gov­erno Bol­sonaro são tomadas.

Esse advo­gado, ape­sar de jovem tem grandes influên­cia junto aos Bol­sonaro e a reportagem até traz uma foto do senador Flávio Bol­sonaro na pro­priedade, que pelas fotos é muito bonita.

A essa altura um amigo meu diria: — Abdon, eu “buguei”. O que a tal “República de Planaltina”, família Bol­sonaro, têm a ver com a eleição do Maranhão?

Poxa, lamento, mas vou já demi­tir algum asses­sor do gov­er­nador que não mostrou a reportagem a ele e/​ou não fez a leitura política.

É o seguinte, meus ami­gos, o advo­gado referido na reportagem de Veja como estando “man­dando e des­man­dando no gov­erno Bol­sonaro” e fazendo todos os tipos de negó­cios a par­tir da tal “República de Planaltina” é tido como “unha e carne”, com o senador maran­hense.

Lem­bram que na época em que o advo­gado foi preso – fato que se deu cap­i­tal maran­hense –, noticiou-​se que ele estava aqui para assumir o comando da Tele­visão Difu­sora, suposta­mente arren­dada pelo senador pede­tista?

A amizade entre ambos é tamanha – e o senador provou isso –, que foi visitá-​lo na cadeia. E fez isso pub­li­ca­mente.

Além da amizade, dizem que há muitos negó­cios envolvi­dos nas altas rodas da República.

Se o gov­er­nador, que já vinha com “um pé atrás”, com receio de perder o pro­tag­o­nismo na política do Maran­hão com a eleição do senador, caso tenha lido a reportagem deve ter “pux­ado o freio de mão” e dado um “cav­alo de pau”.

Diante do que está posto, da teia de inter­esses envol­vendo a tal “República de Planaltina”, os Bol­sonaro, etc., a “cabeça do gov­er­nador numa ban­deja de prata” talvez seja o prato prin­ci­pal ofer­e­cido aos poderosos da República.

Vou dizer nova­mente a minha opinião – que ressalto, como dito no texto ante­rior –, ape­nas uma opinião que pode ser equiv­o­cada.

Quando o pres­i­dente da República, Jair Bol­sonaro, emb­ora con­hecido como falas­trão, vai a público dizer que “vai var­rer o ‘comu­nismo’ do Maran­hão”, é bem provável – e faço essa con­jec­tura a par­tir da reportagem de Veja –, que não esteja “fazendo suas con­tas” com a vitória de um “ali­ado de primeira hora” do seu pro­jeto político – que, con­forme tratare­mos nos tex­tos adi­antes, são can­di­dat­uras incip­i­entes, se com­para­das às que já estão postas –, mas, sim, com a vitória de um “ali­ado inci­den­tal”, no caso o senador pede­tista, a par­tir das conexões ori­un­das da “república de Planaltina”.

Seriam ele e a tal república os respon­sáveis por “var­rer o comu­nismo do Maran­hão”, como “decre­tou” o pres­i­dente Bol­sonaro.

Assim, Bol­sonaro seria o ter­ceiro pres­i­den­ciável no palanque pede­tista.

Em tal con­jun­tura, não é descar­tado que todas as forças políti­cas do estado vin­cu­ladas ao gov­erno fed­eral e ao pro­jeto bol­sonar­ista se agreguem na can­di­datura do senador pedetista.

Ao gov­er­nador restará par­tir para o divór­cio liti­gioso com o senador e agru­par suas forças com os par­tidos que lhe são ali­a­dos dire­ta­mente, com as forças políti­cas lig­adas ao grupo do pres­i­dente Sar­ney e tendo o ex-​presidente Lula como grande fiador.

É, meus ami­gos, como dizia Vitorino, “na política do Maran­hão até boi avoa”.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

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Sucessão Estad­ual: Dino recusa prato feito e manda Rocha catar coquinho.

Escrito por Abdon Mar­inho


Sucessão Estad­ual:

DINO RECUSA PRATO FEITO E MANDA ROCHA CATAR COQUINHO.

Por Abdon Mar­inho.

AMI­GOS e uns poucos leitores vin­ham me cobrando que opinasse sobre a sucessão estad­ual.

A recusa, até então, prendia-​se ao fato de achar pre­cip­i­tado tratar do assunto fal­tando tempo para a eleição, estar­mos no curso de uma pan­demia e ainda sem saber como ficará o cenário nacional para o ano que vem.

Outra situ­ação a impedir a análise política do cenário político é a ausên­cia de infor­mações con­fiáveis sobre os basti­dores da política.

Em que pese por aqui só se falar de política “de manhã, de tarde e de noite”, com uma eleição emen­dando na outra, quase sem­pre, ouso dizer com rarís­si­mas exceções, a divul­gação da notí­cia nunca é feita por jor­nal­is­tas, mas, sim, por asses­sores de imprensa.

