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MINHA CASA, MINHA ÉTICA.

Escrito por Abdon Mar­inho

MINHA CASA, MINHA ÉTICA.

ACOM­PANHO o desen­ro­lar dos fatos em torno das peripé­cias imo­bil­iárias do ex-​presidente Lula e seus famil­iares. Agora mesmo o Min­istério Público de São Paulo o inves­tiga, e à sua esposa por conta do aparta­mento do Guarujá (SP). Suposta­mente o casal estaria ocul­tando patrimônio. Mais grave, seria uma forma de lavagem de din­heiro ori­undo de propinas de empre­sas já inves­ti­gadas na \«Oper­ação Lava-​Jato\».

São acusações por demais graves para qual­quer cidadão. Ainda mais quando este cidadão é um ex-​presidente da República, querido e odi­ado por muitos.

O Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, informa que irá fazer uma ampla cam­panha em defesa do seu líder máx­imo e pres­i­dente de honra. Cam­panha que, aliás, já começou, com seus ali­a­dos difundindo por todos os meios tratar-​se de uma orques­tração da dire­ita, da mídia, dos cox­in­has e tan­tas out­ras babo­seiras que cos­tu­mam dizer. Na defesa do líder, apelam para o ataque, mostram que este ou aquele empresário pos­sui um palacete, que aquele adver­sário pos­sui um aparta­mento mon­u­men­tal. Até para ex-​presidente FHC – que nada disse sobre o assunto e de quem col­hem alguns elo­gios à pes­soa da pres­i­dente –, sobrou ataques: acusam-​no de pos­sui um aparta­mento e Paris.

Cam­panha alguma seria necessária se os negó­cios imo­bil­iários do ex-​presidente não fugisse tanto do convencional.

Outro dia ouvi alguém dizer que não enten­dia tanta polêmica por conta do aparta­mento do ex-​presidente; de outra ouvi que ele, Lula, mais que qual­quer outro, mere­ce­ria morar bem, com­ple­tou: \«logo ele que fez tanto pelos pobres\».

Pois bem, por má-​fé ou ingenuidade, ten­tam desviar a atenção para o que real­mente importa na pre­sente questão.

Ora, ninguém – não as pes­soas sérias – ques­tiona o dire­ito do ex-​presidente pos­suir um apartamento.

Ele, prin­ci­pal­mente depois que deixou a presidên­cia, tornou-​se um homem rico. Só com palestras teria fat­u­rado quase trinta mil­hões de reais. É uma for­tuna con­sid­erável. Vá lá que se ques­tione o razão e o con­teúdo de tais palestras, ainda assim são val­ores que entraram de forma \«legí­tima\» em suas con­tas. Pode­ria supor­tar a aquisição do aparta­mento do Guarujá, mesmo o triplex da celeuma. Pode­ria, tam­bém, supor­tar uma reforma, adap­tação e mobília.

Mas o vicio pelo difer­ente acaba se impondo. Se a aquisição do imóvel foi lícita, uma com­pra nor­mal de cota, com prestações pagas de forma reg­u­lar, por que tan­tas ver­sões, tan­tos des­en­con­tros? Por que usar uma empre­it­eira para refor­mar? Uma outra para mobil­iar? Tudo sem custo. Não havia necessidade.

O mesmo raciocínio serve para sítio de Ati­baia. Não faço ideia de quanto vale, mas acred­ito que a for­tuna ameal­hada pelo palestrante mais caro do mundo seria mais que sufi­ciente para que com­prasse aquele ou outro imóvel e refor­masse a seu gosto. Não havia neces­si­dade do engodo, de se usar o nome de ter­ceiros, de se usar a empre­it­eira do amigo para refor­mar, de se pagar os serviços e mate­ri­ais em din­heiro vivo – con­forme con­sta dos autos.

Até os seus fil­hos, prin­ci­pal­mente os que desen­volveram um espe­cial tal­ento para os negó­cios, pode­riam morar, e bem, nos seus próprios imóveis, com­prado com o suor do \«tra­balho\» ao invés de ocu­par ami­gos e sócios.

A forma como as coisas estão postas, dão razão ao Min­istério Público para que acred­ite tratar-​se de ocul­tação de patrimônio, ou, pior, uma forma de rece­ber propina das gen­tis empreiteiras.

As des­cul­pas forneci­das pelos envolvi­dos e por seus advo­ga­dos são risíveis, chegam a ofender a inteligên­cia das pessoas.

