A TRAGÉDIA SÓ É MENOR QUE O CRIME.
Por Abdon Marinho.
ANTES do meu natalício, em 8 de outubro, o Brasil registrará a triste e assombrosa marca de 600 mil mortos pela COVID-19. Nunca, em nenhum momento da nossa história, havíamos passado por tamanha provação.
O Brasil, em número de mortes pela pandemia, só fica atrás dos Estados Unidos da América, que registraram 700 mil mortos na semana que findou.
Diferente do que pensei no início do ano, que o Brasil ultrapassaria os EUA em número do mortos, isso não ocorreu, e já acredito que não ocorra, porque a ignorância que alimenta as campanhas anti-vacinas no irmão do norte são bem mais fortes que por aqui.
Os dados disponíveis lá e cá comprovam o que os cientistas dizem desde o início da pandemia: que a vacinação salva vidas.
Nos estados onde houve forte adesão às normas de distanciamento social e à vacinação os contágios e as mortes diminuíram enquanto que naqueles onde deu-se o contrário registram um aumento de casos e, por consequência, de mortes.
A despeito de serem ricos e poderosos os americanos sempre tiveram, com razão, a fama de incultos ou burros, para usar uma linguagem mais popular, a pandemia está provando que não foi à toa que construíram tal fama.
Hoje, os EUA registram uma média de 1.500 mortos/dia graças a refração à vacinação em massa, três vezes a média do Brasil, uma prova mais que eloquente de que a ignorância mata.
Mesmo com os números mostrando que as mortes estão ocorrendo entre aqueles que não se vacinaram e que são ínfimas as mortes entre os que foram imunizados, a ignorância e falta de solidariedade continuam provocando esse número assustador de vítimas.
Outro dia, vi um memorial improvisado naquele país em homenagem aos 700 mil mortos, até ali, uma mar de bandeirinhas brancas simbolizando cada vida perdida. Mesmo de longe e pela televisão não tive como ficar indiferente.
Se nos Estados Unidos podemos debitar à ignorância o número de mortos, a reflexão que fazemos para o Brasil é bem distinta assim como as responsabilidades.
O EUA possuem uma vez e meia a população do Brasil (331 milhões e 211 milhões), têm 700 mil mortos por aqui quase 600 mil, o que numa regra de proporcionalidade nos coloca à frente deles no triste ranking da tragédia.
Muito além do número absurdo de vítimas que pandemia tem feito no Brasil, o que se revela mais grave e mais escandaloso é a revelação de que, sem qualquer base científica, governantes e parte da iniciativa privada tentou – e fez –, experimentos científicos com a vida dos cidadãos, principalmente dos mais desprotegidos: os idosos.
Houve um experimento científico em Manaus, Amazonas, onde as pessoas enfermas foram tratadas como cobaias. Já falamos deste assunto aqui, no nosso site anteriormente, retorno a ele para fazer um “link” com as informações mais recentes.
Quem não assistiu, recomendo que se inteire do depoimento da advogada Bruna Morato na CPI da Pandemia, no Senado da República.
Quando um advogado fala algo ele o faz com a consciência do peso de suas palavras.
Então, quando a Dra. Morato diz que os pacientes da Prevent Senior foram feitos de “cobaias” em experimentos sobre medicamentos sem eficácia comprovada se valendo da vulnerabilidade deles para participarem “novos tratamentos”, ela sabe da gravidade que tal imputação acarreta.
Mas foi além. Disse que o hospital não detalhava os riscos que os pacientes corriam; que houve ordem para a realização de testagem em massa dos supostos medicamentos por parte do diretor da Prevent Senior, com añuência da cúpula da empresa.
A advogada relatou em rede nacional que médicos contrários ao “tratamento precoce” eram demitidos pela empresa ou sofriam retaliações por não receitarem o “kit COVID”.
Uma outra informação de gravidade ímpar relatada pela advogada foi que a empresa agia assim, também, por motivações econômicas, distribuindo os kit’s de forma preventiva porque não possuíam leitos suficientes para atender seus clientes, acrescentando que os médicos não tinham autonomia sobre os tais kit’s que eram distribuídos diretamente pela empresa aos pacientes e que o incentivo à utilização das substâncias sem eficácia comprovada contra a doença se dava por ser mais barato.
