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RESPEITEM O .

Escrito por Abdon Mar­inho

RESPEITEM O .

Alguém já disse, se não digo agora, que a forma mais ráp­ida de desagradar os out­ros é diz­eres o que pen­sas. O ex-​governador José Reinaldo Tavares talvez não tenha pen­sado ou querido desagradar a ninguém quando, há pouco dias, escreveu um artigo pro­pondo um pacto pelo Maran­hão com o grupo do ex-​presidente Sarney.

Desde que colo­cou no papel sua ideia, tudo na política maran­hense pas­sou a ser tratado como secundário. Edu­cação, saúde, infraestru­tura, as denún­cias dos mal havi­dos e de que o gov­erno ainda não encon­trou seu rumo, perderam a importân­cia diante da pro­posta do ex-​governador.

Se por um lado o indica­tivo teve rel­a­tiva aceitação por parte dos ali­a­dos do ex-​presidente, que ainda não se acos­tu­maram com a pedreira de ser oposição, do lado dos atu­ais ali­a­dos do gov­er­nador, a reação não foi das mel­hores, depois de anos olhando os out­ros se fartarem nos fes­tins do poder, acham que agora é a sua vez e, gulosos, acham que não devem dividir a rapadura com ninguém. Claro que há opiniões diver­gentes de ambos os lados e tam­bém de arti­c­ulis­tas inde­pen­dentes que não são moti­vadas por inter­esses menores. Tais opiniões pre­cisam e devem ser consideradas.

Após a pub­li­cação do artigo diver­sos ami­gos me inda­garam sobre o que achava da pro­posta do ex-​governador.

Sobre o que ele disse, parto do princí­pio de que se trata de uma opinião de alguém que sabe o que diz.

Descon­heço as suas moti­vações. Se a sua sug­estão é pau­tada no fato de que o ex-​presidente, emb­ora não querendo aju­dar, possa atra­pal­har em muito o gov­erno de Dino ou se tem, de fato, a con­vicção de que é pos­sível uma união em torno dos obje­tivos maiores do Maran­hão, se não de todo o grupo – até porque haverá des­do­bra­men­tos legais decor­rentes das audi­to­rias que estão sendo feitas –, ou de parte sig­ni­fica­tiva do mesmo.

Não entro, não neste momento, no mérito ou na via­bil­i­dade da pro­posta de pacto. Se é opor­tuna, se faz ou não sentido.

No momento me ocu­parei dos críti­cos à ela – não aos que criti­cam legit­i­ma­dos pela hon­esti­dade do debate de ideias, mas aos que criti­cam moti­va­dos pela manutenção dos próprios espaços, dos próprios nichos de poder, do que pen­sando no que inter­essa ao estado –, e apon­tam o ex-​governador como agente do antigo régime infil­trado den­tro das hostes comunistas.

Não deixa de ser engraçado esse tipo de ataque. Toda crítica é bem-​vinda.

Lem­bro que quando o ex-​governador rompeu com seu antigo grupo – depois lon­gos anos e afinidades que iam além da política –, muitos próceres da oposição diziam a mesma coisa: que não havia rompido coisa nen­huma, que a intenção dele era destruir o pro­jeto da oposição para que Sar­ney con­tin­u­asse a reinar no Maran­hão por mais muitos e muitos anos, talvez como na nov­ela, para além do tempo.

Mais de dez anos depois, após ser deci­sivo na eleição de dois gov­er­nadores oposi­cionistas, de ter sofrido perseguições que quase nen­hum dos ditos oposi­cionistas enfrentaram, con­strag­i­men­tos que poucos supor­tariam, ressurge a velha e sur­rada acusação de que o ex-​governador é um agente do Sar­ney e que esteve esses anos todos infil­trado no pro­jeto oposicionista.

Pro­jeto este que bem poucos sabem do que se trata.

Exceto pela eleição de 1994 – que a oposição gan­hou, mas não levou, como é fato público e notório –, as demais o grupo Sar­ney gan­hou. Per­dendo ape­nas a de 2006, para Jack­son Lago e a de 2014 para Flávio Dino. O pleito de 2010, não con­seguiram con­struir um pro­jeto de unidade mín­imo que pos­si­bil­i­tasse a vitória.