Quer dizer que é nor­mal um ex-​presidente, esposa e fil­hos vis­itarem obras de um imóvel com o qual não têm relação alguma? Será que é nor­mal empre­it­eiras refor­marem e mobil­iarem imóveis para qual­quer do povo a custo zero? Será que é usual uma ex-​primeira-​dama man­dar deixar uten­sílios em imóveis que não lhe per­tence? Será que é comum um dono de empre­it­eira ir vis­i­tar uma reforma em um aparta­mento? Algum deles já foi no seu?

Nada disso é o que acon­tece na vida do cidadão comum. Empre­it­eiras não saem por aí fazendo refor­mas gra­ciosas ou dis­tribuindo mobílias. Pelo menos nunca acon­te­ceu comigo.

Outra coisa que não é comum é usar um imóvel alheio como seu de forma tão inci­siva a ponto de todos con­fundi­rem a pro­priedade dos imóveis. Caseiros, porteiros, pedreiros, engen­heiros e até os cidadãos viz­in­hos, sem­pre tiveram como pro­pri­etários dos imóveis ocu­pa­dos pelo ex-​presidente e seus famil­iares os próprios ocu­pantes. Ledo engano.

Pior que isso são as des­cul­pas esfar­ra­padas forneci­das pelas defe­sas do ex-​presidente, seja por dizer que nunca tiveram um aparta­mento – mesmo quando diver­sas pes­soas teste­munharam o entra e sai no pré­dio e o suposto \«não aparta­mento\» foi declar­ado a receita, seja por jus­ti­fi­carem como sendo nor­mal ofer­tar refor­mas e mobílias a autoridades.

Qual­quer pes­soa com um mín­imo de bom senso é capaz de deduzir que tudo é muito estranho e que não é razoável que um ex-​presidente e sua família ocu­pem por anos a fio e gra­tuita­mente imóveis que não lhes perte­cem, pior, sem pagar qual­quer locação.

Isso não é algo que acon­tece todo dia, com qual­quer um. Hoje, se um cidadão trans­fere ou recebe uma quan­tia em din­heiro, nem pre­cisa ser muita coisa, tem que declarar à receita fed­eral. Até o din­heir­inho das con­tas do mês e da mer­cearia trans­ferido para a conta da \«patroa\» pre­cisa ser comunicado.

Com o sen­hor Lula e seus famil­iares, querem nos fazer crer, que todos episó­dios nar­ra­dos diu­tur­na­mente são nor­mais. Não são.

Com tan­tos imóveis para habitar e a \«tal preço\», cer­ta­mente que o ex-​presidente não pre­cis­aria se inscr­ever num destes pro­gra­mas do tipo Minha Casa, Minha Vida, mas sim num do tipo Minha Ética, Minha Desculpa.

Abdon Mar­inho é advogado.

A ELEIÇÃO E OS NOVOS CORONÉIS.

Escrito por Abdon Mar­inho

A ELEIÇÃO E OS NOVOS CORONÉIS.

Um amigo me alcança para falar de uma entre­vista con­ce­dida pela ex-​prefeita do Municí­pio de Bom Jardim, Lid­i­ane Leite, a uma revista local, onde a mesma diz que nunca admin­istrou o municí­pio, que desde o primeiro dia tal tarefa ficou a cargo de \«um grupo político\», por conta disso é inca­paz de dec­li­nar alguma obra ou ação nos dois anos e meio em que esteve no seu\«comando\». Meu amigo, dizendo-​se estar­recido com tais con­fis­sões, indaga se tenho alguma opinião.

Respondi-​lhe que acred­ito no que disse a ex-​prefeita, emb­ora ache que a con­fis­são não a isente de suas respon­s­abil­i­dades com os des­man­dos e, por­ven­tura, com quais­quer crimes que pos­sam ter cometido em seu nome pelo \«grupo político\» que não dec­lina os inte­grantes. Ela sabia o que se pas­sava, se não tinha con­hec­i­mento de tudo, cer­ta­mente sabia de algo. Teve mais de uma vez a chance de romper com a situação.

Mas a razão para acred­i­tar nas palavras dela é outra.

A credul­i­dade decorre do fato de haver acom­pan­hado aque­las eleições e as cir­cun­stân­cias que a fiz­eram prefeita sem ter pedido um único voto, uma vez que fora chamada a sub­sti­tuir o namorado declar­ado pela Justiça Eleitoral como inelegível, às 18 horas da véspera das eleições. Eleita por estre­ita margem de votos, já no dis­curso da vitória disse, com todas as letras, que quem iria admin­is­trar o municí­pio seria o namorado inelegível. Numa clara afronta à Justiça.

