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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Sábado, 02 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho

O BRASIL PRECISA VENCER OS MITOS PARA AVANÇAR. 

Por Abdon Marinho. 

AMIGOS me perguntam quais as minhas expectativas para o futuro do país a partir das eleições do ano que vem. 

Não se trata de uma indagação de fácil resposta.

O Brasil passou de um país despolitizado para o mais engajado politicamente do mundo. Apenas  para ter uma ideia, desde as  eleições de 2018 que os brasileiros –uns com mais, outros com menos ênfase –, não descem dos palanques. 

Acho que já não chegaram a pensar em governar ou em ser oposição – como é normal nas democracias –, mas, apenas acumular forças e estratégias para as próximas eleições. Para “vencerem”. Mas, vencer quem ou o quê? 

Vivemos dias de chatice sem fim pois os “militontos” metem a política em tudo. 

Qualquer reunião familiar, aniversário, uma simples cervejinha de fim expediente, lá está a pauta política, mais afastando que juntando as pessoas; lá estão o Bolsonaro, o Lula – principalmente estes –, mas, também,  os outros,  a tomarem de conta dos debates. 

Tem sido assim desde 2018 e o fenômeno parece não apresentar sinais de arrefecimento. 

Dias desses tratando com um amigo sobre um assunto totalmente diferente, pelas tantas surge um polvo – sim, polvo, o molusco marinho –, e este amigo foi logo dizendo que o polvo lembraria a outro molusco marinho, a lula que remeteria a um determinado político brasileiro. 

Vejam a que grau chegamos. Os brasileiros passamos mais tempo tratando da vida de políticos, que sequer sabem das nossas existências, que tratando de assuntos de seus reais interesses.

Ah, mas esse grau de politização não é bom para o país? Não, necessariamente. 

Inicialmente, porque é falso acreditar que o Brasil é um país politizado, na verdade o que nos tornamos foi uma nação sectária dividida em alas, em que qualquer uma não pensa e não tem qualquer interesse em pacificar o país, mas, sim, em manter a nação dividida e em “guerra” para continuarem no poder. 

Depois que a única preocupação das “alas” não é governar e sim tornar-se “majoritária” e, a partir daí, implementar seu projeto de poder. 

Em resumo, enganam-se os que pensam que estamos diante de uma contenda pela implantação de um projeto de governo para o país. 

Na verdade o que sempre esteve e estar em jogo é a implantação de projetos de poder calçados no autoritarismo.

Não se trata de nada novo. Foi assim na implantação do comunismo na União Soviética, na China; foi assim na implantação do Fascismo na Itália, no Nazismo, na Alemanha; foi assim na implantação das ditaduras de Cuba, da Coreia do Norte, da Venezuela, e tantas outras. 

O traço comum de todos os esses regimes totalitários é a criação de mitos, a “eleição” de inimigos do povo, o ataque aos veículos de comunicação independentes e normalização dos abusos. 

Mito, sociologicamente aprendemos, e essa é a definição dos dicionários é “uma crença, geralmente desprovida de valor moral ou social, desenvolvida por membros de um grupo, que funciona como suporte para suas ideias ou posições” 

No mito da caverna, Platão (427-347 a.C.), diz que a condição do homem no mundo é semelhante àquela de escravos presos no interior de uma caverna, situação que só lhes permite ver do exterior as sombras que são aí projetadas. 

A caverna representa o mundo dos sentidos, no qual só se percebem as sombras das coisas. 

O exterior é o mundo das ideias, representado pelas próprias coisas e pelo Sol, que simboliza o Bem. De acordo com Platão, a Filosofia é que dá ao homem a condição de sair da caverna e perceber a realidade e o mundo das ideias. 

O Brasil vive atualmente o seu Mito da caverna, não consegue enxergar além da “caixa” em que foi colocado por suas conveniências políticas ou ideológicas.

É a mesma situação que diversos outros países já viveram nos últimos cem ou duzentos anos: a construção e promoção de mitos. 