Ao resul­tado do pleito de 2010, sequer o con­tendores dire­tos (Lago e Dino), ousaram ques­tionar. Quem o con­testou foi o ex-​governador José Reinaldo que dis­putara a vaga de senador numa situ­ação, no mín­imo, atípica. Havendo duas vagas em dis­puta, a nossa val­orosa oposição, colo­cou três can­didatos fortes, Edson Vidi­gal, Roberto Rocha e ele. Ape­sar disso, quando todos diziam que o “sacanearam”, foi o único que resolveu meter a cara e ques­tionar a eleição da gov­er­nadora reeleita Roseana Sar­ney, em ação patroci­nada pelo meu escritório.

Voltando um pouco no tempo dos fatos, a eleição de Jack­son Lago, não há quem possa negar, con­tou com o apoio deci­sivo do ex-​governador José Reinaldo, tanto na estraté­gia (o lança­mento de três can­didatos), quanto na cos­tura dos apoios de agentes políti­cos, fos­sem prefeitos, fos­sem dep­uta­dos, fos­sem lid­er­anças sem mandato.

Só fal­tam aos teóri­cos da con­spir­ação diz­erem que o ex-​governador, de caso pen­sado, con­tribuiu para a cas­sação de Jack­son Lago.

A eleição de 2014 tam­bém é con­se­quên­cia da atu­ação do ex-​governador, que artic­u­lou com alguns prefeitos e lid­er­anças políti­cas, os votos necessários à eleição de Flávio Dino à Câmara Fed­eral, naquela eleição que sagrou Jack­son Lago, fazendo com que a par­tir 2007, ele se pro­je­tasse no cenário para pro­je­tos políti­cos futuros.

Claro que o atual gov­er­nador do Maran­hão não era um poste político – eu mesmo já o con­hecia de mil­itân­cia desde que cheguei a Ilha de São Luís, em 1985 –, mas difi­cil­mente iria pen­durar sua toga de juiz fed­eral (com amplas pos­si­bil­i­dade de ir bem mais longe na mag­i­s­tratura), sem a garan­tia de via­bil­i­dade de um pro­jeto político, de uma eleição incerta de dep­utado. O fiador foi o ex-​governador José Reinaldo.

Como disse ante­ri­or­mente, não con­heço as moti­vações (além do escrito) do ex-​governador para a proposi­tura de um pacto pelo Maran­hão. Tam­bém não refuto as crit­i­cas legit­i­mas e no campo das ideias à proposição feita. Ideias exis­tem para isso: para serem debati­das, con­tes­tadas. Somente os autoritários se opõem ao debate de ideias.

O que me oponho de forma sev­era é ao ataque chulo feito por cer­tas pes­soas que nunca enfi­aram um prego numa barra de sabão em favor do Maran­hão ou da oposição ao grupo Sar­ney – muito pelo con­trário –, sem­pre estiveram no bem bom, fosse que gov­erno fosse.

Estes, agora, tudo pronto e mesa posta, se acham no dire­ito de par­tir para agressão con­tra o ex-​governador, que nos últi­mos dez anos fez pela oposição ao grupo que domi­nou o o estado por quase cinquenta anos, o que muitos não fiz­eram nos últi­mos 40, 30, 20 anos e que, mais que os inter­esses do Maran­hão, defen­dem os seus próprios, ver­sa­dos que são na arte de adu­lar e de viverem às cus­tas dos contribuintes.

Muitos destes, usaram, abusaram e se lam­buzaram no gov­erno de Jack­son Lago – por isso mesmo o fiz­eram ruir bem antes da hora –, e pre­ten­dem fazer o mesmo no gov­erno de Flávio Dino, daí, man­terem, à soldo, crit­i­cas ao ex-​governador, sem levar em conta a sua imensa con­tribuição ao processo político e a con­quista do poder pelo grupo oposicionista.

Mas esse é um assunto para ser tratado noutra opor­tu­nidade, noutra pauta.

Acho que ideias podem e devem ser dis­cu­ti­das, pon­der­adas, mod­er­adas, sem que isso seja motivo de con­strang­i­mento a quem quer que seja. O processo político com­porta isso. O impor­tante é que se tenha uma pauta clara, trans­par­ente e que não admita inter­pre­tações dúbias, acor­dos de lesa pátria, con­chavos cor­rup­tos, sac­ri­fí­cios aos cidadãos.