Como advo­gado que patro­ci­nou a impug­nação do seu reg­istro e tam­bém que entrou com o recurso con­tra sua diplo­mação ale­gando que sua eleição era fruto do logro aos eleitores posto que votaram em um e elegeram outro, denun­ciei, em todas as instân­cias da Justiça Eleitoral, o que hoje afirma a ex-​prefeita, que ela, era por dire­ito a deten­tora do mandato mas que o poder, de fato, não a per­ten­cia. O mandato fora ter­ce­i­rizado numa anom­alia que con­trari­ava a as regras democráticas.

A Justiça Eleitoral, da primeira à última instân­cia, enten­deu que está­va­mos erra­dos. Talvez estive­mos mes­mos, a menos à luz da legislação.

Entre­tanto, este caso – e tan­tos out­ros Brasil afora –, ense­jaram a mudança na lei. Dora­vante, a sub­sti­tu­ição de can­didatos, exceto por morte, tem que ocor­rer até vinte dias antes do pleito. Isso é o que manda a lei:

\«Art. 13 . § 3o Tanto nas eleições majoritárias como nas pro­por­cionais, a sub­sti­tu­ição só se efe­ti­vará se o novo pedido for apre­sen­tado até vinte dias antes do pleito, exceto no caso de falec­i­mento de can­didato, quando a sub­sti­tu­ição poderá ser efe­ti­vada após esse prazo, obser­vado em qual­quer hipótese o pre­visto no § 1º.\»

O caso de Bom Jardim – agora tor­nado público por um de seus pro­tag­o­nistas –, onde se con­fessa com todas letras a burla à leg­is­lação para con­ferir um mandato ele­tivo a quem estava impe­dido, legal­mente, de exercê-​lo, está longe de ser o fato mais grave da nossa política.

A sub­sti­tu­ição deu-​se – em que pese a burla – den­tro dos dita­mes da lei; a sub­sti­tuta vivia em união estável com o sub­sti­tuído ainda que indi­re­ta­mente era até com­preen­sível que ela o con­sul­tasse; inex­pe­ri­ente (com pouco mais de vinte anos) salu­tar que ouvisse pes­soas do grupo que a elegeu. Den­tro do quadro fático, estaria tudo den­tro do que poderíamos con­sid­erar \«normal\».

Situ­ação bem mais grave, ocor­rida na eleição pas­sada e que cam­inha para se repe­tir, com mais inten­si­dade, nesta que se aviz­inha, é a da ter­ce­i­riza­ção dos mandatos ele­tivos de prefeitos no Maranhão.

O roteiro é bem sim­ples: agio­tas e crim­i­nosos de out­ras áreas ban­cam as eleições de pes­soas com poten­cial de eleger-​se – e sem nen­hum juízo – e, vito­riosos os pro­te­gi­dos, estes agio­tas pas­sam a coman­dar setores estratégi­cos das admin­is­trações munic­i­pais. Isso quando não as coman­dam total­mente, sendo o prefeito, o eleito do povo, uma mera figura dec­o­ra­tiva que assume o ônus da gestão em troca de um salário.

Em todo Estado do Maran­hão temos notí­cias destes fatos. Admin­is­trações de municí­pios impor­tantes entregues nas mãos de pes­soas que não foram eleitas, com prefeitos que não pas­sam de fan­toches. Outro dia soube de um prefeito que fora \«proibido\» por quem o ban­cou, de nomear as pes­soas para assessorá-​lo. Os aux­il­iares foram nomea­dos pelo prefeito de fato, o que não foi eleito, mas que detém o mando na cidade.

Out­ros, mais poderosos e/​ou auda­ciosos, usam a tática napoleônica (emb­ora não saibam quem foi Napoleão) de eleger os par­entes. Um irmão em um municí­pio, um filho noutro, um cun­hado acolá, uma irmão, um tio, a esposa.

Os prefeitos, for­mal­mente, são out­ros, mas o comando é do agiota que ban­cou, que vai se apro­priar dos recur­sos públi­cos para tirar o que investiu nas eleições. Não se trata de busca de poder político, vai além disso, as eleições são cor­romp­i­das, trata-​se, na ver­dade, do roubo dos recur­sos públicos.

Ape­sar de todas as lim­i­tações que pas­sam os municí­pios brasileiros, muitos gestores, sobre­tu­dos os de municí­pios médios e grandes, com um pouco mais de poder de arrecadação, não fiz­eram nada por estiveram ou estão com­pro­meti­dos com os que ban­caram suas campanhas.