Segundo a advogada a empresa Prevent Senior colaborou com a elaboração dos protocolos propagandeados pelo governo federal, notadamente o presidente Bolsonaro, alertando para um suposto “pacto” entre a equipe econômica e integrantes do “Ministério da Saúde Paralelo” para evitar medidas restritivas. O objetivo seria “validar” o suposto estudo da Prevent Senior, para depois fazer uma campanha nacional de abertura da economia brasileira; os médicos representados por ela tinham a sensação que a empresa tinha o aval do Ministério da Saúde para a realização de experimentos com os pacientes.
Ainda segundo a advogada, a empresa em questão manipulava dados do paciente para omitir as mortes por COVID, ocultando a infecção por COVID do atestado de óbito.
Este é um breve resumo, do que disse a advogada – que, repito, tem consciência da gravidade de cada uma de suas palavras –, em uma CPI do Senado da República.
E ela disse muito mais do que consegui resumir.
Como a repercussão do depoimento da advogada é bem menor do que a relevância das suas palavras, acredito que isso ocorra por já estarmos anestesiados pelos acontecimentos no país. As mortes já são banais, números meras estatísticas, os crimes já não nos dizem nada ou, talvez, estamos todos numa espécie de “dèjà-vu” coletivo ilusório de que os fatos agora relatados não aconteceram agora mas há mais de setenta anos, durante a Segunda Guerra Mundial.
Existem pontos – exceto pela circunstância de que os envolvidos não são os responsáveis pela pandemia –, que são compatíveis com crimes de guerra ocorridos no conflito mundial de 1939 a 1945 do século passado.
Daquele conflito é que trazemos a lembrança de experimentos científicos com cobaias humanas, especialmente pelo mais famoso dos médicos nazistas, Josef Mengele (1911 — 1979), nos Campos de Concentração.
Agora, no Brasil, quase oitenta anos depois daquele conflito, ouvimos relatos de uma advogada, representando médicos, dizer que pacientes, principalmente idosos fragilizados, foram usados como “cobaias” em pseudos experimentos científicos, muitos deles já repudiados pela comunidade científica mundial.
Em qualquer outro lugar do mundo, o Ministério Público e a Polícia Federal estariam apurando tais fatos e não apenas assistindo as apurações de uma CPI.
Os fatos ocorridos no Brasil foram gravíssimos, na verdade, foram crimes praticados por autoridades e particulares contra a saúde dos cidadãos que provocaram ou concorreram com a morte de milhares de pessoas. Essa é a verdade.
Fatos de tamanha gravidade não se coadunam com silêncios e omissões. Os que calam e os que se omitem também são cúmplices.
Os médicos do país que tiveram conhecimento ou participaram de experimentos criminosos precisam esclarecer o seu papel nesse teatro de horrores.
Sabe-se agora que outra operadora de Plano de Saúde, segundo um médico, orientou a mesma prática. Um paciente, segundo a mesma matéria, a quem receitaram medicamentos sem qualquer eficácia, negaram-lhe o oxigênio necessário.
Este escapou. Quantos não tiveram a mesma sorte?
Outro dia li ou vi em algum veículo de comunicação que o presidente da República em entrevista para um partido político alemão teria dito que a pandemia apenas abreviara a vida de pessoas que já iriam morrer mesmo em pouco tempo.
Uma suposta declaração tão “destrambelhada” e desprovida de empatia que custo acreditar, ainda mais quando estamos diante de 600 mil vidas perdidas para a pandemia.
Mas, vivemos tempos estranhos, são tantas informações em uma semana que tendemos a achar que tudo vai bem ou que nada aconteceu.
O Brasil precisa sair deste estupor. Os brasileiros precisamos passar o país o limpo com a apuração e punição exemplar para tantos quantos tenha praticados ou concorridos com a prática de crimes.
Somente depois disso, podemos seguir em frente.