O gov­er­nador pos­sui legit­im­i­dade para dialogar com quem quiser na defesa dos inter­esses do estado, foi eleito com larga maio­ria, pos­sui apoio de grande parcela da pop­u­lação, basta saber que é o man­datário e o con­du­tor da pauta.

Certo é que Maran­hão não pode con­tin­uar refém de inter­esses menores, de incom­pe­tentes e de des­on­estos que enri­cam à medida em que fazem o estado ficar mais pobre.

Enquanto esse dia não chega, respeitem o Zé.

Abdon Mar­inho é advogado.

ADESÃO À PREGUIÇA.

Escrito por Abdon Mar­inho

ADESÃO À PREGUIÇA.

Preguiçosa, a sem­ana de tra­balho só dev­erá começar na quarta-​feira. O feri­ado de terça-​feira, dia 28, fez com que o serviço público, quase todo, dec­re­tasse ponto fac­ul­ta­tivo na segunda-​feira empresada.

Enquanto me diri­gia para o tra­balho, hoje cedo, podia con­statar o quanto a cidade estava deserta.

Às autori­dades, todas elas, não ocor­reu a ideia de ante­ci­par o feri­ado para que as pes­soas que pre­cisam tra­bal­har gan­hasse mais um dia, pudesse resolver seus assun­tos nos órgãos públi­cos. Pelo con­trário, preferi­ram ampliar o feri­ado em pre­juízo do comér­cio, da indús­tria e do setor de serviços e fazer mais uma graça com os servi­dores públi­cos, os úni­cos que não sofrem nada ou quase nada, com essa enormi­dade de feri­ados, pon­tos fac­ul­ta­tivos ou, mesmo falta ao tra­balho, pois seus salários, chova ou faça sol, é cred­i­tado religiosamente.

Já os pre­cisam tra­bal­har, inclu­sive para pagar a exor­bi­tante carga trib­u­taria, que sofram pre­juí­zos, com as ruas vazias, com os clientes que não aparecem.

Os gov­er­nantes pare­cem que ainda não se deram conta da gravi­dade da crise que atrav­essa o país, da neces­si­dade que temos de pro­duzir e gerar riquezas.

Sem­pre me inco­modou esse excesso de feri­ados, essa mania de ampliá-​los, então nem se fale.

Feri­ados sérios, até que se pode e deve abrir exceção. Este da Adesão do Maran­hão, exceto pelo incen­tivo ao ócio não vejo qual­quer sen­tido. Tão inútil que pouca gente sabe ou lem­bra do mesmo.

Vejam, o feri­ado da adesão não se deve ao fato de termo travado uma luta feroz pela inde­pendên­cia do Brasil, por algum már­tir ter doado a vida por alguma causa ou por qual­quer outra coisa. É feri­ado porque, procla­mada a inde­pendên­cia (o que se deu quase como um acordo de cav­al­heiros entre pai e filho, o rei de Por­tu­gal e o príncipe-​regente do Brasil, filho do primeiro), o Maran­hão, por suas autori­dades, con­tin­uaram a dizer que per­mane­ciam fiéis e lig­adas à coroa por­tuguesa, emb­ora, acred­ito eu, Por­tu­gal nem tenha se dado conta de tal fato. aí, quase um ano depois, em 28 de julho de 1823, resolveram dizer que que estava aderindo a inde­pendên­cia. Vamos con­vir, que o ato em si, já era uma tolice, a comem­o­ração de tal fato até hoje é ape­nas a per­pet­u­ação da mesma.

Por conta dela (da tolice) o Maran­hão está prati­ca­mente parado desde a última sexta-​feira e vai ficar assim até a quarta-​feira, quando os tra­bal­hadores retor­nam ao tra­balho com a cos­tumeira preguiça de segunda a tempo de emen­dar com o chope do fute­bol noite e já emen­dando com a sexta-​feira.

Em resumo, em plena crise, pela qual passa o Brasil, o Maran­hão se dá o luxo de ficar parado por quase 10 dias.

E viva a adesão! Adesão à preguiça.

OS FARSANTES.

Escrito por Abdon Mar­inho

OS FARSANTES.