Nes­tas eleições as coisas serão ainda mais com­pli­cadas para aque­les que dese­jarem se elegerem hon­es­ta­mente dev­ido às várias lim­i­tações impostas pela leg­is­lação eleitoral. Quem vai sair na frente, na dis­puta, cer­ta­mente, os agio­tas, os crim­i­nosos que pos­suem din­heiro em caixa para com­prar votos e consciências.

For­tu­nas são feitas desta maneira, com a apro­pri­ação dos recur­sos dos orça­men­tos por estas quadrilhas. Com­pram mandatos, com­pram emen­das par­la­mentares e desviam partes dos recur­sos para o seu patrimônio. Isso quando não fazem incursões pelo trá­fico de dro­gas, rou­bos de ban­cos e de cargas.

As autori­dades do Maran­hão pre­cisam atentarem para isso. Inves­ti­gar os fatos que são do con­hec­i­mento de todos. Inves­ti­gar, com­pro­var, punir e impedir que as coisas con­tin­uem assim.

A poli­cia sabe destes fatos. outro dia ouvi no rádio um del­e­gado afir­mar que os rou­bos de ban­cos se des­ti­navam a ban­car as cam­pan­has eleitorais deste ano. Antes foi o secretário que afir­mou ter sido o mandato de deter­mi­nada dep­utada fruto de din­heiro sujo. Se o del­e­gado sabe, se o secretário sabe, não tem porque não investigar.

Urge que se que­bre esse código de silên­cio e fin­g­i­mento. Não podemos mais igno­rar o que se passa ou vir com a tolice que a cor­rupção é decor­rente uni­ca­mente do finan­cia­mento empre­sar­ial. Não era. Não é. A cor­rupção é decor­rente do crime orga­ni­zado que está tomando de conta da política, que tem rep­re­sen­tantes nas esferas de poder.

Abdon Mar­inho é advogado.

INIM­PUTABIL­I­DADE POR IGNORÂNCIA.

Escrito por Abdon Mar­inho

INIM­PUTABIL­I­DADE POR IGNORÂNCIA.

Con­frontando os fatos, o cidadão médio percebe com clareza que nos últi­mos anos fomos gov­er­na­dos com súcia de esper­tal­hões que tin­ham como meta aliar os cofres públi­cos. Não negó­cio público, da prospecção de petróleo em águas pro­fun­das a edição de uma medida pro­visória para servir as mon­ta­do­ras de automóveis, pas­sando rodovias, fer­rovias, com­pras e pro­dução de equipa­men­tos médi­cos e hos­pi­ta­lares, a exceção é alguém não ter lev­ado alguma van­tagem indevida.

Ape­sar disso, os donos do poder, seus ali­a­dos e adu­ladores agem como se nada tivesse acon­te­cido. Fazem isso com tanta con­vicção que chego a pen­sar em declarar todos inim­putáveis por ignorância.

Vejam o sen­hor Lula, ele nunca descon­fiou da bon­dade dos empresários José Bum­lai em socor­rer o seu par­tido, fazendo em seu nome emprés­ti­mos mil­ionários, para aten­der às neces­si­dades dos companheiros.

O inocente nunca soube – talvez Bum­lai nunca tenha lhe dito – que aquele tipo de emprés­timo não era para ser pago. Ele, que durante toda a vida criticara os ban­queiros, não estran­hou a existên­cia de ban­queiros «bonzinhos».

O puro nunca estran­hou a bon­dade de empre­it­eiras que cus­teou as refor­mas dos imóveis onde reside: o sítio de Ati­baia, a aparta­mento do Guarujá, aliás, nunca procurou saber a quem pertenciam.

O sin­gelo não duvi­dou da súbita pros­peri­dade daque­les que estavam ao seu entorno, do filho que, de zelador de zoológico virou rico empresário fez mofa, dizendo ser ele um gênio dos negó­cios, tão tal­en­toso com as finanças quanto o jogador Ronald­inho o fora com a bola nos pés.

O cré­dulo con­fiou nas boas intenções de Col­lor quando acor­dou em par­til­har com ele as dire­to­rias da Petro­bras, hoje uma empresa à beira da ban­car­rota por conta da gestão desastrada no seu e no atual governo.