Abdon Marinho é advogado.
Abdon Marinho.
ANTES do meu natalício, em 8 de outubro, o Brasil registrará a triste e assombrosa marca de 600 mil mortos pela COVID-19. Nunca, em nenhum momento da nossa história, havíamos passado por tamanha provação.
O Brasil, em número de mortes pela pandemia, só fica atrás dos Estados Unidos da América, que registraram 700 mil mortos na semana que findou.
Diferente do que pensei no início do ano, que o Brasil ultrapassaria os EUA em número do mortos, isso não ocorreu, e já acredito que não ocorra, porque a ignorância que alimenta as campanhas anti-vacinas no irmão do norte são bem mais fortes que por aqui.
Os dados disponíveis lá e cá comprovam o que os cientistas dizem desde o início da pandemia: que a vacinação salva vidas.
Nos estados onde houve forte adesão às normas de distanciamento social e à vacinação os contágios e as mortes diminuíram enquanto que naqueles onde deu-se o contrário registram um aumento de casos e, por consequência, de mortes.
A despeito de serem ricos e poderosos os americanos sempre tiveram, com razão, a fama de incultos ou burros, para usar uma linguagem mais popular, a pandemia está provando que não foi à toa que construíram tal fama.
Hoje, os EUA registram uma média de 1.500 mortos/dia graças a refração à vacinação em massa, três vezes a média do Brasil, uma prova mais que eloquente de que a ignorância mata.
Mesmo com os números mostrando que as mortes estão ocorrendo entre aqueles que não se vacinaram e que são ínfimas as mortes entre os que foram imunizados, a ignorância e falta de solidariedade continuam provocando esse número assustador de vítimas.
Outro dia, vi um memorial improvisado naquele país em homenagem aos 700 mil mortos, até ali, uma mar de bandeirinhas brancas simbolizando cada vida perdida. Mesmo de longe e pela televisão não tive como ficar indiferente.
Se nos Estados Unidos podemos debitar à ignorância o número de mortos, a reflexão que fazemos para o Brasil é bem distinta assim como as responsabilidades.
O EUA possuem uma vez e meia a população do Brasil (331 milhões e 211 milhões), têm 700 mil mortos por aqui quase 600 mil, o que numa regra de proporcionalidade nos coloca à frente deles no triste ranking da tragédia.
Muito além do número absurdo de vítimas que pandemia tem feito no Brasil, o que se revela mais grave e mais escandaloso é a revelação de que, sem qualquer base científica, governantes e parte da iniciativa privada tentou – e fez –, experimentos científicos com a vida dos cidadãos, principalmente dos mais desprotegidos: os idosos.
Houve um experimento científico em Manaus, Amazonas, onde as pessoas enfermas foram tratadas como cobaias. Já falamos deste assunto aqui, no nosso site anteriormente, retorno a ele para fazer um “link” com as informações mais recentes.
Quem não assistiu, recomendo que se inteire do depoimento da advogada Bruna Morato na CPI da Pandemia, no Senado da República.
Quando um advogado fala algo ele o faz com a consciência do peso de suas palavras.
Então, quando a Dra. Morato diz que os pacientes da Prevent Senior foram feitos de “cobaias” em experimentos sobre medicamentos sem eficácia comprovada se valendo da vulnerabilidade deles para participarem “novos tratamentos”, ela sabe da gravidade que tal imputação acarreta.
Mas foi além. Disse que o hospital não detalhava os riscos que os pacientes corriam; que houve ordem para a realização de testagem em massa dos supostos medicamentos por parte do diretor da Prevent Senior, com añuência da cúpula da empresa.
A advogada relatou em rede nacional que médicos contrários ao “tratamento precoce” eram demitidos pela empresa ou sofriam retaliações por não receitarem o “kit COVID”.
Uma outra informação de gravidade ímpar relatada pela advogada foi que a empresa agia assim, também, por motivações econômicas, distribuindo os kit’s de forma preventiva porque não possuíam leitos suficientes para atender seus clientes, acrescentando que os médicos não tinham autonomia sobre os tais kit’s que eram distribuídos diretamente pela empresa aos pacientes e que o incentivo à utilização das substâncias sem eficácia comprovada contra a doença se dava por ser mais barato.