Lem­bro que chorei, quando, naquele segundo turno de 1989, o resul­tado das urnas con­sagrou a vitória de Fer­nando Col­lor de Mello sobre Luis Iná­cio Lula da Silva.

Aquela, sen­tia assim, era a der­rota do povo – não ape­nas da cam­panha que emo­cio­nou o Brasil com seu jin­gle que dizia algo do tipo: «Lula lá, cresce a esper­ança. Lula lá, o Brasil cri­ança… Lula lá é a gente junto. Lula lá, meu primeiro voto para fazer bril­har nossa estrela» –, para o farsante que, apoiado pelas elites, pelos mais rea­cionários do país, vendeu a ideia, aos mais humildes, de que era um caçador de mara­jás do serviço público, o caçador de cor­rup­tos que iria mod­ern­izar o Brasil e tirá-​lo das gar­ras do Sar­ney, do mar de cor­rupção que tomava conta República.

Aquela foi uma noite de pesar, triste. Emb­ora fosse uma vitória da maio­ria, impres­sion­ava como não nos rep­re­sen­tava, não rep­re­sen­tava o povo brasileiro.

Col­lor foi eleito com o apoio dos vel­hos coro­néis, sua votação era ori­unda dos «grotöes» mais atrasa­dos do país. Como, em tem­pos recentes, foram as vitórias do Par­tido dos Trabalhadores.

Lula, como a música dizia, rep­re­sen­tava a esper­ança daque­las pes­soas que que­riam um Brasil mel­hor, mais justo.

Difer­ente de Lula, Col­lor nunca me enganou, sem­pre tive con­vicção que seu dis­curso com voz empostada de com­bat­ente dos maus hábitos do serviço público, seu arrojo de gestor com­pe­tente, mod­erno, pouco afeto ao decoro e litur­gias do cargo, eram falsos.

Uma de suas primeiras medi­das, antes mesmo de meter a mão nas econo­mias dos cidadãos, foi comu­nicar à pat­uleia que não moraria no Palá­cio da Alvo­rada, ao invés disso, con­tin­uaria a habitar a residên­cia pri­vada da família, a famosa Casa da Dinda.

Os incau­tos vibraram, que pres­i­dente mod­erno, despren­dido, atleta. Enquanto usava o palá­cio como acad­e­mia de ginás­tica, tratava de tornar a residên­cia pri­vada num local digno do tão ele­vado posto e de suas infind­áveis vaidades. Assim como a Casa da Dinda, mais famosos ainda, foram os jardins que man­dou con­struir, com cas­catas mon­u­men­tais, fontes e out­ros mimos.

Já Lula foi mel­hor na arte de enga­nar. Enganou-​me por qua­tro eleições seguidas(1989 a 2002). O fato de cansar na primeira página de um livro, de não ser muito dado ao tra­balho, de morar por anos e anos de favor na casa do amigo empresário, via tudo como peca­dos menores. Inocente, imag­i­nava que Lula no poder iria romper com as vel­has estru­turas, debe­lar a cor­rupção que san­grava o país.

Ledo engano, no poder, Lula, a medida que a ganân­cia aumen­tava, afastava-​se dos ali­a­dos de primeira hora e se aprox­i­mava dos que aju­daram a eleger Col­lor naquela emblemática primeira eleição após a ditadura.

Aqui cabe o reg­istro. O Lula não foi forçado a isso, ele bus­cou e gos­tou das novas amizades que fazia. Enquanto isso o país, ao invés de afastar-​se da cor­rupção, afun­dava cada vez mais.

Os ex-​presidentes Col­lor e Lula são quase iguais. Quase a mesma pessoa.

Os escân­da­los do men­salão e do petrolão são ape­nas a prova mais aparente de tudo. A união de Col­lor e Lula, rev­e­lam as provas, além da comunhão ide­ológ­ica (a ide­olo­gia de afa­nar o país) foi moti­vada por mil­hões de motivos, jor­ra­dos da Petrobras.

Como Col­lor, as out­ras dile­tas amizades tam­bém foram for­jadas assim, no vil metal. Jader Bar­balho saudado por Lula como grande homem, José Sar­ney como irmão de alma, Renan Cal­heiros como estadista, Paulo Maluf (até Maluf), como exem­plo de probidade.