Con­hecendo o sen­hor Dirceu desde os tem­pos em que dividiam um pão com mor­tadela no par­tido, não se deu conta da vida lux­u­osa que pas­sará a levar desde que alçado à condição de «capitão do time» – segundo suas próprias palavras – do gov­erno petista.

A ignorân­cia do sen­hor Lula só é com­parável à sua pre­sunção. O gajo achou ou acha nor­mal que empre­it­eiras lhe pagassem aprox­i­mada­mente R$ 13 mil por min­uto de falação. Acho que nem os homens mais geni­ais cobraram tanto por um min­uto de fala. Mas ele se acha acima de todos.

Agora mesmo, com tan­tos fatos apare­cendo, disse a quem quisesse ouvir, que não existe ninguém mais hon­esto que ele.

Como se dissesse uma abso­luta ver­dade, seus ali­a­dos saíram à vender a patranha.

O que acho estranho nisso tudo, não é que o sen­hor Lula – que diz cansar-​se com a leitura de um jor­nal – dizer esse tipo de coisa, é pes­soas que se dizem inteligentes, int­elec­tu­ais, alguns até já con­seguem escreve o nome sem que­brar a ponta do lápis, embar­carem e defend­erem com unhas e dentes.

Os gov­er­nantes, seus par­tidários, seus adu­ladores, ape­sar de muito ouvirem – e alguns até con­hecerem mais de perto –, até hoje não sabem o que seja «propina». Isso mesmo, eles não sabem o sig­nifi­cado dicionar­izado da palavra, ape­sar de ouvirem manhã, tarde e noite o termo, nunca se deram ao tra­balho abrirem o «Aurélio», e verem o significado.

Por conta disso e tam­bém pela má-​fé, deitam a falarem e a escreverem por onde podem que político fulano ou sicrano rece­beu a tal da «propina» de empresa A ou B. É capaz que estes políti­cos opos­i­tores ten­ham rece­bido doações destas empre­sas que pagaram propinas aos gov­ernistas. Não era ile­gal que empre­sas fizessem doações a par­tidos e can­didatos. Somente a par­tir destas eleições de 2016, a prática está proibida.

Entre­tanto, há difer­enças entre um e outro. E essas difer­enças têm origem no sen­tido do termo. O sub­stan­tivo fem­i­nino propina vem do latim propina sig­nif­i­cando dádiva, grat­i­fi­cação, gor­jeta. Nos países ibéri­cos os garçons cobram propina pelo serviço prestado.

Como a com­pan­heirada não sabe ou finge não saber o sig­nifi­cado do termo – e tam­bém para pare­cerem menos com­pro­meti­dos com o mar de lama –, dizem que todos rece­beram propina.

Não meto a mão no fogo por ninguém. É pos­sível que muitos políti­cos da oposição ten­ham rece­bido recur­sos destas empre­it­eiras e cabe a eles se defend­erem. Pagam bons advo­ga­dos jus­ta­mente para isso. Entre­tanto, só exi­s­tirá propina na cor­reta acepção da palavra se os recur­sos rece­bidos foram uma con­tra­partida por algum negó­cio. É aí que está o X da questão. Não me parece que oposição longe do poder há treze anos possa ter influído ou prestado algum serviço a essas empre­sas envolvi­das no esquema do «petrolão» e antes do «men­salão», e tenha rece­bido por isso. Se houve caixa 2 ou out­ros negó­cios no pas­sado quando podiam influir é outra coisa a ser apurada.

Só que esta não é a situ­ação dos gov­ernistas. As provas con­vergem para existên­cia de propina, sim. A cada negó­cio um per­centual irri­gava as con­tas dos par­tidos, dos políti­cos e de out­ros a quem man­davam deposi­tar os recur­sos fru­tos das gor­je­tas aqui e no exterior.

No caso do Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, há um agra­vante que é o fato de terem usado a Justiça Eleitoral, sobre­tudo o Tri­bunal Supe­rior Eleitoral — TSE, para «lavarem» o din­heiro fruto de propinas, de negó­cios sujos. Quem diz isso não sou eu, são as incon­táveis notas de esclarec­i­mento do par­tido dizendo que todos os recur­sos rece­bidos foram dev­i­da­mente declar­a­dos àquela justiça especializada.

Não mentem, pelo menos uma parte dos recur­sos fru­tos dos achaques, das propinas, con­forme con­fes­sado pelos doadores, foram declar­a­dos ao TSE.

Falam isso com tanta sim­pli­ci­dade, com tanta inocên­cia que acred­ito pia­mente que devam ser inim­putáveis pela ignorância.

Abdon Mar­inho é advogado.