Quase tudo que lemos passa longe da isenção.

As notí­cias são dadas por profis­sion­ais vin­cu­la­dos a este ou aquele pro­jeto político, local ou nacional.

Com todas essas ressal­vas, tentarei opinar, começando por hoje, sobre a sucessão estad­ual.

Nos diver­sos tex­tos virão tratarei sobre o cenário político a par­tir da minha visão, que, repito, poderá ser com­ple­ta­mente equiv­o­cada, ou atrasada, ou que poderá ser mod­i­fi­cada con­forme sur­jam novos fatos ou per­son­agens ou situ­ações.

Sobre a volatil­i­dade da política o pai de um amigo meu cos­tu­mava dizer: “em política basta um único acon­tec­i­mento para mudar toda uma história”.

E a história está repleta de exem­p­los a jus­ti­ficar tal assertiva.

Neste primeiro texto tratarei da cisão ocor­rida na base gov­ernista.

Con­forme temos acom­pan­hado nos vários meios de comu­ni­cação, o gov­er­nador do estado, sen­hor Flávio Dino, já teria optado por escol­her o vice-​governador, Car­los Brandão, como o “seu” can­didato para a “sua” sucessão.

Emb­ora se trate de uma escolha nat­ural, sabe­mos que o senador Wev­er­ton Rocha, desde que pôs os pés nos salões azuis do Senador da República, que sonha e tra­balha incansavel­mente com o propósito de suceder o o gov­er­nador Flávio Dino.

Na opinião de qual­quer um – com um mín­imo de isenção –, reconhece-​se que o senador se artic­u­lou bem: trouxe para perto de si um grupo de dep­uta­dos fed­erais e estad­u­ais, con­quis­tou a fed­er­ação dos municí­pios há qua­tro anos e ren­ovou o comando na última eleição e, ainda, con­seguiu a eleição de diver­sos ali­a­dos nos municí­pios.

De tão bem na “fita” tra­bal­hava com a pos­si­bil­i­dade de ser o can­didato incon­tornável pelos gov­ernistas. Ou seja, sou o mel­hor can­didato, o mais artic­u­lado, estou com bala na agulha, ven­ham comigo pois não têm para onde ir.

Segundo li – não sei se como ver­dade ou recado plan­tado –, teria dito que pode­ria com­por a chapa com a ex-​governadora Roseana Sar­ney, como can­di­data ao senado.

Ver­dadeira, como notí­cia ou como recado, o fato é que, para o senador e os seus “chega­dos”, o gov­er­nador teria que aceitar o “prato feito” e dar-​se por sat­is­feito.

O gov­er­nador não é bobo – muito emb­ora tenha chegado onde chegou e no tempo em que chegou por cir­cun­stân­cias que já trata­mos diver­sas vezes –, tornar-​se refém do pro­jeto político do senador pede­tista, ainda que no Senado da República e por oito anos, não era (ou é) sua mel­hor opção, nem agora, em 2022 ou em 2026.

A leitura que faço é que a eleição do senador pede­tista jamais inter­es­saria ao gov­er­nador comu­nista porque acabaria com suas futuras pre­ten­sões políti­cas no estado e com o seu “legado”, que, vamos com­bi­nar, não é lá essas coisas, basta dizer que não existe uma obra de “vulto” – a única que pode ser con­sid­er­ada assim, com muito boa von­tade, é a ponte sobre o Rio Per­icumã, entre Bequimão e Cen­tral do Maran­hão, que se arrasta desde o iní­cio do gov­erno e que tem muitas histórias a con­tar –, a mis­éria “her­dada” do sarneísmo aumen­tou e, até mesmo, a ideia de ser um “anti­s­sar­ney”, há muito tempo deixou de exi­s­tir.

Ape­nas para reg­istro, assis­ti­mos a chamada “tele­visão do Sar­ney” coal­hada de com­er­ci­ais do gov­erno estad­ual, em qual­quer horário que se ligue a tele­visão, sem con­tar que os secretários estad­u­ais batem cotove­los e já parece, pos­suir “quadro fixo” nos tele­jor­nais da emis­sora da Avenida Ana Jansen.

Se aceitasse o “prato feito” ofer­tado pelo pos­tu­lante do PDT, o atual gov­er­nador estaria pro­movendo a mudança gera­cional no comando do estado, sepul­taria a pos­si­bil­i­dade de voltar ao gov­erno, de eleger em 2026, “alguém seu”, por exem­plo, um dos seus “golden boys”, ou mesmo ser uma espé­cie de “Vitorino Freire” do século XXI.