Segundo a advogada a empresa Prevent Senior colaborou com a elaboração dos protocolos propagandeados pelo governo federal, notadamente o presidente Bolsonaro, alertando para um suposto “pacto” entre a equipe econômica e integrantes do “Ministério da Saúde Paralelo” para evitar medidas restritivas. O objetivo seria “validar” o suposto estudo da Prevent Senior, para depois fazer uma campanha nacional de abertura da economia brasileira; os médicos representados por ela tinham a sensação que a empresa tinha o aval do Ministério da Saúde para a realização de experimentos com os pacientes.
Ainda segundo a advogada, a empresa em questão manipulava dados do paciente para omitir as mortes por COVID, ocultando a infecção por COVID do atestado de óbito.
Este é um breve resumo, do que disse a advogada – que, repito, tem consciência da gravidade de cada uma de suas palavras –, em uma CPI do Senado da República.
E ela disse muito mais do que consegui resumir.
Como a repercussão do depoimento da advogada é bem menor do que a relevância das suas palavras, acredito que isso ocorra por já estarmos anestesiados pelos acontecimentos no país. As mortes já são banais, números meras estatísticas, os crimes já não nos dizem nada ou, talvez, estamos todos numa espécie de “dèjà-vu” coletivo ilusório de que os fatos agora relatados não aconteceram agora mas há mais de setenta anos, durante a Segunda Guerra Mundial.
Existem pontos – exceto pela circunstância de que os envolvidos não são os responsáveis pela pandemia –, que são compatíveis com crimes de guerra ocorridos no conflito mundial de 1939 a 1945 do século passado.
Daquele conflito é que trazemos a lembrança de experimentos científicos com cobaias humanas, especialmente pelo mais famoso dos médicos nazistas, Josef Mengele (1911 — 1979), nos Campos de Concentração.
Agora, no Brasil, quase oitenta anos depois daquele conflito, ouvimos relatos de uma advogada, representando
A TRAGÉDIA SÓ É MENOR QUE O CRIME.
Por Abdon Marinho.
ANTES do meu natalício, em 8 de outubro, o Brasil registrará a triste e assombrosa marca de 600 mil mortos pela COVID-19. Nunca, em nenhum momento da nossa história, havíamos passado por tamanha provação.
O Brasil, em número de mortes pela pandemia, só fica atrás dos Estados Unidos da América, que registraram 700 mil mortos na semana que findou.
Diferente do que pensei no início do ano, que o Brasil ultrapassaria os EUA em número do mortos, isso não ocorreu, e já acredito que não ocorra, porque a ignorância que alimenta as campanhas anti-vacinas no irmão do norte são bem mais fortes que por aqui.
Os dados disponíveis lá e cá comprovam o que os cientistas dizem desde o início da pandemia: que a vacinação salva vidas.
Nos estados onde houve forte adesão às normas de distanciamento social e à vacinação os contágios e as mortes diminuíram enquanto que naqueles onde deu-se o contrário registram um aumento de casos e, por consequência, de mortes.
A despeito de serem ricos e poderosos os americanos sempre tiveram, com razão, a fama de incultos ou burros, para usar uma linguagem mais popular, a pandemia está provando que não foi à toa que construíram tal fama.
Hoje, os EUA registram uma média de 1.500 mortos/dia graças a refração à vacinação em massa, três vezes a média do Brasil, uma prova mais que eloquente de que a ignorância mata.
Mesmo com os números mostrando que as mortes estão ocorrendo entre aqueles que não se vacinaram e que são ínfimas as mortes entre os que foram imunizados, a ignorância e falta de solidariedade continuam provocando esse número assustador de vítimas.
Outro dia, vi um memorial improvisado naquele país em homenagem aos 700 mil mortos, até ali, uma mar de bandeirinhas brancas simbolizando cada vida perdida. Mesmo de longe e pela televisão não tive como ficar indiferente.