Col­lor pos­sui um fetiche por car­ros, lá atrás um Fiat Elba, esteve no epi­cen­tro do processo que levou ao seu imped­i­mento. Apeado do poder, umas das primeiras medi­das foi ir com­pras, adquiriu um Lam­borgh­ini, dos mais caros.

Agora, pelos portões da Casa da Dinda, por onde um dia entrou o Fiat Elba do infortúnio pes­soal – um veículo nacional, chamado por ele de car­roça –, vimos sair a Fer­rari ver­melha, o Porsche preto e o Lam­borgh­ini prata, todos pilota­dos por agentes da polí­cia fed­eral, como exem­plo aparente do mar de lama de onde parece nunca ter saído. Os man­da­dos judi­ci­ais esque­ce­ram ape­nas de man­dar recol­her, tam­bém, o lux­u­oso Rolls-​Royce Phan­ton man­tido na residên­cia de São Paulo.

O fetiche de Lula é por casas. Mel­hor dizendo, casas ban­cadas pelos out­ros. Nos tem­pos de eterno can­didato morava, de favor, na casa do amigo empresário. Findo o mandato de pres­i­dente da República, curte a vida rural em sítio de um amigo-​sócio do filho, em Ati­baia (SP) podendo usar tam­bém um triplex do Guarujá (SP), se quer cur­tir o ar mar­inho, ambos gen­til­mente refor­ma­dos por empre­it­eiros ami­gos. Ah, o filho, out­rora mon­i­tor de zoológico, tam­bém mora, de favor, num lux­u­oso aparta­mento, cedido por um amigo e sócio. Sem­pre tive bons e gen­erosos ami­gos, nunca tão gen­erosos quanto são os ami­gos da família do ex-​presidente Lula.

No escân­dalo do petrolão, Col­lor é apon­tado como ben­efi­ciário de propinas supe­ri­ores a vinte mil­hões. Parte do din­heiro mal-​havido, deposi­tado em con­tas de sua tit­u­lar­i­dade. Um dos dela­tores do esquema de san­gria dos recur­sos da Petro­bras disse ter entregue nas próprias mãos do ex-​presidente uma «peteca» de sessenta mil reais. Em mãos, bateu na porta e disse está aqui a sua encomenda, os sessenta mil que o goleiro man­dou deixar. Um ex-​presidente da República recebendo propina é algo que enver­gonha a nação. Rece­ber dire­ta­mente, em mãos é algo que embrulha o estô­mago de nojo.

Até aqui não se sabe se o Lula rece­beu algo assim. Deve ser mais sabido, recebe dis­farçadas de doações para o o insti­tuto que leva seu nome ou através uma empresa de palestra. Fal­tando saber o que as inves­ti­gações inter­na­cionais ainda irão dizer.

O dis­curso de Col­lor da tri­buna do Senado Fed­eral, pas­sa­dos mais de vinte anos desde que foi apeado do poder, é o mesmo. A mesma falsa indig­nação, o mesmo falar empo­lado, as mes­mas des­cul­pas esfar­ra­padas do tempo que dizia não saber nada do que fazia o sen­hor PC Farias.

Assim como Col­lor o cerco tam­bém vai se fechando sobre o esquema de Lula. Out­ros países, graças a acor­dos inter­na­cionais, começam a se inter­es­sar pelos cam­in­hos tril­ha­dos pelo din­heiro sujo.

Nos idos de 1989, Lula dizia que Sar­ney era o maior ladrão do país desde que Cabral chegou por aqui; Col­lor dizia que o man­daria pren­der. Hoje estão todos jun­tos. Mais unidos que nunca. Para o Brasil, a certeza que sem­pre foram iguais e que sem­pre dis­seram a ver­dade quando se refe­riam uns aos outros.

A união de três ex-​presidentes seria um feito extra­ordinário, se unidos para aju­dar o país a superar seus desafios. Infe­liz­mente, para nós, não é o caso. Temos três ex-​presidentes unidos para ten­tar acabar com inves­ti­gações poli­ci­ais, arqui­var proces­sos, menosprezar a justiça; unidos con­tra as insti­tu­ições repub­li­canas que, em algum momento de suas vidas, juraram defender e respeitar; unidos con­tra o Brasil.

Abdon Mar­inho é advogado.