O traço diferencial é que por aqui existe uma disputa de “mitos” pela hegemonia ou pela conquista de devotos e, por extensão, do poder. 

Na mitologia bolsonarista, o seu líder é o mais preparado dos homens, domina da medicina à economia com as mãos amarradas nas costas; é o mais honesto dos homens e a primeira família a mais casta de todas. 

Por conta disso são perseguidos. 

Na mitologia bolsonarista acredita-se que os seus aliados – que são os mesmos de tantos governos que os antecederam –, são honestos, castos e que as denúncias de corrupção, se surgirem, pois têm como missão dominar e desarticular os órgãos de fiscalização e controle, são apenas intrigas da oposição. 

Orçamento secreto de trinta ou mais bilhões de reais administrado por aliados no Congresso Nacional para garantir apoio da base e de alguns “opositores”, nada mais é do que o claro exemplo da participação popular. 

Rachadinhas, sucesso imobiliários, operação com dinheiro vivo, os “micheques”, tudo são ilusões, fake news, invenções. 

Destruição do aparato investigativo de proteção do estado, uma medida salutar.  

Algo muito semelhante é o que ocorre na mitologia lulopetista. 

Para os “devotos” desta seita o ex-presidente Lula é o mais inocente dos homens, uma alma casta que fez um governo onde a corrupção não apenas nunca existiu como os que que tentaram foram impedidos de fazê-lo. 

Os escândalos do mensalão, do petrolão, e tantos outros, não existiram, não passaram de perseguição dos adversários através dos seus “braços” na imprensa e no judiciário, com um apoio providencial do Ministério Público e da Polícia Federal, aliados dos inimigos internacionais para impedir o avanço do Brasil e seu modo de governar, impedindo-os de dar continuidade ao círculo virtuoso. 

Tudo que cansamos de assistir nos governos petistas, mesmos os maiores escândalos estão sendo convertido em peças de ficcionais, em coisas e situações que nunca existiram de verdade. 

É assim que o bolsonarismo e o lulismo se apresentam perante o país e o mundo: como vítimas incompreendidas do “sistema”. 

Esses mitos são respaldados por milhares ou milhões de sectários que “compraram” tais contos da carochinha e tentam repassar para outros tantos milhões no propósito de fazerem sua “ala” se tornar majoritária. 

Pelo que assistimos nos  governo petistas e pelo que assistimos no atual governo, a construção destes mitos não serviram ao país – que pouco ou nada avançou nas últimas décadas e que no atual governo apontamos para um retrocesso ainda maior –, muito pelo contrário, serviram e vem servindo para o enriquecimento de uns poucos e o empobrecimento da nação inteira. 

Assim, voltando a indagação inicial, só consigo enxergar um futuro promissor para o país a partir do momento que  conseguirmos vencer estes mitos que amaçam a nação e a impede de crescer. 

E digo isso equidistante de qualquer sentimento de aversão pessoal por ambos. 

Vejam, em pleno século XXI, no Brasil, estamos falando na possibilidade do atual presidente não reconhecer o resultado das eleições populares que ocorrerão no próximo ano. Isso porque o próprio já ameaçou de não reconhecer e lançar o país em guerra civil por diversas vezes.

Ainda hoje – e isso em relação as duas alas –, falam em censurar, fechar, controlar ou não renovar concessões de veículos de comunicação porque discordam de suas linhas editoriais. E falam com naturalidade e contando com o assentimento cúmplice da plateia pois para ela é normal que isso ocorra. 

Essas são pautas atrasadas e incompatíveis com o mundo que vivemos hoje. 

Quando passam tais ideias e conceitos de como vêem o mundo não estão pensando para o futuro, mas, sim, para o passado. 

Estão planejando e se voltando para ditaduras que muito embora ainda existam no presente têm origens no passado. 

Diante de tudo que vejo só acredito no futuro para o país no curto e médio prazo se o povo brasileiro for capaz de derrotar seus mitos. 

Sem isso continuaremos com uma nação dividida entre alas que tentam impor seus “projetinhos” atrasados de república de bananas. 

Abdon Marinho é advogado.