Se nos Estados Unidos podemos debitar à ignorância o número de mortos, a reflexão que fazemos para o Brasil é bem distinta assim como as responsabilidades.
O EUA possuem uma vez e meia a população do Brasil (331 milhões e 211 milhões), têm 700 mil mortos por aqui quase 600 mil, o que numa regra de proporcionalidade nos coloca à frente deles no triste ranking da tragédia.
Muito além do número absurdo de vítimas que pandemia tem feito no Brasil, o que se revela mais grave e mais escandaloso é a revelação de que, sem qualquer base científica, governantes e parte da iniciativa privada tentou – e fez –, experimentos científicos com a vida dos cidadãos, principalmente dos mais desprotegidos: os idosos.
Houve um experimento científico em Manaus, Amazonas, onde as pessoas enfermas foram tratadas como cobaias. Já falamos deste assunto aqui, no nosso site anteriormente, retorno a ele para fazer um “link” com as informações mais recentes.
Quem não assistiu, recomendo que se inteire do depoimento da advogada Bruna Morato na CPI da Pandemia, no Senado da República.
Quando um advogado fala algo ele o faz com a consciência do peso de suas palavras.
Então, quando a Dra. Morato diz que os pacientes da Prevent Senior foram feitos de “cobaias” em experimentos sobre medicamentos sem eficácia comprovada se valendo da vulnerabilidade deles para participarem “novos tratamentos”, ela sabe da gravidade que tal imputação acarreta.
Mas foi além. Disse que o hospital não detalhava os riscos que os pacientes corriam; que houve ordem para a realização de testagem em massa dos supostos medicamentos por parte do diretor da Prevent Senior, com añuência da cúpula da empresa.
A advogada relatou em rede nacional que médicos contrários ao “tratamento precoce” eram demitidos pela empresa ou sofriam retaliações por não receitarem o “kit COVID”.
Uma outra informação de gravidade ímpar relatada pela advogada foi que a empresa agia assim, também, por motivações econômicas, distribuindo os kit’s de forma preventiva porque não possuíam leitos suficientes para atender seus clientes, acrescentando que os médicos não tinham autonomia sobre os tais kit’s que eram distribuídos diretamente pela empresa aos pacientes e que o incentivo à utilização das substâncias sem eficácia comprovada contra a doença se dava por ser mais barato.
Segundo a advogada a empresa Prevent Senior colaborou com a elaboração dos protocolos propagandeados pelo governo federal, notadamente o presidente Bolsonaro, alertando para um suposto “pacto” entre a equipe econômica e integrantes do “Ministério da Saúde Paralelo” para evitar medidas restritivas. O objetivo seria “validar” o suposto estudo da Prevent Senior, para depois fazer uma campanha nacional de abertura da economia brasileira; os médicos representados por ela tinham a sensação que a empresa tinha o aval do Ministério da Saúde para a realização de experimentos com os pacientes.
Ainda segundo a advogada, a empresa em questão manipulava dados do paciente para omitir as mortes por COVID, ocultando a infecção por COVID do atestado de óbito.
Este é um breve resumo, do que disse a advogada – que, repito, tem consciência da gravidade de cada uma de suas palavras –, em uma CPI do Senado da República.
E ela disse muito mais do que consegui resumir.
Como a repercussão do depoimento da advogada é bem menor do que a relevância das suas palavras, acredito que isso ocorra por já estarmos anestesiados pelos acontecimentos no país. As mortes já são banais, números meras estatísticas, os crimes já não nos dizem nada ou, talvez, estamos todos numa espécie de “dèjà-vu” coletivo ilusório de que os fatos agora relatados não aconteceram agora mas há mais de setenta anos, durante a Segunda Guerra Mundial.
Existem pontos – exceto pela circunstância de que os envolvidos não são os responsáveis pela pandemia –, que são compatíveis com crimes de guerra ocorridos no conflito mundial de 1939 a 1945 do século passado.
Daquele conflito é que trazemos a lembrança de experimentos científicos com cobaias humanas, especialmente pelo mais famoso dos médicos nazistas, Josef Mengele (1911 — 1979), nos Campos de Concentração.
