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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho

O ELOQUENTE SILÊNCIO DOS FALSOS DEMOCRATAS.

Por Abdon Marinho. 

ENCERROU-SE em Havana, capital de Cuba, no último dia 17 de julho, a reunião do “Foro de São Paulo”, coletivo de partidos supostamente “esquerdistas” da America Latina, fundado por Fidel Castro, Hugo Chaves, Lula da Silva, José  Dirceu, dentre outros, no inicio dos anos 1990.

O encontro, segundo li, contou com a presença de importantes lideranças políticas latino-americanas, como Raul Castro e Miguel Díaz-Canel, de Cuba,  Nicolás Maduro, da Venezuela, Evo Morales, da Bolívia, Salvador Sánchez Cerén, de El Salvador, diversas outras lideranças políticas do continente e “intelectuais" destes e de diversos outros países.  Pelo Brasil, se fizeram presentes a ex-presidente Dilma Roussef e Gleisi Hoffmann, do Brasil.

O curioso do 24º encontro da organização diz respeito às suas considerações finais, materializadas numa resolução, onde “repudia” a “condenação sem provas e prisão de Lula para impedir sua candidatura a presidência da República” e por isso dizem: “Exigimos a liberdade imediata de Lula, depois de uma condenação e prisão sem provas e o direito a ser candidato presidencial nas eleições de outubro no Brasil, respeitando a vontade da maioria do povo brasileiro. Lula Livre! Lula Inocente! Lula Presidente!”.

Além disso o "Foro defende ainda que a América Latina e o Caribe sejam declaradas ‘zona de paz’ e condena as iniciativas de desestabilização no continente, como o descumprimento dos acordos de paz entre o governo colombiano e a guerrilha das Farc, os recentes protestos violentos na Nicarágua e a ‘guerra não-convencional’ contra a Revolução Bolivariana na Venezuela".

Não deixa de ser curiosa a leitura que estas pessoas – incluindo os tais “intelectuais" –, fazem da realidade.

Ora, eles concedem ao condenado em duas instâncias da justiça brasileira, com uma infinidade de recursos e ordens de habeas corpus recusados por todas as instâncias, o status de prisioneiro político e se acham no direito de clamar por sua liberdade – e não apenas isso: que concorra nas próximas eleições. 

Leio estas coisas – e as releio mais de uma vez –, e não consigo acreditar que figuras como Raul Castro ou Nicolás Maduro ou Daniel Ortega, tenham coragem de falar em “presos políticos” quando  estes sim, mantém em suas masmorras inúmeros cidadãos cujo o único “malfeito" foi protestar contra seus governos. 

Chega a ser espantoso que falem em eleições livres e democráticas quando tudo que seus países nunca experimentaram em tempos recentes tenha sido isso. 

Nos últimos três anos mais de trezentas pessoas foram assassinadas pelas forças de repressão do governo venezuelano, tanto pelas forças regulares quando pelos grupos paramilitares. Mais de trezentas! Um outro número significativo de cidadãos foi presa (ou ainda se encontra) por protestarem contra o governo, inclusive jovens mal saídos da adolescência.

Nas últimas  eleições naquele país – realizada quando e como o atual dono do poder decidiu –, só participou quem ele quis, deixando de fora da disputa os principais líderes da oposição, uns por se encontrarem presos, outros por se encontrarem impedidos pela justiça daquele país que faz só o que o governo quer. 

Em menos de um mês a Nicarágua já contabiliza quase trezentos cidadãos mortos pelas forças governistas de Daniel Ortega, outro membro do referido foro. Quase trezentas – se já não passa disso. 

Pessoas assassinadas por protestarem contra o governo. 

A resolução destes falsos democratas trata tais fatos como “recentes protestos violentos na Nicarágua” e "guerra não-convencional contra a Revolução Bolivariana na Venezuela", o cinismo chega a ser acintoso. 

