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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho


UM APELO À RACIONALIDADE.

Por Abdon Marinho.

O TEXTO que planejei para escrever hoje nada tem a ver com o que segue abaixo. 

Aquele – o texto não escrito –, iria tratar das reflexões sobre a vida, as reminiscências e as projeções futuras que fiz nesta primeira semana de isolamento social. Não deu! Paciência!

Já o texto que ora escrevo, é um apelo à razão, ao bom senso, à honestidade intelectual, à vergonha na cara, etc., neste momento em que tentam explorar os medos das pessoas, sobretudo, das mais frágeis, em benefício dos próprios e inconfessáveis interesses. 

Inicialmente devo dizer que não estamos diante de uma “gripezinha”, como querem alguns, ou, tão pouco, diante do “fim do mundo”, do ocaso da humanidade, como pretendem outros.

Logo, se você se encontra em um dos extremos e passa os dias – de ócio ou de labuta –, tentando convencer os outros que está certo e que ninguém o fará mudar de opinião, já se sinta desobrigado da leitura do que segue. 

Este texto, como já dito, é um apelo à racionalidade, é, portanto, incompatível com extremismos.

O brasileiro, de uns tempos para cá, começou a enxergar as coisas em preto e branco, quer dizer, para eles, ou é preto ou é branco; ou é oito ou é oitenta, oitocentos, oito mil ...

Os extremismos nunca foram os melhores conselheiros de ninguém. 

Mas, por aqui, se tornaram a moda da estação. Pior, muitos, por indigência moral e pelo caráter duvidoso, tentam tirar vantagens. Políticas, financeiras, ou as duas.

Esse vale-tudo do mau-caratismo, infelizmente, tem se estendido a tudo, até mesmo a uma situação como esta da pandemia causada pelo surgimento, na China – e se espalhado pelo mundo –, do novo coronavírus (Sars-Cov-2). 

Por aqui, essa pandemia que já ceifou mais de uma centena de vidas e que deve ceifar outros milhares (ou milhões, não se sabe ao certo), tornou-se um elemento a mais na “guerra” política que domina o país.

Quando pensávamos que, diante de um inimigo comum, teríamos alguma unidade que nos fizesse sair do problema mais fortalecidos e com um sentimento de nação deu-se o contrário. O novo coronavírus tornou-se o combustível que alimenta a insanidade. 

Pelo que tenho visto, lido ou ouvido a respeito do novo coronavírus, não se trata, como querem alguns, de uma “gripezinha”. 

Uma gripe não mata milhares de pessoas em tão pouco espaço de tempo, como ocorreu na China, e como vem ocorrendo na Itália, com mais de 10 mil mortos; Espanha, quase 7 mil mortos; Irã, quase 3 mil mortos; Estados Unidos, mais de 2 mil mortos; França, mais de 2 mil mortos; Reino Unido, mais de mil mortos; e por aí vai. Destes,  exceção da China que está com situação relativamente equilibrada, os números só aumentam – e numa proporção quase geométrica –, levando pane aos sistemas de saúde e à exaustão os profissionais da área. 

São números, que pelo curto espaço de tempo em que ocorreram, não permitem que se minimize o problema. 

Uma “gripezinha” não levaria à decretação de quarentena a todas as capitais da Europa e ao fechamento das fronteiras daqueles países. 

Uma “gripezinha” não levaria Nova Iorque, uma espécie de capital do mundo e que recebe mais de 60 milhões de turistas por ano a encontrar-se às moscas, com parques e avenidas que nunca param a ficarem completamente vazios.

Não seria um mero resfriado que iria obrigar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a dizer que estudava decretar quarentena em três estados americanos por conta do novo coronavírus: estados de Nova York, Nova Jersey e Connecticut – ainda que horas depois tenha dito que desistirá da ideia.

Ainda que tenha desistido – não sabemos  se momentaneamente, só o tempo dirá –, tal ideia, até então, só passara pela cabeça dos roteiristas de Hollywood, assim mesmo, os mais inventivos.

Dito isso, ainda pelo respeito que devemos ter pela dor alheia, por aqueles que estão sofrendo, não devemos fazer pouco caso do assunto. 