Agora, no Brasil, quase oitenta anos depois daquele conflito, ouvimos relatos de uma advogada, representando médicos, dizer que pacientes, principalmente idosos fragilizados, foram usados como “cobaias” em pseudos experimentos científicos, muitos deles já repudiados pela comunidade científica mundial.
Em qualquer outro lugar do mundo, o Ministério Público e a Polícia Federal estariam apurando tais fatos e não apenas assistindo as apurações de uma CPI.
Os fatos ocorridos no Brasil foram gravíssimos, na verdade, foram crimes praticados por autoridades e particulares contra a saúde dos cidadãos que provocaram ou concorreram com a morte de milhares de pessoas. Essa é a verdade.
Fatos de tamanha gravidade não se coadunam com silêncios e omissões. Os que calam e os que se omitem também são cúmplices.
Os médicos do país que tiveram conhecimento ou participaram de experimentos criminosos precisam esclarecer o seu papel nesse teatro de horrores.
Sabe-se agora que outra operadora de Plano de Saúde, segundo um médico, orientou a mesma prática. Um paciente, segundo a mesma matéria, a quem receitaram medicamentos sem qualquer eficácia, negaram-lhe o oxigênio necessário.
Este escapou. Quantos não tiveram a mesma sorte?
Outro dia li ou vi em algum veículo de comunicação que o presidente da República em entrevista para um partido político alemão teria dito que a pandemia apenas abreviara a vida de pessoas que já iriam morrer mesmo em pouco tempo.
A TRAGÉDIA SÓ É MENOR QUE O CRIME.
Por Abdon Marinho.
ANTES do meu natalício, em 8 de outubro, o Brasil registrará a triste e assombrosa marca de 600 mil mortos pela COVID-19. Nunca, em nenhum momento da nossa história, havíamos passado por tamanha provação.
O Brasil, em número de mortes pela pandemia, só fica atrás dos Estados Unidos da América, que registraram 700 mil mortos na semana que findou.
Diferente do que pensei no início do ano, que o Brasil ultrapassaria os EUA em número do mortos, isso não ocorreu, e já acredito que não ocorra, porque a ignorância que alimenta as campanhas anti-vacinas no irmão do norte são bem mais fortes que por aqui.
Os dados disponíveis lá e cá comprovam o que os cientistas dizem desde o início da pandemia: que a vacinação salva vidas.
Nos estados onde houve forte adesão às normas de distanciamento social e à vacinação os contágios e as mortes diminuíram enquanto que naqueles onde deu-se o contrário registram um aumento de casos e, por consequência, de mortes.
A despeito de serem ricos e poderosos os americanos sempre tiveram, com razão, a fama de incultos ou burros, para usar uma linguagem mais popular, a pandemia está provando que não foi à toa que construíram tal fama.
Hoje, os EUA registram uma média de 1.500 mortos/dia graças a refração à vacinação em massa, três vezes a média do Brasil, uma prova mais que eloquente de que a ignorância mata.
Mesmo com os números mostrando que as mortes estão ocorrendo entre aqueles que não se vacinaram e que são ínfimas as mortes entre os que foram imunizados, a ignorância e falta de solidariedade continuam provocando esse número assustador de vítimas.
Outro dia, vi um memorial improvisado naquele país em homenagem aos 700 mil mortos, até ali, uma mar de bandeirinhas brancas simbolizando cada vida perdida. Mesmo de longe e pela televisão não tive como ficar indiferente.
Se nos Estados Unidos podemos debitar à ignorância o número de mortos, a reflexão que fazemos para o Brasil é bem distinta assim como as responsabilidades.
O EUA possuem uma vez e meia a população do Brasil (331 milhões e 211 milhões), têm 700 mil mortos por aqui quase 600 mil, o que numa regra de proporcionalidade nos coloca à frente deles no triste ranking da tragédia.
Muito além do número absurdo de vítimas que pandemia tem feito no Brasil, o que se revela mais grave e mais escandaloso é a revelação de que, sem qualquer base científica, governantes e parte da iniciativa privada tentou – e fez –, experimentos científicos com a vida dos cidadãos, principalmente dos mais desprotegidos: os idosos.
