AbdonMarinho - ESTADO OSTENTAÇÃO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

ESTADO OSTENTAÇÃO.

ESTADO OSTEN­TAÇÃO.

Os gov­er­nos, nen­hum deles, seja fed­eral, estad­ual ou munic­i­pal, pro­duzem riquezas. Ape­nas admin­is­tram os recur­sos que nós, cidadãos, recol­he­mos da hora que acor­damos até a hora em que vamos dormir. E, até mesmo, enquanto dormimos.

Esta é a primeira ver­dade: o gov­erno não tem din­heiro, o din­heiro que usa e abusa é o nosso.

Vez ou outra os com­er­ciantes fazem cam­pan­has para des­per­tar a con­sciên­cia nos cidadãos sobre a carga trib­utária. Outro dia venderam uma grande quan­ti­dade de com­bustível pelo valor o mesmo teria sem a incidên­cia dos impos­tos. Dezenas, cen­te­nas de cidadãos for­maram filas, já na madru­gada para exper­i­men­tar o que seriam preços «nor­mais». Este tipo de cam­panha faz tanto sucesso que os seus pro­mo­tores limi­tam a quan­ti­dade de litros, senão a procura não daria conta da oferta, na última, parece-​me, foram vinte litros por consumidor.

Assim são todos os pro­du­tos. Tudo que com­pramos incide uma carga trib­utária astronômica. Outro dia um amigo fez o seguinte cál­culo: a difer­ença entre o valor do iPhone aqui no Brasil e nos EUA, daria para ele com­prar uma pas­sagem ida e volta para Nova Iorque, ficar hospedado por uns três dias, ir ao teatro e ainda sobraria um troco para o lanche. É assim com tudo.

A vida do comér­cio, do agronegó­cio, da indús­tria e do setor de serviços, ou seja, do setor pro­du­tivo do país é rec­heada de tan­tos trib­u­tos que pre­cisam de asses­so­ria espe­cial­izada para con­seguir dar conta dos mes­mos e ficar em dia com suas obrigações.

Esta é a segunda ver­dade: temos uma das car­gas trib­utárias mais ele­vadas do mundo.

Emb­ora pague­mos tan­tos trib­u­tos não temos a con­tra­partida esper­ada do Estado.

Se quer­e­mos um mín­imo de sen­sação de segu­rança, temos que pagar para viver­mos tran­ca­dos em con­domínios fecha­dos; fazer das nos­sas casas ver­dadeiras for­t­alezas, com cerca elétrica, alarmes, câmeras de videomon­i­tora­mento. Não raro pagar segu­rança privados.

Faze­mos isso em nos­sas casas e, se tiver­mos uma empresa, somos obri­ga­dos a redo­brar os cuidados.

Ape­sar de todas as pre­cauções temos que rogar a Deus, diari­a­mente, para chegar­mos vivos em casa ou no tra­balho, para não ser­mos sequestra­dos, assalta­dos, violentados.

Se pre­ten­der­mos uma edu­cação mel­hor para os nos­sos fil­hos temos que pagar por ela, por fora. Ano após ano, os indi­cadores mostram que a edu­cação pública (e tam­bém a pri­vada) patina na medioc­ridade. Ficando bem atrás de nações que nem chagam perto da sétima econo­mia do mundo.

Se pre­cisamos de atendi­mento médico temos que nos sub­me­ter a filas inter­mináveis, meses por uma con­sulta ou inter­nação, anos por uma cirur­gia. É isto ou pagar planos de saúdes caros e defi­cientes pela ausên­cia de fis­cal­iza­ção do Estado. Planos de saúde que vão encar­e­cendo a medida que os anos fazem com sejam mais necessários, não sendo raros os que cus­tam mais da metade do salário, aposen­ta­do­ria ou pen­são do trabalhador.

A infraestru­tura do país, em qual­quer setor que olhe­mos, é de fazer ver­gonha, é de causar ódio.

Esta é a ter­ceira ver­dade: os nos­sos recur­sos não estão ren­dendo nas mãos das pes­soas que escol­he­mos para gerenciá-​los.

A crise que Brasil atrav­essa e é sen­tida por todos é fruto da má gestão, da incom­petên­cia, da cor­rupção. Chama­dos à razão pelos fatos o gov­erno tem como solução impor mais trib­u­tos aos que já não fazem outra coisa além de pagá-​los; cortes na saúde, na edu­cação, nos pro­gra­mas que são con­tra­partida mín­ima à sociedade.

Nos últi­mos anos o gov­erno pegou o nosso din­heir­inho suado e saiu ban­cando obras em diver­sos países, obras estru­tu­rais, tão necessárias aqui, no nosso país; anis­tiou diver­sas out­ras nações que pegaram emprestado o nosso din­heiro; não fez nada quando out­ras nações «ami­gas» se apro­pri­aram de empre­sas brasileiras; não zelou o nosso dinheiro.