Quer dizer que o que tem havido na Nicarágua “protestos violentos”? Violentos da parte de quem? Quem são as vítimas dos “protestos violentos”? 

Se não estivéssemos diante de uma tragédia deveríamos rir. 

As forças governistas assassina, em pouco mais de um mês quase três centenas de pessoas, e os os iluminados do encontro de Havana acha correto censurar as vítimas e não os responsáveis pelos assassinatos.

Então o governo corrupto, incompetente, violento, criminoso, destrói a economia da Venezuela, provoca o maior êxodo das Américas, com mais de quatro milhões de cidadãos tendo deixado o país, com centenas de presos políticos, centenas de assassinatos e os gênios acham que o país é vitima de uma “guerra não convencional”? Guerra só se for daquele governo contra o povo.   

Os vinte anos da ditadura Chavez/Maduro na Venezuela destruíram o país e as provas estão aí, à vista de todos, com pessoas passando fome, sem direito a tratamento médico, sem direito a um mínimo de estabilidade em suas vidas, morrendo de doenças que se pensava já erradicadas há muito tempo e até de fome. 

Quanto à Cuba, eis um sistema a dispensar maiores comentários, a começar pelo modelo de participação democrática com partido único, que passou 58 anos (1959 a 2018) comandado pelos dois irmãos Castro (só no mês de maio assumiu alguém fora do núcleo familiar), notório pela repressão a todos que discordam do regime, mandando prender ou eliminando-os através de fuzilamentos. Ou ninguém nunca ouviu falar dos famosos “paredóns”? Eles próprios se orgulhavam de dizerem isso. 

Quantos pereceram por discordarem do regime ou mesmo por terem um comportamento pessoal com o qual os donos do poder não concordam, como os homossexuais, por exemplo?

E nem precisamos ir muito longe, agora mesmo, por ocasião da “nomeação” do novo comandante, determinaram a prisão do grupo conhecido por “senhoras de branco”, motivo: um protesto silencioso contra o regime. Senhoras, mães de família presas/detidas unicamente pela atitude de, vestidas de branco, se reunirem numa praça da cidade de Havana. 

Entenderam? Um protesto silencioso, uma manifestação pacífica rende prisão nestas nações que se acham no direito de “exigirem” que um condenado no Brasil seja solto e mais, que desafiando a Lei da Ficha Limpa, seja admitido como candidato nas próximas eleições. 

Vejam bem, em um mês, mais ou menos, o regime sandinistas eliminou quase trezentas pessoas, o regime de bolivariano, da Venezuela, bem mais que isso. 

Só estes dois países, para exemplificar o que estamos falando, eliminou mais opositores aos seus regimes do que Brasil nos seus vinte anos de ditadura militar. 

Os historiadores honestos apontam que o regime militar brasileiro como tendo eliminado cerca de trezentas pessoas, aqui computadas aquelas que foram para o confronto armado com as forças militares, nos seus 21 anos de mando. 

Falar dos milhares de cidadãos eliminados pelo regime cubano, durante estes anos todos, não cabe porque seria covardia. 

Apesar de todo esse restrospecto não vemos os chamados “intelectuais” daqui e do mundo protestarem. 

Mesmo os recentes massacres registrados na Nicarágua parece não despertar interesse destes “campeões da democracia”, estes :intelectuais”, que se acham no direito de protestarem e exigirem a soltura do senhor Lula, condenado por crimes comuns de corrupção e lavagem de dinheiro, previstos na legislação nacional a doze anos e um mês. 

A concessão do status de preso político ao senhor Lula é uma ofensa aos presos políticos que, infelizmente, ainda existem em diversos países e um desrespeito as instituições da Justiça brasileira que, apesar das incansáveis tentativas de aparelhamento da parte dos antigos donos do poder, exceto por uns poucos “Favretos”, se mantém, majoritariamente, respeitando e obediente às leis do país. 

Abdon Marinho é advogado.