AbdonMarinho - O PARLAMENTARISMO CABOCLO DE DILMA.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

O PAR­LA­MEN­TARISMO CABO­CLO DE DILMA.

O PAR­LA­MEN­TARISMO CABO­CLO DE DILMA.

Ainda tento enten­der o que levou o gov­erno brasileiro a encam­in­har uma pro­posta orça­men­tária com um déficit de mais de 30 bil­hões de reais – e, a con­sid­erar que muitas das receitas pre­vis­tas ainda depen­dem de out­ros fatores como leilões e ven­das de ativos –, tudo leva a crer que o déficit pre­visto seja ainda maior.

A estarem cer­tas as análises, a crise econômica é ainda maior do que nos parece à primeira vista.

No começo do ano um anal­ista dizia que um cenário ter­rível era chegar­mos ao final do ano com a cotação do dólar amer­i­cano em R$ 4,00 (qua­tro reais). Mal cheg­amos a setem­bro e está cotação já assom­bra os os tur­is­tas brasileiros no exterior.

O par­tido da pres­i­dente, suas lid­er­anças e fran­jas têm como pas­satempo fusti­garem a política econômica do próprio gov­erno e o min­istro da fazenda Joaquim Levy, a ponto do mesmo se tornar demis­sionário à espera do momento certo para sair, sem com isso ante­ci­par o caos nos mercados.

Desde a posse do segundo mandato, o gov­erno con­seguiu pio­rar o que já era muito ruim. Uma sucessão de idas e vin­das que só tem servido para frag­ilizar a econo­mia do país e causar des­gastes ao próprio governo.

Pois bem, não sat­is­feita em ter­ce­i­rizar a gestão política do país com os par­tidos da base – e aqui se usa o termo no sen­tido de trans­for­mar os car­gos públi­cos em moeda de troca –, o gov­erno com o seu orça­mento deficitário ten­tou ou tenta empurrar para o Con­gresso a respon­s­abil­i­dade, que no régime pres­i­den­cial­ista, é sua. Quer que os par­la­mentares defi­nam onde serão os corte como forma de fazer as despe­sas caberem den­tro das receitas pro­je­tadas? Seria pos­sível, desde que o país pas­sasse a ado­tar um mod­elo parlamentarista.

A des­culpa bisonha para a ino­vação seria, segundo fontes gov­ernistas, o desejo de apre­sentarem um orça­mento que fosse abso­lu­ta­mente trans­par­ente. Este rasco de sin­ceri­dade foi o envio, pela primeira vez na história de um orça­mento deficitário em mais de 30 bil­hões, podendo chegar a número bem supe­rior, caso não se con­firmem parte das receitas.

A Lei de Respon­s­abil­i­dade Fis­cal deter­mina entre out­ras cousas: «Art. 4º A lei de dire­trizes orça­men­tárias aten­derá o dis­posto no § 2º do art. 165 da Con­sti­tu­ição e: I — dis­porá tam­bém sobre: a) equi­líbrio entre receitas e despesas;»

Ora, se a leg­is­lação esta­b­elece que o Poder Exec­u­tivo é o respon­sável pela con­fecção do seu orça­mento e pela con­sol­i­dação dos demais, o mín­imo que poderíamos esperar é que cumpris­sem a lei e envi­assem uma pro­posta orça­men­tária obser­vando o equi­líbrio entre receitas e despe­sas. E não, como fiz­eram, pas­sando ao leg­isla­tivo a respon­s­abil­i­dade para cor­ri­gir o dese­qui­líbrio. Rat­i­f­i­cando que temos um gov­erno inca­paz de gerir as con­tas públi­cas e que coloca em risco a econo­mia do país, como suas idas e vin­das e sua política de ten­ta­tiva e erro.

Outro dia falavam no retorno da CPMF, sepul­taram a ideia três dias depois, em seguida, após sepultarem a dita con­tribuição, a pres­i­dente infor­mou que nada estava descar­tado. Agora o min­istro da fazenda, colo­cando a ideia de ele­var as alíquo­tas do imposto sobre a renda, medida pronta­mente rechaçada pela base governista.

O país parece não pos­suir mais qual­quer comando. O próprio gov­erno se encar­rega de semear descon­fi­ança nos mer­ca­dos. As con­se­quên­cias, den­tre as muitas que virão, é o rebaix­a­m­ento da nota do país pelas agên­cias de avali­ação de risco; o dólar nas alturas, o gov­erno cada vez mais frag­ilizado. Ninguém se entende, o gov­erno se assemelha a Torre de Babel com cada um dos seus inte­grantes falando uma lin­guagem para o seu público.

O gov­erno não demon­stra nen­huma capaci­dade de artic­u­lação que devolva a con­fi­ança a sociedade, aos mer­ca­dos, aos par­ceiros inter­na­cionais. Se não fosse trág­ica estaríamos diante de uma situ­ação cômica, uma comé­dia de erros.

Como podemos con­fiar num gov­erno que, no começo do ano, apon­tava que a econo­mia dos exer­cí­cios 2015 e 2016 seria super­av­itária e nos apre­senta, ape­nas seis meses depois, um orça­mento com um dese­qui­líbrio mon­u­men­tal? Como podemos con­fiar num gov­erno que só tem como estraté­gia para equi­li­brar as con­tas públi­cas enfiar a mão no bolso do cidadão, com mais cobrança de impostos?

Qual­quer pes­soa sabe que em tem­pos de crise, temos que fazer cortes, con­ge­lar despe­sas, sus­pender o que seja supér­fluo. O gov­erno brasileiro é inca­paz de fazer um gesto neste sen­tido. Não ouvi uma única vez falarem em reduzir os gas­tos com máquina pública, can­ce­lar mil­hares e mil­hares de «boquin­has», com luxos, com osten­tação. Não vejo nen­hum dos estão encaste­la­dos nas fran­jas do poder pre­ocu­pa­dos em perder benesses, mor­do­mias, pelo con­trário. O gov­erno retira é a verba da saúde, obri­g­ando o cidadão a gas­tar mais ou a mor­rer nas filas, corta é na edu­cação, negando ao pobre mais opor­tu­nidades, na for­mação téc­nica, já sumi­ram mais da metade das vagas do PRONATEC, e por aí vai. Na outra frente querem nos fazer pagar mais impostos.

Vejam se não esta­mos diante de um gov­erno de loucos: no mesmo momento em que ter­e­mos que gas­tar mais para obter­mos o seria respon­s­abil­i­dade do estado, o gov­erno quer nos fazer pagar mais impos­tos. Você almoçaria num restau­rante que piora a comida e aumenta os preços? Pois é.

Não é um gov­erno sério. Se é, não pode­ria ser mais incompetente.

Ah, nos ter­mos da lei o gov­erno abre brecha para o impeach­ment com seu orça­mento deficitário, vejamos: Art. 4º São crimes de respon­s­abil­i­dade os atos do Pres­i­dente da República que atentarem con­tra a Con­sti­tu­ição Fed­eral, e, espe­cial­mente, con­tra: VI — a lei orçamentária;

Como já explicitei noutros momen­tos, o país não tem condições de supor­tar mais tan­tos desac­er­tos. Os exem­p­los estão às por­tas do país, somos notí­cia ao redor do mundo.

Abdon Mar­inho é advogado.