A PROFECIA DE DUTRA.
Por Abdon Marinho.
OUTRO dia comentava com o meu sócio Welger Freire uma informação lida em um destes aplicativos de mensagens dando conta que o ex-prefeito de Paço do Lumiar, Domingos Dutra estaria “desaparecido”.
Antes mesmo de verificar com alguém a veracidade do infausto, fui lembrado por meu sócio de uma profecia do ex-prefeito.
Conheci o Dutra quando ele foi eleito deputado estadual no início dos anos noventa. Trabalhava na assessoria do também deputado Juarez Medeiros e tive a oportunidade de conviver quase todos deputados daquela legislatura e, principalmente, com os da oposição ao governo de então, o próprio Juarez Medeiros, José Costa, Luis Vila Nova, Benedito Coroba, Aderson Lago, Benedito Terceiro, Marcony Farias …
Antes de eleger-se prefeito, em 2016, vez por outra, Dutra aparecia no nosso escritório para trocar uma ideia ou buscar uma opinião sobre alguma causa jurídica, vez que advogado de profissão, prometendo um “capão” gordo na eventualidade de êxito na demanda.
Só perdemos o contato quando foi eleito e os “amigos do poder” ergueram uma barreira em torno dele. Ainda que tenha tentado manter contato, inclusive, com alguma sugestão para a administração, não tive êxito. Consegui falar uma ou duas vezes, e rapidamente, por telefone.
Se não me falha a memória, uma das últimas vezes que esteve no escritório foi quase na véspera do pleito de 2016, lembro do fato por ter lhe dito que se ficasse mais um pouco poderia encontrar-se com o ex-prefeito Gilberto Aroso – também amigo e cliente do escritório –, contra quem disputava aquela eleição e com quem marcara uma reunião.
Os compromissos da campanha acabaram, por muito pouco, impedindo aquele encontro histórico.
A história da “profecia” ocorreu anos antes, acho que quando exercia o mandato de deputado federal, quando, e por um curto período, chegamos a lhe prestar uma consultoria.
Pois bem, certa vez, estando ele na minha sala, indaguei-lhe se não seria candidato a prefeito de Paço do Lumiar ao que ele respondeu-me mais ou menos assim:
— Siô, não quero isso para mim. Vai que eu seja eleito?! Será o fim da minha carreira política, profetizou.
O tempo passou, o “mago véi”, ignorando a própria convicção, foi candidato, elegeu-se e confirmou sua previsão feita anos antes.
Infelizmente, a profecia se confirmou da pior forma, levando dele, não apenas a carreira política, mas, principalmente, a saúde.
Essa é a história da profecia de Dutra e da qual fui/sou testemunha ocular da história.
Abdon Marinho é advogado.
PS. A foto com o “mago véi” é do dia da “quase” reunião com Aroso, em 2016.