Só din­heiro o sur­ru­pi­ado da Petro­bras, esti­mam serem mais de 20 bil­hões de dólares; desvios no BNDES; desvios nos min­istérios; em todos os órgãos; nos gov­er­nos estad­u­ais; munic­i­pais; os negó­cios feitos com o claro propósito de causar pre­juízo à nação, a falta de fis­cal­iza­ção em obras e serviços, fazendo os val­ores orig­i­nais con­trata­dos, dobrarem, levando as obras a serem refeitas infini­tas vezes, daria para aliviar os cofres públicos.

Vejam tudo que foi rou­bado ao longo dos anos em lic­i­tações fraud­u­len­tas, em obras fan­tas­mas, com super­fat­u­ra­mento, serviços pagos e não presta­dos ou a menor, mer­cado­rias não entregues, tudo isso foi feito com o nosso din­heiro. Tem a mesma equiv­alên­cia que o ladrão que «bateu» nossa carteira.

Ape­sar de esta­mos sendo rou­bado esse tempo todo, o ger­ente que con­trata­mos para cuidar dos nos­sos inter­esses ao invés de impedir o roubo, fica é zan­gado com as inves­ti­gações, não quer que apure, que se busque o mal havido e se coloque os malfeitores na cadeia – vimos a própria pres­i­dente da República falar mal das delações pre­mi­adas, seus aux­il­iares e colab­o­radores, nem deve­mos falar –, pelo con­trário, querem que se ignore tudo, fin­jamos que nada de errado acontece.

Noutra quadra, para fazer face aos gas­tos, desac­er­tos, rou­bos, querem avançar mais uma vez sobre o bolso do contribuinte.

O gov­erno brasileiro age como uma don­doca daque­las que fazem do fato de serem ex-​esposa profis­são. Con­tin­uam gas­tando a não mais poderem, levando a vida na valsa porque têm um ex-​marido para bancar.

Diante da crise que país atrav­essa – e ainda que não atrav­es­sasse – é escan­daloso os cus­tos da máquina pública com mor­do­mias, cartões cor­po­ra­tivos, via­gens inter­na­cionais, des­perdí­cios, mil­hares de car­gos nomea­dos por con­veniên­cia política e que nada pro­duzem, for­tu­nas em pub­li­ci­dade e tan­tos out­ros abu­sos. O din­heiro «sobra» para os brin­cos e mimos da prefeita e para jato ou para a suíte de luxo da presidente.

As mor­do­mias e abu­sos – pelos quais pag­amos –, estão em todos os poderes, em todas as esferas. O con­tribuinte brasileiro paga por tudo: car­ros, casas, motoris­tas, mil­hares de asses­sores, adu­ladores, super­me­r­cado, ves­tuário, até pelos amantes das autori­dades. Chega a ser inacreditável.

O Brasil con­seguiu acabar com a escravidão mas não com os sen­hores. Estes con­tin­uam sendo servi­dos e servindo-​se do Estado brasileiro.

Nos Esta­dos Unidos o pres­i­dente da República pagar até o jan­tar servido na Casa Branca se o con­vi­dado é pes­soal e não do inter­esse do país. Um min­istro da Suprema Corte de lá tem como mor­do­mia, o dire­ito à vaga para estacionar.

Um par­la­men­tar inglês não recebe em um ano o que o seu sim­i­lar brasileiro recebe em um mês. A mesma coisa na Sué­cia, França, Ale­manha (onde o avião que serve a primeira min­is­tra não pode levar o seu marido sem que ele pague pela passagem).

E aqui? Aqui é essa farra sem lim­ites com o din­heiro público. Aviões da FAB já foram mobi­liza­dos até para trans­portar ami­gos de fil­hos de autori­dades que que­riam pegar um sol na piscina do Palá­cio da Alvorada.

Tudo com o meu, o seu, o nosso dinheiro.

Enten­damos, quando se fala em mal uso do din­heiro público, das mor­do­mias, dos bil­hões desvi­a­dos todos os anos estão falando do NOSSO DIN­HEIRO. Essa é a questão.

E ai, na hora que a coisa aperta a primeira medida é nos achacar. Não, assim não dar!

O povo brasileiro, não nos recusamos a um esforço de guerra para sal­var o país se não assistísse­mos a tan­tos abu­sos e absur­dos. Agora mesmo, em plena crise, o Senado aproveita para tro­car a frota, já lux­u­osa, que serve a suas excelências.

O gov­erno brasileiro – sem querer ofender a Bíblia –, muito se parece com os lírios do campo de que falava Jesus Cristo, segundo o Evan­gelho de Mateus: «Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não tra­bal­ham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qual­quer deles».

Falava do nosso governo.

Abdon Mar­inho é advogado.