DOCE CONTRADIÇÃO.
OS ALIADOS políticos do senhor Lula maldizem a decisão do ministro Moraes que negou o enésimo pedido de liberdade formulado por sua defesa. A insistência é tamanha que logo mais não terão recursos a manejar ou o STF terá que se dedicar exclusivamente ao exame dos seus “petitórios”.
Mas, o mais engraçado na reclamação que fazem é a comparação. Dizem algo assim: “no mesmo dia que negam o recurso de Lula o ministro Gilmar Mendes manda arquivar denúncia contra Aécio”.
A primeira coisa que me vem à mente é que o chá alucinógeno que tomaram era de péssima qualidade, só isso a justificar tamanha insanidade. Será que esqueceram que no dia anterior esse mesmo Gilmar que arquivou a denúncia de Aécio – em face do silêncio do MP e para atender um pedido da PF –, é mesmo que fez maioria para soltar “de ofício”, repete-se, “de ofício”, o senhor José Dirceu condenado a mais de trinta anos de cadeia, sob o pálido argumento de que seus recursos podem ser providos? Será que ninguém desconfia que a reversão de uma sentença de trinta anos, já analisadas em duas instâncias, tem chance zero de reforma? Pois, caso reformem podem fechar o Poder Judiciário.
Pois é, até para criticar são tolos. Será que não sabem que o ministro Gilmar Mendes é o mais útil dos aliados em suas demandas para acabar com a Lava Jato e soltar todos os criminosos de colarinho branco? Ainda que para isso tenham que soltar todos os criminosos do país em condições análogas aos corruptos presos e condenados?
Não tem um dia que o criticado Gilmar não solte um corrupto – e nem vou discutir as motivações –, mas ele, que, em 2016, fez a maioria pela prisão em segunda instância, dizendo que a decisão aproximava o Brasil dos países civilizados, menos de dois anos depois mudou “da água para vinho”, virando seu maior crítico. Agora o Brasil tornou-se um pária para o mundo civilizado, uma nação medieval.
Apenas para refrescar a memória, segue a capa de Veja desta semana.
Escrito por Abdon Marinho
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