Mas, pode­ria ter aceitado, se um fato externo não tivesse se imposto no cenário político brasileiro: a “descon­de­nação” do ex-​presidente Luís Iná­cio Lula da Silva – gostaram do termo? Como prometi lá atrás, não tardo a escr­ever sobre isso.

Pois bem, a “descon­de­nação” do ex-​presidente enfraque­ceu a posição política do senador pede­tista e for­t­ale­ceu dois out­ros agentes políti­cos no Maran­hão e que dev­erão estar jun­tos para alquimia fun­cionar: Dino e Sarney.

Lem­bram que lá atrás – muito atrás –, escrevi um texto sobre a visita de Dino a Sar­ney, ocor­rido em Brasília, inti­t­u­lado “O acordo que não ousa dizer o nome”?

Pois bem, como disse ante­ri­or­mente, esta­mos vendo o sis­tema Mirante se tornar uma exten­são do gov­erno estad­ual – acred­ito que seja parte do acordo.

Com o Lula, livre, leve e solto, podendo ser can­didato a pres­i­dente, o que era um “acordo que não ousava dizer o nome” virará um casa­mento às claras, sem medo de ser feliz.

A difi­cul­dade será ape­nas com­bi­nar os inter­esses de cada um, na política, nos negó­cios e no futuro.

Para isso exis­tem os leões e não há nada que a máquina pública estad­ual não esteja acos­tu­mada a “resolver”.

O gov­er­nador sonha em ser o can­didato a vice-​presidente de Lula, por quem tem uma devoção desde a infân­cia.

Quem teria condições de pedir isso a Lula enfrentando os inter­esses mais poderosos da República, inclu­sive do próprio par­tido, MDB, ele mesmo, José Riba­mar Fer­reira de Araújo Costa, ou como ficou mais con­hecido, José Sar­ney.

Não vejo no cenário político brasileiro ninguém com maior influên­cia junto ao ex-​presidente Lula que Sar­ney.

E, em nome da paci­fi­cação política no estado e visando a der­rota do atual inquilino do Planalto poderá ser o fiador do sonho de Dino.

Sabe­mos, entre­tanto, que em política tudo tem um preço.

O que o grupo Sar­ney vai pleit­ear em troca? Pode­ria pleit­ear o gov­erno do estado para Roseana Sar­ney, que já foi gov­er­nadora por diver­sas vezes e que é a mel­hor colo­cada, segundo vi dizer, nas pesquisas de opinião.

Essa seria aposta mais alta, entre­tanto arriscariam “que­brar a banca” e colo­car tudo a perder – sem con­tar que na política local não estão tão bem.

Assim, acred­ito, aceitariam de bom grado, para a mesma ex-​governadora, a posição de can­di­data à senadora, cargo que, tam­bém, já exerceu.

Ficariam assim: Dino vai para vice-​presidente, Roseana Sar­ney para o Senado.

Mas quem pode­ria cos­tu­rar tudo isso, incluindo os acor­dos futuros, na even­tu­al­i­dade de algo não ocor­rer con­forme o plane­jado? O vice-​governador Car­los Brandão.

O gov­er­nador sabe que a eleição de Car­los Brandão, um vice-​governador, que até aqui, se mostrou exces­si­va­mente fiel, é a garan­tia que, se eleito, hon­rará os com­pro­mis­sos que estão “cos­tu­rando” no momento, de que a mudança de ger­ação no comando do estado não ocor­rerá já em 2022 ou em 2026, caso deseje voltar ao gov­erno ou indicar um dos seus “golden boys”.

Nesta obra toda de engen­haria política e tam­bém para servir de fiador e artic­u­lador político, o gov­er­nador foi atrás do ex-​governador José Reinaldo, que nunca deu recibo as agressões sofridas tanto do lado dos comunistas/​dinistas quando do lado dos sar­ne­y­sis­tas.

As peças movi­das no tab­uleiro da política pelo gov­er­nador não foram movi­das sem razão.

A opção de “mover céus e ter­ras” para a eleição de Brandão não ocorre por fidel­i­dade ao vice-​governador que lhe foi fiel.

Assim como não man­dou o senador “catar coquinho” noutra fregue­sia por “desamor” a este, que, até, segundo dizem teria “topado” abrir mão da can­di­datura pelo com­pro­misso para 2026.

O que não foi aceito por Dino.

O jogo da política tem suas próprias regras e cir­cun­stân­cias. Mudam se cir­cun­stân­cias, mudam os inter­esses.

O que resta saber é a força que cada um terá para mover suas peças.

Estas, ami­gos, minha opinião sobre a prin­ci­pal artic­u­lação política visando as eleições estad­u­ais do ano que vem no momento.

Abdon Mar­inho é advo­gado.