Houve um experimento científico em Manaus, Amazonas, onde as pessoas enfermas foram tratadas como cobaias. Já falamos deste assunto aqui, no nosso site anteriormente, retorno a ele para fazer um “link” com as informações mais recentes.
Quem não assistiu, recomendo que se inteire do depoimento da advogada Bruna Morato na CPI da Pandemia, no Senado da República.
Quando um advogado fala algo ele o faz com a consciência do peso de suas palavras.
Então, quando a Dra. Morato diz que os pacientes da Prevent Senior foram feitos de “cobaias” em experimentos sobre medicamentos sem eficácia comprovada se valendo da vulnerabilidade deles para participarem “novos tratamentos”, ela sabe da gravidade que tal imputação acarreta.
Mas foi além. Disse que o hospital não detalhava os riscos que os pacientes corriam; que houve ordem para a realização de testagem em massa dos supostos medicamentos por parte do diretor da Prevent Senior, com añuência da cúpula da empresa.
A advogada relatou em rede nacional que médicos contrários ao “tratamento precoce” eram demitidos pela empresa ou sofriam retaliações por não receitarem o “kit COVID”.
Uma outra informação de gravidade ímpar relatada pela advogada foi que a empresa agia assim, também, por motivações econômicas, distribuindo os kit’s de forma preventiva porque não possuíam leitos suficientes para atender seus clientes, acrescentando que os médicos não tinham autonomia sobre os tais kit’s que eram distribuídos diretamente pela empresa aos pacientes e que o incentivo à utilização das substâncias sem eficácia comprovada contra a doença se dava por ser mais barato.
Segundo a advogada a empresa Prevent Senior colaborou com a elaboração dos protocolos propagandeados pelo governo federal, notadamente o presidente Bolsonaro, alertando para um suposto “pacto” entre a equipe econômica e integrantes do “Ministério da Saúde Paralelo” para evitar medidas restritivas. O objetivo seria “validar” o suposto estudo da Prevent Senior, para depois fazer uma campanha nacional de abertura da economia brasileira; os médicos representados por ela tinham a sensação que a empresa tinha o aval do Ministério da Saúde para a realização de experimentos com os pacientes.
Ainda segundo a advogada, a empresa em questão manipulava dados do paciente para omitir as mortes por COVID, ocultando a infecção por COVID do atestado de óbito.
Este é um breve resumo, do que disse a advogada – que, repito, tem consciência da gravidade de cada uma de suas palavras –, em uma CPI do Senado da República.
E ela disse muito mais do que consegui resumir.
Como a repercussão do depoimento da advogada é bem menor do que a relevância das suas palavras, acredito que isso ocorra por já estarmos anestesiados pelos acontecimentos no país. As mortes já são banais, números meras estatísticas, os crimes já não nos dizem nada ou, talvez, estamos todos numa espécie de “dèjà-vu” coletivo ilusório de que os fatos agora relatados não aconteceram agora mas há mais de setenta anos, durante a Segunda Guerra Mundial.
Existem pontos – exceto pela circunstância de que os envolvidos não são os responsáveis pela pandemia –, que são compatíveis com crimes de guerra ocorridos no conflito mundial de 1939 a 1945 do século passado.
Daquele conflito é que trazemos a lembrança de experimentos científicos com cobaias humanas, especialmente pelo mais famoso dos médicos nazistas, Josef Mengele (1911 — 1979), nos Campos de Concentração.
Agora, no Brasil, quase oitenta anos depois daquele conflito, ouvimos relatos de uma advogada, representando médicos, dizer que pacientes, principalmente idosos fragilizados, foram usados como “cobaias” em pseudos experimentos científicos, muitos deles já repudiados pela comunidade científica mundial.
Em qualquer outro lugar do mundo, o Ministério Público e a Polícia Federal estariam apurando tais fatos e não apenas assistindo as apurações de uma CPI.