Noutra quadra, não podemos deixar de levar em consideração a existência de estudos sérios atestando que o “mundo não vai acabar” por conta da atual pandemia e que o Brasil, por suas características próprias, sofrerá menos os impactos do novo coronavírus que vêm sofrendo outras nações. 

Segundo estes estudos o alastramento do vírus no Brasil será distinto daquele que vem ocorrendo na Europa e na América do Norte, argumentando que ele (o vírus) tem pouca resistência ao calor dos trópicos, perecendo mais rápido em temperaturas acima de 20º Celsius.

Ainda segundo estes estudos apesar do poder de contaminação deste vírus ser superior aos daqueles que o precederam, a sua letalidade não é tão grande, ficando abaixo de quase todos os demais.

Mais, apenas estariam sujeitos à morte provocados pelo coronavírus (pelo menos em maior percentual) determinados grupos de indivíduos.

Faz parte da ciência – e todos concordam –, que os ataques virais começam a declinar quando uma grande parcela da população é contaminada e começa a adquirir anticorpos àquele elemento estranho. 

Em relação a esse novo coronavírus (Sars-Cov-2), pelo seu alto grau de contágio, ainda que seus efeitos mais graves só atinja a uma pequena parcela da população e sua letalidade a uma parcela menor ainda, ainda assim, esses números estariam bem acima da capacidade dos sistemas de saúde, inclusive do brasileiro que possui o Sistema Único de Saúde - SUS – e para o nosso orgulho, senão o maior, um dos maiores sistemas públicos do mundo. 

Como podemos perceber o problema não é de grande indagação. 

Bastaria, ao meu sentir, as autoridades do setor médico, sem açodamentos, chegarem a um consenso sobre os níveis de intervenções a serem propostos nas vidas das pessoas para colocar a curva de contágio pelo novo coronavírus dentro da capacidade de atendimento do sistema de saúde, pois é certo que o contágio haverá e quanto mais pessoas forem contagiadas e adquirirem anticorpos para lidarem com a doença, melhor para todos.

O debate que propõe deve ser travado à luz da ciência e desprovido de qualquer sentimento de cunho político/ideológico. Como dito anteriormente os extremismos, neste, e em qualquer outro momento, não são os melhores conselheiros.

Este é o apelo à racionalidade que se faz. 

Não é hora de embates ideológicos. 

É hora de salvar o país da hecatombe e com os menores danos possíveis.

Quando se fala em retornar à atividade econômica do país apesar da crise posta é porque sabemos (acredito que todos saibam disso) que a “quebradeira” da indústria, do comércio e do setor de serviços, trará consequências igualmente danosas à saúde das pessoas: fome, desemprego e violência. 

É bom que se entenda que quando se paralisa todas as atividades econômicas o país quebra. Pois é da atividade produtiva que vem o dinheiro para pagar as contas. 

Não adianta dizer que vai parar tudo e o governo vai prover, pois o governo somos nós. 

Se não tivermos dinheiro para dar ao governo através dos impostos que pagamos ele não terá a capacidade de honrar compromissos com o restante da sociedade. 

Faz-se necessário que parem com este embate ideológico, essas campanhas antecipadas, para que se busque uma saída para o país. Para que se encontre uma cura para o problema sem que se mate o paciente, aproveitando – se reais –, as supostas vantagens que teríamos. 

Precisamos das melhores cabeças das ciências, da medicina, da economia, para aplicarmos a melhor equação. 

A China e a Coreia do Sul enfrentaram (e ainda enfrentam) o problema e estão se saindo bem. Outro modelo a ser replicado é o da Alemanha. Ali, no novo epicentro da pandemia, próximo à Itália, França e Espanha, já tendo registrado mais de 70 mil casos de infectados “só” registra pouco mais de 500 vítimas fatais. Número bem aquém dos que os registrados nos países vizinhos. 

Claro que um país continental como nosso não teríamos as mesmas condições de implementar o que se está implementando, numa Alemanha, por outro lado, temos nossas próprias “vantagens”, já referidas acima. 

O que precisamos é de uma nação unida falando a mesma língua no enfrentamento de um inimigo comum. 

Isso vai muito além dos interesses políticos ou ideológico de quem só consegue pensar no próprio umbigo. 

Depois de vencido o “inimigo” sem termos destruído o país, podem voltar a guerrinha tola e por poder de vocês e de preferência se matem. 

Abdon Marinho é advogado.