Os fatos ocorridos no Brasil foram gravíssimos, na verdade, foram crimes praticados por autoridades e particulares contra a saúde dos cidadãos que provocaram ou concorreram com a morte de milhares de pessoas. Essa é a verdade.
Fatos de tamanha gravidade não se coadunam com silêncios e omissões. Os que calam e os que se omitem também são cúmplices.
Os médicos do país que tiveram conhecimento ou participaram de experimentos criminosos precisam esclarecer o seu papel nesse teatro de horrores.
Sabe-se agora que outra operadora de Plano de Saúde, segundo um médico, orientou a mesma prática. Um paciente, segundo a mesma matéria, a quem receitaram medicamentos sem qualquer eficácia, negaram-lhe o oxigênio necessário.
Este escapou. Quantos não tiveram a mesma sorte?
Outro dia li ou vi em algum veículo de comunicação que o presidente da República em entrevista para um partido político alemão teria dito que a pandemia apenas abreviara a vida de pessoas que já iriam morrer mesmo em pouco tempo.
Uma suposta declaração tão “destrambelhada” e desprovida de empatia que custo acreditar, ainda mais quando estamos diante de 600 mil vidas perdidas para a pandemia.
Mas, vivemos tempos estranhos, são tantas informações em uma semana que tendemos a achar que tudo vai bem ou que nada aconteceu.
O Brasil precisa sair deste estupor. Os brasileiros precisamos passar o país o limpo com a apuração e punição exemplar para tantos quantos tenha praticados ou concorridos com a prática de crimes.
Somente depois disso, podemos seguir em frente.
Abdon Marinho é advogado.
Uma suposta declaração tão “destrambelhada” e desprovida de empatia que custo acreditar, ainda mais quando estamos diante de 600 mil vidas perdidas para a pandemia.
Mas, vivemos tempos estranhos, são tantas informações em uma semana que tendemos a achar que tudo vai bem ou que nada aconteceu.
O Brasil precisa sair deste estupor. Os brasileiros precisamos passar o país o limpo com a apuração e punição exemplar para tantos quantos tenha praticados ou concorridos com a prática de crimes.
Somente depois disso, podemos seguir em frente.
Abdon Marinho é advogado.
médicos, dizer que pacientes, principalmente idosos fragilizados, foram usados como “cobaias” em pseudos experimentos científicos, muitos deles já repudiados pela comunidade científica mundial.
Em qualquer outro lugar do mundo, o Ministério Público e a Polícia Federal estariam apurando tais fatos e não apenas assistindo as apurações de uma CPI.
Os fatos ocorridos no Brasil foram gravíssimos, na verdade, foram crimes praticados por autoridades e particulares contra a saúde dos cidadãos que provocaram ou concorreram com a morte de milhares de pessoas. Essa é a verdade.
Fatos de tamanha gravidade não se coadunam com silêncios e omissões. Os que calam e os que se omitem também são cúmplices.
Os médicos do país que tiveram conhecimento ou participaram de experimentos criminosos precisam esclarecer o seu papel nesse teatro de horrores.
Sabe-se agora que outra operadora de Plano de Saúde, segundo um médico, orientou a mesma prática. Um paciente, segundo a mesma matéria, a quem receitaram medicamentos sem qualquer eficácia, negaram-lhe o oxigênio necessário.
Este escapou. Quantos não tiveram a mesma sorte?
Outro dia li ou vi em algum veículo de comunicação que o presidente da República em entrevista para um partido político alemão teria dito que a pandemia apenas abreviara a vida de pessoas que já iriam morrer mesmo em pouco tempo.
Uma suposta declaração tão “destrambelhada” e desprovida de empatia que custo acreditar, ainda mais quando estamos diante de 600 mil vidas perdidas para a pandemia.
Mas, vivemos tempos estranhos, são tantas informações em uma semana que tendemos a achar que tudo vai bem ou que nada aconteceu.
O Brasil precisa sair deste estupor. Os brasileiros precisamos passar o país o limpo com a apuração e punição exemplar para tantos quantos tenha praticados ou concorridos com a prática de crimes.
Somente depois disso, podemos seguir em frente.
Abdon Marinho é advogado.